O Caso Idalina
Entre 1910 a 1912, destacou-se na imprensa anticlerical e anarquista a campanha de denúncias sobre o desaparecimento de uma menina de dez anos, Idalina de Oliveira, que se encontrava internada no Orfanato Cristóvão Colombo, em São Paulo.
Os jornais La Battaglia e A Lanterna, seguidos por outros jornais libertários, acusaram o padre Stefani de ter estuprado a menina, e que ela teria sido morta a golpes de pá na cabeça pelo padre Faustino Consoni, diretor do orfanato, ao tentar fugir.
Os jornais que denunciaram o estupro e a ocultação do cadáver, publicaram vários números especiais sobre o caso. Cartas de ex-alunos da escola foram enviadas às redações, denunciando novos crimes cometidos no orfanato-escola e em outras instituições religiosas. Os redatores, nas suas manchetes insistiam: “Onde está Idalina?” Os grupos anticlericais convocaram uma série de manifestações e comícios de protesto, exigindo o fechamento do estabelecimento e a punição dos envolvidos. Os responsáveis pelo inquérito policial foram acusados de conivência com os envolvidos e de não procurarem apurar com afinco o episódio.
A Igreja reagiu, chamando a polícia para reprimir as manifestações e recebendo o apoio da grande imprensa diária. Os denunciantes foram acusados de difamadores, procurando com suas ideologias exóticas denegrir a Santa Madre Igreja. Vários padres, procurando resguardar a reputação da Igreja e absolver os implicados no caso, partiram para o ataque. Artigos nos jornais e panfletos foram publicados produrando desmoralizar os “hereges anarquistas”. Entre os folhetos publicados, encontrava-se um do frei Pedo Sinzig, que apesar de ter como principal preocupação, impedir a criação de uma Escola Racionalista em Petrópolis e denunciar a pedagogia de Ferrer, acabava refutando a versão dos anticlericais sobre o ocorrido no orfanato Cristóvão Colombo.
– Muito bem, vamos a Idalina! Pensa o Sr. que são os católicos que têm de fugir da discussão? Vamos. Sabe como foi o fato, a calúnia? Foi esta: “o padre Stefani fez mal a Idalina em junho de 1907.” Foi ou não foi assim que disseram?
– Foi sim.
– Pois bem, o padre Stefani, nesta data estava na Itália, como podia fazer mal a uma menina em São Paulo?
Vamos ao segundo ponto. Sua imprensa lá, A Lanterna, que de luz não tem nada, afirmou…
– A Lanterna é uma luz verdadeira.
– Sim, como uma vela ao lado do sol rutilante. Vamos ao caso. Sua imprensa afirmou que “depois Idalina fora morta pelo padre Faustino Consoni, diretor do estabeleciemnto.
– Como o padre Faustino Consoni podia matá-la se ele estava muito longe, na fazenda S. Martinho!
O jornal A Lanterna retrucou as colocações do padre Sinzig com um agressivo artigo, cujo título era: “Fustigando um miserável Tartufo – resposta ao pé da letra ao frade Pedo (sic) Sinzig, que publicou um imundo folheto difamando a memória do grande mártir.”
Frei Pedo, o autor de tal moxinifada, é um ser anormal, de temperamento doentio, irritável, perigoso. Ele odeia mortalmente a todos os homens livres, a todas as iniciativas tendentes a instruir e educar racionalmente o povo, e, para impedir o progresso das idéias novas, a golpe de audácia, inverter a ordem natural das coisas.
Apesar de toda agitação, os padres acusados não foram castigados. Pelo contrário, a polícia prendeu Edgard Leuenrouth, diretor do jornal A Lanterna, e Oresti Ristori, diretor do La Battaglia.
O caso chegou aos tribunais. O frade Dr. J. de Souza Carvalho “pede 30 anos de prisão para O. Ristori e E. Leuenrouth, como reparo moral ao seu colega Faustino Consoni, por não existir pena de morte no Brasil”.
Apenas o crescimento dos protestos, a injustiça da acusação e os esforços do advogado e anarquista Benjamim Mota – que havia sido fundador do jornal A Lanterna – permitiram com que os prisioneiros fossem libertados.
escrito por Eduardo Valladares, parte do livro “Anarquismo e Anticlericalismo” (editoras Imaginário, Nu-Sol e Coletivo Anarquista SOMA).
Nota do Blog: Pelos menos nos dias de hoje, aos poucos, os padres pedófilos estão (as vezes) pagando por seus crimes. A Igreja Católica dos U.S.A. já gastou mais de 3 bilhões de dólares para defender seus padres pedófilos.
agosto 25, 2011 às 1:36 am
Chega a ser ridiculo aquilo que se opõe a obras dessa proporção, não se pode jogar por terra trabalhos como esse, realizados por um homem e uma mulher que acreditam no humano, com a certeza de um profundo amor ao próximo. Não defendo aqui homens de batinas que possam em determinado momento denegrir a materialização de um ideal como foi proposto por Assunta e José. Entretanto defendo obras como está que permanecem acima de conceitos anarquistas ou seja lá o que for, enquanto defendemos causas vãs, esqueçemos que só causas como essa podem tornar realidades triste de crianças sofridas em cidadãos melhores. Dentre eles provavelmente não haverá tempo para se formarem em anarquistas ou anticlericais, afinal fazem parte de um resultado de muito esforço e espiritualidade.
agosto 25, 2011 às 4:09 pm
Não consegui entender direito teu comentário Leonora!
Tu defende que não se deve denunciar padres pedófilos ou padres assassinos? Isso?
Penso que quem cuida de um orfanato o deve fazer por amor, tendo o bem estar das crianças em primeiro lugar! Padres muitas vezes cuidam de orfanatos tendo segundas intenções: Ganhar dinheiro e estuprar criancinhas, geralmente! Acho lindo padres (que vejo como parasitas inúteis da sociedade) cuidando de criancinhas abandonadas, mas quando fazem direito e cuidam para que as crianças tenham seu bem estar garantido!
E você acha que criança orfã não pode se tornar anarquista ou anti-clerical? Isso? (teu texto é confuso)… “Tornar crianças sofridas em cidadãos melhores” que tu fala ali no teu comentário é prá significar “cidadãos tementes a Deus que obedecem o governo de cabeça baixa”? isso? Porque se for não vejo isso como algo salvador para essas crianças. Dar educação, emprego decente com salário bom, saúde e livre arbítrio à essas crianças é bem melhor que do que colocar na cabeça delas que o único livro que deve ser lido é a bíblia e que padres são seres especiais. Isso é conto de fadas demais!
Na minha opinião, se todas as igrejas e templos fossem transformadas em abrigos de mendigos já estariam sendo mais úteis do que são!
Luto por um mundo livre do fanatismo religioso!
Obrigado por comentar aqui Leonora!
Petter Baiestorf
abril 4, 2013 às 7:52 pm
Tolo Arnibuk,
A publicação desse texto com esse comentário é algo anticlerical. Seu blog deveria ser censurado, se vivêssemos em uma sociedade sensata e liberta de fato pela verdade que é Jesus Cristo.
Rezo e lutarei até a morte pela conversão de gente como você, ou para seu silêncio.
maio 13, 2013 às 10:43 am
Caro Anônimo,
Nós vamos continuar lutando para que a história não oficial esteja disponível para todos tomarem contato. Não vivemos numa bolha cor de rosa como aquela que os religiosos estão loucos para confinar todos os pensantes do mundo!
Antes de perder seu tempo lendo bíblias e ouvindo pastores/padres ignorantes, você poderia se inteirar de livros de história e aprender um pouquinho de como funciona o mecânismo social do qual você é apenas um bom cordeirinho que acha que faz alguma diferença!
Estude, cruze informações, não baixe a cabeça nunca e desconfie de qualquer líder!
Petter Baiestorf (assino tudo que digo porque este negócio de anonimato de internet é prá quem tem duas caras).