A Violência das Leis
Muitas constituições foram criadas de modo a fazer com que as pessoas acreditassem que todas as leis estabelecidas atendiam a desejos expressos pelo povo. Mas a verdade é que não só nos países autocráticos, como naqueles supostamente mais livres, as leis não foram feitas para atender a vontade da maioria, mas sim a vontade daqueles que detêm o poder. Portanto elas serão sempre, e em toda parte, aquelas que mais vantagens possam trazer à classe dominante e aos poderosos. Em toda a parte e sempre, as leis são impostas utilizando os únicos meios capazes de fazer com que algumas pessoas se submetam à vontade de outras, isto é, pancadas, perda da liberdade e assassinato. Não há outro meio.
Nem poderia ser de outro modo, já que as leis são uma forma de exigir que determinadas regras sejam compridas e de obrigar determinadas pessoas a compri-las (ou seja, fazer o que outras pessoas querem que elas façam) e isso só pode ser obtido com pancadas, com a perda da liberdade e com a morte. Se as leis existem, é necessário que haja uma força capaz de fazer com que alguns seres se submetam à vontade de outros e esta força é a violência. Não a violência simples, que alguns homens usam contra seus semelhantes em momento de cegueira, mas uma violência organizada, usada por aqueles que têm o poder nas mãos para fazer com que os outros obedeçam à sua vontade.
Assim, a essência da Legislação não está no Sujeito, no Objeto, no Direito, na idéia do domínio da vontade coletiva do povo ou em qualquer outra condição tão confusa e indefinida, mas sim no fato de que aqueles que controlam a violência organizada dispõem de poderes para forçar os outros a obedecê-los, fazendo aquilo que eles querem que seja feito.
Assim, uma definição exata e irrefutável para legislação, que pode ser entendida por todos, é esta: “As leis são regras feitas por pessoas que governam por meio da violência organizada que, quando não acatamos, podem fazer com que aqueles que se recusam a obedecê-las sofram pancadas, a perda da liberdade e até mesmo a morte”.
Leon Tolstói (retirado de “A Escravidão de Nosso Tempo”, 1900, publicado na revista anarquista “Letra Livre” número 39).
abril 12, 2011 às 2:00 pm
É por aí. Esse é um aspecto do problema.
A finalidade das leis não é resolver o problema, é definir que a ponta da corda que arrebenta é sempre a ponta mais fraca.
Em outras palavras, cuida para que a ponta do poderoso não arrebente nunca.
“todos são iguais perante a lei, mas uns são mais iguais que outros”.
abril 13, 2011 às 1:01 am
A mais pura verdade. Desde sempre.
março 24, 2012 às 1:25 am
[…] mais candidatos evangélicos sendo eleitos e este fato está dando cada vez mais poder para estes inquisidores modernos (faça um favor ao Brasil, na próxima eleição – que está perto – não vote em […]