O Monstro Souza
“O Monstro Souza [romance fastifud]” (2010, 235 páginas) de Bruno Azevêdo & Gabriel Girnos. Editora Pitomba.
Como é bom (e raro) achar um livro que surpreenda do início ao fim. “O Monstro Souza” é um destes livros. Bruno Azevêdo criou uma delirante história cheia de referências POP que o público brasileiro vai reconhecer na hora (principalmente os moradores da cidade de São Luís/MA, terra do autor e do Sarney (nem tudo é perfeito nesta vida), que se torna personagem importante (a cidade, não o Sarney) da trama do livro com suas barraquinhas de cachorro quente, putas, policiais sacanas, políticos pervertidos e ruas históricas).
A trama do “O Monstro Souza” é um achado do surrealismo (ou realismo fantástico, como você preferir, nunca sei diferenciar as duas): Na barraca de cachorro quente do Souza, um cachorro quente (apelidado de Souza) é jogado fora sem ser comido e adquire pernas/braços/olhos/boca/pau/vida e passa a perambular por São Luís se tornando objeto sexual das putas feias da cidade e garoto de programa para qualquer solitário com uns poucos reais no bolso:
“Vender o corpo era um negócio cada vez mais concorrido: os pontos da Pedro II, Itaqui e Portinho abrigavam a prostituição suja, das pernas cabeludas e caronas eventuais, do uisquinho pro capitão; o Colonial Shopping era mais uma zona adolescente, onde o assessor do deputado ia pegar o aluno do Liceu prum chopinho; as faculdades do outro lado da ponte eram a ressureição das velhas casas de cômodo do Desterro, a luz vermelha em meio à renascença, a semeadura dos vinhais da Atenas: ali a Criatura nem pisou. O preço deste livro, por exemplo, é muito mais alto que o de um boquete na Pedro II.
Ainda assim, inferninhos tradicionais como a Pedrita no Tirirical e o La Maison no (se não me engano) São Cristóvão ainda sobreviviam. Por fim, tendo o Anil e o Bacanga por pernas que fossem, e o braço de mar como uma cintura de respiração profunda, a Praiagrande era uma boceta exposta e fedendo a cancros.
A Criatura nem sentia.
Comia, dormia muito e passava bastante tempo percebendo o mundo pela janela do cortiço, atirando ervilhas escada abaixo.
Era uma pessoa como qualquer outra.”
O ponto alto do livro é sua narrativa original que mistura texto com poesia, com quadrinhos (ilustrações belíssimas do Gabriel Girnos), com recortes de jornal, tiras, fotos, propagandas, letras de música, onomatopéias, aqueles bilhetinhos de surdo-mudo pedindo esmola e muitas outras formas de contar uma história criativa/empolgante. Não existe limites no “O Monstro Souza” e gosto disso!!!
Se você quer experimentar o livro, entre em contato com o Bruno Azevêdo pelo e-mail: bazvdo@hotmail.com e encomende um exemplar, tá custando apenas R$ 24.00 já com as despesas postais incluídas.
Curiosidade: A capa do livro foi feita pelo Gabriel Girnos sob desenho do Marcatti.
Abaixo algumas páginas do livro:
This entry was posted on junho 28, 2011 at 2:29 pm and is filed under Literatura with tags boquete barato, bruno azevêdo, cachorro quente, gabriel girnos, literatura brasileira, marcatti, monstro souza, POP, putas, sarney. You can follow any responses to this entry through the RSS 2.0 feed. You can leave a response, or trackback from your own site.
março 13, 2012 às 5:16 am
adorei bem que voce poderia escrever algumas coisas bizarras da minha vida
março 13, 2012 às 5:20 am
espero uma resposta
agosto 3, 2012 às 11:51 am
[…] o livro “Baratão 66″, novo trabalho do ótimo escritor Bruno Azevedo, autor de “O Monstro Souza“), continua produzindo animações em stop motion, como seu novo curta “Bicho […]
janeiro 10, 2014 às 5:34 pm
[…] menos um lançamento obrigatório, “Baratão 66″, fruto de uma bem-vinda parceria entre Bruno Azevêdo e Luciano Irthum. Pitomba surgiu em 2009 e se tornou a editora marginal mais ativa de São […]