Arquivo para julho, 2011

Ao Enforcado Empodrecido da Praça

Posted in Fanzines, Nossa Arte with tags , , , , , on julho 31, 2011 by canibuk

Postando um textinho que escrevi lá por 1990, época que eu era muito influênciado pelos textos do escritor Isidore Ducasse, o Conde de Lautreámont. Em 2000, Marcel Garcia pegou o texto e transformou nesta HQ que resgato aqui hoje!

Batman Dracula

Posted in Fan Film with tags , , , , , on julho 30, 2011 by canibuk

“Batman Dracula” (1964, 3 min.) de Andy Warhol. Com: Jack Smith, Taylor Mead e grande elenco de adoráveis chapados.

Assista uma parte do filme no link abaixo:

“Batman Dracula” é um Fan Film, filme de fã, produzido nos anos de 1960 pelo artista Andy Warhol sem autorização da DC Comics e conta, no seu elenco, com a colaboração do lendário cineasta underground Jack Smith, o homem que influenciou John Waters à se tornar cineasta, o artista que realizou os clássicos do cinema obscuro “Flaming Creatures” e “Normal Love”.

“Batman Dracula” era considerado um filme perdido, até que alguns anos atrás o documentário “Jack Smith and the Destruction of Atlantis” (2006) provou o contrário. Já seu diretor/produtor, Andy Warhol, é um grande nome da POP ART mundial e cineasta underground responsável por todo tipo de experiência cinematográfica que, creio, dispensa maiores apresentações. Warhol legou ao mundo maravilhas como “Lonesome Cowboys” (com os cowboys mais gays da história do cinema), “Flesh for Frankenstein”, “Andy Warhol’s Dracula”, “Mario Banana”, “Bitch”, e muito outros, a maioria feitos em parceria com o, também genial, cineasta Paul Morrissey.

Para ver mais, siga este link abaixo:

Entrevista com Brian Yuzna e Joe Dante

Posted in Cinema, Entrevista with tags , , , , on julho 29, 2011 by canibuk

No “Arghhh” número 29, lançado em Agosto de 2000, editei uma série de entrevistas que o cineasta e artista plástico Ivan Cardoso realizou com artistas do cinema que eu adorava. Roger Corman e Christopher Lee já tiveram suas entrevistas resgatadas aqui. Hoje posto as duas últimas desta série que publiquei no fanzine, ambas são bem pequenas, mais bate-papo que o Ivan cardoso realizou com o Yuzna e o Dante quando os encontrou num festival de cinema, mas que acho legal disponibilizar na net.

Ivampiro Cardoso bate-papo com Brian Yuzna, produtor de clássicos como “Re-Animator” e diretor do “Return of the Living Dead 3”.

Ivan Cardoso: E o “Dentista 3” sai ou não sai, Brian?

Brian Yuzna: Por enquanto ainda não recebi nenhum recado dos nossos produtores, mas se eles quiserem: Estou pronto! Sou um diretor de cinema e fazer filmes é o meu negócio!

Cardoso: Agora você está morando em Barcelona, Espanha?

Yuzna: Exatamente. Fui contratado por uma das maiores distribuidoras daEspanha para produzir sete filmes nos próximos dois anos. (Nota do Canibuk: Yuzna foi, na época, contratado pela Filmax International, de Julio Fernández, com quem produziu coisas rápidas, em sua maioria filmes ruins, como: “Faust”, “Arachnid”, “Re-Animator: Fase Terminal” e outros mais decepcionantes).

Cardoso: Genial Brian, será que não sobra um para mim…

Yuzna: Eu adoraria Ivan, principalmente agora que assisti “O Escorpião Escarlate” e entendo porque todo mundo aqui só fala em você! Mas você não pode imaginar como os espanhois são burocráticos, atrasados e nacionalistas, tamanho são os problemas que entravam, até hoje, o cinema espanhol. Filmes que na America poderiam ser feitos em um mês, lá, demoram dois e, os custos, o triplo do preço americano. Todo mundo só fala em milhões, até os curtas-metragistas. Depois, eles ainda tem aquele ranso sindicalista de esquerda, como deve existir no seu país!!!

Cardoso: O cinema espanhol atravessa um bom momento?

Yuzna: Não vejo desta forma. Eles conseguiram criar uma série de leis e incentivos fiscais para cultura que possibilitam a co-produção entre países da união europeia e isso é muito bom porque atualmente, se você não esta na America, se você esta fora da industria cinematográfica, o jeito é dividir sua produção por dois ou três países e, principalmente, fazer um bom filme que seja de interesse universal. Embora eu discorde radicalmente disso. Veja bem, nos anos de 1960, Godard, Buñuel, Pasolini, Bergman, Visconti, Antonionni e Fellini dominaram totalmente a cena, sem qualquer tipo de incentivo, conseguindo deixar Hollywood num segundo plano. Naquela época ninguém falava em cinema americano. Eu não acredito num cinema que precise ser protegido para existir. Você pode fazer qualquer tipo de filme, em qualquer tipo de língua, que se o filme for uma novidade todo mundo vai querer ver. É isso que todo mundo está esperando, inclusive Hollywood, que para sobreviver precisa mais do que ninguém das descobertas e invenções feitas fora da indústria cinematográfica americana!

Cardoso: Obrigado pelo seu tempo Brian.

Yuzna: Certo Ivan.

E, para finalizar, um rapidíssimo bate-papo entre Ivan Cardoso e o Joe Dante, pai dos “Gremlins”.

Ivan Cardoso: Porque um diretor consagrado como você, demorou 5 anos para fazer um novo filme?

Joe Dante: Porque os estúdios querem ganhar fortunas com os filmes que fazem, transformando Hollywood num lugar pouco interessante para os diretores. Só me ofereciam produções que, na America, chamamos de “Popcorn Movies”, ou seja, filmes para adolescentes!

Cardoso: Fale-me um pouco de “Pequenos Soldados”, seu último filme.

Dante: “Pequenos Soldados” já havia passado pela mão de uns 12 roteiristas, mas coube a mim realiza-lo. O resultado fala por si só, é a segunda maior bilheteria de minha carreira, perdendo apenas para os “Gremlins”.

Cardoso: Seus filmes sempre possuem citações de outras obras cinematográficas?

Dante: Me encanta recordar o passado do cinema!

Cardoso: Certo Joe!

Entrevista Exclusiva com Christopher Lee

Posted in Cinema, Entrevista with tags , , , , , , , , on julho 28, 2011 by canibuk

O britânico Christopher Frank Carandini Lee, nascido em 27 de maio de 1922, se tornou mundialmente famoso ao interpretar, primeiro, o monstro de Frankenstein no filme “The Curse of Frankenstein” (1957) e, em seguida, o Conde Drácula no filme “Dracula” (também conhecido como “Horror of Dracula”, 1958), ambos produzidos pelos lendários estúdios da Hammer.

Em 2000 publiquei uma rápida entrevista no fanzine “Arghhh” número 29 que o Ivan Cardoso realizou com a lenda viva Christopher Lee, onde o ator explica suas inspirações para criar/interpretar o Conde Drácula.

Ivan Cardoso: Você sente saudades do Conde Drácula?

Christopher Lee: Gostaria muito de voltar a interpretar o papel do Conde Drácula pois este personagem será sempre imortal, embora já o tenha recusado várias vezes. Hoje penso que o público me identifica com o personagem e se recusei foi por medo de passar a minha vida a só fazer esses papéis, como aconteceu ao infeliz Bela Lugosi. No entanto gostaria de voltar a fazer com a condição de que a produção e o argumento me interessem. Posso afirmar que não tenho a intenção de voltar à interpreta-lo apenas para obter publicidade fácil ou para ganhar dinheiro de produtores que não sabem apreciar o poder e o estilo clássico desse grande tema. É um papel que deve ser encarado com respeito e dignidade. O papel do Conde Drácula foi uma das maiores oportunidades da minha vida, um dos mais célebres e fantásticos personagens. Nenhum ator poderá pedir mais!

Cardoso: Drácula é um personagem muito díficil de interpretar?

Lee: A interpretação desse personagem compreende também um problema de ordem sexual: O sangue, símbolo da virilidade e a atração sexual que a ele se liga, esses dois aspectos sempre estiveram estreitamente ligados ao tema do vampirismo. Tentei sugerir isto sem destruir o mito, mas carregando nesta tecla. Aliás, não podemos esquecer que o Conde Drácula era um gentleman, um nobre, e na sua primeira encarnação um grande soldado e condutor de homens. Claro que era impossível, num só filme, mostrar tudo isto, mas é sempre possível, pela interpretação, sugerir fatos do passado sem os mostrar!

Cardoso: Como você compôs o seu Conde Drácula?

Lee: A minha idéia de interpretação do Conde Drácula baseava-se no romance que reli inúmeras vezes. A própria neta de Stocker veio me ver representar, assegurando-me que estava muito bem e que o seu avô teria gostado muito de me ver. Claro que do argumento para o filme existiam diferenças em relação a história original, mas sempre tentei por em evidência a solidão do mal e, particularmente, mostrar que por mais terríveis que fossem as ações do Drácula, elas eram impulsionadas por uma força oculta que não podia controlar. Era o diabo que o possuia, obrigando-o a cometer crimes horríveis, desde tempos imemoriais. No entanto a sua alma subsistia no invólucro carnal, era imortal e não podia ser destruída. Tudo isto é para explicar a grande tristeza com que tentei impregnar a minha interpretação.

Cardoso: Porquê Drácula é o mais popular personagem de terror?

Lee: Ele é muito romântico, muito poético, um grande herói, muito forte, iressistível para as mulheres, poderoso com os homens e imortal! Talvez sejam estas as razões, eu não sei. É o livro mais famoso e lido no mundo inteiro. É o lado negro, satânico e desconhecido, por isso mesmo muito interessante.

Cardoso: Obrigado Conde Lee…

Lee: Gostaria de enviar um abraço à todos meus fãs brasileiros, certo Ivan?

Entrevista exclusiva com Roger Corman

Posted in Cinema, Entrevista with tags , , , on julho 27, 2011 by canibuk

Em Agosto de 2000 publiquei no fanzine “Arghhh” número 29 uma entrevista exclusiva que o Ivan Cardoso fez com o Roger Corman especialmente pro zine que eu editava.

Ivan Cardoso: Mr. Corman…

Roger Corman: Please Ivan, Call me Roger!

Cardoso: É que apesar de nos conhecermos há alguns anos. ainda fico bastante emocionado em encontra-lo pessoalmente. Para mim você é um deus! Um dos diretores que mais gosto e admiro…

Corman: Que bobagem! Você também é um grande filmmaker e os seus filmes falam por si! Lembre-se que quando assistimos “As Sete Vampiras”, no Rio (de Janeiro) em 1994, a minha filha caçula achou a sua planta carnívora muito melhor que a minha de “The Little Shop of Horrors”!!!

Cardoso: Que é isso, Mr. Corman… Quer dizer, Roger!

Corman: E, é verdade! Aliás, antes de mais nada, se me permitem, gostaria de falar sobre o seu último trabalho: Eu acho “O Escorpião Escarlate” muito bem feito. Você, Ivan Cardoso, mistura muito bem horror, sexo e comédia! Os planos, os enquadramentos perfeitos para cada take, os movimentos de câmera, a fotografia e, principalmente, a montagem são excelentes, porque o filme nunca fica chato ou perde o ritmo!

Ivan Cardoso e Roger Corman.

Cardoso: Obrigado Roger. Bem, depois dos “comerciais” acho que podemos começar a entrevista…

Corman: À propósito Ivan, quanto custou “As Sete Vampiras”?

Cardoso: Duzentos mil dólares! Mas não sei quanto custaria hoje! Porquê a econômia brasileira é muito complexa e mesmo o dólar não serve de referência.

Corman: Bom preço! Você também é um ótimo produtor! Mas agora descobri porque sua planta carnívora é melhor que a minha! “The Little Shop of Horrors” foi rodado em apenas dois dias e me custou somente, em dinheiro, 35 mil dólares! É claro que naquele tempo Jack Nicholson não era um ator tão caro!

Cardoso: Você fez o filme todo em dois dias? Foi isso mesmo o que eu entendi?

Corman: Exatamente! Nós fizemos o filme em apenas 48 horas! Mas, isso foi em 1961, há quase quarenta anos atrás e todos nós erámos mais jovens!

Cardoso: E quantos filmes você dirigiu naquele ano?

Corman: Por acaso, em 1961, eu dirigi e produzi apenas dois filmes. Mas em 1957 cheguei a dirigir e produzir nove fitas, foi meu “record”! No início da minha carreira, normalmente, eu fazia cinco ou seis filmes por ano!

Cardoso: Porque você se especializou em fazer produções baratas?

Corman: Em diversas ocasiões, ao longo da minha bem sucedida carreira, me ofereceram super produções milionárias. Mas sempre achei melhor recusa-las porque, em contrapartida, eu teria pouco controle sobre o filme!

Cardoso: Até hoje os diretores americanos não tem autônomia na montagem final de suas obras?

Corman: É claro que não, Ivan. Eles são apenas diretores contratados para executarem uma parte do trabalho. O produto final não lhes pertencem, é dos estúdios e das companhias que o produziram. Por isso sempre preferi continuar sendo um produtor independente!

Cardoso: Quantos filmes você produz por ano?

Corman: Atualmente a minha produtora, a Concorde New Horizons, faz uma média de 10 à 12 longas por ano, dependendo do volume de trabalhos que estivermos fazendo para a televisão. Nós produzimos dentro de uma escala industrial, com muito planejamento.

Cardoso: Quanto custam em média suas produções?

Corman: Custam, em média, hum milhão de dólares. Tem produções mais baratas e outras um pouco mais caras. Ou seja, em média, invisto entre 10 e 12 milhões de dólares do meu próprio bolso para continuarmos produzindo. Por isto discordo desta afirmativa que “só faço filmes baratos”: A minha produção tem este custo, porque este é todo o dinheiro que disponho para produzi-la e não acredito que 12 milhões de dólares sejam tão pouco dinheiro…

Cardoso: Que conselho você daria aos cineastas que estão começando?

Corman: Bastante disposição para trabalhar duro e investir muito tempo na pré-produção, para quando você estiver filmando, só se preocupar com os problemas que não estavam previstos mas que surgem naturalmente na produção de um filme e podem complicar as coisas. Quanto mais tempo você trabalhar na preparação de um filme, menos tempo você gastará para roda-lo, diminuindo os seus custos e aumentando suas possibilidades de lucro!

Cardoso: Então, esta é a sua fórmula do sucesso?

Corman: Pelo menos é o que temos feito nos últimos quase 50 anos com relativo sucesso! Não posso afirmar que todos os meus filmes foram um grande sucesso, mas posso lhe garantir que 95% das nossas produções se pagaram e deram algum lucro.

Cardoso: Roger, como você vê o cinema produzido atualmente?

Corman: Nos últimos anos Hollywood segue a risca a mesma filosofia empressarial que comanda o show business americano. Produzir obras descartáveis, facilmente assimiladas pelo público jovem. Eu penso justamente o contrário: Creio que a principal força do cinema está concentrado num equilíbrio perfeito entre arte e negócio! Por isso mesmo que o cinema se transformou na arte mais poderosa do século XX. Esta tensão, esta fórmula mágica gera uma energia positiva que, de imediato, abre uma porta para os cineastas independentes entrarem no mercado.

Cardoso: E qual seria o “segredo desta porta fechada” para os cineastas brasileiros?

Corman: Em todas as artes é o mesmo segredo: Tem que se conseguir criar algo novo! E, isto está totalmente fora do alcance dos grandes estúdios que, por investirem somas fabulosas em suas super produções, não ousam se arriscar em nada de novo! Esta é a grande oportunidade dos cineastas do seu país que, não tendo uma cinematografia industrial, poderia produzir novidades como “O Escorpião Escarlate”, que deveria ser um modelo à ser seguido e não “perseguido”, por ser uma obra universal. E, a propósito, como vai a nova produção do cinema brasileiro? Quanto custa, em média, atualmente, um filme brasileiro?

Cardoso: Esta é uma pergunta díficil de responder, por que não faço um longa-metragem há quase 10 anos. Além disso, tivemos uma maxi desvalorização que nos trás de volta, novamente, o problema cambial. Mas em média, os novos filmes brasileiros custam de 3 à 4 milhões de doláres.

Corman: Mas isso é uma loucura! Um suicídio comercial, não existe mercado para filmes falados em português, neste planeta, que viabilize produções tão caras, com atores internacionalmente desconhecidos. Os produtores brasileiros não estão ligados na internet? No mundo globalizado filmes falados em idiomas regionais só podem custar no máximo meio milhão de doláres. Atualmente, mais do que nunca, é impossível se pensar numa produção cinematográfica industrial que não seja falada em inglês. É claro que, ao longo da história recente do cinema, várias cinematografias de outros países, em diversas ocasiões, brilharam nas telas mundiais. Mas sempre o principal atrativo comercial destas fitas é seu baixo custo, como podemos observar nas cinematografias emergentes orientais.

Cardoso: São problemas díficeis de equacionar, numa entrevista, mas em linhas gerais, até os anos 90, tínhamos uma produção semi industrial, que chegou a produzir quase 100 títulos por ano! E, durante alguns anos, a Embrafilme (distribuidora de filmes nacionais) foi líder do mercado exibidor! Em 1990 um psicopata assumiu a presidência do Brasil promovendo um autêntico holocausto cultural que extinguiu a frágil “róliudi tupiniquin”. Atualmente, nunca um governo investiu tanto na cultura, mas como não temos mais um mercado interno, o cinema brasileiro é subvencionado pelo estado, através de leis que possibilitam a renuncia fiscal. Sendo um dinheiro público, doado à fundo perdido, muitos dos meus colegas desperdiçam verdadeiras fortunas em obras nati-mortas sem o menor atrativo comercial. Grande parte dos nossos diretores se orgulham-se em serem anti-comerciais. Para você ter uma idéia do nosso atraso, a maioria dos artistas e intelectuais brasileiros ainda são esquerdofrênicos!

Corman: Oh! My God! Não é possível que 10 anos depois da queda do muro de Berlim ainda existam comunistas no Brasil?

Cardoso: E como, Roger! Nunca tivemos um presidente tão bom e um governo tão neo liberal, porém a cultura, infelizmente, continua sob controle stalinista. Muitos cineastas nacionais ainda vêem os cinemas apenas como um veículo moderno para as suas ultrapassadas mensagens políticas, não percebendo que estão diante de um universo mágico muito maior que qualquer ideologia!

Corman: Ivan, me responda uma coisa que eu não consigo entender: Porque os seus colegas vão mixar filmes falados em português nos Estados Unidos? Isto me parece rídiculo, porque a julgar pelos seus dois filmes o Brasil possuí excelentes estúdios de som…

Cardoso: Roger, também não sei! Síndrome de complexo de inferioridade, talvez! Mas não sei… Bem Roger, obrigado pela entrevista!

Corman: Ivan, eu que agradeço! E um abraço aos leitores do “Arghhh” zine!

Sobre todos eles e nenhum de nós

Posted in Literatura, Nossa Arte with tags , , , , , , on julho 25, 2011 by canibuk

Insetos retorcidos pela luz dançaram tangos sobre o balcão. Suas asas de alumínio rasgaram o ar e riscaram os copos dos bebuns sorridentes. Baratas que voaram. Baratas com asas de alumínio, baratas que refletiram a luz distorcida de cores vibrantes ao lado oeste do minuto segundo desgraçado único. Baratas com asas residiam dentro de minha cabeça. Pudim com caramelo elas comiam no dia de todos os Santos Estrumes Sagrados Da Liberação Da Rosquinha Papal. Êxtase brilhante que dilatava minhas pupilas enquanto baratas voavam por ai sem rumo. Fui a morada destes bichinhos. Meu pudim cerebral era o alimento. Baratas com asas nunca precisaram dirigir carroças porque bastava que batessem suas asas de alumínio para que voassem por ai sem rumo. Voaram da Lua para Marte, deslizando entre um e outro asteróide colorido que rastejavam no vácuo espacial especial. Baratas que destruíram carros de alumínio do povo trabalhador que não comiam pudim cerebral todo dia. Meu pudim cerebral era o alimento. Alimento das baratas com asas de alumínio que residiram dentro de minha cabeça. Um ninho havia ficado no lugar do cérebro. Cérebro de Pudim. Pudim de caramelo. Amarelinho igual ao pus. Voaram elas surfando entre as estrelas e jogaram cores em meus olhos antes negros que derreteram virando umas bolas iluminadas pela luz ao lado oeste do minuto segundo desgraçado único…

escrito por Petter Baiestorf.

Leyla Buk Artwork

Posted in Arte e Cultura, Arte Erótica, Fetiche, Ilustração, Nossa Arte with tags , , , , , , on julho 24, 2011 by canibuk

Quem trabalha com criação sabe que de tempos em tempos acontecem aqueles momentos intensos de inspiração e criatividade onde idéias e  produção não param. Volta e meia tenho estes “ataques” e fico trampando dias seguidos, emendando um trampo no outro  sem parar  e sem pensar em outra coisa, ignorando mãos e costas fodidas e aquelas necessárias horas a mais de sono, apesar de tudo, adoro estes “surtos criativos” e espero sempre que durem o  máximo possível – embora eles acabem passando do mesmo modo que vieram: de repente e sem aviso. Foi num destes momentos que comecei a rabiscar vários desenhos (muitos ainda estão inacabados) e, mais uma vez, a testar técnicas que pra mim eram novidades, incluindo trabalhos com lápis de cor, mais um desafio, já que não sou uma adoradora das cores, pelo contrário, sempre fugi delas, não me atraem. Encarei mesmo assim, fui em busca do novo e curti o resultado. Muitas coisas deram certo, outras nem tanto,  algumas mais estão em andamento e minha idéia é ir postando tudo aqui aos poucos.

Segue alguns:

Zombie Happy Hands

VanityI’m Your Gift

Dark Fetish

Buk’s Valentina

Pleasure

Poisonous

Envy

Eat Me

OBS.: Não usem as imagens sem autorização!

Ô Psit!

Posted in Cinema, Literatura with tags , , , , , , , on julho 23, 2011 by canibuk

O Grupo de humor “Os Trapalhões” dispensa maiores apresentações, já fazem parte da cultura popular brasileira. O que quero indicar neste post-dica rápido (me desculpem pelas postagens feitas na correria nesta semana, mas estamos com pouco tempo disponível para o blog, coisa que pretendemos resolver nos próximos dias), é um livro sobre o cinema d’Os Trapalhões que é bem divertido e informativo.

Estou falando do livro “Ô Psit! – O Cinema Popular dos Trapalhões” (178 páginas, editora Artes & Ofício) escrito pela pesquisadora Fatimarlei Lunardelli. Como este livro já foi lançado em 1996, desconfio que possa estar esgotado e fora de catálogo (achei meu exemplar fuçando num sebo em Porto Alegre/RS). Nesta pesquisa, Lunardelli examina 30 anos de carreira do grupo liderado por Renato Aragão (tio do Rodrigo Aragão, irmão do Rajá de Aragão, mas posso estar mentindo) que, até a época, tinham realizado 38 filmes e vários deles ultrapassaram a casa dos cinco milhões de espectadores. O livro análisa, principalmente, essa preferência do público comum pela comédia. É um trabalho de faculdade editado em forma de livro, mas em momento algum a leitura dele se torna chata.

Que Merda!

Posted in Fanzines, Quadrinhos with tags , , , , on julho 22, 2011 by canibuk

Aproveitando dia de hoje prá resgatar uma HQ do Eduardo Manzano, em parceria com o Rovel, que publiquei originalmente no fanzine “Arghhh” número 14, é bem retardada, do jeitinho que eu gosto!!!!

Mortos e Feridos: Um Acidente?

Posted in Anarquismo, Anti-Carros on julho 20, 2011 by canibuk

Um professor levantou a seguinte indagação:

Imagine que um grupo de cientistas pede um encontro com as lideranças políticas do país para discutir a introdução de uma nova invenção. Os cientistas explicam que os benefícios da tecnologia são incontestáveis, e que a invenção aumentará a eficiência e tornará a vida de todos mais fácil. O único lado negativo, eles alertam, é que para ela funcionar, 40 mil pessoas inocentes terão que morrer a cada ano. Os políticos decidiriam adotar ou não a nova invenção?

Os alunos estavam prestes a dizer que uma tal proposição seria completamente rejeitada de imediato, quando o professor despreocupadamente observou: “Nós já a temos: o automóvel”. Ele nos fez refletir sobre a quantidade de morte e de sofrimento que nossa sociedade tolera como resultado do nosso compromentimento em manter o sistema tecnológico – um sistema no qual todos nós nascemos e não temos escolha além de tentar nos adaptar a ele.

Foi Henrique Santos Dumont (irmão do “Pai da Aviação”) o proprietário do primeiro carro que chegou ao Brasil. O veículo aportou em Santos em 1893. Oficialmente, o primeiro acidente de carro no Brasil ocorreu em 1897 na estrada velha da Tijuca, Rio de Janeiro. Era Olavo Bilac que se chocava contra uma árvore com o automóvel de José do Patrocínio.

De lá prá cá o Brasil conseguiu alcançar e manter a marca de campeão mundial de “acidentes de trânsito”. Os personagens da história do consumo e dos “acidentes” de automóveis não são mais, apenas, os ilustres personagens dos livros de história escolares. As estatísticas tomaram o lugar dos ilustres. Porém, é suspeita a importância de estatísticas como fator de mobilização social, uma vez que, se dependesse delas, já não poderia existir um sistema econômico que impede que milhões de pessoas se alimentem adequadamente e que, para sua perpetuação e reprodução, esgota a possibilidade de vida no planeta. Alguma verdade existe no famoso pensamento de Stalin: a morte de uma pessoa é uma tragédia, a morte de um milhão é uma estatística. A frieza da matemática não desperta as paixões que são os combustíveis das revoluções. Mas quem sabe elas possam ter o seu papel.

A cada 13 minutos ocorre uma morte por “acidente” de trânsito no Brasil. A cada 7 minutos ocorre um atropelamento. Além das 46 mil mortes anuais por “acidentes” de trânsito, 300 mil pessoas ficam feridas, 60% com lesões permanentes. Destes mortos, 44% foram vítimas de atropelamentos e 41% estão na faixa etária entre 15 e 34 anos. Cerca de 60% dos leitos de traumatologia dos hospitais brasileiros são ocupados por “acidentados” no trânsito. Mais de 700 mil pessoas morreram em “acidentes” de trânsito de 1960 a 2000 no Brasil. Já não é novidade que temos no Brasil em média uma “guerra do Vietnã” de mortos pelo trânsito por ano. Além disso, o nível de monóxido de carbono nas grandes cidades já está acima do tolerado pelo ser humano.

Numa sociedade que naturaliza suas instituições e valores, que não os questiona mesmo que eles vitimem os próprios indivíduos que compõem essa sociedade, tais estatísticas dificilmente levam a uma prática de negação ou mudança. É interessante notar a escassa existência de movimentos e pensadores que questionem e se contraponham ao carro no Brasil.

Com números tão altos e uma generalização tal, a palavra “acidente” parece simplesmente encobrir o efeito não visado e não desejado de uma determinada lógica. Caso se possa falar com razão de “acidentes de carro” ou “acidentes de trânsito”, uma vez que não havia intenção de matar ou ferir quando alguém se postou atrás do volante de um carro, poderíamos falar também com a mesma razão de “acidentes de fluxo econômico”, “acidentes de lucro” ou “acidentes de nutrição” para nos reportarmos à miséria material, à subnutrição e às mortes conseqüentes do sistema econômico capitalista, generalizadas no Brasil e no mundo. Os capitalistas, através de sua atividade econômica, e o capitalismo, como sistema econômico, nunca tiveram intenção de matar de fome quem quer que seja. A miséria material é um efeito não desejado e não visado, porém inevitável, da lógica econômica capitalista.

texto de Ned Ludd, do livro “Apocalipse Motorizado – A Tirania do Automóvel em um Planeta Poluído” (Editora Conrad).

Os dados apresentados neste texto são de 2000, hoje em dia o caos está maior ainda.