Entrevista com Brian Yuzna e Joe Dante
No “Arghhh” número 29, lançado em Agosto de 2000, editei uma série de entrevistas que o cineasta e artista plástico Ivan Cardoso realizou com artistas do cinema que eu adorava. Roger Corman e Christopher Lee já tiveram suas entrevistas resgatadas aqui. Hoje posto as duas últimas desta série que publiquei no fanzine, ambas são bem pequenas, mais bate-papo que o Ivan cardoso realizou com o Yuzna e o Dante quando os encontrou num festival de cinema, mas que acho legal disponibilizar na net.
Ivampiro Cardoso bate-papo com Brian Yuzna, produtor de clássicos como “Re-Animator” e diretor do “Return of the Living Dead 3”.
Ivan Cardoso: E o “Dentista 3” sai ou não sai, Brian?
Brian Yuzna: Por enquanto ainda não recebi nenhum recado dos nossos produtores, mas se eles quiserem: Estou pronto! Sou um diretor de cinema e fazer filmes é o meu negócio!
Cardoso: Agora você está morando em Barcelona, Espanha?
Yuzna: Exatamente. Fui contratado por uma das maiores distribuidoras daEspanha para produzir sete filmes nos próximos dois anos. (Nota do Canibuk: Yuzna foi, na época, contratado pela Filmax International, de Julio Fernández, com quem produziu coisas rápidas, em sua maioria filmes ruins, como: “Faust”, “Arachnid”, “Re-Animator: Fase Terminal” e outros mais decepcionantes).
Cardoso: Genial Brian, será que não sobra um para mim…
Yuzna: Eu adoraria Ivan, principalmente agora que assisti “O Escorpião Escarlate” e entendo porque todo mundo aqui só fala em você! Mas você não pode imaginar como os espanhois são burocráticos, atrasados e nacionalistas, tamanho são os problemas que entravam, até hoje, o cinema espanhol. Filmes que na America poderiam ser feitos em um mês, lá, demoram dois e, os custos, o triplo do preço americano. Todo mundo só fala em milhões, até os curtas-metragistas. Depois, eles ainda tem aquele ranso sindicalista de esquerda, como deve existir no seu país!!!
Cardoso: O cinema espanhol atravessa um bom momento?
Yuzna: Não vejo desta forma. Eles conseguiram criar uma série de leis e incentivos fiscais para cultura que possibilitam a co-produção entre países da união europeia e isso é muito bom porque atualmente, se você não esta na America, se você esta fora da industria cinematográfica, o jeito é dividir sua produção por dois ou três países e, principalmente, fazer um bom filme que seja de interesse universal. Embora eu discorde radicalmente disso. Veja bem, nos anos de 1960, Godard, Buñuel, Pasolini, Bergman, Visconti, Antonionni e Fellini dominaram totalmente a cena, sem qualquer tipo de incentivo, conseguindo deixar Hollywood num segundo plano. Naquela época ninguém falava em cinema americano. Eu não acredito num cinema que precise ser protegido para existir. Você pode fazer qualquer tipo de filme, em qualquer tipo de língua, que se o filme for uma novidade todo mundo vai querer ver. É isso que todo mundo está esperando, inclusive Hollywood, que para sobreviver precisa mais do que ninguém das descobertas e invenções feitas fora da indústria cinematográfica americana!
Cardoso: Obrigado pelo seu tempo Brian.
Yuzna: Certo Ivan.
E, para finalizar, um rapidíssimo bate-papo entre Ivan Cardoso e o Joe Dante, pai dos “Gremlins”.
Ivan Cardoso: Porque um diretor consagrado como você, demorou 5 anos para fazer um novo filme?
Joe Dante: Porque os estúdios querem ganhar fortunas com os filmes que fazem, transformando Hollywood num lugar pouco interessante para os diretores. Só me ofereciam produções que, na America, chamamos de “Popcorn Movies”, ou seja, filmes para adolescentes!
Cardoso: Fale-me um pouco de “Pequenos Soldados”, seu último filme.
Dante: “Pequenos Soldados” já havia passado pela mão de uns 12 roteiristas, mas coube a mim realiza-lo. O resultado fala por si só, é a segunda maior bilheteria de minha carreira, perdendo apenas para os “Gremlins”.
Cardoso: Seus filmes sempre possuem citações de outras obras cinematográficas?
Dante: Me encanta recordar o passado do cinema!
Cardoso: Certo Joe!
novembro 13, 2018 às 1:39 pm
[…] posso citar alguns diretores/produtores que são grandes influências para mim: Stuart Gordon, Brian Yuzna, Frank Henenlotter, John Carpenter, Lloyd Kaufman, Charles Band, David DeCoteau. Têm alguns filmes […]