Arquivo para outubro, 2011

Dementia 13

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , on outubro 31, 2011 by canibuk

“Dementia 13” (1963, 75 min.) Produção de Roger Corman, escrito por Francis Ford Coppola e Al Locatelli (não creditado) e dirigido por Francis Ford Coppola com seqüências adicionais filmadas por Jack Hill e Monte Hellman.

Após ter trabalhado com Roger Corman no filme “The Young Racers” (1963), fazendo o som do filme, Francis Ford Coppola ganhou a chance de dirigir “Dementia 13” quando Corman percebeu que haviam sobrado 22 mil dólares do orçamento de “The Young Racers”. Roger Corman sugeriu ao Coppola ficar na Irlanda com uma pequena equipe para as filmagens de um “terror gótico psicológico”, imitação mais violenta de “Psycho” (1960) de Alfred Hitchcock. Coppola escreveu um argumento rápido em uma noite e no dia seguinte descreveu uma cena que deixou Roger Corman impressionado a ponto de liberar os 22 mil dólares para a produção (Coppola fez um investimento por conta própria de mais 20 mil dólares que Corman ficou sabendo bem depois).

Francis Ford Coppola foi deixado inteiramente a vontade para fazer o filme, sem interferência de nenhum tipo de Roger Corman, mas quando o filme foi finalizado Corman saiu da sala de exibição reclamando que o filme era curto demais e tinha pouca violência. Como Coppola não concordou com as alterações que Roger Corman queria, Jack Hill foi contratado para filmar seqüências adicionais (como a cena onde um caçador é decapitado pelo assassino) enquanto Monte Hellman dirigiu um prólogo que em nada tinha haver com o resto do filme.

“Dementia 13” foi lançado em 1963 como parte de um programa duplo (double feature) com o clássico “X: The Man With the X-Ray Eyes” (1963), dirigido pelo próprio Roger Corman (que na minha opinião é um cineasta muito mais divertido e esperto que o mala do Coppola). “Dementia 13” se encontra em domínio público e está disponível no youtube.

Réquiem para um Sádico

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , on outubro 30, 2011 by canibuk

Eu tenho um grande sonho como videomaker independente, que é transformar a revista “Spektro” em filme, usando como base suas HQs publicadas em plena ditadura brasileira carregadas de críticas à policia federal, poder e superstição (afinal o Brasil é um país supersticioso demais), mulher pelada e sexo, e alusões ao folclore e cultura genuinamente brasileiras. Em 2010 me reuni com um grupo de geniais amigos para ver a possibilidade disso acontecer, mas optou-se por tentar outra coisa, igualmente saborosa. Resgato hoje uma HQ do desenhista Mano que foi originalmente publicado na “Spektro” número 14 de fevereiro de 1980. Em tempo: Vou continuar tentando transformar a “Spektro” em filme!!!

Uma Mulher Incomum

Posted in Literatura with tags , , , , , on outubro 29, 2011 by canibuk

conheci essa mulher

e ela disse,

você está péssimo,

vamos te limpar,

e ela começou a espremer minhas

espinhas.

ela espremia essas espinhas

em tudo quanto é canto:

no carro, no mercado, na

cama, no parque

(entre uma foda e

outra).

eu fiquei sem espinhas antes de

ficar sem

amor.

o que vamos fazer

agora? ela perguntou.

.

então ela começou a arrancar os pêlos

de minhas orelhas e nariz e ao redor dos olhos

e sobrancelhas, das costas,

com uma pinça. ficamos sem

pêlos antes de eu

ficar sem

amor.

o que vamos fazer

agora? ela perguntou.

.

fiquei sem espinhas e sem pêlos

antes de ficar sem

amor.

agora ela fez as malas e

está se mudando

hoje à noite mas não antes de ela

limpar a cera

dos meus

ouvidos.

.

uma mulher altamente

incomum.

escrito por Charles Bukowski.

Velho Mundo

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , on outubro 28, 2011 by canibuk

“Velho Mundo” (2010, 13 min.) de Armando Fonseca. Com: Melissa Schleich, Pablo Sgarbi e Ana Maria Bucceroni.

Este curta começa na Espanha (velho mundo), onde uma gosma negra que sai do chão infecto do continente europeu (ao estilo “The Stuff/A Coisa” de Larry Cohen misturado com “The Blob/A Bolha” de Irvin S. Yeaworth Jr.) entra na mala de um brasileiro que está matando tempo prá pegar seu avião de volta ao Brasil (novo mundo). Ao chegar aqui, a gosma negra sai da mala e infecta o sistema de encanamentos de um prédio (as cenas da gosma negra infectando os encanamentos do prédio são muito bem realizadas, você pode conferir vídeo clicando aqui), centrando a trama no apartamento de um jovem casal (Melissa Schleich e Pablo Sgarbi). Após um pingo da gosma negra cair no olho do jovem que arrumava o chuveiro, ele fica infectado (as cenas envolvendo as lentes de contatos negras dão um ótimo clima ao filme), mas ainda mantendo um pouco de sua humanidade, o que faz com que sua esposa não desconfie de nada, até ela sofrer um acidente e ser levada ao pronto socorro. Num sinal de trânsito o jovem finalmente fica completamente sob controle da gosma negra e uma ótima/eletrizante perseguição envolvendo o carro tem ínicio, culminando com um atropelamento convincente. Mais não posso contar, mas posso garantir que isso é apenas o começo da diversão, estejam preparados para desmembramentos, canibalismo, cenas escatológicas envolvendo liquidificador e um fino senso de humor negro.

“Velho Mundo” é o segundo curta-metragem do diretor Armando Fonseca e o domínio da narrativa apresentado é o que mais chama atenção. Com poucos recursos mas muito planejamento (escola Roger Corman), ele construíu um filme tenso carregado de um humor negro, com ótimas sacadas técnicas. Os efeitos especiais estão ótimos (veja os testes de efeitos), a produção bem aproveitada e os atores são cativantes, tendo até rápidas cenas de nudez com a Melissa Schleich, requesito obrigatório em filmes de baixo orçamento. O que mais tem me deixado feliz com o cinema independente brasileiro é o surgimento de uma nova geração de cineastas que prima por um horror mais visceral e se importa com o aspecto técnico do filme, bem diferente da minha geração que queria a todo custo fazer um cinema gore extremo sem os técnicos e equipamentos necessários. Acho que os dois modelos são válidos, mas esse apuro visual tem deixado os novos filmes bem mais elaborados.

Contatos com o diretor Armando Fonseca pelo e-mail: armafilmes@gmail.com e compre o filme, se você tem cine-clube programe uma exibição de “Velho Mundo” (e de todos os outros filmes independentes que comentamos aqui no Canibuk), se você tem boteco, arme uma sessão com ingressos pagos (a serem repartidos entre os cineastas participantes) e convide vários curtas brasileiros para fazerem parte da noitada de sangue, tripas e tetas. Quando não há caminhos oficiais de distribuição o negócio é a união e um ajudar ao outro e, com isso, criar um mercado e um público aqui no Brasil para este estilo mais porrada de se fazer cinema.

O Solitário Ataque de Vorgon

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , on outubro 27, 2011 by canibuk

“O Solitário Ataque de Vorgon” (2010, 6 min.) de Caio D’Andrea. Conceito e realização do monstro de Boris Ramalho.

O curta-metragem “O Solitário Ataque de Vorgon” começa com uma manchete de jornal que fala da luta dos monstros gigantes “Vorgon” e “Vorga” que teriam destruído a cidade durante o dia. A noite “Vorgon” volta à cidade sozinho. Ao olhar um coração desenhado num prédio (igual estes que jovens amantes desenham em árvores) onde se lê “Vorgon + Vorga”, ficamos sabendo que a luta da tarde tinha sido uma briga de amor. Neste desespero por ter brigado com sua namorada “Vorga”, nosso monstrengo herói chora lágrimas de ácido (que caem sobre um fusca que derrete entre fumaça e gritos dos cidadãos histéricos), derruba um prédio e come vários humanos como se fossem deliciosos petiscos para acalmar a terrível dor do amor. Mais eu não posso contar sob risco de estragar a diversão. Mas posso adiantar que o final do curta é hilário, senti muito orgulho em ver um filme-homenagem aos Kaiju Eiga terminar assim.

A produção deste curta de Caio D’Andrea é ótima, com takes planejados (acredito que ele deve ter seguido o storyboard fielmente, porque está com um ritmo muito bom), maquetes ótimas, soluções cenográficas bem elaboradas (a cena final dos helicópteros sendo sugeridos, com suas providênciais luzes, fica queimada no cérebro de quem assiste o filme) e o conceito e realização do monstro “Vorgon” é de encher os olhos. Se o monstrengo não funcionasse, não sei se o curta tinha dado tão certo quanto deu. “Vorgon” foi elaborado pelo jovem técnico de cinema Boris Ramalho, que fez poucos trabalhos por enquanto em curtas, mas que é bom ficar de olho nele. Outro aspecto técnico lindo do filme é sua trilha sonora, que conta com uma belíssima música de Márcio Greyck, que reforça o final fantástico do curta (sem a música de Greyck não teria o mesmo impacto). Márcio Greyck é um mineiro que fez bastante sucesso nos anos de 1960/1970 entre os apreciadores da Jovem Guarda e as adoráveis breguices que faziam parte do pacote todo.

O diretor do filme, Caio D’Andrea, eu conheci no FantasPoa 2011, que foi quando ele me deu uma cópia do “O Solitário Ataque de Vorgon” (mas que não consegui assistir logo por vários problemas alheios a minha vontade), também foi co-diretor no ótimo feijoada-western “Duas Vidas Para Antonio Espinosa” (2010) que resenharei nos próximos dias. Não pretendo perder de vista essa talentosa dupla por trás do “Vorgon”, os caras são batalhadores e seu trabalho merece ser conhecido.

E-mail para contato com o diretor Caio D’Andrea: caiofigo@gmail.com

Semen Maniac!

Posted in Arte e Cultura, Bebidas, Buk & Baiestorf, Culinária Vegetariana, erótico, Fetiche, Fotografia, Putaria with tags , , , , , , , , , , , , on outubro 26, 2011 by canibuk

Acho estranhíssimo!                                                                                Inúmeras vezes presenciei garotas com expressões de nojinho ao ver uma cena de gozada no rosto ou boca seguidas de comentários do tipo “ai, que nojo” e “nunca deixarei ele gozar na minha boca“… Reação que, na minha opinião, é totalmente esquisita, pois encaro tal ato como algo extremamente natural, delicioso, importante, instigante, indispensável. Resolvi, então, aliar neste post algumas notas interessantes que mostram algumas qualidades contidas no sêmen mais  imagens  saborosas para o deleite daquelas que, assim como eu, apreciam com prazer tal deliciosidade. As que fogem disso (salvo lésbicas, que é outro assunto) têm todo o direito de escolha, mas certifiquem-se apenas de estarem fazendo isso porque querem realmente e não por um nojinho baseado em preconceitos estabelecidos por algum tipo de convenção robotizada, tradicional, religiosa e moralista, o que é, creio eu, na maioria das vezes, o motivo principal dessa atitude.

Estudos mostram que o sêmen é benéfico ao organismo, contém sais minerais, potássio, magnésio, zinco, vitamina B12/E/C, frutose, age como hidratante natural para a pele por conta da gordura que possui e que o líquido espermático (sadio) não contém germes. Um outro estudo curioso feito recentemente por uma equipe de psicólogos evolucionistas  da Universidade Estadual de Nova Iorque mostrou que o sêmen humano é  enriquecido com mais de 50 compostos químicos diferentes como hormônios, neurotransmissores e endorfinas, incluindo cortisol (hormônio que, entre outras funções, diminui o nível de stress, mantém a estabilidade emocional e aumenta o afeto), prolactina (que age como um antidepressivo natural), estrona (hormônio que eleva o humor) e serotonina (esse é bem conhecido e também funciona como antidepressivo)  e age quase que diretamente sobre os hormônios femininos atuando como antidepressivo natural.  Belas notícias!

Brindemos a essa bebida virtuosa!

escrito por Leyla Buk.

P.I.G.

Posted in Literatura, Nossa Arte with tags , , , , , on outubro 23, 2011 by canibuk

…e saiu por aí pintando frases de protesto pelos muros da cidade. Estava indignado com a situação do Brasil e muito mais indignado com as pessoas que não se indignavam e saiam por aí detonando políticos, burgueses e outros seres desprezíveis.

Encheu a cara

e saiu por aí batendo boca com os milicos, guardiões dos ricos e famosos.

Encheu a cara,

ainda bem,

assim não sentiu tanta dor quando apanhou de cacete da guarda municipal…

escrito por Petter Baiestorf com ilustração de Leyla Buk.

O Incrível Homem que Derreteu

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , on outubro 22, 2011 by canibuk

“The Incredible Melting Man” (O Incrível Homem que Derreteu, 1977, 85 minutos) de William Sachs. Efeitos Especiais de Rick Baker. Com: Alex Rebar, Michael Alldredge e Burr DeBenning.

Um dos primeiros filmes que vi quando criança (tinha uns 8 anos de idade) e que ficou queimado na retina (junto de “O Último Cão de Guerra” de Tony Vieira, constatar isso explica muita coisa sobre minha paixão por cinema). “O Incrível Homem que Derreteu” conta a história do astronauta americano que foi exposto à radiação dos anéis de Saturno e que começou a derreter quando voltou ao Planeta Terra. Contaminado, o astronauta escapa do hospital (numa hilária cena envolvendo uma enfermeira gordinha) ao perceber que está derretendo e começa a cometer assassinatos para consumir carne humana (porque, como em todo bom filme vagabundo, a carne humana tem propriedades únicas que retardam o derretimento do astronauta).

Originalmente concebido como uma paródia aos filmes de horror, os produtores de “O Incrível Homem que Derreteu” pediram ao diretor William Sachs que deixasse o filme mais sério e violento (mais violento até pode ter ficado, mas prá nossa sorte, a parte de deixá-lo mais sério não funcionou). “O Incrível Homem que Derreteu” é uma espécie de remake gore do clássico “First Man Into Space” (1959, de Robert Day), com inspiração no também clássico “The Quatermass Xperiment” (1955, de Val Guest), sem se levar à sério em nenhum momento (perceba como os atores interpretam as personagens com um ar de incredulidade). Atente, também, às participações especiais de Jonathan Demme (no papel de uma vítima) e da atriz Rainbeaux Smith (especialista em aparecer em exploitation movies) no papel de uma modelo fotográfica atazanada por um fotografo tarado.

As maquiagens são de Rick Baker (antes de ganhar vários Oscars por suas maquiagens em super-produções de Hollywood), que criou quatro fases distintas no make-up do homem que derrete (que o ator Alex Rebar se recusava a colaborar nas sessões de maquiagens porque odiava ser maquiado), mas somente duas fases estão na edição final do filme. Uma cena onde as maquiagens de Baker se destacam até nos dias atuais, é quando uma cabeça decepada explode após cair numa cachoeira. Para conseguir o efeito desejado, Baker moldou uma cabeça falsa de cera e gelatina com sangue falso no interior. O resultado, filmado em câmera lenta, é lindo.

Na distribuição do filme a produtora/distribuidora American Internacional Pictures vendia o filme dizendo que os efeitos especiais eram do “mestre dos efeitos especiais do Exorcista” (que não foram feitos por Rick Baker, mas sim por Dick Smith), fato este que irritou tanto William Friedkin (diretor de “O Exorcista”) que ele vivia rasgando posters de divulgação do “O Incrível Homem que Derreteu”. Quando lançado nos cinemas o filme de William Sachs recebeu diversas críticas negativas, só encontrando seu público anos depois, quando o filme foi exibido na TV e distribuido em VHS.

Tenho adoração por este filme, tanto que em 2006 fiz um filme-homenagem à ele chamado “A Curtição do Avacalho” (73 minutos), onde desconstruí a idéia do filme original e coloquei um homem derretido lutando contra as dificuldades de se fazer cinema independente no Brasil.

capinha do VHS lançado no Brasil pela Globo Filmes.

Como Aproveitar seu Aparelho de TV em 3 Dicas Básicas

Posted in Televisão with tags , , , , , , , , , , on outubro 20, 2011 by canibuk

Gurcius Gewdner nasceu em 1982, está com 29 anos, e se tornou um artista multi-mídia. Em 2003, quando assistiu ao curta-metragem “Primitivismo Kanibaru na Lama da Tecnologia Catódica” (2003, 12 min.), uma produção minimalista da Canibal Filmes sobre um primata lutando contra a escravidão da tecnologia, sua vida mudou. Em 2008 Gurcius Gewdner editou o média-metragem “Vadias do Sexo Sangrento” (2008, 30 min., também uma produção da Canibal Filmes) e a cena das televisões sendo destruidas, “Mate seu Deus!”, causou uma faísca na cabeça do Gurcius Artista e ele concebeu o seguinte manifesto:

Como Aproveitar ao Máximo seu Aparelho de Televisão, em 3 dicas Básicas:

1 – Destrua você mesmo ou doe pra alguma pessoa querida destruir em uma exposição de arte, como essa aqui: FAÇA ALGO ERRADO; E DIGA QUE FUI EU QUE MANDEI FAZER

2 – Depois, vá ao canal de televisão mais próximo e faça o apresentador fazer papel de palhaço perante o país inteiro. Que de preferência ele seja um politico bem paspalhão metido a salvador, e que ainda traga como convidado o futuro prefeito da cidade. Use a Tv de um amigo (que ainda assiste aos programas televisivos) pra grava sua participação e coloque legendas em inglês, pro canal ser esculhambado mundialmente.

3 – Por fim, consiga amigos que confiem em você o suficiente pra te dar o seu PRÓPRIO programa de TV. E deixe claro a cada segundo de programa o quanto televisão é uma bosta e de que formas você pode ajudar a destruí-la.

Pra que serve uma televisão sem VHS ou DVD? Pra NADA!!!

A televisão da foto me viu crescer. Durante anos e anos foi a responsável por corrosões irreversíveis em minha educação. Foi minha primeira professora de verdade e se pudesse falar seria meu mais fiel diário por no mínimo 15 anos. É uma TV de sorte, enquanto a maioria desses aparelhos nasce com a medíocre missão de exibir futebol, biografias de Jesus e novelas, a minha fiel companheira cumpriu a missão exclusiva de destruir minha noção de realidade (e de todos que se aproximaram de mim) para sempre, lentamente, filme a filme.


Criada originalmente como uma máquina a serviço do mais puro mal, ela se rebelou contra sua raça de dominadoras e se tornou uma guardiã da bondade, uma nobre heroína do contrabando de VHS desbotado. Com o advento do DVD, não consegui de jeito nenhum exibir filmes com cores nela (nem indo pro Paraguay buscar um transcoder) e de professora ela passou a mera observadora passiva de minha vida.

Percebendo que seu tempo foi outro e que se tornou obsoleta, optou pela sábia decisão de retornar a sua cidade natal, JOINVILLE, para morrer com classe e tornar visível seu SUICÍDIO/ASSASSINATO na exposição “Faça Algo Errado; e Diga que Fui Eu que Mandei Fazer”. Um ultimo ato kamikaze de amor de um aparelho que nunca sentiu tédio/exibiu futebol e novela em toda sua emocionante vida. Se você estiver em Joinville pode conferir pela ultima vez nossa amiga encerrando & ao mesmo tempo, subindo na vida. Com muita classe, se tornando uma honrosa e radical frequentadora suicida de galerias de arte.

Escrito por Gurcius Gewdner.

Desejo de Matar

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , on outubro 19, 2011 by canibuk

“Desejo de Matar” (“Death Wish”, 1974, 93 min.) de Michael Winner, baseado no livro homônimo de Brian Garfield. Com: Charles Bronson, Vincent Gardenia, Hope Lange e Jeff Goldblum.

Paul Kersey (Charles Bronson em papel originalmente oferecido ao Steve McQueen) é um arquiteto pacifista que mora em New York e que começa a rever seus valores quando sua esposa é morta e sua filha estuprada por 3 marginais (entre os vagabundos vemos o ator Jeff Goldblum em sua estréia no cinema). Após perceber que a polícia não fará nada para investigar a morte de sua esposa e o estupro de sua filha (que ficou traumatizada com a violência sexual onde foi obrigada a fazer uma felação, modalidade sexual considerada nojenta pela extrema direita branca cristã), Paul Kersey viaja ao Arizona (para um trabalho para um rico fazendeiro branco de extrema direita) onde Kersey percebe que quase toda a população anda armada e a criminalidade é mínima. Lá Paul Kersey assiste um show de velho oeste numa cidade cinematográfica, o que o faz indagar sobre os pioneiros dos USA (brancos cristãos escravocratas), que se defendiam usando armas e, ao ganhar de presente um revólver dado pelo rico fazendeiro, volta para New York onde se transforma num vigilante e começa sua caçada aos vagabundos, matando todo e qualquer bandido que cruzar seu caminho (mas é engraçado perceber que Paul Kersey mata muito mais negros do que brancos).

Clássico do gênero policial, temos Charles Bronson perfeito (e muito a vontade) no papel do vigilante Paul Kersey (que era o nome real de um dos figurantes do filme, que emprestou o nome com a condição de aparecer em cenas sempre que possível), a direção segura de Michael Winner, responsável por filmaços como “Chato’s Land/Renegado Impiedoso” (1972, também estrelado por Charles Bronson), “The Mechanic/Assassino a Preço Fixo” (1972, também com Bronson), “The Stone Killer” (1973, outro estrelado por Bronson), “The Sentinel/A Sentinela dos Malditos” (1977), “The Big Sleep/A Arte de Matar” (1978), entre outros.

“Desejo de Matar” foi produzido por Dino de Laurentiis (as continuações foram produzidas pela dupla de picaretas Golan-Globus da The Cannon Group Inc., responsáveis pelos filmes do Chuck Norris nos anos de 1980, o que explica Paul Kersey ter se tornado uma espécie de Braddock urbano nas seqüências do filme original), distribuido pela Paramount Pictures e, na época do lançamento, recebeu várias críticas negativas por seu tema polêmico e por defender tão abertamente os vigilantes, iniciando uma série de discussões sobre o tema na sociedade americana (e até justificando/preparando terreno para produções posteriores, como “Taxi Driver” de Martin Scorsese).

Com a Cannon Group assumindo o controle do título, 4 seqüências foram produzidas: “Desejo de Matar 2/Death Wish 2” (1982, de Michael Winner) que é uma espécie de repeteco da história do primeiro; “Desejo de Matar 3/Death Wish 3” (1985, de Michael Winner) onde Kersey vira o Braddock urbano, promovendo uma verdadeira guerra civil em plena New York; “Desejo de Matar 4: Operação Crackdown/Death Wish 4: The Crackdown” (1987, de J. Lee Thompson, especialista em dirigir continuações, tendo em seu currículo filmes como “Conquest of the Planet of the Apes/Conquista do Planeta dos Macacos”, 1972 e “Battle for the Planet of the Apes/A Batalha do Planeta dos Macacos”, 1973) onde Kersey enfrenta traficantes e a culpa pelas crianças da classe-média branca cristã estarem usando cocaína, segundo o filme, não é das famílias e sim dos traficantes e “Desejo de Matar 5: A Face da Morte/Death Wish 5: The Faces of Death” (1994, de Allan A. Goldstein) o mais fraco de toda a série. As continuações do “Death Wish” original tem em destaque o exagero (uma hilária característica das produções Cannon Group) com  Charles Bronson despachando vagabundos pro inferno usando metralhadoras, bombas e até lança-mísseis.

A distribuidora Spectra Nova lançou no Brasil um box contendo os 5 filmes da série (a qualidade é meia-boca, não tem extras, mas o baixo valor cobrado pelo box faz valer a pena para uma revisão nos filmes da série).

Trailers dos filmes: