A Sina do Aventureiro

“A Sina do Aventureiro” (1958, 88 min.) de José Mojica Marins.

Após ser baleado fugindo de um tiroteio, o bandido Jaime se envolve romanticamente com Dorinha, a filha de um fazendeiro e, para provar seu amor, se entrega à policia. Ao sair da cadeia, agora o bom moço Jaime, precisa enfrentar Xavier, um sanguinário bandido que planeja se vingar do pai de Dorinha.

A estréia profissional de José Mojica Marins como diretor é um dramalhão mexicano digno das tramas das novelas da Globo. “A Sina do Aventureiro” é um autêntico feijoada-western que foi produzido por Augusto Pereira de Cervantes com grana de sua namorada quarentona Nilza de Lima que estudava na “escolinha” de interpretação de Mojica e era cheia da grana. A dupla de esfomeados enrolou Nilza e ela entrou com o dinheiro da produção (com duas condições: como inicialmente o projeto se chamava “Passos da Vingança”, pediu um novo título, mais romântico e, segundo, que seu irmão Acácio de Lima ficasse com o papel principal).

“A Sina do Aventureiro” foi o primeiro filme brasileiro rodado em Cinemascope porque o dono da loja onde Mojica alugou o equipamento, Honório Marin (também diretor de fotografia do filme), quis testar uma nova câmera que havia adquirido. Segundo a biografia de Mojica, “Maldito” (escrito por André Barcinski e Ivan Finotti), Mojica além de dirigir o filme e atuar, foi também maquiador, carregador de equipamentos, cenógrafo, figurinista, cabeleireiro e eletricista na produção dado a probreza de tudo.

A censura classificou, na época, “A Sina do Aventureiro” para 18 anos, fato que prejudicou suas chances na bilheteria. A recepção de público foi bem morna, mas mesmo assim o filme se pagou e deu algum lucro à Mojica (que mandava seus alunos para as filas de filmes que eram exibidos em outros cinemas, dizerem coisas como: “Você já viu aquela fita que tá no Coral? Um bangue-bangue de arrebentar!”). Mojiquismo puro!

É possível encontrar “A Sina do Aventureiro” em DVD, com boa qualidade de imagem e a fotonovela do filme e cartazes originais de extras, além de um brinde inusitado: presos num saquinho, fotogramas originais de outros filmes do Mojica. Imperdível, como quase tudo que Mojica já fez.

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