Arquivo para fevereiro, 2012

Freaks no Cinema parte 1: Monstros sem Máscaras

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , on fevereiro 29, 2012 by canibuk

A maquiagem especial é sem duvida a porção maior na criação dos monstros cinematográficos do cinema fantástico. Os atores, ou extras que interpretam estas criaturas utilizam uma variedade de métodos (de algodão e tintas, passando por papier maché, látex líquido, até os atuais efeitos digitais) para ajudá-los a externar o horror de seus personagens incomuns. Mas como toda regra tem sua exceção, alguns atores, que se nascessem em séculos passados não passariam de curiosidades em circos, conseguiram com apenas alguns retoques ou adereços criar monstros lendários, apenas realçando suas deformações naturais.

RONDO HATTON – Nasceu em Abril de 1894 em Maryland, EUA. Foi um jovem comum e inteligente, conhecido na High School por ser um ótimo escritor, publicando textos nos jornais de Tampa, Florida, para aonde se mudou aos 18 anos. Alto e de porte atlético, se interessava por esportes, principalmente Futebol americano, onde fazia sucesso com as garotas. Começou a faculdade, mas se alistou na Guarda Nacional, indo lutar na França durante a primeira Grande Guerra. Em uma batalha nos arredores de Paris, foi atingido por gás venenoso alemão e sobreviveu após longo período de internação. Deu baixa e retornou a América com uma grave seqüela: Acromegalia, uma rara doença que atinge a glândula Pituitária, agigantando rapidamente os ossos da cabeça e dos membros. Formou-se e passou a trabalhar como jornalista no jornal The Tampa Tribune. Em 1930, o diretor King Vidor rodou uma produção em Tampa, e impressionado pelo rosto anormal de Rondo, o convenceu a fazer uma ponta como segurança de um bar portuário em “Hell Harbor”, uma história de piratas. Sua figura impressionou os executivos de Hollywood, e ele se mudou para lá com sua esposa Mabel. Rondo fez figuração e pontas em dezenas de filmes, mostrando bem seu rosto na famosa cena do Festival dos Bobos na versão de 1939 de “The Hunchback of Notre Dame” (O Corcunda de Notre Dame) de William Dieterle com Charles Laughton. A grande virada em sua carreira só aconteceria em 1944, quando a Universal Films o escalou para viver o vilão Oxton Creeper, inimigo de Sherlock Holmes em “The Pearl of Death” (1944) de Roy William Neill com Basil Rathbone como o lendário detetive britânico. Apesar do personagem “esmagador de colunas” morrer no final da aventura, a reação muito positiva do público com a figura monstruosa levou a produtora a lhe arrumar novos papéis do gênero, passando a promovê-lo como “The Creeper”. Depois de seu ciclo clássico de filmes de horror, onde seus astros como Boris Karloff, Bela Lugosi ou Lon Chaney Jr. passavam horas na cadeira de maquiagem, tendo implicadas e dispendiosas aplicações feitas pelo mestre Jack Pierce, um ator barato e com uma aparência naturalmente grotesca, era um achado. ”Jungle Captive” (1944)de Harold Young, a segunda continuação de “Captive Wild Woman”, um sucesso classe “B” de 1943, trás Rondo Hatton como Moloch, o Bruto, assistente do cientista louco (Otto Kruger), que trás de volta a vida a sofrida mulher-macaco Paula Dupree (Vicky Lane). Ironicamente, a ótima maquiagem da mulher-macaco e sua transformação foram feitas por Jack Pierce, em seu último trabalho para a Universal, mas o destaque ficou novamente para a presença de Hatton. No seriado de 13 partes “Royal Mounted Rides Again” (1945), Rondo recebeu uma participação meramente “decorativa”. Seu personagem Moose, guarda-costas do vilão, passa capítulo após capítulo sentado em uma cadeira atrás de seu patrão, imóvel e calado. Quando finalmente o bandido está para ser preso, Moose recebe a ordem para agir, mas o herói lhe dá um tiro certeiro e ele morre sem se levantar. Gale Sondergaard, estrela da aventura “Sherlock Holmes and the Spider Woman” (1944) foi reunida com Hatton no terror “The Spider Woman Strikes Back” (1946) de Arthur Lubin. Apesar do título e da presença dos dois, não era uma continuação, mas a história da sinistra Zenobia, que alimenta uma planta exótica com sangue de belas jovens. Hatton vive Mario Murdock, o assistente da vilã, que se faz passar por cega. No final os dois sucumbem a um incêndio na mansão e Mario em agonia é morto com um tiro. Não contando mais com nenhum de seus astros de terror, a Universal promove largamente Rondo Hatton como estrela de “House of Horrors” (1946) de Jean Yarbrough. Marcel (Martin Kosleck) um jovem escultor enlouquecido, salva um homem enorme e deformado de se afogar. Torna-se seu amigo e esculpe um busto com sua figura peculiar. Descobre que o homem é na verdade um assassino psicopata procurado conhecido como… ”The Creeper” e passa a usá-lo para matar vários inimigos. Quando recebe a ordem de eliminar uma bela repórter que descobrira toda a trama, revolta-se e esmaga a coluna de Marcel, sendo alvejado novamente por um tiro. Seu último filme foi “The Brute Man” (1946) de Jean Yarbrough, sobre um jovem estudante de química, que fica deformado após uma explosão com ácido em um laboratório. Louco, torna-se um assassino, liquidando as pessoas que achava responsáveis pelo acidente. Por razões desconhecidas a Universal resolveu não lançar o filme, que foi comprado pela companhia independente PRC (Producer’s Releasing Corp.) que o divulgou com a chamativa frase publicitária “his brain cried Kill! Kill! Kill!”. Em novembro de 1946, Hatton estava em casa, tomando um banho, quando sua esposa ouviu um ruído estranho foi ao banheiro encontrando-o caído na banheira. Um ataque cardíaco provocado pelo agravamento de sua doença tirara a vida do gigante-assustador, que gostava de presentear os vizinhos com folhagens que ele plantava, e costumava visitar adultos e crianças vítimas de acidentes e mutilações para confortá-las com sua experiência de vida. Rondo Hatton virou uma figura Cult e ímpar no cinema “B”.

TOR JOHNSON – Nascido Karl Oscar Tor Johansson em outubro de 1903 na Suiça, mudou-se para os EUA durante os anos 30 para se tornar um lutador profissional de sucesso. Apesar de não ter nenhum tipo de deformação, Tor logo chamou a atenção dos estúdios de cinema por seu tipo físico: 1,91 m de altura, 200Kg de músculos e gordura e um rosto naturalmente expressivo com sua cabeça continuamente raspada (tinha cabelos loiros) que o transformavam na imagem de uma verdadeira ameaça ambulante. Foi campeão de luta livre com seu nome americanizado e também como “Super Swedish Angel”, “King Kong” e outros pseudônimos, alternando sua carreira nos ringues com pontas no cinema. Seu tipo físico e a cabeça raspada serviram de piada para diversas comédias como “Kid Millions” (1934) com Eddie Cantor; “Ghost Catchers” (1944) com a dupla Olson & Jonson; “Road To Rio” (1947) e “Lemon Drop Kid” (1951) com Bob Hope; “Lost in a Harem” (1944) e “Abbott and Costello In the Foreign Legion (1950) com a dupla de humoristas e “You’re Never Too Young” (O Meninão, 1955) com Jerry Lewis. Seu personagem mais marcante nesta primeira fase foi em “Behind Closed Doors” (1948) de Oscar Boetticher, um policial-noir onde vivia um maníaco homicida preso em um hospício e que é utilizado pelos administradores do local como instrumento de vingança contra seus inimigos. O filme foi relançado nos anos 50 como “Human Gorilla” fazendo referência direta ao personagem de Tor, além de ter sido refilmado para a série de TV “Petter Gunn” (1960) com o próprio reprisando seu papel. Sua entrada para o cinema de horror foi através da produção classe Z “Bride of the Monster” (1955) de Ed Wood Jr. com Bela Lugosi onde viveu pela primeira vez o personagem Lobo, um gigante deformado com cérebro infantil criado por uma experiência com energia atômica. Rodado em poucos dias, utilizando cenários de papelão e objetos de cena roubados de um estúdio, o filme que originalmente se chamava “Bride of the Atom”, é hoje um Cult Movie exatamente por suas deficiências e pelo esforço denotado na produção, fruto da paixão legítima de Ed Wood pelo cinema. Também marcou Tor com seu personagem e sua associação com a dupla Ed Wood/Lugosi. Seu próximo filme foi “The Black Sleep” (A Torre dos Monstros, 1956) de Reginald Le Borg, onde viveu Curry, um gigante-cego e retardado, que vive acorrentado, fruto das experiências do Dr.Cadman (Basil Rathbone). O elenco tipo All-stars do terror incluía Bela Lugosi (Casmir), Lon Chaney Jr. (Mongo), John Carradine (Borg) e Akim Tamiroff (Otto) todos como personagens lobotomizados pelo cientista louco. “Plan Nine from Outer Space” (1957) de Ed Wood Jr., dispensa apresentações e traz Tor Johnson e Bela Lugosi no elenco, apesar de nunca contracenarem de verdade. Lugosi havia rodado algumas poucas cenas para um filme de vampiro de Wood, quando faleceu. Elas foram editadas e um dublê com o rosto coberto substitui o lendário Drácula do cinema para o restante da história de pessoas revividas como zumbis por alienígenas afeminados. Tor inicia o filme como um inspetor de polícia, mas depois de ser morto volta como zumbi, e são clássicas suas cenas circulando nas névoas de um cemitério acompanhado de Vampira (Maila Nurmi, ex-apresentadora de um programa de terror na TV)… Ícones do cinema Trash! Em um dos últimos filmes da lendária produtora “B” Republic Pictures, “The Unearthly” (na TV “O Extraordinário”, 1957) de Brook L.Peters, Tor Johnson voltaria ao seu personagem Lobo, agora como fruto das experiências do cientista louco vivido por John Carradine. No final do filme Lobo ajuda a mocinha a escapar de vários mutantes deformados que o cientista escondia no porão, entre eles, em destaque o jovem Carl Johnson, filho de Tor com uma maquiagem pesada feita por Harry Thomas. Em 1959 Tor repete novamente o papel em “Night of the Ghouls” de Ed Wood, uma espécie de continuação amalucada de “Bride of the Monster”. Desta vez Lobo é ressuscitado com metade de seu rosto deformado e se vê em meio a uma trama de um médium falso e dois fantasmas verdadeiros. Apesar de pronto o filme nunca foi lançado, e somente saiu em vídeo (legalmente) em 1984. O último filme de terror do grande Tor, e o único em que foi o ator principal, foi “The Beast of Yucca Flats” (1961) de Coleman Francis. Um cientista russo (Tor) é atingido por uma explosão atômica e se transforma… num assassino brutamontes,deformado e sem cérebro… é claro! Segundo Conrad Brooks (seu amigo e colega neste e em outros filmes), Tor teria recebido aqui um de seus piores cachês, fazendo o papel principal por apenas U$ 300,00! O filme não tem diálogos, mas um narrador que alterna abobrinhas filosóficas (ao estilo WoodJr./Mojica Marins) com simples descrições do que se passa na tela. Johnson tinha problemas com a bebida e tinha que ser muitas vezes carregado (leia-se rebocado) até o local das filmagens, em cima de uma colina. Um jornal sensacionalista publicou na época a história que o magrelo ator Larry Aten (que morreu de ataque cardíaco durante as filmagens) teria sido esmagado por Tor durante uma cena de luta… Tor Johnson passou a se dedicar a apresentações ao vivo (revivendo Lobo), programas e propagandas para a TV e em 1965 participou de uma campanha publicitária para promover o lançamento de uma máscara de látex com seu rosto, criada pelos estúdios Don Post, que se transformaria num dos maiores sucessos de venda nas festas de Halloween, sendo fabricada até hoje. Sofrendo de sérios problemas cardíacos, o chamado “Gigante Gentil” foi obrigado a se aposentar e faleceu em maio de 1971, deixando sua esposa Greta, seu filho Carl, policial e ator esporádico e uma legião de fãs e amigos…

REGGIE NALDER – Alfred Reginald Nattzick nasceu em Viena, Áustria em 1907. Era filho de artistas de Cabaret e mais tarde seguiu a vocação dos pais e estudou teatro e dança, fazendo algum sucesso em comédias musicais. Um terrível acidente que ele nunca explicou, acontecido nos anos 30, deformou seu rosto, fazendo-o parecer uma caveira viva. Séria ameaça para alguém com pretensões artísticas, mas Nalder não desistiu e acabou se envolvendo com o cinema fazendo algumas pontas. O mestre Alfred Hitchcock descobriu aquele rosto ímpar e o colocou como um sinistro e frio assassino em “The Man Who Knew Too Much” (O Homem que Sabia Demais, 1955). Logo ele seria o vilão permanente em filmes como “Liane, The Jungle Goddess” (1956) ou “The Manchurian Candidate” (1962) ou séries de TV: “Thriller”; “Star Trek” (Jornada nas Estrelas), “Wild,Wild West” (James West) ou “Battlestar Gallactica”. O futuro Maestro do Giallo, Dario Argento, o escalou pra uma ponta importante em seu primeiro longa metragem “L’Uccelo Dalle Piume Di Cristallo” (O Pássaro da Plumas de Cristal, 1970). No mesmo ano Nalder viajou para Munich (Alemanha), para representar Albino, um sádico caçador de bruxas num dos mais violentos filmes da época “Brenn Hexen Brenn” (Mark of the Devil, 1970), escrito pelo crítico inglês Michael Armstrong, que co-dirigiu com o produtor de filmes eróticos Adrian Hoven. Ao ser lançado com grande publicidade (que incluía sugestivos sacos-de-vômito personalizados distribuídos nas portas dos cinemas), foi um sucesso polêmico e instantâneo. Apesar de seu personagem morrer antes do final do filme, ele estava escalado para a continuação “Hexen-Geschander Und Tode Gequalt” (Mark of the devil II, 1971) de Adrian Hoven, onde recebeu outro papel sádico e repulsivo, numa produção que alardeava ter sido “Proibida em mais de nove países!”. Em uma série de participações na TV americana, ele foi um zumbi no telefilme “The Dead Don’t Die” (Os Mortos Não Morrem, 1975) de Curtis Harrington; o mordomo mudo do Drácula de John Carradine em “McLound Meets Dracula” (na série Os Detetives, 1975) e um nazista em “Fantasy Island” (A Ilha da Fantasia). Uma pequena ponta em “Io Casanova di Frederico Fellini” (Casanova de Fellini, 1976) marcou o fim de sua carreira na Europa. Na estréia do prolífico produtor/diretor Charles Band como realizador, “Crash!” (Crash, o Ídolo do Mal, 1977), Nalder esteve bem acompanhado dos veteranos John Carradine e José Ferrer em uma aventura de terror barata e absurda. Reggie foi novamente um servo de Drácula no trash “Dracula’s Dog” (Zoltan, o Cão Vampiro de Drácula”, 1978) de Albert Band, servindo ao seu amo (Michael Pataki) e também ao cachorro sanguessuga do título. Numa das únicas vezes que utilizou maquiagem pesada, Reggie Nalder foi o nosferático vampiro Mr. Barlow na mini-série “Salem’s Lot” (A Hora do Vampiro/A Mansão Marsten, CBS-TV 1979) de Tobe Hooper. O papel do eterno caçador de vampiros Dr.Van Helsing poderia parecer estranho se vivido por Nalder, mas foi ele e seu rosto peculiar (com o pseudônimo de Datlef Van Berg) que participou da versão pornô “Dracula Sucks” (Drácula Chupa,1979) de Phil Marshak. Nesta paródia com ótima produção, o conde vampiro (aqui bem menos interessado em sangue) foi Jamie Gillis, secundado por um elenco pornô-all-star: Annette Haven, John Leslie ,Serena, John Holmes ,Paul Thomas… e Reggie não tem cenas de sexo. Passando de um pornô, à Disney, Nalder fez o papel de um demônio na comédia fantástica “The Devil and Max Devlin”(1981) de Steven Stern com Bill Cosby e Elliot Gould e de volta ao hard core viveu um general nazista que quer escravizar a humanidade através do sexo em “Blue Ice” (1985) de Phil Marshark. Doente, Reggie Nalder se aposentou e só faria uma participação como um conquistador germânico em “Jericó” (1992), lançado um ano após a sua morte ocasionada por um câncer. Sobre sua aparência disse uma vez a um jornalista: “Eu acho que eu não pareço com Gary Cooper ou Clark Gable, eu me vejo como um tipo de Monstro…”.

MICHAEL BERRYMAN – “criança de Marte” certamente não é um apelido agradável para se receber nos primeiros anos de escola, mas era assim que o jovem Michael Berryman era conhecido por seus colegas. Nascido em Setembro de 1948 em Los Angeles, com uma rara deformação, em que a cartilagem do crânio é fundida e não deixa o cérebro crescer. Inicialmente cego, foi submetido a mais de 300 (!) operações cirúrgicas que lhe restituíram a visão e o permitiram viver, apesar de muitas seqüelas. Michael tem quase dois metros de altura, uma cabeça enorme espichada, não possui pêlos, dentes naturais, nem unhas e suas glândulas sudoríparas não funcionam, portanto tem sérios problemas com o calor e com a poluição. Mesmo assim, graças a sua família (seu pai é um famoso neurocirurgião) teve uma vida relativamente normal e se formou em Ciências políticas e Artes. Trabalhava como atendente em uma floricultura quando sua aparência exótica chamou a atenção do filho do diretor/produtor George Pal e foi escalado para uma pequena ponta na aventura “Doc Savage: The Man of Bronze” (Doc Savage, O Homem de Bronze, 1975) de Michael Anderson, uma aventura camp fantástica, baseada num personagem da Pulp Fiction, vivido aqui pelo ex-Tarzan televisivo Ron Ely. Em seguida juntou-se ao elenco do sucesso “One Flew Over The Cucoo’s Nest” (Um estranho no Ninho, 1975) de Milos Forman, como um dos doentes mentais, colegas de Jack Nicholson em um sanatório (outros novatos deste elenco foram revelados aqui e se tornaram muito conhecidos, como Danny DeVitto, Christopher Lloyd e Brad Douriff). Seu próximo trabalho também foi uma tortura para sua condição física, “The Hills Have Eyes” (Quadrilha de Sádicos, 1977) de Wes Craven, foi totalmente filmado no deserto americano, com uma temperatura média acima dos 45 graus. Apesar das dificuldades, Michael trabalhou duro e deu vida ao personagem Pluto, um dos mutantes-canibais que aterrorizam uma família em férias. Seu rosto peculiar foi o principal destaque do cartaz e fotos de divulgação do filme e rodaram o mundo. Craven o escalou outras vezes em “Deadly Blessing” (Benção Mortal, 1981); “The Hills Have Eyes 2” ( Quadrilha de Sádicos 2, 1983), novamente como o demente Pluto e em “Invitation to Hell” (Convite para o Inferno, 1984), todos grandes fracassos. Sua filmografia daí por diante é bastante intensa, com uma média de cinco filmes por ano, que vão de comédias fantásticas adolescentes como “Weird Science” (Mulher Nota Mil, 1985) de John Hughes ; “My Science Project” (1985) de Jonathan Betuel ou “Saturday the 14th Strikes Back” (Sábado 14 – Reunião Infernal, 1988) de Howard Cohen; passando por série s de TV como “Alf o ETeimoso”; “O Homem Que Veio do Céu”; “Jornada nas estrelas- A Nova Geração”; “Tales From the Crypt” e “Arquivo X”. Michael teve destaque nos filmes do diretor italiano Ruggero Deodato “Inferno in Diretta” (Cut and Run, 1985), onde viveu o sádico guerrilheiro Quecho e “Barbarians & Co.” (Os Bárbaros, 1987) como o feiticeiro Dirty Master e em uma série de trashs de seu diretor favorito Fred Olen Ray: “Armed Response”( Resposta Armada, 1986); Haunting Fear” (Síndrome do Medo, 1989); “Evil Spirits” (1990); “Teenage Exorcist” (Essa Mulher é o Demônio, 1991) e “Wizards of the Demon Sword” (1991). Apaixonado por motocicletas, fã de Rock (participou de clips de Motley Crue e Dan Reed Band), pacifista e ecologista, Berryman passou a morar na reserva ecológica Wolf Mountain (Utah, EUA), longe da poluição e ajudando a preservar uma matilha de lobos de uma raça quase extinta, continuando ativo na TV e em produções independentes mas diminuindo seu ritmo de trabalho. Em 2005 fez uma participação especial em “The Devil’s Reject” (Rejeitados pelo Diabo) de Rob Zombie junto com outras figurinhas carimbadas do gênero. Um de seus melhores papéis recentes está em uma produção independente de terror bem fraca “Brutal” (2007) de Ethan Wiley. Berryman faz Leroy, um treinador de cães, autista e gênio matemático, que auxilia a heroína (Sarah Thompson) a desvendar uma série de assassinatos. Nada de monstruoso ou sádico, um personagem humano, sensível e apaixonado por animais, como a próprio ator. Em outro Psycho-Killer , “Beg” (2010) de Kevin Mc Donald, Michael aparece Junto com Tonny Todd e com a maravilhosa Deddie Rochon, além de ser um dos produtores associados. Um de seus últimos filmes a estrear foi “Cut” (2011) de Joe Hollow e Wolfgang Meyer sobre uma… família disfuncional de assassinos! Mas o incansável Michael “Pluto” Berryman está no elenco de pelo menos 6 ou sete filmes em produção ou pré-produção para 2012 e 2013… Longa vida “Criança de Marte”!

ROBERT Z’DAR – Assim como Tor Johnson, Robert Z’Dar não sofreu de nenhuma doença ou acidente, mas sua aparência incomum o levaram ao cinema. Robert J. Zdarsky, nascido em Chicago em 1950, recebeu o bacharelado em artes pela Arizona State University e foi músico profissional (vocalista, guitarrista e tecladista), compositor de jingles, dançarino e policial! Mas com seu 1,90cm de altura, corpulento e com seu rosto enorme, emoldurado com um queixo gigantesco o tornam o típico personagem ameaçador, agressivo e imbatível de filmes policiais ou dramas de horror. Com o nome artístico de Robert Darcy, ele foi um abusivo guarda de um presídio feminino em “Hellhole” (1985); um segurança particular na série “A Gata e o Rato” (1985) e o vilão Shigaru no drama de ação e vingança “Code Name: Zebra” (1986). Seu primeiro contato com filmes de terror foi como o psicopata assassino de prostitutas em “The Night Stalker” (O Demônio da Noite, 1987) de Max Keven. Fez uma ponta na ficção científica bobona “Cherry 2000” (1987) de Steve De Jarnett com Melanie Griffith e finalmente apareceu sua grande chance ao fazer um teste para um filme escrito e produzido pelo cultuado Larry Cohen. “Maniac Cop” (Maniac Cop – O Exterminador, 1988) de William Lustig, trás Z’Dar pela primeira vez como Matt Cordell, um policial fardado de New York, com tendências assassinas, que é mandado para a prisão onde é severamente mutilado pelos presos. De volta as ruas, com seu uniforme e um rosto desfigurado ele se torna um assassino psicopata indestrutível, que é combatido por Bruce ”Evil Dead” Campbell. Sucesso no mundo inteiro, o filme se transformou em uma série com “Maniac Cop 2” (Maniac Cop 2 – O Vingador, 1990) e “Maniac Cop 3: Badge of Silence”(Maniac Cop 3 – O Distintivo do Silêncio, 1992) ambos de William Lustig e com Z’Dar utilizando uma maquiagem pesada, já que o personagem assume ares de zumbi, ao retornar mais de uma vez da morte. Fora da série, Z’Dar sempre foi um dos preferidos das pequenas produções de terror como “Grotesque”(Grotesk, 1988) de Joe Tornatore com Linda Blair; “Evil Altar” (Altar do Diabo, 1988) de Jim Wilburn, onde viveu um feiticeiro demoníaco; “Samurai Cop” (Um Tira Invencível, 1989) de Amir Shervan; “Soultaker” (Ladrão de Almas, 1990) de Michael Rissi , personificando o anjo da morte; “Beastmaster 2: Trough The Portal Of Time” (Portal do Tempo, 1991) de Sylvio Tabet, onde também Michael Berryman fez uma participação ou o herói de “Return to Frogtown” (A Vingança dos Sapos Assassinos”, 1992 ) de Donald G. Jackson. No cinemão ele é lembrado por ter dado uns bons cascudos em Sylvester Stallone na comédia de ação “Tango e Cash” (1989), onde seu personagem se chamava “The Face”… Robert Z’Dar continua ativo, quer seja em encontros e convenções de terror e cinema fantástico, quer seja em vídeos ultra-baratos como “Guns of El Chupacabra” (1997) de Donald G.Jackson, uma mistura de artes marciais, ficção científica, ação e garotas nuas com estrelas “B” como Julie Strain, Conrad Brooks, Joe Estevez e nosso amigo queixudo como Z-Man, o mestre Invasor Alienígena ; “Future War” (O Grande Dragão do Futuro, 1997) de Anthony Doublin, como o mestre dos cyborgs; ”Zombiegeddon” (2003) de Chris Watson, um filme da Troma onde vive o detetive Bobby e acaba transformando-se em um zumbi; “The Rockville Slayer” (2004) onde faz par com sua amiga Linnea Quigley ou “Vampire Blvd.” (2004) de Scott Shaw com seu parceiro de longa data Joe Estevez. Desde 2002, quando sofreu uma séria fratura nas costas durante uma filmagem, Z’Dar tem se mantido longe das cenas de ação, mas não deixa de mostrar sua famosa “cara simpática”… em todos estes casos, resta dizer que: A Falta de Beleza É Fundamental!!!

escrito e pesquisado por Coffin Souza.

Cerveja Diabólica

Posted in Bebidas with tags , , , , , , , , , , on fevereiro 28, 2012 by canibuk

Infelizmente a cerveja Diabólica ainda não pode ser encomendada via correio, o que faz com que cervejeiros fanáticos como eu tenham que planejar uma viagem à Curitiba/PR somente para poder degustá-la!

Para quem nunca ouviu falar na cerveja Diabólica saiba que é a bebida oficial dos psychobillys de Curitiba. Era uma cerveja artesanal (de produção caseira) quando foi lançada durante a décima edição do Psycho Carnival em 2009 (um dos seus mentores é o Vlad Urban, das clássicas bandas Os Catalépticos e Sick Sick Sinners), mas a excelente repercussão fez com que a Diabólica passasse a ser produzida em uma cervejaria e chegasse nos bares mais descolados e espertos da capital curitibana. Vlad diz que em breve poderão aceitar encomendas do Brasil inteiro!

Por enquanto o estilo de cerveja escolhido para fabricação foi a India Pale Ale, que tem sua origem no século XVIII, criada para “sobreviver” às longas viagens da Inglaterra até a Índia, onde os militares gostavam de bebe-la após as batalhas que travavam naquele calorento país. Seu teor alcoólico é maior do que as tradicionais Pale Ales. Vlad ainda diz que em breve passarão a fabricar também a Diabólica Brown Ale e Diabólica Stout.

Recentemente foi lançado um pequeno filme-propaganda da cerveja Diabólica que se mostra completamente diferente das propagandas manjadas de outras cervejas, assista-o aqui no Canibuk e não vá pro céu!!!

Maiores informações pelo e-mail cervejadiabolica@gmail.com ou siga o twitter deles.

Trailer Oficial de Desalmados – O Vírus

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , on fevereiro 27, 2012 by canibuk

“Desalmados – O Vírus” (2012, trailer oficial) de Raphael Borghi. Com: Gus Stevaux, Fábio Menezes, Laerte Késsimos, Vinna Prist, Che Moais e Kapel Furman. Produção de André de Freitas “Rasta” e Armando Fonseca; Fotografia de Thiago Morais; Trilha Sonora de Bad Luck Gamblers; Edição de Armando Fonseca e Roteiro de André de Freitas, Diele Mendes e Raphael Borghi.

Horror Business e Arma Filmes apresentam o trailer oficial do filme “Desalmados – O Vírus”, que conta a história de cinco jovens paulistanos que precisam sobreviver a uma epidêmia de zumbis iniciada por um vírus criado pela indústria farmacêutica. Neste filme o maquiador e diretor Kapel Furman (de “Pólvora Negra”) é alçado a condição de ator e interpreta Isaac, ex-policial que surge para ajudar os jovens em fuga. O filme também conta com produção e edição do talentoso Armando Fonseca, diretor do curta “Velho Mundo” e editor do documentário “T.A.I.” de Juliana Gregoratto.

Segue o trailer de “Desalmados – O Vírus”:

Raphael Borghi dá ao Canibuk um importante depoimento de como foram as filmagens de “Desalmados – O Vírus” que será lançado ainda neste ano nos melhores festivais de cinema fantástico do Brasil:

“Começamos como um trabalho de faculdade, eu, André de Freitas “Rasta” e a Diele Mendes. Com o roteiro pronto e muitas coisas decididas, vimos viabilidade em fazer algo legal, que pudesse ser algo além de um trabalho de faculdade e acabar morrendo dentro de uma gaveta. Naqueles tempos eu estava engrenando com o trabalho de efeitos especiais, tinha um mínimo de conhecimento e estava maluco para testar.

Um ano depois de idealizado começamos a pré produção: locações, veículos. equipamentos, atores, autorizações da polícia – da CET – da prefeitura de Bragança, cronogrâma, alimentação, transporte, decupagem, reuniões, afinar o roteiro, figurantes, e um lugar para descansar a carcaça no final das diárias. Nessa época minha vida e de mais alguns foi voltada completamente para isso. Não comíamos, não dormíamos e não sorriamos. Mas conseguimos quase tudo que queríamos, dentro das limitações estabelecidas, tanto de experiência profissional quanto monetária. O lado bom, foi conseguir agregar tantos bons profissionais no elenco. Bons como atores e como pessoas. Que estavam dispostos a caminha conosco.

(2 dias antes de começar a rodar o Desalmados, eu e Thiago “Quadrado” estavamos frodando a última diária do filme Pólvora Negra do Kapel Furman).

Umas da coisas debatidas na época, era qual seria a câmera usada. Tínhamos a HVX200 que a faculdade disponibilizava, mas não podia viajar e ficar um longo período, tendo que devolver 24horas após a retirada. O que nos fodia! Ou poderíamos alugar alguma câmera, o que acabou sendo descartado após orçar algumas câmeras que queríamos como a EX3 ou até a própria HVX, o dinheiro estava curto e uma opção caiu do céu. Um amigo, Marcel Tosta, que é câmera, tinha uma HVX200 e estava em São Paulo a trabalho. Mostrei um pouco do projeto para ele, e logo estávamos filmando a primeira diária do filme, no final de 2009. Por desencontro de datas, e precisando ser tudo muito encima, tivemos que conversar com outro câmera, Thiago “Quadrado”, que assim como nós, estava começando na época, tinha comprado uma HVX, e estava disposto a encarar a maratona.

Foram longas, divertidas, e cansativas diárias.

Testamos boa parte do que queríamos no filme. Conseguimos autorização do Secretário de Transito e Segurança de Bragança Paulista, que colocaria a policia a par do que estaríamos fazendo no endereço que passamos. Não tivemos problemas na maioria das locações de Bragança, filmamos em uma igreja, no dia que teria reunião do grupo religioso dos freqüentadores. Até certo ponto achamos que poderia dar tudo errado: Um ônibus cheio de religiosos, idosos, crianças e adultos, chegava no set, enquanto tínhamos dois atores caracterizados como infectados, cheios de sangue, a faixada da igreja lavada de sangue, devido a cena anterior que havia uma ação que jorrava sangue, e um dos ass. de produção, Thales Greco, enterrado pela metade com suas tripas para fora para substituir o ator que faria o personagem morto. Mas para surpresa, ocorreu tudo bem, alguns entenderam o espirito da coisa e relevaram numa boa. A tática era sorrir e acenar sem culpa.

Na locação do desmanche, fizemos um sujeito atirando inúmeras vezes com um revólver e com uma doze, depois pulava encima de uma pick up e pegava a estrada. Repetimos algumas vezes os tiros em corpo nos zumbis, durante toda a tarde. Teria sido o ápice, se não fosse a intervenção da polícia que chegou, no final da tarde, pilhada em 5 barcas para acabar com a festa, não deixando que filmássemos o take 2 do último plano do dia. Algum sujeito que passou pela estrada, viu uma movimentação suspeita, ligou para a polícia e comunicou que viu um sujeito atirar em um homem com uma doze, e fugir em uma pick up. Na mesma hora a polícia estava lá. Nos avisaram que foi dado o alerta, porque é comum eles receberem chamadas para aquela região, pois é território do PCC, e coisas estranhas costumavam acontecer naquela área. (Só ficamos sabendo naquele momento). Resultado: ficamos até de noite nos explicando e apresentando documentos.

Mas tirando alguns imprevistos, tudo ocorreu bem.

Ao final do processo, conseguimos agregar mais um sujeito que foi decisivo para a realização do projeto. Armando Fonseca assumia a edição do filme. Ele já havia feito algumas diárias como produtor ao longo do filme, e é tão, ou mais aficionado que eu pelo gênero, por isso ele era o cara perfeito para o cargo! Ele decidiu encarar a maratona de edição das madrugadas intermináveis.  Fizemos o primeiro corte ao final das filmagens, já em 2010. Mas na época ficou difícil tocar um projeto que gostávamos, e trabalhar para ganhar algum dinheiro ao mesmo tempo. Por conta disso, e alguns outros fatores, o filme ficou mais ou menos uns 8 meses parado. Mas foi tempo o suficiente para amadurecermos profissionalmente, e voltar vendo o filme com outros olhos. Por volta de junho de 2011,voltamos a edita-lo, e limamos as sobras que antes achávamos legais, mas não acrescentavam para o desenrolar da trama, e tentamos deixar o corte o mais ágil possível.

Em paralelo, na mesma época, estava em estúdio com os Bad Luck Gamblers gravando a primeira faixa da trilha sonora do filme, no estúdio Hot Jail em São Bernardo do Campo. A trilha ainda esta sendo produzida.

Também no youtube, você pode ouvir a primeira faixa da trilha sonora do curta que é assinada pela banda de psychobilly Bad Luck Gamblers:

Reboco Caído

Posted in Fanzines with tags , , , , , , , , , , , on fevereiro 26, 2012 by canibuk

Nos últimos dias estamos postando mais dicas de filmes/música/artes que julgamos interessantes (são tantos trabalhos em paralelo ao Canibuk que o tempo livre está indo prás cucuias – mas acho que depois da oficina no Rio de Janeiro, pela Mostra do Filme Livre, vai dar normalizada pro meu lado).

Seguindo a idéia de divulgação e de indicar artes interessantes (quem faz produções independentes pode me enviar material para divulgação aqui), recebi em casa o fanzine “Reboco Caído # 10”, um zine de 12 páginas bem interessante que neste seu décimo número traz tirinhas, poesias, desabafos, colagens (sinto falta de artes feitas com cola e tesoura, é uma técnica que está se perdendo), textinhos políticos e um panorama do cinema independente brasileiro onde Fernando Rick e eu (Baiestorf) somos entrevistados. “Reboco Caído” é editado por Fábio da Silva Barbosa e pode ser adquirido pelo e-mail fsb@yahoo.com.br

Segue uma poesia de José Carlos e Elso Boa Gente que está nas páginas do zine:

Assombração de Barraco

Eu já ando injuriado, ô xará.

Meu salário defasado.

meu povo todo esfomeado

e ainda é intimado a votar.

Vejo que essa previdência

não tem competência prá ser social.

O trabalhador adoece e morre na fila do

hospital.

Enquanto uma pá de aspone

que dorme e come, mamando na teta.

E os PCs na mamata, sempre fazendo mutreta.

Roubando o dinheiro do povo

e mandando prá Suiça na maior careta.

Isso é que é covardia

que me arrepia e me faz chorar.

É fraude por todos os lados

e ninguém consegue grampear os culpados.

É que na realidade a impunidade tá feia

demais.

E uma pá de cheque-fantasma, assustando o planalto central.

Assombração do barraco é o ladrão de

gravata e não é o marginal.

Como Irritar Dândis do Hardcore

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , on fevereiro 25, 2012 by canibuk

“Como Irritar Dândis do Hardcore – Lições Práticas Vol. 1” (2012, 15 min.) de Gurcius Gewdner. Com: Mini-Mulamba, Rachel B., Sarah Pusch, Arnaldo Tünner, Gurcius Gewdner e Dog Eat Dog.

Me sinto meio responsável pela sorte da musa mini-mulamba que, hoje, faz Filmes Maravilhoso com o Gurcius Gewdner. Explico: Alguns anos atrás, quando Gurcius ainda morava em Florianópolis, fui comprar pão na padaria Golfinho numa das pausas de edição de algum filme meu que estávamos montando, e na volta encontrei um gatinho abandonado faminto, dei pão prá ele e deixei que ele me seguisse até na casa do autista… ops, artista. A primeira vista vi que Gurcius não gostou muito de ter que dividir sua miséria com um gato (que na verdade se revelaria depois uma gata), mas fui taxativo com todo meu senso de humor baiestorfiano que meus amigos pessoais conhecem bem, dizendo para Gurcius algo na linha de “tu vai cuidar deste gato ou te encho de porrada!” e não deu outra, ao final de dois dias Gurcius já estava apaixonado pela gatinha, lhe dando o nome de Mulamba. Algum tempo depois Mulamba deu a luz à Mini-Mulamba, musa felina de Gurcius que tem estrelado vários de seus filmes, como “Sou um Pequeno Panda” e este “Como Irritar Dândis do Hardcore”, título inspirado no clássico “How to Irritate People”, estrelado por John Cleese.

Neste curta Gurcius nos conta a história de um gato astronauta que dá rasantes no espaço sideral enquanto revisa sua própria vida, poucos segundos antes de ser atropelado por um meteoro que iria atingir o planeta Terra. Ao mesmo tempo agentes criminosos internacionais tentam fechar sites de download e adolescentes incomodam uma banda de hardcore jovem com câmera-olho inconveniente.

Este curta foi realizado entre 1997 e 2012 com uma câmera VHS-C (emprestada), uma máquina fotográfica (emprestada), um celular (emprestado) e imagens de arquivo (roubados). Mais Kanibaru Sinema (do Manifesto Canibal) impossível!!! Gurcius homenageia aqui a internet livre se apropriando das teorias cinematográficas de gênios como Vera Chytilóva, Ivan Cardoso, Jonas Mekas, Nilo Machado e Christian Caselli. O curta pode ser visto via vimeo e mais do pensamento de Gurcius Gewdner pode (e deve) ser estudado nesta completíssima entrevista que realizei com ele para o Canibuk em 2011.

Morre Lina Romay

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , on fevereiro 24, 2012 by canibuk

De acordo com José Manuel Serrano, Lina Romay morreu neste último dia 15 de fevereiro, em Malaga/Espanha, vitimada pelo câncer (não foi divulgado o tipo de câncer). Jesus Franco parece que está sofrendo muito com a morte de sua eterna Musa, tanto que só divulgou a morte dela hoje (8 dias depois). Espero que este abatimento não deixe Jesus Franco debilitado ao extremo e o leve a falecer também, já vi muito casal que se ama demais morrer praticamente juntos quando o sentido de sua existência termina com a morte de sua metade!

Nascida em Barcelona em 23 de junho de 1954, Rosa María Almirall Martínez (seu nome real) conheceu Jesus Franco em 1971 (que na época estava se curando da morte de Soledad Miranda) e desde então não se separaram mais, seja na vida pessoal, seja na vida profissional. Lina sempre foi inteligente e independente, sempre falando o que pensava e demonstrando que encarava sua profissão de atriz de maneira bem lúcida, como declarou em certa ocasião: “Dizem que eu sou uma exibicionista. Todo ator é um – Aceito isso de bom grado. Eu não sou uma hipócrita”.

O primeiro filme do casal juntos foi “La Maldición de Frankenstein” (1972) e depois disso continuaram fazendo filmes de horror/putaria (aquele estilo Romay-Franco que os fãs de sleaze tanto adoram) até “Paula-Paula” (2010) onde ela, mesmo velha, continuou tirando a roupa de boa vontade! Lina Romay sempre dizia: “Só coloco roupa quando o roteiro exige!”, se destacando por sua beleza e completa falta de vergonha na cara (adoro atrizes desavergonhadas que ficam o tempo todo peladas e o fazem com um talento natural prá coisa). Com uma filmografia que ultrapassa 115 filmes, vale a pena conhecer produções como “La Comtesse Perverse” (1974), “Frauengefängnis” (“Barbed Wire Dolls”, 1976), “Jack the Ripper” (1976), “Greta – Haus Ohne Männer” (1977), “L’Éventreur de Notre-Dame” (1979), “Justine” (1979), “Mondo Canibale” (1980), “La Tumba de los Muertos Vivientes” (1983), “Macumba Sexual” (1983), “Lilian – La Virgen Pervertida” (1984), “Faceless” (1987), “Tender Flesh” (1997) e “Killer Barbys Vs. Dracula” (2002), todos dirigidos por seu marido Jesus Franco. Outros filmes que merecem destaque são “Roll-Royce Baby” (1975) de Erwin C. Dietrich, “Apocalipsis Sexual” (1982) de Carlos Aured e Sergio Bergonzelli, “Rossa Venezia” (2003) de Andreas Bethman e os filmes dirigidos pela própria tarada Lina Romay (usando, geralmente, o pseudônimo de Candy Coster ou Lulu Laverne), como “Confesiones Íntimas de una Exhibicionista” (1983), “Una Rajita Para Dos” (1984), “El Chupete de Lulú” (1985), “Phollastia” (1987) e “Falo Crest” (1987), todos pornôs lindos!

Lina, continuaremos te cultuando nos filmes maravilhosos que você nos legou! Espero que você tenha sido enterrada pelada como imagino que era seu desejo e de todos seus fãs!

por Petter Baiestorf.

Considerações Sobre o Kanibaru Sinema: Systema para Atores

Posted in Literatura, Livro, Manifesto Canibal with tags , , , , , , , on fevereiro 23, 2012 by canibuk

Não possuir condições de contratar atores profissionais, aqueles chatos-egocêntricos-cheirando-a-sabonete-de-rosas, não é desculpa para conseguir um bom nível de interpretação em suas obras kanibarusinematizadas. Utilize-se do Kanibaru Sinema Systema, que formou amadores-famosos e talentosos como Jorge Timm, Viola, Elio Copini, Ivan Pohl, Ljana Carrion, Lane ABC, Gisele Ferran, Minuano, Marcírio Albuquerque, Kika, Airton Bratz, Gurcius Gewdner, entre dezenas de outros.

A) Não existe ator ou atriz ruim. Existe sim, pessoas escaladas em papéis errados. Vá testando seus amigos, parentes ou vizinhos (freaks) nos mais diversos tipos de papéis (mas faça isso já rodando algum vídeo, para não desperdiçar tempo e fita virgem), os que se destacarem nos quesitos:

– Conseguir fazer diálogos;

– Conseguir fazer mais de uma expressão facial diferente;

– Ter algum talento físico (saber lutar, correr, cair, etc);

– Ter algum atributo físico (peitões moles, bunda disforme, órgão sexual avantajado, etc);

– Disposição para cenas de aberrações (sem efeitos especiais), como comer ratos, contracenar com animais perigosos ou escrotos, banhar-se em excrementos, etc.

Serão escalados para os papéis principais, os outros serão figurantes até aprenderem, por si mesmos, como aparecer.

B) Escale seu elenco já aproveitando os tipos determinados que estão ao seu redor: O gordo brincalhão, o baixinho invocado, a menina sexy, o amigo trapalhão, a amiga alucinada, etc.

C) Bebida à vontade pode ser um bom método de se conseguir atuações mais espontâneas. Evite drogas, a não ser que seja estritamente necessário ou esta seja a temática de sua obra.

D) Procure fazer seus atores sentirem um pouco o que seus personagens devem expressar. Se necessitar de uma pessoa irritada, incomode bastante a sua atriz; água suja com sabão na boca é bom para induzir ao vômito e conseguir uma expressão mais intensa de alguém com uma tendência mais dispersa. Sono, frio e desconforto físico também são ótimos aliados. Programe uma festa no dia das gravações, faça seu elenco beber e se divertir um pouco e depois atravesse a noite trabalhando, aqueles que sobreviverem até a manhã seguinte estarão dentro do método kanibaru.

E) Nunca despreze as sugestões e desejos bizarros de seu elenco freak. Se um dos atores, apesar de sua aparência máscula, diz que quer um personagem feminino, aproveite para colocá-lo no lugar daquela atrizinha que fica irritante quando com TPM. Se aquele outro, notadamente sem destreza física, bolar alguma cena tipo “vou pular por dentro de um círculo de fogo totalmente nu”, arme-se de alguns cuidados para evitar uma tragédia (e um processo) maior e… Filme!!!

F) Se um dos seus atores-amadores mais veteranos começar a se destacar muito e tiver problema com o ego e começar a imitar os nojentinhos profissionais, não o poupe, despreze-o! Coloque-o em papéis menores, sem uma linha de diálogo, ou apenas chame-o para segurar alguma iluminação secundária. No meio anarco-etílico-artístico-ateísta não existe lugar para egos inflamados (fora o seu, diretor/realizador, é claro!).

G) E mais… Se mesmo assim você estiver a milhares de quilômetros de algum ser vivo interessante (leia-se filmável) ou por alguma outra insana razão não houver atores e/ou atrizes à disposição… Isto não é desculpa para não realizar sua obra-prima vagaba. Ora! Faça vídeo-poesia, ou documentários… Faça! Faça! Faça!

escrito por Coffin Souza para o livro “Manifesto Canibal” (editora Achiamé, 2004).

Ilustrado com fotos da produção do filme “A Curtição do Avacalho” (Petter Baiestorf, 2006).

Kanibaru Sinema

Posted in Anarquismo, Cinema, Livro, Manifesto Canibal with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on fevereiro 22, 2012 by canibuk

(ou métodos para fazer filmes sem dinheiro).

Você não precisa ser mais um capacho do sistema se agora já pode ser um messias do caos com a missão de destruir os valores sagrados do cinema milionário que estão implantando no Brasil!

O fazedor de filmes alucinados, que não está contente com os rumos do cinema brasileiro, lhes dá aqui algumas dicas básicas de como produzir sua obra sem utilizar-se do tal dinheiro:

FIGURINOS: Pegue-os nas campanhas de arrecadação de roupas para pobres (de preferência às campanhas de inverno, quando as roupas são melhores). Peça roupas velhas aos parentes e amigos. Roube uniformes militares nos quartéis (os recrutas costumam negociar apetrechos militares por um precinho bem camarada). Faça seus figurinos exclusivos utilizando-se de lixo, como plástico, latas, restos de tecido, cascas de árvores, lonas, etc. Outra opção ótima é colocar seus atores interpretando pelados.

CENÁRIOS/LOCAÇÕES: Ache coisas velhas no lixo/ferros-velhos e crie artefatos futuristas. Utilize a casa dos amigos. Consiga um porão úmido abandonado e dê vida ao mundo que habita seu cérebro. Filme em locais públicos, como ruas, calçadas, matas, praias, esterqueiras, praças, reservas florestais, botecos, casas destruídas/abandonadas, desertos, prédios públicos, parques de diversão, shoppings, puteiros, desfiles patrióticos, cemitérios, etc (mas se você gostar de alguma propriedade privada, você pode invadir e quando a polícia chegar diga que achou que o local era público ou inicie uma discussão com a polícia dizendo que “Toda Propriedade é um Roubo!”, ser preso ajuda na divulgação de sua obra!).

ILUMINAÇÃO: Filme durante o dia aproveitando a luz solar que é de graça. Se necessitar de cenas internas e/ou noturnas, ilumine com luz normal. Você ainda pode utilizar-se de liquinhos, tochas, velas, luzes de carro, etc… O importante é criar uma fotografia diferente/estranha. Outra saída é pedir iluminações profissionais emprestadas aos amigos cineastas que possuem equipamento, encha o saco deles, geralmente eles emprestarão o material para que você pare de encher.

PESSOAL/ELENCO: Utilize seus amigos e freaks em geral. Punks, putas, aleijados reais e mendigos sempre são uma ótima opção, mas guarde uma parte de seu minguado orçamento para pagar a eles um cachê, mesmo que simbólico. Certifique-se antes de que seus atores improvissados e amigos tenham idéias ideológicas parecidas com as suas, caso contrário eles acabam atrapalhando mais do que ajudam (mas mesmo assim você pode utilizá-los como figurantes).

EQUIPE-TÉCNICA: Faça você mesmo tudo, assim o filme sai do jeito que você quer. Se você precisar de ajuda chame estudantes de cinema que precisam estagiar, são ótimos profissionais que trabalham de graça!

ROTEIRO: Crie sempre histórias originais com críticas sociais, mesmo que suas histórias sejam um tanto excêntricas. Lembre-se sempre que a Igreja, O Governo/Estado, os militares, os religiosos em geral, a classe-média boçal, etc, estão aí para serem esculhambados sem dó nem piedade. Importante, às vezes a criação de um roteiro coletivo, com idéias de todo elenco, pode ser inspirador para interpretações mais viscerais, primitivas e raivosas.

EQUIPAMENTOS: Utilize qualquer tipo de câmera. Se você não tiver uma, arranje emprestado. Nos dias de hoje as câmeras de vídeo são mais comuns do que pessoas de boa índole, então é fácil conseguir uma. Para editar seu filme há várias opções que não envolvem dinheiro, as placas de vídeo estão cada vez mais baratas e acessíveis e os programas de edição por computador podem ser baixados via versões piratas. Provavelmente você tem algum amigo que edita vídeozinhos para postar no youtube, use este potencial dele e torne-o seu sócio. Outra opção é editar na câmera de vídeo mesmo. Se você filmar em VHS pode editar seu filme com a utilização de dois vídeo cassetes, mas essa técnica já está ultrapassada. Sua mensagem é o que importa, qualidade é coisa de cara reprimido!!!

ORÇAMENTO: Produza com o que você tiver a disposição. Poupe seu salário, faça vaquinha entre seus amigos, venda rifas, faça programas sexuais, seja criativo e se surpreenda. Falta de dinheiro nunca foi empecilho na vida artística dos gênios!!!

MAQUIAGENS: Faça seus make-ups se utilizando de alimentos, comida é uma ótima fonte de maquiagem amadora barata. Melado com anilina vermelha vira sangue denso e grosso, farinha e água deformam qualquer rosto e vísceras reais dão uma ótima imagem de choque. Uma opção viável é descobrir produções que finalizaram suas filmagens e ficar pedindo para que o maquiador lhes dê seu lixo, com criatividade você consegue disfarçar essas maquiagens já usadas e reutilizá-las no seu filme como se fossem inéditas.

TRILHA SONORA: Dê preferência a bandas e músicos ainda não cooptados pelo mercado capitalista. Discos velhos podem conter músicas maravilhosas completamente esquecidas. Pegue um instrumento e grave ruídos estranhos com ele e encaixe no seu filme. Músicas estranhas, regionais, experimentais e não comerciais (como gore grind, industrial harsh, noise ou a banda Os Legais) sempre dão um clima ótimo!

DIVULGAÇÃO: Pode e deve ser feita através de fanzines, flyers, revistas e jornais undergrounds e independentes. Use a internet para fazer com que seu filme pareça uma produção maior do que realmente é criando notícias relacionadas às exibições que seu filme tiver. Divulgue tudo sempre e crie seu próprio star system, as pessoas comuns adoram endeusar qualquer coisa mesmo!

DISTRIBUIÇÃO: A distribuição de cópias em DVD (ou qualquer outra sigla que venha a ser criada no futuro) pode ser feita utilizando-se dos serviços dos correios. Coloque o filme para download, acredite, não vai atrapalhar em nada suas vendas e ainda ajudará a divulgar seu trabalho. Coloque-o no youtube (mesmo que seja um vídeo somente para maiores, você vai ser censurado e depois poderá ficar divulgando este fato, é bom prá sua auto-promoção). Você também pode realizar exibições em botecos e shows alternativos de todo o Brasil. Exibições com shows de bandas locais undergrounds é ótimo porque garante público para seus primeiros filmes, já que toda e qualquer banda tem seus fãs que comparecem em qualquer coisa que elas façam.

FESTIVAIS: Cada produtor de filmes pode optar por produzir seu próprio festival de filmes, sempre não competitivos (a competição é um vício da sociedade capitalista que deve ser evitado sempre que possível!), fazendo assim um intercâmbio de produções amadoras/undergrounds/experimentais. Outra opção é a união de vários produtores independentes na realização de mostras não competitivas em paralelo aos grandes festivais de cinema, utilizando locais próximos d’onde acontece as babações d’ovos entre os poderosos e atraindo a atenção da imprensa especializada para seu pequeno festival de filmes paralelo. Não se esqueça que os festivais de “cinema oficial” estão por aí para serem invadidos e avacalhados.

LEMBRETE FINAL: Mas lembre-se sempre que não ter equipamento não é desculpa para fazer filmes bobos e/ou ruins, com o mínimo de recursos você pode fazer bons filmes vagabundos com uma produção miseravelmente bem cuidada e original.

escrito por Petter Baiestorf.

junho de 2002.

José Mojica Marins apóia e aprova o "Manifesto Canibal".

Manifesto Canibal

Posted in Literatura, Livro, Manifesto Canibal with tags , , , , , , , , , , on fevereiro 21, 2012 by canibuk

Uma declaração de guerra dos que nada têm e tudo fazem contra os que tudo têm e nada fazem.

O Cinema brasileiro, neste santo ano do ébrio senhor da Igreja Católica da Santa Roubalheira Consentida, atingiu a ruindade absoluta com suas obras globoticamente acefálicas que custam milhões de dinheiros aos cofres públicos. Ordenamos, então, que a minoria que detém a tecnologia cinematográfica de ponta seja combatida e que a discriminação ao vídeo amador cesse neste momento. Optamos pelo Kanibaru Sinema para, enfim, fazer nossos gritos ecoarem pelos domínios malignos dos cineastas pedantes corruptos. Um Kanibaru Sinema antropofágico, primitivo, selvagem, niilista, ateu e caótico, mas de uma pureza maldita capaz de assustar tanto colonizados quanto os colonizadores.
Eu, o curtidor do avacalho, o mestre da escatologia, o antiintelectual debochado, o escroto alucinado, o videasta das vísceras, PROPONHO:
1) A opção de filmar com equipamentos VHS-C/S-VHS/Digital/S-8/HD (ou qualquer outra sigla a ser criada) filmes amadores de qualquer estilo e qualquer duração;
2) A opção de filmar com equipamentos VHS-C/S-VHS/Digital/S-8/HD utilizando-se do direito de produzir obras-primas com som direto e o equipamento técnico que for possível arranjar;
3) A opção de realizar obras cinematográficas desprezando o poder capitalista do dinheiro criado por qualquer país do planeta Terra e/ou Universo. Leia-se aqui: A opção de filmar sem se utilizar do dinheiro público;
4) A opção de usar atores amadores e/ou amigos pessoais que se coloquem, de livre arbítrio e sem cobrar nada em troca, à sua disposição;
5) A opção de se utilizar do Kanibaru Sinema e sua estética do caos para finalmente poder flertar com a estética da falta de estética. Leia-se aqui: A opção por destruir todos os valores estéticos;
6) A opção pela inclusão das obras produzidas em vídeo amador nos festivais não competitivos de cinema brasileiro para que o povo decida, de livre arbítrio, o que gosta e quer ver;
7) A opção por uma produção/distribuição caseira, de forma independente e artesanal;
8) A opção por exibir os filmes em botecos e outros refúgios para pensadores beberrões;
9) A opção de escolher músicas não-convencionais/esquecidas/obscuras como hino à criatividade do Kanibaru Sinema;
10) A opção de realizar obras com cenários, figurinos, iluminação e maquiagens criados/conseguidos com lixo;
11) A opção de realizar obras com roteiros originais em sua concepção anarco-ateísta;
12) A opção por exercer seu direito de ser um criador artístico livre dos vícios da sociedade cristã castradora;
13) A opção de fazer qualquer filme/música/arte que sua criatividade permitir.

Assim propôs o fazedor de filmes alucinados.
07/06/2002
Petter Baiestorf.

(Primeira edição de “Manifesto Canibal” por Petter Baiestorf em junho de 2002; Segunda edição de “Manifesto Canibal” por Rodrigo Romanin em Outubro de 2002; Terceira edição de “Manifesto Canibal” por E.B. Toniolli no antigo site da Canibal Filmes em dezembro de 2002; Quarta edição de “Manifesto Canibal” por Jack Zombie e Roger Psycho em anexo ao zine “Criaturas Psicotrônicas de Outro Espaço” em janeiro de 2003; Quinta edição de “Manifesto Canibal” por Robson Achiamé e editora Achiamé em julho de 2004).

Hutt: Monstruário

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , on fevereiro 19, 2012 by canibuk

Hutt foi formado em 2002 por Liandro (guitarra), Marcelo Chouki (bateria) e Marcelo Appezzato (vocal) com influências do HC mais violento, quadrinhos e cinema (a relação da banda com cinema é tanta que Marcelo Appezzato é co-diretor, ao lado de Fernando Rick, do hilário “Guidable – A Verdadeira História do Ratos de Porão” e roteirista do curta “Ivan”, também de Fernando Rick, onde criou a divertida figura de Darlene Star, magnificamente interpretada pelo ótimo ator/diretor Rubens Mello).

Ainda em 2002 a banda lançou a demo “Miserável”, com 10 sons bem crus e diretos. Em 2003 lançou via 2+2+5 Records o disco “Sessão Descarrego”, com 28 sons e que teve uma excelente repercussão entre o público sempre sedento por barulho de qualidade, coisa que a Hutt faz com um talento único. Em 2007 saiu o split “Crushing the Grindcore Trademark”. Hutt já dividiu o palco com bandas gringas como Brujeria, CAD, Rompeprop e Total Fucking Destruction.

Em 2010, com Appezzato no vocal, Liandro na guitarra, André no baixo e D. Klink na bateria, Hutt lançou o ótimo CD “Monstruário”, são 23 faixas do mais puro grindcore fodido que não tem como descrever (mesmo porque música precisa ser ouvida), com encarte lindo composto da arte de Win Mortimer (que eles roubaram da revista Capitão Mistério – Série Sexta-feira 13, ano 1, número 5) e uma arte inédita onde vemos a banda caricaturada por Fernando Rick. Uma curiosidade: Na introdução da faixa “Três Ratos” ouvimos a voz de pato Taquara de Gurcius Gewdner gritando “Você quebrou meu Rádio!”. “Monstruário” é grindcore de primeira, não vou ficar escrevendo aqui sobre as músicas porque músicas são prá ouvir, não prá comentar.

Entre em contato com o Marcelo Appezzato clicando neste link e se informe com ele como conseguir o CD (perguntei pro Appezzato qual o preço do CD e como pessoal faz prá pegar o disco, mas ele foi pular carnaval e não me respondeu).