Arquivo para março, 2012

Downloads Legais de Os Legais

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 31, 2012 by canibuk

É com imenso prazer que o Canibuk apresenta os links para download dos discos da banda Os Legais, banda essa que muito me orgulha com suas apresentações ao vivo onde toda e qualquer regra musical é chutada pela bunda para fora do palco!

Os Ilegais

Conheci Os Legais em 1998 no Curupira Club, durate o “Terceiro Encontro da Cultura Underground Catarinense” (numa época que Santa Catarina tinha uma cultura underground forte, e que era possível sair da exibição do meu transgressor longa “Gore Gore Gays” diretamente prá um show d’Os Legais). Diz Gurcius Gewdner (leia entrevista com ele aqui) que antes a gente já trocava cartinhas via correio, mas não lembro disso! Este meu primeiro contato com show de Os Legais fez me voltar a acreditar no poder político, sem ser político, dos artistas. Logo depois virei amigo de Gurcius Gewdner e me tornei o tocador oficial de bongô em alguns shows de Os Legais. Minha frustração é nunca ter gravado em estúdio com a banda. Lá por 2004 cheguei a ter essa oportunidade só que, devido a incapacidade de Gurcius em se organizar, a sessão de estúdio que eu iria finalmente gravar – e imortalizar meu bongô nas – canções da banda não aconteceu. Com estúdio pago, músicos a disposição, Gurcius não conseguiu chegar a tempo de usar os horários e ficamos lá esperando-o até que nosso tempo pago acabou. Em parceria com Jorge Timm e Coffin Souza também tenho a banda cover (de músicas originais, compostas por nós) de Os Legais que chamamos de Os Ilegais. Somos covers, mas tão originais que nunca tocamos nenhuma música deles!!! (Quem quiser contratar Os Ilegais para shows pode escrever para mim pelo e-mail baiestorf@yahoo.com.br).

À exemplo das bandas Cadaverous Cloacous Regurgitous e Os Urtigueiros (toquei em ambas, Cadaverous Cloacous Regurgitous, que durou apenas o ano de 1993, trazia motoserras no lugar de guitarras e porcos sendo castrados no lugar de vocalistas; Os Urtigueiros era um grupo dadaísta com uns 16 membros sem nomes que tocavam músicas de 8 horas de duração sem pausas e durou o ano de 2004), Os Legais é uma banda vanguardista que cria melôdias destruindo melôdias. Se você não é louco, desista de entender a banda! Eu poderia teorizar muito sobre Os Legais aqui, mas não vou fazer isso (mesmo porque o próprio Gurcius Gewdner, mentor da banda, já delirou como um verdadeiro anormal que é neste post de introdução a discográfia da banda).

Para baixar os discos clique nos links que estão nos títulos dos discos e divirta seus amigos mais sérios tocando-os em todas as festas que você for! E leia os comentários, faixa a faixa, escrito por Gurcius e Aristeu Rudnick.

Introdução por Petter Baiestorf.

OS LEGAIS – ANTOLOGIA 1997/2000: BÔNUS TRACKS.

No final dos anos 90, eu andava pra lá e pra cá com caixas de fitas K7 tentando convencer todo mundo de comprar (ou simplesmente ouvir) nossos dois lançamentos principais: “Os Legais” (de 1997, com 28 músicas) e “Bulhorgia 2000” (de 2000, 18 musicas e de onde tirei o nome da minha mega empresa de cinema), trocando fitas com outras bandas e zines, pessoalmente e pelo correio. Nem sempre era correspondido com palavras de carinho, mas sempre foi uma delícia. Quando começaram a aparecer os gravadores de CD e povo começou a desistir das fitas, junteis as duas demos em um CD só e para dar uma incrementada, e parecer novidade, coloquei 4 músicas de bônus. Essas gravações nunca foram muito ouvidas, apenas por quem conseguiu o CD (e claro, sobreviveu as 46 músicas anteriores do disco).
Por isso, resolvi estrear minha conta no Mediafire com essas 4 lindas e quase inéditas canções.


As músicas são:

1 – “Me dá tudo” – Gravada em 1999 e produzida pelo Edson Luís de Souza (The power of the Bira, Curupira Rock Clube) essa música foi lançada em CD pela Rotheness Records na coletânea Noise for Deaf III, que era uma coletânea beneficente em prol dos SURDOS, organizada pelo Nelson do clássico NYAB. Lembro que era uma alternativa boa pra divulgar a musica, nem que fosse entre as bandas participantes, que sempre eram dezenas em cada volume. Além do NYAB não consigo lembrar de outras bandas que participavam desse volume. A música é sobre um cara que quer tudo pra ele no mundo, de uma vez só, tudo ao mesmo tempo, obvio que falávamos da gente mesmo.

2 – “Eu Caí da Ponte II” – Essa é uma regravação do nosso maior sucesso do primeiro K7 e uma das poucas que o público comemora quando tocamos ao vivo. É gravada em casa com bateria de papelão, em 2000, quando nos reunimos pra gravar algumas músicas pra um tributo ao NYAB que nunca foi lançado. É uma versão mais dançante, quase remix, e a gravação é boa, com a voz do Marcius ecoando sozinha no refrão inicial.

3 – “Locomia” – Regravação da música do grupo Locomia, que gravei sozinho em 1998, quando estava testando se podia ter a banda totalmente sozinho, depois da série infindável de desistências que estávamos enfrentando. Nem precisei ouvir duas vezes pra ver que era melhor manter o relacionamento com todo mundo, ou no mínimo com o Marcius.

4 – “Por Allah (no paraíso de chocolate)” – Essa sempre foi uma das músicas mais perfeitas pra realizar os banhos de isopor na platéia, já que ela descreve explosões de avião, quando o avião explode o isopor voa e entramos no paraíso de chocolate com oceanos de iogurte. Fizemos a musica em 1999, mas essa gravação é de 2004, com nove músicos. Essa gravação foi filmada e está no meu filme “O Triunvirato”.

OS LEGAIS – 28 MÚSICAS, 30 MIN., 1997.

Clássico k7 de estréia com as mais destruidoras performances compostas e competentemente improvisadas na hora já ouvidas até então. Incluí os mais do que clássicos supremos: “Eu Caí Da Ponte”, “Caminhão”, “Jóias Da Música Alemã”, “Obrigado Pelas Flores”, “Sementes Da Violência”, “Além”, “Nem Tudo Tem Vitamina C” e “Rudolf Hüll”. Gravações caseiras, ao vivo e em estúdio concentradas em um trabalho cultuado e odiado, que mudou os rumos da musica independente do final dos anos 90, levando muita gente a desistir ou se iniciar no mundo da música. Teste seus limites. Surpreenda seus ouvidos. Tenha conflitos familiares. Sinta profundamente. À todos aqueles com sérios problemas psicológicos e de audição, que não conseguem entender o que é dito nas músicas, fica registrado aqui um relato descritivo sobre um pouco de cada música e seus temas recorrentes, de acordo com os próprios membros de OS LEGAIS.

OS LEGAIS: O tão amado e odiado primeiro k7.

1- “JÓIAS DA MÚSICA ALEMÔ: Essa é um grande sucesso e é a preferida daqueles que não gostam de nossas músicas também. Ela é extremamente musical e é uma balada romântica com uma letra muito bonita. Fala basicamente sobre o amor, respeito e a influência do povo europeu no nosso estado. Gosto um monte dela, eu estava pegando aulas de guitarra quando gravamos essa e é a seqüência de acordes mais básicas de todas nas aulas de violão. Eles não te ensinam a tocar guitarra sem antes praticar no violão o que me deixou puto já que eu queria tocar guitarra logo. Se não me engano foi minha primeira aula onde aprendi esses acordes e uns três meses depois de lançarmos nossa primeira fita, o Edson (Abrigo Nuclear Records, Curupira, The Power of the Bira e produtor de várias músicas nossas) me mostrou um cd misterioso que havia chegado na loja dele: THE SHAGGS, ele garantiu que eu me apaixonaria na hora e que não haviam palavras, era tudo fantástico. Realmente me apaixonei na hora pela banda e em uma das músicas lá estava a mesma seqüência de acordes no início, igualzinho como estava em Jóias da música alemã , fiquei emocionado! Elas provavelmente tiveram a mesma aula! Maravilhoso! Não levou muito tempo pra que eu largasse a aula, era uma chatice.

2- “EU CAÍ DA PONTE”: Adoro tocar essa ao vivo, acho que nunca vai cansar. E é uma das preferidas da platéia também , eles cantam junto o refrão e se despedaçam inteiros, é lindo! Fala sobre o drama da falta de coordenação e responsabilidade, eu tenho esse problema e com o passar do tempo descobri que várias pessoas também sofriam desse mal, como o caso do Denílson (um de nossos membros honorários que mais tocam ao vivo) que jogou um monte de gente pra baixo de uma ponte com uma caminhonete.

3- “CAMINHÃO”: Essa é nossa primeira composição de sucesso e tem uma letra bastante complexa sobre a relação do ser humano com a tecnologia e em especial sua obsessão por veículos motorizados. Ela tem bastante destaque quando nos apresentamos aqui no sul mas quando tocamos em outros estados não a incluímos no set list. Na verdade não gosto muito de tocar essa música ao vivo, mas começamos a ficar conhecidos através dela.

4- “SEMENTES DA VIOLÊNCIA”: Essa é em homenagem a um cara que nunca conheci. Não faço a mínima idéia de quem é esse tal de Wander. Talvez Melange, que fez parte da nossa formação original, poderia falar mais sobre esse cara, é Melange que canta e que compôs a letra. Ótima letra e música. Já escutamos as mais absurdas comparações acerca dessa música. Nunca tocamos ela ao vivo, mas é sempre uma das mais comentadas por quem escuta. Aliás, todas essas músicas do início são muito comentadas! Ou eu fiz a seleção de forma muito perfeita ou é por que elas estão no início e ninguém sobrevive pra ouvir o resto, o que é o mais provável…

5- “GONORRÉIA ESTÁ A VISTA”: Adoro essa música! Você tem que ouvir várias e várias vezes pra entender o que está sendo cantado e é uma das mais rápidas e barulhentas da fita. Quando lançamos a fita eu não gostava dela. Fala sobre amizades perturbadas e casualidades do destino. Fiz uma seqüência básica de acordes que ficou audível nessa e depois percebi a mesma seqüência em várias outras bandas como o Misfits, Bauhaus e outras que não lembro o nome. É uma seqüência totalmente básica, então não é difícil achar alguém tocando ela e fica bem bonito. Na fita com 25 músicas ela se chama “liberdade está a vista”, mas esse título era horroroso e indecente, o que me levou à sábia decisão de trocá-lo por algo mais romântico e ao mesmo tempo com um toque de seriedade….

6- “DIAS MELHORES VIRÃO”: Gravação retirada do nosso segundo treino. É uma música romântica sobre a dor da solidão e perda. Capta perfeitamente o clima das gravações daquela época com o Fisher cantando como se estivesse vomitando o coração pra fora e o maravilhoso som da nossa amada bateria de papelão e carrinho de mão, que ainda usamos freqüentemente.

7- “ALÉM”: Nosso segundo grande sucesso e que definitivamente emplacou como um dos mais amados. É sobre vida após a morte e ela meio que perdeu o sentido com o tempo porque as pessoas acabaram associando a palavra “Além” a mim, ganhei um apelido. Quando a música fala sobre o momento onde o individuo encontra o “além”, todo mundo acaba pensando que o cara encontrou comigo. Antes tocávamos bastante essa música ao vivo, agora é raro, independente disso adoro essa música, a letra é linda e o refrão é um dos melhores que já fizemos, eu era obrigado a cantar essa música em tudo que é lugar, funciona que é uma maravilha ao vivo quando a platéia conhece a música e canta junto.

8- “DESGLOBAMENTO DA VACINAÇÃO”: Essa é retirada de nosso primeiro show. Foi na garagem da minha casa e no final não sobrou ninguém, só um casal de namorados. Foi maravilhoso, não havia bateria de verdade, só o nosso carrinho de mão e os papelões, o som da bateria ficou ótimo e só executamos clássicos. Com o Fisher e toda a formação original, ele só fez mais um show, no curupira, e abandonou a banda, os outros membros fariam o mesmo logo depois. Aliás, nesse show até os membros da banda foram embora! Ninguém agüentou! Só sobrou eu e o Marcius. Essa música já é bem no final quando já não havia mais ninguém, com o Marcius revoltado reclamando. Fala sobre tratamento médico.

9- “OS URSOS POLARES ESTÃO MORRENDO”: Essa é uma música com temática ecológica e foi incluída na fita posteriormente. Foi gravada no fim de semana da apresentação do FUGAZI em Joinville e já estávamos no ponto onde todos já estavam me odiando e ninguém agüentava mais gravar nada. Eles foram até o limite deles e depois saíram quase que ao mesmo tempo. É uma música bem sentimental. A gravação estava recheada de ódio e estresse total.

10- “UM ENCONTRO COM O DESTINO”: Bem barulhenta e com participação do Edson no vocal. É uma canção sobre vandalismo, feita para os fãs de MAD MAX.

11- “A MÃO QUE NUNCA DORME”: Essa é uma das minhas preferidas, a fita que continha essa e as versões originais de “Eu caí da ponte”, “Jóias da música alemã” e mais um monte de gravações clássicas e outras músicas ótimas que não lançamos, simplesmente desapareceu. As vezes tento procurar mais um pouco, mas nunca vou encontrá-la, é uma pena, tinha realmente gravações muito boas ali. Algumas fitas personalizadas que fizemos contêm algumas destas músicas perdidas, mas também não faço a mínima idéia de onde foram parar essas pessoas, então não posso fazer nada, é triste. A afinação dos instrumentos nessa música é perfeita, tem um som lindo e fala das nossas relação com o próprio corpo.

12- “A FESTA”: É baseada em uma história real de um garotinho que preparou a festa mais super produzida do bairro, convidou todos os amigos e ninguém veio! Ninguém. Ele ficou sozinho olhando pros balões. Triste!

13- “CONEXÃO BRUTAL”: Essa é homenagem aos fãs e foi incluída posteriormente ao lançamento.

14- “ASSASSINATO INTERESTADUAL”: Segunda participação do Edson no vocal. É uma canção sobre homicídio, também feita para os fãs de MAD MAX. Gosto bastante das partes de baixo e guitarra gravadas por Enrico e Melange nessa fita, eram extremamente criativas e musicais, apesar de que eram justamente por causa delas o motivo de grande parte das discussões. Eu achava que o que eles tocavam apagava a identidade da banda, porque dava pra perceber as influências deles claramente ouvindo as músicas e isso me incomodava, mas vejo que a junção da nossa incompetência com a tentativa deles de fazer música dentro dos padrões era o que torna tudo lindo. Depois foi complicado pra selecionar músicos porque a maioria dos que testamos não se preocupa com isso e achavam que a gente também não, mas na verdade eu acho que se eles tivessem continuado teriam estragado tudo e é obvio que mais uma vez era EU que estava certo, eles iam cagar com tudo do mesmo jeito. Ainda bem que eles se mandaram, o Magnor é bem melhor do que eles.

15- “SHOPPING: A ÚNICA ESPERANÇA DOS POBRES”: Retirada também de nosso primeiro show. É uma homenagem aqueles caras que ficam cantando sozinhos em restaurantes, shopping, praças públicas em geral…

16- “ROTTEN ROSEN”: Eu odiava essa , realmente achava desprezível e chata. Mas editei a música e cortei tudo que tornava ela deprimente e agora gosto bastante dela. É a mais punk rock das 28 músicas, dá pra notar a influencia de Melange e Enrico no processo de gravação. Hoje em dia eu realmente gosto dela, ainda bem que não cortamos ela da fita. É sobre a dor.

17- “HEMORRAGIA CONGÊNITA”: Também é uma homenagem aos fãs incluída posteriormente.

18- “NICHT NO SO MACHEN RUDOLF HÜLL”: Minha música romântica mais amada. Essa é o auge, nosso encontro com os seres celestiais. Penetro em nuvens de êxtase intermináveis ouvindo essa que é minha preferida. É um mergulho na patologia do fervor amoroso. Geralmente as pessoas desistem de ouvir o resto da fita ao se deparar com “Rudolf Hüll”. Ignorantes. Essa música faz chorar o mais endurecido dos corações. Nunca atingimos tamanha sincronia musical como nesta grandiosa pérola amada. Posso falar horas sobre ela , mas tenho vontade de chorar. Melhor parar por aqui.

19- “SUVACÃO”: Grande clássico. Suvacos regurgitando em conflito.

20- “EIRMEN FREI ON SAIRTRE MUSIKANTE”: Nossa homenagem definitiva aos fãs.

21- “ABORTO CEREBRAL”: Drama sobre a doença. Tem a participação do Edson tocando bateria e é simplesmente ótima. Meu cachorro costuma uivar escutando ela.

22- “NEM TUDO TEM VITAMINA C”: O próprio corpo como fonte de adrenalina. Aprenda a testar seus limites internos e externos. O ponto central e patológico da existência humana. O sentido da vida. Tudo em uma música só. Eu choro. Maravilhosa.

23- “MANCHAS DO PASSADO”: Clássica e dançante. Fadada ao sucesso. Destruição nas pistas. Gravações perturbadoras, mas muito boas.

24- “A FESTA (VERSÃO 2)”: Aquele pobre menino merecia mais uma homenagem. É tão triste. Seu sofrimento não será esquecido jamais. Você vai vencer. Você vai vencer. Força. Não desista.

25- “ONLY YOU AND A FUCK YOU”: Poesia pura. O grande legado de Melange. Instrumental sensacional.

26- “GENOCÍDO AVICULTURAL”: Canção trágica sobre mascotes submissos . É uma das melhores. Um prenuncio para o apocalipse animal. De chorar de dor e sentimento.

27- “PREMONIÇÕES DO APOCALIPSE”: Essa foi incluída na reedição do k7 e é uma música que fala sobre amizades crescentes durante o Apocalipse. É uma das mais porrada. Se encaixaria em qualquer lançamento nosso até o momento.

28- “OBRIGADO PELAS FLORES”: Outra balada romântica recheada de amor e emoção transbordante. Sucesso completo e uma das minhas preferidas, mas só quem chega até o fim consegue escuta – la. É o fim perfeito . Eu e o Marcius fizemos juntos em uma noite que ninguém apareceu pra gravar , na mesma noite gravamos vários sucessos do primeiro k7. Tem um final perfeito . Tocante e emotivo. Completa chuva de lágrimas.

OS LEGAIS – BULHORGIA 2000 – 18 MÚSICAS, 30 MIN., 2000.

“Dezoito petardos alucinantes incluindo novas versões arrasadoras de Jóias Da Música Alemã e Caminhão em um dos k7’s mais fantásticos e alucinantes da história. A aceitação de “BULHORGIA 2000” foi maior do que o esperado e esta grande obra prima foi considerada mais musical do que o primeiro. Fãs antigos e radicais defendiam o primeiro k7 e passaram a difamar a banda os acusando de vendidos por amenizarem o som. “BULHORGIA 2000” fez estrondoso sucesso e seu resultado apesar de mais musical é ainda mais indigesto do que o primeiro trabalho. A distribuição e venda de mais de 1500 fitas em todo o país possibilitou a primeira turnê de Os Legais pelo país, em 2001. Deixando um rastro de lixo e isopor em Campinas/SP, Rio de Janeiro/RJ, Florianópolis/SC e Guaramirim/SC, também foi o ano com mais shows cancelados (por parte dos organizadores) em toda a história da banda. Você pode ouvir quantas vezes quiser clássicos maravilhosos como: “A Herança dos Devassos”, “As Bombas Matam A Fome”, “Vítimas de Um Segundo”, “Todo Mundo Feliz” e muito, muito mais!!! Não perca por nada! Mais complexo. Mais musical. Mais sentimento. Mais humano. Derreta seu cérebro.”

BULHORGIA 2000: A saga continua com a tão criticada e também amada Bulhorgia. A Trilogia dos sonhos, regravações e músicas de maior duração e carga emotiva.

1- “A HERANÇA DOS DEVASSOS”: Grande sucesso e uma das mais adoradas ao vivo. É um híbrido de Rolling Stones & jota quest. Quando estávamos gravando Bulhorgia, bem no fim das gravações entrou um dos bêbados típicos do Curupira e começou a pedir pra tocarmos Rolling Stones. Resolvemos fazer uma homenagem a um amigo que tinha visto o Jota Quest ao vivo e como odeio as duas bandas, ficou perfeito. A música fala sobre aquelas pessoas com extrema facilidade de fazer qualquer coisa, na verdade nem é um híbrido porra nenhuma, o cara que enxerga qualquer semelhança com qualquer uma destas duas bandas tem problemas na cabeça e devia ser trancafiado num hospício. Bando de doentes.

2- “JÓIAS DA MÚSICA ALEMÃ (VERSÃO 2)”: Regravação dançante e acelerada do nosso grande clássico pop romântico do primeiro k7. Também marca o dia da primeira seção de gravação com um dos nossos mais amados membros: Rodrigulum.

3- “ÀS VÉSPERAS DO EXTERMÍNIO”: Uma introdução para nossa sangrenta saga sobre o trânsito. Fala sobre aqueles que não vêm limites na competição e que não perdem a chance de ultrapassar o caminho do seres amados. Basicamente, uma música sobre a rejeição e sua influência nas relações humanas.

4- “CAMINHÃO (VERSÃO 2)”: Regravação depressiva romântica e desacelerada do nosso maior sucesso de palco em 97 e 98. É retirada de nosso segundo treino mas se encaixa em Bulhorgia 2000 de forma magistral. Os menos preparados desistem de escutar o resto da fita exatamente aqui.

5- “CINZAS NO PARAÍSO”: Essa fala sobre o drama do alcoolismo e as dificuldades de adaptação com o meio.

6- “WACTH OUT”: Música complexa sobre crianças poliglotas. Gravada em 1993.

7- “AS BOMBAS MATAM A FOME”: Defende a idéia de que as bombas matam sim a fome. Assim como qualquer coisa que estiver junto. É uma música extremamente dançante e também uma homenagem para a banda punk Joinvillense Mentes Sujas que tinha uma música chamada “As bombas não matam a fome”.

8- “SUBMUNDO DOS UMBIGÕES”: Fala sobre mulheres com pouca ou nenhuma auto estima e tem ótimos vocais inspiradíssimos do Magnor. Ele sempre está inspirado e também é o mais querido.

9- “PESADELOS ERÓTICOS”: Demonstra de forma prática como às vezes a falta de atenção e dedicação pode trazer problemas sérios de convivência para o responsável. Também é dedicada aos fãs de Rocky Horror Show.

10- “VÍTIMAS DE UM SEGUNDO”: A triste saga daqueles que perderam tudo na vida. Tenho vontade de chorar escutando essa. Tocante.

11- “:” Não posso traduzir o significado do nome dessa música, está em japonês, escutando a música tudo se explica. É nossa primeira música do primeiro treino de OS LEGAIS. Não sabíamos o que fazer ou compor quando de repente surgiu essa canção. A partir desse momento vimos todo nosso futuro estampado nas emoções despertadas por essa música e decidimos plantar nossa raízes no doce caminho de existência da humanidade. Coelhos representam bastante em nossa vida, estamos produzindo um longa sobre esses seres tão simpáticos e enigmáticos.

12- “PESADELOS ERÓTICOS 2”: Novamente temos um exemplo prático sobre como é perigoso confundir sonhos com realidade. Muita adrenalina e emoção nas gravações. Meu pai colaborou tocando buzina em diversas músicas de Bulhorgia, como esta.

13- “CAVIDADES DO PAVOR”: Quem insistiu ouvindo até aqui, desiste escutando esta que é uma das minhas preferidas de todos os tempos. O cara que agüenta até aqui e ultrapassa o limite de Cavidades do pavor é porque é um verdadeiro fã. Essa canção me faz delirar de forma indescritível e sem igual, simplesmente uma obra prima. A letra é linda. Conta a história de um individuo que escuta vozes no estômago e entra em conflito com todos a sua volta.

14- “TODO MUNDO FELIZ”: Marca a estréia magistral de Magnor na banda. É clássica, assim como grande parte das composições feitas por ele. Magnor era um fanático por OS LEGAIS e sua entrada significou o início de um novo ciclo ainda sem fim. Essa música é um tributo à felicidade no campo de batalha.

15- “PESADELOS ERÓTICOS 3”: É o fim de uma saga sangrenta e desumana sobre o desprezo e negligência humana e suas reviravoltas. É uma música complexa que encerra a Trilogia dos sonhos.

16- “ORGIA ANAL PODRE”: Grande sucesso que é uma maravilha de tocar ao vivo, música maravilhosa. Um monte de gente odeia e um monte de gente adora. É sobre as festas da MPB. Com muito amor.

17- “FORÇAS DO VERÃO”: Música sobre pessoas que gostam de tomar cerveja pelados dirigindo carro e escutando rock. É bem rápida e musical essa.

18- “PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES”: Essa foi gravada na época em que não tinha ninguém na banda além de mim e o Marcius. Todo mundo saiu, como eu já disse antes, só sobrando eu e ele. Fizemos várias baladas acústicas românticas e essa foi a primeira de uma série de gravações acústicas. Existe muito amor transbordando dessas músicas, foi maravilhoso e muito agradável gravá-las. Estávamos com muita solidão sentindo a dor da morte horrenda. Foi quando começamos a selecionar músicos no momento do show. A música fala sobre o Geraldo Vandré. Isso foi final de 97 , no meio de 98 o Magnor entrou na banda e mudou bastante coisa.

OS LEGAIS & WILLIE KAMPFF. 35 músicas. 79 minutos. 2006.

No distante inverno de 2002, duas expressões musicais totalmente diferentes, e de regiões totalmente diferentes, resolvem se unir em prol de um único objetivo: mergulhar fundo nos confins da já extinta e traumática infância, trazendo o que há de pior e mais nefasto de nossos tão nostálgicos anos dourados, que tanto tentamos esquecer. Dessa união, eis que surge após longos e demorados 4 anos depois, um dos mais absurdas e hipnóticas parcerias da história da musica mundial: OS LEGAIS & WILLIE KAMPFF.

Em um split CD que reúne nada menos que 35 músicas, alternadas entre os dois grupos, você irá ouvir Os Legais em estado bruto: sem a inocência e simplicidade lírica e musical de seus primeiros lançamentos, a banda realiza seu trabalho mais perturbador, esquisito, irritante e doentio de toda sua existência. Esqueça o som da bateria tradicional das bandas de rock, ele não existe aqui. O que temos aqui é a maravilhosa bateria de papelão, isopor, latas de tinta e carrinho de mão usada exaustivamente nos primórdios da banda e aqui registrada em seu melhor momento. O barulho que invade nossos ouvidos despreparados e nos faz afogar a alma em um mergulho sem volta, na cultura infanto oitentista do Brasil, que Os Legais reconstrói de forma impiedosa, desfigurando as mais ternas lembranças infantis de sua geração. Acompanhando o Triunvirato Supremo, que gravou o disco quase inteiro em trio, temos participações mais do que especiais do coral infantil SONHO POR INTEIRO: onde as vozes das crianças nada têm de angelical ou infantil, ficando mais próximas do que é a verdadeira representação da morte e danação do inferno, o coro das almas em seu lamento de dor e sofrimento eternos. Lacus Ernico, da formação original da banda e J.W. Kielwagen (conhecido por ser a mente pensante a frente do SPINDOVE e constante colaborador da Bulhorgia) colaboram em uma gama infindável de instrumentos no decorrer do disco. Como se já não fosse o suficiente, na música “Livres para Voar” há uma parceria com o grupo paulista OBJETO AMARELO, que gravou com Os Legais em uma de suas passagens por Santa Catarina, com resultado totalmente inusitado em relação ao trabalho do Objeto.

Alternado em meio ao caos, temos o prazer de sentir a aparente e desconcertante tranqüilidade do canadense WILLIE KAMPFF, com seu som totalmente irrotulável e sem padrões de comparação. Saído dos confins da obscura cena Black Metal canadense, Willie tem a disposição apenas sua voz e um violão, mas não se engane, você nunca viu ou ouviu nada igual ao que ele faz aqui. Seu instrumental hipnótico e voz desconcertante vão dividir seu cérebro em duas fatias distintas: uma delas repleta de amor, ternura e alegria de vida, e a outra recheada do mais profundo pavor, desespero e morte. Absorvido nas lembranças de sua inimaginável infância, Kampff gosta de se definir como a versão moderna do flautista dos ratos e traz a tona a inocência das cantigas de roda, misturadas ao triste ritmo constante dos cortejos fúnebres. Seu violão é substituto da flauta, que transforma os ouvintes em ratos, produzindo a marcha perfeita rumo a mais completa decadência e autodestruição psicológica do ouvinte. SIMPLESMENTE IMPERDÍVEL!!! Sua cabeça nunca mais será a mesma!!!

Mantendo a tradição de qualidade Bulhorgia que você já conhece, este split vem embalado em uma luxuosa embalagem ultra colorida de caixa de DVD transparente, que ainda acompanha um também ultracolorido poster frente e verso, de 36 x 18.

Faixas de OS LEGAIS:

01 – Lesson I

02 – Somos a Obra Prima

03 – Lesson II

05 – Lesson III

06 – O Trem de Carne da Meia Noite

09 – Livres para Voar (with Objeto Amarelo)

12 – Gincana Pirulito

15 – Los Papas de Mis Papitos

18 – Hey Mickey

20 – O Clube da Obediência

23 – Um Z e Dois Zeros

27 – Pula Pula Canguru

30 – Asas da Fantasia

32 – Floresta Esperança

34 – Somos a Obra Prima

Vocals, Piano, Guitars, Percussion instruments, Drums, Samplers and wheelbarrow with cardboards and garbage beautifully conducted by Marcius Lindner, Lacus Ernico, Iuguru Magnor & Gurcius Gewdner on July 2002. 

Guitars on “O Trem de Carne da Meia Noite” and Percussion in “Um Z e Dois Zeros” made by J. W. Kielwagen. 

Special apparition of Coral Infantil Sonho Por Inteiro in “Gincana Pirulito”, “Hey Mickey”, “O Clube da Obediência” & “Um Z e Dois Zeros”.

“Livres para Voar” was played and composed in lovely companion with Objeto Amarelo on April 2002.

Cover Art by Gurcius Gewdner & Graziele Luiza. Internal Artwork and production by Gurcius Gewdner& Os Legais.

A gente ama todo mundo. Obedeça Os Legais.

Faixas de WILLIE KAMPFF:

04 – Morning song

07 – I need more than love

08 – Inocent juice

10 – Chocolate dreams

11 – Deep diaper

13 – Shrimp

14 – I’m happy with soup

16 – Candy is a excuse

17 – Sweet fingers

19 – This is milk

21 – I sing naked

22 – Garden of little angels

24 – Meat me

25 – The termite kill pinochio

26 – Mrs. Lollypop

28 – Let the teacher sleep

29 – I’m so alone

31 – Far away from mom

33 – Handle with care

35 – I wish she was a woman

Willie Kampff was recorded on Fredericton (Canada), by Willie Kampff in 2003. 

Cover art by Julie Arnold. 

Texto de ARISTEU RUDNICK

Pois zé, Os Legais ainda não acabaram, pior, parece que eles estão mais fortes do que nunca! Não só a música do bando está mais refinada como preserva de maneira mais pueril e infantil sua temática nesse lançamento. Por refinado entenda como melhor gravado e produzido, sim, a era de gravações caseiras já acabou, agora são os estúdios e não mais os vizinhos que tem que agüentar o bando. E as letras, o grande atrativo do bando? Continuam envolvendo os traços mais básicos do crescimento psicomotor de todo ser humano, enfatizando que o processo primordial do Universo passa pelo indivíduo, que mesmo aparentando fragilidade e descoordenação de idéias é essa espontaneidade e pureza que definem a cerne da alegria e tristeza das pessoas, do planeta e da vida. Passado o susto das primeiras músicas, totalmente longe de qualquer referência ao plano sonoro d’Os Legais, o bando traz o sorriso de volta aos ouvintes em “o trem de carne da meia noite”. Que alívio! Mais destaques, “livres pra voar” (com o Objeto Amarelo), “o clube da obediência” e “um Z e dois zeros”. O bando não se vendeu! Que bons ares esses do mar! De fato, Florianópolis fez muito bem ao bando, Joinville é só um punhado de cal que serve para sepultar de vez esperanças e felicidades. Florianópolis deve ser uma cidade muito feliz, alegre, harmoniosa, e eu também quero morar na capital de SC! Joinville é uma farsa, como podem meio milhão de pessoas poderem sobreviver naquela merda de cidade? Deus no sétimo dia se agachou em São Francisco do Sul e descansou evacuando suas frustrações no que depois passaria a se chamar colônia Dona Francisca, mais conhecida hoje em dia como Joinville. Ah, mas isso o personagem do açougueiro em Gangues de Nova Iorque já disse, só que ele se referia (injustamente) à Irlanda, ele não conhecia Joinville. Merda de Joinville. As coisas boas de Joinville ou morrem ou se mudam para outra cidade. Os Legais, nós sentimos sua falta! Por favor não voltem à Joinville, fiquem em Florianópolis, Campinas, Londres, em qualquer lugar, contudo não ousem voltar à Joinville! Não estraguem essa coisa tão linda com Os Legais voltando para aquela cidade de bosta. Ah, a outra banda (ou entidade) do split é o Willie Kampff, do Canadá. Sua contribuição ao lançamento é fenomenal, tudo o que Os Legais escancaram de maneira sublime e caótica Willie Kampff sintoniza de maneira fina a estética do naïve e complementa musicalmente simples e mais direto a fase infantil do ser humano. Antes de ser um aprendizado é uma experiência! A revolução passa pelas calçadas, ruas, paralelepípedos, asfalto, terra e sujeira, pelo chão, e é para lá que devemos olhar. Ou para cá, para quem já está no chão.

OS LEGAIS – FROTO IVO (32 musicas, 2007)

32 petardos com o que há de mais inacreditável em vários anos de Os legais. Mais um passo a frente na marcha sem fim do apocalipse. Horror e medo. Samplers, registros pré – históricos e muitos traumas sérios. De 1993 até 2007 muita coisa mudou: éramos crianças e agora somos senhores peludos com empregos e ganha pão próprio. Muitos fãs de Os Legais desistiram do mundo do rock fazem anos, assim como muitos membros da banda desistiram da vida ou de qualquer atividade relacionada ao grupo. Membros da banda desapareceram do mapa, outros abriram igreja evangélica, outros ainda se tornaram maridos dedicados com vida profissional estafante e alguns já fazem filhos. Froto Ivo reúne o que há de mais essencial na história dos primeiros anos da banda, quando tudo isso parecia distante e todos seus membros viviam em Joinville. São gravações entre 1993 (3 anos antes da formação da banda) realizadas por Marcius, até 2001 quando o grupo se dividiu por várias partes do mundo. Isso significa que Froto Ivo é uma coletânea??? Sim e não!… Sim porque reúne músicas gravadas na época de Os Legais(1997) , Bulhorgia 2000 e antes disso ainda, e não porque são todas inéditas e algumas já estão entre os grandes clássicos da banda e são executadas exastivamente ao vivo fazem anos como “Eu Tomo Acido”, “Fluídos da Solidão” e “Tudo” e que agora finalmente enxergam a luz do reconhecimento público, depois de anos trancadas no covil de Gurcius.

Nunca um disco de Os Legais foi tão divulgado em entrevistas e teve data de lançamento anunciada tantas vezes como esse, aumentando mais ainda o mito de que Gurcius tranca os lançamentos em casa de propósito. Além das várias fases e formações da banda em todos estes anos, o disco contém participações do pianista autoditada de Schroeder/SC: Wandon Bellou (apresentando a versão completa da musica tema de Nosferatum), Édson Luís (The Power of the Bira e também produtor do disco) e um batalhão de músicos. Froto Ivo é um CD duplo com 32 caminhos de sabedoria, 16 em cada CD. São 70 minutos de canções inéditas, com musicas de seis minutos e outras de 20 segundos.

Um mergulho jamais dado e o mais fundo possivel nas raízes hediondas de Os Legais, com tudo que se pode esperar da banda e muito mais: temas instrumentais, homenagens ao Topo Gigio, releituras de clássicos da musica mundial, samplers de filmes gore e canções antigas, flertes com Grind, Ray Coniff, Hardcore, musica eletrônica e tudo que há de mais refinado em mais de 9 anos de produção demente. O encarte é no padrão de qualidade já consagrado aqui, nos mesmos moldes do split CD com Willie Kampff, com uma capa frente e verso retratando de forma melhorada a Santa Ceia, com Lepra’s Man ao centro e Jesus mais pro lado perto dos filhos do Lepra’s Man. Na parte de dentro temos um lindo poster frente e verso colorido com fotos e os nomes das musicas e dados do disco.

Os 32 caminhos da sabedoria de Froto Ivo:

1- “AMANTES DA PROSTATA”: Não dá pra falar muito sobre esse disco ainda, já que acabamos de lançá–lo. Mas estamos muito orgulhosos do resultado, tanto musical quanto gráfico. O disco já começa contando a história de uma vida inteira: da infância do indivíduo até a idade adulta mas no início não dá pra ouvir direito o que o marcius fala, a pessoa precisa absorver o disco e a melhor forma de fazer isso é tentando entender o q é dito grudando os ouvidos nas caixas de som sem destruir o espírito. Termina com reflexões edificantes sobre o vírus HIV.

2- “FLUÍDOS DA SOLIDÃO”: Começa com nossa perfeita bateria produzida em casa, fala sobre pessoas que encontram a felicidade na total e completa falta de higiene, provando q é possível conviver com a doença. Tá tudo perfeito. Essa é clássica mas não funcionou muito bem ao vivo. No fim você escuta alguns ruídos produzidos pelo marcius na infância dele e tem relação direta com a musica.

3- “MACH GoGo”: Esse é o tema do speed racer.

4- “EU TI VI EU TI LIGO”: Fala sobre invasão de privacidade e problemas de relacionamento, outro grande clássico da banda e uma de nossas melhores músicas….

5- “O COMBOIO DA PORNOGRAFIA”: Essa serve de ponte de ligação entre a faixa 4 e a 6. Fala sobre infância.

6- “EXAGERADO”: Homenagem ao HIV do Cazuza, mistura duas gravações diferentes, uma delas em 1999 no estúdio e outra com nosso gravador caseiro destruído em 1997.

7- “PRELUDIO PARA O HORROR”: Aqui o disco começa a ficar místico e um pouco mais musical, grande colaboração de Wandon Bellou. O cara é um gênio e já fez e faz muito por nós. Nunca esqueceremos seu legado em nossas horrendas canções. Você pode ouvir trechos dessa musica no meu filme Nosferatum.

8- “TUDO”: Essa é uma versão para uma musica da antiga banda joinvillense A–77. É a melhor música deles, que por sua vez eram uma das melhores bandas que já surgidas em Santa Catarina. Essa música é linda e os caras tocando ela ao vivo era maravilhoso. Mudamos a letra ao nosso paladar lindo musical.

9- “FROTO IVO”: Música tema do disco. discute o futuro da humanidade.

10- “O TRIUNFO DA VONTADE”: Momento de horror psicodélico comandado por Wandon Bellou….

11- “VIBRAÇÃO TERMINAL”: Momento de reflexão, fala sobre o abuso da imprensa e novamente sobre invasão de privacidade, inspirada na morte da princesa Diana.

12- “A MASCARA DE SERENIDADE”: Novamente o horror…

13- “A CRUZADA DE TERCEIRA IDADE”: Também baseada em história real…. Trata de tragédia, nostalgia e depressão.

14- “GARGANTAS NO ASFALTO”: Amor.

15- “DOENÇAS EM FURIA”: Essa já começa como se fosse pela metade e tem a gravação mais horrível de todas , mas coloquei ela aqui porque é uma das minhas preferidas, o inicio não faz sentido nenhum. Fala sobre a dificuldade de aproximação entre celebridades e pessoas comuns.

16- “SUAVE CHUVA DO AMOR”: Virtuosismo total em fantástica musica instrumental.

17- “EU TOMO ÁCIDO”: Já publicada em coletâneas. Clássica. A letra fala de rotina e insatisfação do ponto de vista de quem vê a dor como uma porta para o prazer.

18- “O BUMBO É MEU MUNDO”: Essa foi gravada logo em seguida com a anterior, fala sobre a obsessão como forma de exorcizar o próximo.

19- “LEGIÕES DA DECADÊNCIA”: Continua a saga de perversão que percorre todo o disco.

20- “LÁGRIMAS DE LUZ”: Começa com essa guitarra que tem tudo a ver com o verão, que é a estação q serve de pano de fundo pra essa que, basicamente, é uma canção de amor.

21- “EU AMO ALICE”: Outra canção de amor universal, envolvendo todas as formas de vida……..

22- “PRINCESA CHOCOLATE”: Como se fosse algo q sobe a superfície de vez em quando entre as musicas…….

23- “ATÉ TU É UM TATU”: A musica descreve o processo de auto conhecimento do ser humano, que as vezes acontece de forma tardia… Participação de Edson Luísnovamente. Maravilha.

24- “A IDADE DO DESEJO”: Quantos anos você tem?

25- “NEM TUDO NEM TODOS TEM OLHOS”: Fala sobre aqueles que não percebem quando estão errados. E é também uma homenagem à gênios como Lucio Fulci, Lloid Kaufman, Petter Baiestorf, Ruggero Deodatto entre outros cineastas underground…

26- “MENININHO DO PRAZER”: Prazer completo escorrendo pelas entranhas….

27- “ALCOVA”: Muito podre a gravação dessa, mas a musica é maravilhosa com uma letra linda! Mais uma canção de amor sobre pessoas incontrolavelmente egocêntricas.

28- “OLHOS PRA VOCÊ”: Quem vai agüentar uma musica de 5 minutos a essa altura do campeonato, eu não sei, mas essa musica é mais linda do disco. Canção de amor baseada em relatos verdadeiros de amantes apaixonados e no legado de Ray Coniff, pretendo escrever um livro baseado na discussão iniciada aqui.

29- “ORQUÍDEA CREMOSA”: Tudo cremoso. Realmente é difícil falar das canções deste disco, tudo ainda muito próximo. Daqui a dois anos, posso escrever muito mais a cerca destas músicas do que agora, recém saídas de nossos cérebros. (PS: os anos se passaram e ainda não sei o que falar aqui…).

30- “MAMADEIRA PAPAI GLANDE”: Uma musica sensual básica sobre relacionamentos familiares. Quase como um mantra na verdade.

31- “PENETRAÇÕES INFIÉIS”: É uma canção sobre traição e solidão que antecede um de nossos próximos discos e o longa metragem chamado Marcius.

32- “SOMOS A OBRA PRIMA”: Fechando com chave de ouro nossa musica mais musical até agora, com letra feita e tudo. Foi uma maravilha gravar isso. Fala sobre a grandeza de sermos nós mesmos e o privilégio de cruzar o tempo com sabedoria, entre essa e a anterior pode haver silêncio, gravamos mais versões dela pra aproveitar o sucesso, que saíram anteriormente no split CD com Willie Kampff. Essa canção encerra os chamados 32 caminhos da sabedoria de Froto Ivo.

OS LEGAIS – AR SILVESTRE (2009, 15 músicas, 51 minutos)

Este é o disco com a capa mais meiga e ao mesmo tempo o disco mais musical de toda a história da banda, iniciando uma nova era, que tem feito parte do publico feliz e outros não muito. Ar Silvestre é um mergulho, um mergulho nas profundezas do amor, da doença e da paixão. Um mergulho agradável em um universo que neste disco está um pouco mais ordenado, mas não menos ácido. Escute o canto das baleias, dos passarinhos, o ruminar das vacas, o som das águas e tudo mais que a natureza pode oferecer em disco recomendado aos fãs da verdadeira meditação transcendental. São 15 musicas executadas com uma equipe de nada menos que nove músicos, divididos em uma série interminável de instrumentos. Alguns profundos conhecedores de musica erudita, outros profundos conhecedores da total falta de talento, unidos em prol de um mundo mais belo, mais colorido e lindo. Utilizando violinos, piano, flautas, gaita, com referências a musica tradicional gaúcha, Beatles, Stevie Wonder, Fun People e muito mais, mas que, com exceção destas pequenas referências espalhadas pelo disco é o primeiro disco que não possui versões adulteradas de musicas de outras pessoas: “Temos a mania de recriar músicas que a gente odeia, pro Ar Silvestre, decidimos recriar a nós mesmos, a música “Relação em Pratos Limpos” explica isso aos fãs do noisecore de nossas primeiras gravações, que talvez se decepcionem”. Isso significa que o disco não é barulhento, pervertido e irritante??? Pelo contrário, é barulhento, irritante como sempre, e talvez um dos mais pervertidos e desgraçados de todos, com a acréscimo de que agora também consegue ser “musical”, isso mesmo, um disco totalmente ornitorrítmico.“Pela primeira vez em 12 anos, conseguimos fazer um disco, onde conseguimos um resultado musical sem constrangimento, e ainda sem a utilização de acordes, ou qualquer noção musical que seja, nas guitarras e baixo.” Um disco criado especialmente para a salvação da natureza, comemorando os 12 anos de existência da banda. Enviado para a gráfica em dezembro de 2007, é agora no inicio de 2008 que você pode ouvir e relaxar com esta dádiva do mundo musico/animal. Sinta o Ar Silvestre. Sinta a força dos hipopótamos voadores.

Tracklist:

01 – Calcanhar Mimoso

02 – Relação em Pratos Limpos

03 – Anorexia

04 – Lama

05 – O Mais Querido

06 – Lembranças da Planície Dourada

07 – Depois da Linda Chuva

08 – Desejo de Nascer

09 – Água

10 – A Síndrome da Vez

11 – Desafio na Floresta

12 – Cadê meu Pezinho

13 – Bailar é meu País

14 – Tudo que me Convêm

15 – O Paraíso das Baleias Cantantes

Texto de Aristeu Rudnick

Com muita demora acabo por realizar a resenha deste incrível lançamento e vem a triste conclusão, eu invejo Os Legais.nÀ revelia dos fãs mais hardcore da banda, a boa produção do novo disco é válida sim, situação até provocada na faixa “Relação em Pratos Limpos”, e para quem achou que a irreverência foi limada com o tempo, ela foi na verdade é lapidada, o que antes era um diamante bruto (ou carvão, como preferirem) agora é uma portentosa peça de joalheria. Não se iluda com falsos profetas. O que há de genial neste CD é justamente essa subversão caótica e ao mesmo tempo fluida e infantil, como se crianças resolvessem tomar o mundo e recriá-lo como se fossem adultas. O resultado chocante é sublime e terno, numa total desconexão com padrões congelados de ética e moral, até porque isso é coisa de gente grande, surpreendendo ao expor como somos confrontados com os nossos ideais e idéias. Esse estranhamento e gozo, ou na pior das hipóteses dúvida, por si já bastam para diferenciar e valorizar um bando de moleques que aparentemente nem sabe o que está tocando frente a mais uma desnecessária banda metódica e clássica, e isso sim que é especial, único. Sempre desde o início eu odiei a proposta idiota da “banda”, até porque me incomodava alguém ser pior que a banda que também tinha tocado, o Alpha Asian Malaria. E o que parecia ser apenas uma piada evoluiu e se transformou em um conceito mais amplo, coisa descabida nesse gênero do Noise, Anti-Música.

O que esses caras fizeram ao longo dos anos mostra que a reciclagem não só de isopor mas de idéias tornou esse lançamento em especial, Ar Silvestre, em um divisor de águas no gênero, provando que não se trata meramente de Anti-Música, como também é Música! É a impensável e impossível (até então) união do Noise com o Pop! Mesmo se tratando de uma compilação de sons já que a banda possui um acervo gigantesco de músicas gravadas e ainda não lançadas, a seleção para este CD foi inspirada e divina! Transformar ruídos em complexas harmonias não é qualidade única do Merzbow, temos aqui seguramente um exemplar digno da cultura brasileira, sem as fáceis fórmulas de regionalização, que pode afrontar de igual para igual com qualquer ícone mundial.

Vejo Os Legais como vanguarda na música experimental, contudo acho melhor eles não saberem disso. O fato é que este CD é uma obra-prima e poucos poderão perceber as sutilezas e os detalhes que justificam tal padrão sem se ater no alegado humor infantilóide, o humor que existe não é aquele intervalo atenuante da atmosfera violenta, é natural e siamês à violência, é a outra faceta do mesmo cubo que leva ao inferno de Hellraiser. Um inferno bufão, fanfarrão, de Joker, do Coringa, do palhaço, com a vantagem de ser revertido após o término da audição… não totalmente!

Sabe, eles poderiam fazer uma música sobre esporrar na cara de um feto malformado soar como uma cantiga de ninar versando a declaração de independência feminina!

Afinal de contas, quem é digno de prêmio, os homens por evoluírem e construírem armas e espaçonaves ou as plantas que simplesmente repovoaram um planeta deserto e reconstituíram-lhe a vida? Fico com as plantas e as baleias. Putz, se bem que armas e espaçonaves são legais também…

Curupira Club, 2007, no dia que conheci Gurcius Gewdner.

COMENTÁRIO DO DISCO FAIXA A FAIXA:

Já na primeira faixa, “Calcanhar Mimoso”, a verve típica inglesa aflora nas palavras do Tio Mimoso, convidando não só as crianças a participar da festa, porém a todos os ouvintes, representados pelas figuras infantis retratadas. E é isso que no final se sobressai, somos todos crianças inocentes frente ao trabalho escandaloso e sensual dessa trupe circense.

“Relação em Pratos Limpos” promete a discórdia, começa musical (!) para a inevitável queda do penhasco em seguida, a abertura das cortinas: gravando em um estúdio com a participação de inúmeros convidados, a barreira sonora intransponível da banda se revela na junção dos pequenos detalhes, mesmo que apenas uma pessoa ou outra saiba o que está fazendo, a gravação limpa desnuda o ruído e comove pela sensação irrequieta que o resultado final ainda provoca.

O vocal de Marcius conduz a música seguinte, “Anorexia”, com um Gurcius fora do tempo no vocal de apoio, aproximando vários ritmos desconexos numa linha torpe e masturbatória. É a melô do orgulho e satisfação com referencias a Beatles e Carpenters.

Ah, e como deixar escapar a influência brejeira dos nativos da ilha, “Lama” vai além de recriar a confusão de sotaques, desenha e joga as tintas para formar o cenário de mangue mais eficientemente que as bandas recifenses do tal Mangue Bit.

É claro que tem para a outra base do trio vitaminado, em “O mais querido” Igor arregaça as mangas e surge de maneira triunfal! Tomando todas as atenções e virando a mesa frente aos outros membros, a letra debocha da facilidade em angariar respostas, e mesmo que não seja nada sutil pelo contrário, tratar-se-á de um dos grandes hits da carreira do conjunto!

A crítica contundente às mentes retrógradas que insistem em viver no (e do) passado, leia-se a década de setenta, é tratada em “Lembranças as planície Dourada”, e um oportuno teclado imitando o famoso Hammond deixa tudo mais apetitoso. Nem o The Who com “My Generation” chegaria tão longe, justamente por não terem cumprido a promessa na famigerada letra.

Os amigos não são esquecidos e um caso curioso (que não é o de Benjamim Button) vislumbrado pelos mesmos é homenageado, sobrando até referências ao The Power of the Bira e às vacas e bois do curral (“Depois da Linda Chuva”).

Outro hit instantâneo surge, “Desejo de Viver”, numa levada sambista que não faria feio em nenhum carnaval, mais um refrão pegajoso que fica difícil não cantarolar aos plenos pulmões após o término da faixa… Por que algumas coisas acabam? Por que algumas coisas nem começam? Perfeito! Estrategicamente a faixa coloca-se no meio da audição, como não estamos acostumados a ouvir vinis, seria um perfeito início de lado B. Ah, e aproveitando o chiste, no caso d’Os Legais seria escutar um ovnil, o-vi-nil… uma coisa de outro mundo… Entenderam? Pegaram? Ein? Ein? Eu sou foda.

“Desafio na Floresta” resolve por absolutamente não resolver nada; você está acostumado com intrigas e adivinhações, mistérios? É um jogo embutido no sistema, se você for capaz mande a resposta à banda, abaixo segue o e-mail para contato.

Nunca Os Legais foram tão ricos musicalmente, nem o reggae foi ignorado, “A Síndrome da Vez” escancara essa riqueza artística de uma maneira que Pink Floyd tentou fazer e não conseguiu, imagino que The Wall cairia como uma bomba na cultura mundial se Os Legais tivessem-na gravado. Se você acha que o binômio Skacore é realmente ultrajante, tente ficar impassível a esta fusão mágica de Reaggae, Punk e Progressivo.

A banda também quer que outras bandas desconhecidas também possam receber os louros da fama, para isso recriaram “Água” dos obscuros Fun People, se você nunca ouviu falar deles esta é uma ótima oportunidade para desvencilhar essa ignorância. Fora que os novos arranjos estão superiores aos argentinos, mas tudo bem, um dia eles aprendem a jogar bola também.

Mudando a temática de alegria, a tristeza toma seu lugar em “Cadê Meu Pezinho”, o momento mais soturno e introspectivo do CD, o tom de balada funérea capota e se despedaça junto os narradores da história, numa disjunção de carnes, ossos e lágrimas, se você tem coração fraco é melhor não ouvir isso.

Acho que este Cd é um acerto de contas em diversos sentidos, inclusive entre os membros da banda, comovidos e orgulhosos com os novos ares que um de seus famosos protagonistas está tomando, essa surpresa/ homenagem deve recapturar a humanidade perdida na faixa anterior para quem sobreviveu e fazer abundar lágrimas de alegria com uma sensação de peso nas costas e ardor no pescoço. Vai tchê! (Bailar é meu País)

O Cd está acabando e somos brindados com mais um Hit intergaláctico, “Tudo que me Convêm”, numa demonstração de montanha russa musical, o diálogo entre Igor e Marcius expõe todos os desníveis e obliterações numa relação que na verdade nem existe, coisas de platônicos e uma importante metáfora sobre a cerne da política para a juventude dos dias de hoje. E como não se encantar pelo riff de teclado? Nem Zezé diCamargo e Luciano conseguiriam isso. Muito menos Jean Michel Jarre (observe que ambos podem até ser alvo de comparação em se tratando de Os Legais, não é para qualquer um).

E como tudo na vida tem um fim, menos paras as salsichas porque elas tem dois, “O paraíso das baleias cantantes” resgata o lado crooner de Roberto Carlos e reinventa para os dias de hoje. Caso você seja um fã incondicional da melhor fase do Rei, que é a década de oitenta, óbvio, sofrerá inúmeros orgasmos ao som de Stevie Wonder nos fundos, no bom sentido é claro, até porque o que os olhos não vêem o coração não sente. E com esse pensamento aliado às flatulências verbais das baleias encerra-se mais um capítulo da novela Os Legais.

Textos de Gurcius Gewdner & Aristeu Rudnick.

Hieronymus Bosch e as Delícias das Tentações Cristãs

Posted in Arte e Cultura with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 30, 2012 by canibuk

Hieronymus Bosch era pseudônimo do pintor Jeroen Van Aeken em homenagem à sua terra natal ‘s-Hertogenbosch (que significa “A Floresta do Duque”), cidadezinha que fica a 80 km de Amsterdã. Bosch foi influênciado por pintores alemães como Martin Schongauer, Matthias Grünewald e Albrecht Dürer e, séculos mais tarde, se tornou fonte de inspiração para o movimento surrealista do século XX.

Nascido em 1450 (e falecido em 1516), sabe-se pouco sobre a vida pessoal de Bosch. Especula-se (sem provas concretas) que o pintor teria pertencido a uma das seitas que na época se dedicavam às ciências ocultas, onde teria aprendido os segredos dos sonhos e da alquimia e, em conseqüência destes estudos, teria sido perseguido pela santa Inquisição católica.

As obras de Bosch se inspiram na mitologia da religião cristã e, com refinado dom para o uso das cores, criou uma série de fantásticos quadros de ordem religiosa, com macabras imagens que perseguiam o homem medieval (e ainda perseguem, se julgarmos a força destas seitas cristãs nos dias de hoje, de católicos à evangélicos, com seus dogmas que transformam qualquer liberdade/livre pensar em pecado).

Bosch assinou somente sete de suas pinturas, o número exato de obras sobreviventes do artista é motivo de discussões em mesas de botecos desde que as mesas de boteco foram criadas. Sabe-se que a partir do séxulo XVI numerosas cópias (ou variações) de pinturas suas começaram a circular devido ao seu influente estilo e que foi amplamente imitado por seus numerosos seguidores.

Meu primeiro contato com a obra de Bosch foi quando criança, tinha meus cinco ou seis anos de idade (lá por 1979/1980) e era fascinado por uma toalha de mesa que minha vó possuía estampada com vários desenhos retirados de “O Jardim das Delícias”, sua obra mais famosa. A arte de Bosch, mesmo que numa toalha de mesa suja por migalhas de pão e respingos de café, exerceu grande influência na minha personalidade de moleque avesso às autoridades.

Filmes

“Hieronymus Bosch” (1963, 16 min.) de François Weyergans. Com: María Casares (narração).

Em seu segundo curta-metragem o diretor François Weyergans, que nos anos de 1960 escrevia para a Cahiers du Cinéma, traça uma breve biografia do genial pintor. Não consegui achar este crta para assistí-lo.

“Le Jardin desDélices de Jérôme Bosch” (1980, 34 min.) de Jean Eustache. Com: Sylvie Blim, Catherine Nadaud e Jean-Noel Picq.

Este média-metragem francês, também conhecido pelo título “Hieronymous Bosch’s Garden of Delights”, é uma comédia dramática onde o cineasta Jean Eustache reconstituí uma discussão – que ele testemunhou anos antes – do psicanalista Jean-Noel Picq com algumas pessoas. Jean Eustache não é considerado membro da Nouvelle Vague, mas seu estilo de filmar dialoga com essa escola estética. Seu filme mais famoso é “La Maman et la Putain” (1973), estrelado por Jean-Pierre Léaud, com roteiro que Bernardo Bertolucci surupiou quando realizou seu “The Dreamers” em 2004.

Se achar, veja também “Il Paradiso Perduto” (1948, 10 min.) de Luciano Emmer e Enrico Gras.

Veja aqui “Le Jardin des Délices de Jérôme Bosch” (1980):

Purana Mandir

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , on março 29, 2012 by canibuk

“Purana Mandir” (1984, 145 min.) de Tulsi Ramsay e Shyam Ramsay. Com Aarti Gupta, Mohnish Behl, Pradeep Kumar e Ajay Agarwal.

O filme começa com o cortejo real de Raja Harimansingh, sultão de Bijapur, perto de Kali Pahari (traduzindo: “montanha negra”) onde a filha do sultão, princesa Rupali, se perde perto do covil do adorador do diabo Samri (Ajay Agarwal), que logo se encarrega de matar a princesa. Após ser aprisionado pela guarda do sultão, Samri é levado a julgamento e, antes de ser morto, amaldiçoa Raja Harimansingh e suas futuras gerações. 200 anos depois Suman (Aarti Gupta), descendente do sultão, é uma estudante de faculdade prestes a se casar com Sanjay (Mohnish Behl) e com ele passa a maior parte do tempo se divertindo em piscinas, praias e discotecas. Mas o pai de Suman (interpretado pelo veterano Pradeep Kumar) não aprova o namoro porque Sanjay não vem de uma linhagem real. Assim nosso casal dançante de heróis empreende uma viagem até Kali Pahari com o nobre intuito de quebrar a maldição de Samri e, com isso, Sanjay ser aceito como esposo de Suman.

Clássico do cinema de horror indiano, “Purana Mandir” é uma ótima introdução ao peculiar cinema popular indiano onde, sempre, sensacionais números musicais fazem parte das mais mirabolantes tramas familiares. Na Índia um bom casamento é a principal preocupação das família e essa trama, menina rica casando com rapaz de casta inferior, é explorada em praticamente todas as produções de Bollywood. Com “Purana Mandir” os Ramsay Brothers, como são conhecidos, definiram os elementos necessários para o cinema de horror da indústria local fazer sucesso popular. Tudo neste filme é over: Os efeitos sonoros, os efeitos especiais, as maquiagens, a duração, os números musicais, figurinos, até as interpretações canastronas. Tudo extremamente exagerado com aquele delicioso sabor Kitsch, ou seja, são gargalhadas garantidas durante seus longos 145 minutos de duração. No cinema indiano tudo é grande!

Tulsi Ramsay e seu irmão Shyam são filhos do lendário FU Ramsay (seus outros irmãos são Kumar, Keshu e Kiran) e, em parceria, dirigiram vários filmes de horror como “Tahkhana” (1986), “Veerana” (1988) e “Bandh Darwaza” (1990) que se tornaram cult movies (principalmente no mercado de vídeo americano e europeu). Os Ramsay Brothers geralmente filmam com baixo orçamento, o que explica os exageros cômicos em suas produções.

Pradeep Kumar se tornou conhecido do público indiano quando ganhou um importante papel no filme “Anand Math” (1952) de Hemen Gupta, uma produção patriótica hindi sobre a revolução Sannyasi que aconteceu no leste da ìndia no final do século 18. Kumar faleceu em 2001. Aarti Gupta hoje não trabalha mais na indústria cinematográfica indiana, seu filme mais popular é “Purana Mandir” (ela trabalhou em vários filmes dos Ramsay) e ao se casar desistiu da carreira de atriz, revelando uma terrível faceta da sociedade machista indiana onde o marido controla as escolhas de esposa.

“Purana Mandir” foi lançado em DVD – uma versão double feature com “Bandh Darwaza” – nos USA pelas mãos da distribuidora Mondo Macabro em uma edição dupla que vale a pena adquirir. O filme também está completo no youtube, coloque carregar e prepare-se para dançar requebrando com este delirante exemplar do horror dançante indiano.

The Killer Barbys

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 28, 2012 by canibuk

“The Killer Barbys” (“O Massacre das Barbys”, 1996, 93 min.) de Jesus Franco. Com: Santiago Segura, Silvia Superstar, Mariangela Giordano, Aldo Sambrell, Charlie S. Chaplin e Carlos Subterfuge.

Seguindo a tradição do hoje clássico trash “Hard Rock Zombies” (1985, de Krishna Shah), “The Killer Barbys” começa com a banda “The Killer Barbies” (no filme “Barbies” virou “Barbys” por questões envolvendo direitos autorais) fazendo uma eletrizante apresentação numa casa de shows vagabunda onde mostram um pouco de seu pop-punk rock (as músicas da banda são pavorosas, tanto que grudam no ouvido e não saem mais). Depois da apresentação a banda pega a estrada e sua van quebra no caminho (na verdade eles são vítimas de uma armadilha que Santiago Segura, hilário e canastrão no papel de um pervertido, preparou). Depois do acidente a banda é acolhida no castelo de uma condessa maligna (Mariangela Giordano, madura e bela, interpretando uma espécie de condessa Báthory moderna) que se mantém jovial bebendo uma poção preparada com o sangue de jovens aprisionados por Segura.

Como em qualquer outro filme do espanhol Jesus Franco, não espere nenhuma lógica. “The Killer Barbys” é uma sucessão de divertidas cenas desprovidas de sentido que valorizam os delírios envolvendo sexo, nudez e violência exagerada, como na magnífica cena do matadouro humano onde Segura tira o sangue das vítimas penduradas como se estivessem num macabro açougue de carnes humanas (tudo isso sem a menor preocupação de fazer as pobres vítimas realistas, cadáveres e cabeças humanas decepadas – cobertos por tinta vermelha – são reveladas e notamos, cúmplices, que tudo é falso, uma linda orgia de sangue doce e corpos de látex).

Jesus Franco é uma lenda do cinema classe Z mundial. Nascido em 12 de maio de 1930 se tornou famoso quando dirigiu “The Awful Dr. Orloff” (1961). Sempre trabalhando com orçamentos minguados, Franco se especializou na produção de filmes de horror carregados de sexo e, na maioria das vezes, estrelado por sua esposa Lina Romay. Filmou tudo que é tipo de gêneros, trabalhou com atores como Christopher Lee, Klaus Kinski e Howard Vernon, tendo um ritmo de trabalho tão intenso que no ano de 1983 chegou a dirigir 14 longa-metragens (em 1986 assinou 13 títulos e em 1973 outros 11 títulos), mantendo uma produção que chega, hoje, aos inacreditáveis 193 filmes dirigidos.

Santiago Segura (nascido em 17 de julho de 1965) é ator, roteirista, produtor e diretor de filmes. Em 1995 ficou famoso na Espanha ao estrelar o longa “El Dia de la Bestia” de Alex de la Iglesia e, em 1998, chamou atenção ao dirigir o mais lucrativo filme do cinema espanhol, “Torrente: El Brazo Tonto de la Ley”, que bateu a bilheteria de “Titanic” em solo espanhol. Voltaremos a falar de Santiago Segura no Canibuk em breve.

A banda “The Killer Barbies” foi formada em 1994 e é comandada pela vocalista Silvia Superstar (Silvia García Pintos). Lançaram pela gravadora espanhola Toxie Records três álbuns: “Dressed to Kiss” (1995), “… Only for Freaks!” (1996) e “Big Muff” (1998). Após o sucesso destes três álbuns (cada um tendo vendido uma média de 10 mil unidades), assinaram com o selo alemão Drakkar Records e venderam suas almas para Satã.

Em 2002 Jesus Franco dirigiu uma continuação de “The Killer Barbys” chamada “Killer Barbys Vs. Dracula”, igualmente divertida e exagerada para a sorte de todos os trashmaníacos. “The Killer Barbys” foi lançado em DVD no Brasil pela sempre picareta distribuidora Continental.

O Caso Alien

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , on março 27, 2012 by canibuk

HQ com roteiro de Cary Bates e arte de Val Mayerik que foi publicada no Brasil pela revista “Almanaque de Kripta” número 3 – Especial Erótico (em novembro de 1979).

She Demons Blog

Posted in Fanzines with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 25, 2012 by canibuk

Hoje quero indicar o blog She Demons feito pelo meu parceiro de produções de longa data Coffin Souza (amparado pela ajuda da atriz Gisele Ferran) que está na net desde o carnaval deste ano e tem publicado muito material lindo sobre Scream Queens e femmes fatales de todas as épocas, principalmente garotas autênticas e talentosas que tem muito o que dizer (e mostrar) nas artes obscuras do submundo psychotronic mundial.

She Demons foi, inicialmente, um fanzine editado na metade da década de 1990 pelo ator e maquiador Coffin Souza. Foram cinco edições especiais do zine “Suspiria” (outra publicação de Coffin Souza que marcou época) publicadas entre a primavera de 1995 e o reveillon de 1997. O primeiro número saiu com tiragem de 50 exemplares e a última com 500 exemplares e deixou muita saudades após o cancelamento de sua publicação. Era distribuido no Brasil e objeto de culto para colecionadores especializados em tranqueiras cinematográficas de países como Espanha, Itália, Turquia, Japão, USA, Argentina, Suécia, Bélgica e Portugal.

Sobre essa época Coffin Souza nos deu o seguinte depoimento: “Depois que o zine foi divulgado na Psychotronic, recebi correspondência de todo o mundo, de Scream Queens como Debbie Rochon a diretores como Jim Wynorski, e até uma carta de um presidiário Suiço. Ele fora preso por porte de MUITA droga e cumpria pena de muitos anos, era fanático por filmes de terror vagabundo e dizia que tinha uma grande coleção em casa, ele realmente curtia o zine escrito em português, comentando pelas fotos que identificava. Uma vez ele pediu para publicar uma carta dele pedindo contato por correspondência com meninas brasileiras, publiquei, mas não sei se ele recebeu alguma carta de meninas brasileiras. Um dos últimos fanzines que enviei chegou ao presídio em que ele estava, depois dele já ter sido tranferido para o presídio de outra cidade, mas o sistema presidiário suiço e o correio suiço o acharam e lhe remeteram o fanzine assim mesmo!!!”

Para os leitores do Canibuk uma linda surpresa, Leyla Buk (co-criadora do Canibuk), pintora, escultura, ilustradora, designer e, entre tantas outras coisa, minha amada, foi entrevistada pela Gisele Ferran e fala sobre sua arte. A entrevista está imperdível e fica aqui a dica para que os leitores do Canibuk dêem uma conferida na entrevista clicando aqui (e passem a visitar regularmente o She Demons porque eles estão trazendo muita informação valiosa sobre a subcultura cinematográfica). Leyla também fez uma ilustração exclusiva, intitulada “Demonia – Sadistic Desires”, para o blog. Outras matérias ótimas já publicadas pelo She Demons foram sobre Sasha Grey, Dyanne Thorne, Pam Grier, Pamela Green e artigos sobre Scream Queens, Milo Manara, Tanya’s Island, Urotsukidoji e Demonia.

abaixo as capas do fanzine quando era editado em papel:

Sua Agulha vai Sangrar

Posted in Bucket O'Blood, Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 25, 2012 by canibuk

Lymphatic Phlegm & Decomposing Serenity – full 7″eps imperdíveis!!!

Pois é, depois de algum tempo estamos de volta com algumas novidades! Dessa vez com lançamentos bastante especiais que contam com material inédito do Lymphatic Phlegm e também do Decomposing Serenity! E o melhor… ambos foram lançados no mais especial de todos os formatos: VÍNIL! Fernando Camacho e a grande Black Hole Productions atacam novamente para alegria dos apreciadores de música extrema com cobertura de formol, pus, sangue coagulado, tripas etc e tal!

Pela primeira vez em um full 7”ep o Lymphatic Phlegm trás músicas inéditas e que estavam guardadas desde 2006. Gore Grind forense/patológico como de costume, sem mudanças ou novas influências, esse material é comemorativo aos 16 anos da banda completados no último mês de fevereiro e trás uma palheta de presente aos primeiros compradores!

Já o Decomposing Serenity, que já foi oriundo da Austrália e atualmente é norte-americano, trás no lado A músicas inéditas e exclusivas para esse lançamento e no lado B músicas datadas de 1995 quando Witter ainda dividia algumas atividades da banda com o velho amigo Jayde do finado Viscera! Bom, para quem conhece bandas como Blue Holocaust, Gross, Savage Man/Savage Beast e Amoebic Dysentery eis uma grande pedida! As produções são um caso a parte, confira e tire suas próprias conclusões e faça seus próprios comentários! Ahhh, o Decomposing Serenity também acompanha palheta para os primeiros compradores!

O preço também é um caso a parte, míseros R$ 15.00! E lembrando que adquirindo ambos, o preço fica menor ainda, ou seja, COMPRE OU MORRA! BxHxP fazendo a máquina continuar funcionando e muito mais está vindo por aí! HAIL THE WAX!

PEDIDOS: Black Hole Productions <mail@blackholeprods.com>

Old Grindered Days Vol. 1 – 9 way split CD

Apesar de ainda não ter adquirido o material gostaria de mencionar essa grande produção realizada em conjunto por uma série de selos e bandas, muita gente boa envolvida nesse lançamento! Creio (se não estiver enganado!) que o grande mentor disso tudo foi o amigo de PE Glésio Torres e seu selo Old Grindered Days, até mesmo nome do material!

Uma reunião de peso em que eu destacaria o retorno do grande e velho NECROSE aos lançamentos oficiais e o melhor de tudo, com músicas inéditas! As outras bandas envolvidas são: Subcut, Boneache, Crunch Delights, Barulho Ensurdecedor, Pankreatite Necrohemorragica, Sengaya, Feces On Display e Ataque Cardíaco! Certamente esse material deve estar brevemente disponível em diversas distribuidoras e selos, prepare os ouvidos, adquira já o seu e possibilite que novas produções como essa sejam possíveis de ser realizadas!

Muito legal o surgimento de novos selos e com eles a possibilidade de novas bandas e também as velhas, porque não, de terem seus materiais valorizados e lançados de maneira oficial e com qualidade. Sucesso a todas as bandas envolvidas e em especial a todos os selos e pessoas envolvidas nesse lançamento, PARABÉNS!

PEDIDOS: Angela – NECROSE <abysmoj@gmail.com>

dicas de André Luiz.

Roteiro de Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!

Posted in Cinema, Nossa Arte, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 23, 2012 by canibuk

um roteiro de Petter Baiestorf.

Em 2006 fiz dois longas, “A Curtição do Avacalho” (em breve publico o roteiro ilustrado com fotos aqui) e “O Monstro Legume do Espaço 2”; o primeiro uma experiência metalingüistica anárquica sobre as possibilidades de se fazer/pensar cinema independente no Brasil sem a necessidade de ser comercial. O segundo, a continuação de meu maior cult movie, “O Monstro Legume do Espaço” (produção de 1995), desta vez com ritmo mais moroso, tentando um estranho crossover entre os clichês dos filmes B’s com o drama rural de Ozualdo Candeias, quase ninguém gostou desta mistura, mas achei uma experiência bem válida e interessante.

Depois de dois filmes prá pouco público resolvi voltar a produzir (escrever e dirigir) um sexploitation cafajeste e concebi este roteiro chamado “Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” e, em 2007, reuni velhos parceiros (Coffin Souza, CB Rot, Gurcius Gewdner, PC, Claudio Baiestorf, Elio Copini), novos parceiros (Ljana Carrion e Vinnie Bressan) e filmamos em apenas quatro dias um pequeno média-metragem cheio de estupros, na melhor tradição dos filmes de vingança dos anos 70. “Arrombada” foi lançado em alguns cinemas aqui do Sul do Brasil em programa double feature com o longa-metragem “Mamilos em Chamas” (2007) de Gurcius Gewdner e fez razoável sucesso. Segue o roteiro original de “Arrombada” para os fãs do filme, há algumas cenas que não consegui filmar nos quatro dias de produção e improvisei mudanças. Canibuk também já publicou o roteiro ilustrado de “Vadias do Sexo Sangrento” (2008).

Seq. 01- Em frente à casa do Baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Câmara estática filmando algumas flores, Vômito contra a lente da filmadora.

Corte para Traficante vomitando (segurando uma garrafa de vinho na mão) em frente as flores do jardim da casa de campo do Juiz de direito.

Juiz (com um bigodinho imitando o bigode de Hitler) e seus comandados (um velho sentado numa cadeira com cobertor tapando as pernas, Padre com batina e cruz cristã, Médico engravatado) estão na frente da casa, perto do carro do traficante, esperando por ele.

Traficante limpa a boca com manga de sua jaqueta e vai até os classe-média.

TRAFICANTE: A menina está no porta-malas!!!

Médico e Padre retiram a menina desmaiada do porta-malas do carro e entram na casa com ela.

Close no rosto do velho sentado na cadeira sem esboçar reação alguma.

Ao lado do carro ficam o traficante e o Juiz…

Traficante bebe generosos goles de seu vinho… Câmera se aproxima do rosto do Juiz.

Seq. 02 – sala da casa de Baiestorf-cidade/Noite. (FLASHBACK).

Música:

Cenas:

Sentados em uma mesa estão o traficante e o Juiz de direito.

JUIZ: Você vai pegar 35 anos de pena por tráfico de drogas, vou fazer você apodrecer na cadeia…

TRAFICANTE: Não me diga!!!… Quanta grana compra minha liberdade???

JUIZ: Não precisa bancar o durão… Sou juiz de direito, fui eleito senador pela segunda vez, sou rico e branco… Dinheiro é algo que eu tenho aos montes… Mas penso em outra coisa prá livrar tua cara, se você estiver interessado em fazer um servicinho prá mim livro tua cara fácil fácil…

TRAFICANTE: Posso arranjar qualquer coisa!!!

JUIZ: E vai, vou dar uma festinha com alguns amigos no meu sítio e vou precisar de uma garota inocente… quero que você seqüestre uma garota e me entregue neste endereço (e entrega um cartão).

TRAFICANTE: Isso é fácil… E quando eu entregar a menina qualquer coisa entre mim e a justiça brasileira será destruído???

JUIZ: Claro, te entrego os processos quando você entregar a menina!!!

E os dois apertam as mãos selando o compromisso. Bebem seu uísque com um brilho nos olhos.

Seq. 03- Em frente à casa do Baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Câmera se afasta do traficante que limpava seus lábios novamente.

TRAFICANTE: O que vocês vão fazer com essa garota?

JUIZ: Você ainda não aprendeu que, levando-se em conta sua profissão, é melhor ficar calado??? (e sorri)

TRAFICANTE: E os meus processos, quero eles!!!

JUIZ: Segunda – feira pela manhã, no meu escritório!

TRAFICANTE: você ia me entregar aqui, hoje…

JUIZ: Eu sou um juiz de direito, senador eleito pela segunda vez, um homem letrado de palavra, um verdadeiro exemplo à sociedade brasileira… Você, um traficantezinho de merda, um vagabundo que não vele o que come, você está duvidando de minha palavra??

Traficante olha para o Juiz pensativo, bebe o resto da garrafa de vinho, entra no seu carro e sai fora.

Câmera em plano fechado no Juiz que sorri diabolicamente.

Seq. 04 – Créditos

Música: GG Allin.

Créditos iniciais com ELENCO, EQUIPE-TÉCNICA.

Seq. 05 – Sala da casa de baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Câmera realiza travelling passando pela mesa do nobre Juiz de direito eleito duas vezes senador (que estava vazia) indo até na sacada da sala do Juiz, que estava de costas prá filmadora conversando com alguém pelo seu celular.

JUIZ: Hum… Calma aí… Essas coisas acontecem (se vira de frente para a filmadora nessa hora revelando que estava usando um tapa-olho)… Não há nada com o que se preocupar, alguns hematomas, alguns olhos furados acabam sendo o preço por uma vida plena de emoções… (gargalha)… Deixa eu te falar uma coisa…

Corte seco aqui. (ou corte do áudio com a cena seguindo normal sem som, ver como fica melhor na edição final).

Seq. 06 – Estrada que vai ao cemitério da ilha/Dia.

Música:

Cenas:

Louquinho de fraldas, com uma bandeira rasgada salpicada de vermelho, correndo pela estrada, câmera estava acompanhando-o até enquadrar na casa do Juiz. Um zoom aproxima a casa vagarosamente… SOPREPOSIÇÃO DE IMAGENS.

Cenas sobrepostas da casa mais próxima com a câmera em travelling em direção a porta à dentro da casa….NOVA SOBREPOSIÇÃO DE IMAGENS.

Cenas sobrepostas agora com câmera subjetiva subindo as escadas até encontrar a menina amarrada na cama. CLOSE no rosto dela amordaçado. Ela acorda assustada.

Seq. 07 – Sótão da casa de baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Câmera fixa de cima para baixo filmando as escadas que dão pro sótão. Juiz sobre pelas escadas.

Padre e o médico já estavam lá com suas roupas de trabalho (um vestido de padre e o outro vestido de cirurgião médico). Cada um deles sentado em um sofá, meros espectadores da dor alheia. Voyers do sofrimento.

Juiz tira suas roupas (alternar ele se despindo com closes de pânico na menina e closes de prazer nos rostos de seus aliados) e se dirige até a cama da menina.

Senta-se ao lado dela.

Passa seus dedos pelo rosto dela (que estava amarrada, amordaçada e vestia um vestidinho bem curto), pelos seios, pelo sexo dela.

JUIZ: Se você for boazinha conosco nos seremos bonzinhos com você também!!!

E então o juiz estupra a garota mordendo-lhe com certa fúria pescoço, seios, orelhas, etc…

Amordaçada ela tenta gritar, se debate, quer fugir daquele tormento.

O Médico e o Padre se masturbam com a cena do estupro (o Padre fica lambendo uma bíblia que esfrega, as vezes, com volúpia em seu próprio rabo).

Terminar a cena com o Juiz saindo de cima da garota e se ajoelhando ao lado do rosto dela. Close no rosto de prazer dele (havia gozado). Close no rosto desesperado dela recebendo a ejaculação no rosto (Souza, pensar em algum produto comestível que pareça porra).

Seq. 08 – Sótão da casa de baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Juiz deita ao lado dela. Lambe a porra que escorria no rosto dela.

JUIZ: Vou te soltar e você vai dar prazer para todos nós!!!

Solta a mordaça, a garota grita.

GAROTA: Me soltem, me soltem…

Apanha do Juiz e fica calada quase chorando.

JUIZ: Não adianta gritar vagabunda, estamos isolados aqui nessa casa!!!

Desamarra-a e faz com que se ajoelhe no chão do quarto…

JUIZ: Você vai se engatinhar até ele e vai pedir prá chupar o pau dele!!! (diz apontando pro Padre).

O padre se babava excitado.

Ela leva um tapa na orelha.

JUIZ: Vamos vagabunda, vai até ele e pede prá chupar o pau dele!!!

A garota vai engatinhando até perto do Padre que estava sentado no sofá. Ela olha prá ele. Close nos outros dois fdp.

GAROTA: Posso chupa teu pau!!!

O padre, em um movimento cristão, abençoa a garota e ergue sua batina. Ela olha e coloca sua cabeça sob a batina.

Closes diversos de todas as personagens.

Em dado momento o padre grita de dor, a garota havia-o mordido.

O Juiz e o Médico arrancam a menina de dentro da batina do padre e surram ela com uma cinta que havia no quarto.

Câmera vai se afastando (saindo do sótão) enquanto a guria grita de dor e o som das cintadas se espalha pela casa.

Seq. 09 – Pátio da casa do baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Câmera acompanha o velho da casa levando uma bandeja com bebidas aos três tarados que estavam sentados ao ar livre em uma pequena mesinha. O velho serve as bebidas e sai de cena.

MÉDICO: Essa aí é a potranquinha mais selvagem que já pegamos… Vou chapar ela e aí vai ser mais fácil se divertir…

PADRE: Isso mesmo, essa vagabunda nem Jesus dobra…

Gargalham. Louquinho de fraldas passa correndo ao fundo com sua bandeira.

JUIZ: Mas sabem de uma coisa, eu gosto mais quando elas tornam as coisas mais difíceis prá nós, fica mais excitante, é uma desgarga a mais de adrenalina… Chape ela com algo que a deixe consciente, vamos virar essa menina do avesso e quero que ela sinta tudo…

Fechar a cena com o Juiz levando seu drink aos lábio e bebendo-o, corte quando ele começar a afastar o copo dos lábios.

Seq. 10 – Salão de festas do prédio apollo/Dia (anoitecendo)

Música

Cenas:

Close num copo de cerveja sendo colocado sobre a mesa.

Traficante numa mesa de bar (close fechado nele, ambientar o bar com sons de bar só no áudio) bebendo, angustiado…

O Traficante estava angustiado.

Algo o incomodava.

Câmera dá zoom (vagarosamente) no rosto dele.

Seq. 11 – Casa do souza/Dia (FLASHBACK)

Música:

Cenas:

Restos de drogas sobre uma mesa, câmera realiza um travelling da cozinha da casa até na sala, onde estavam o traficante e a garota.

Ela terminava de cheirar uma carreira.

GAROTA: Porra, tu é um cara legal, me deixa ficar cheirando sem cobrar nada… Tu é legal prá caralho!!!

(Close no traficante para inserção durante o diálogo dela)

Traficante larga sua cerveja e se atira sobre a garota jogando-a ao chão entre dois sofás, com violência fica socando a garota (seu rosto escondido atrás do sofá para disfarçar os golpes falsos)…

Depois que ela estava inconsciente o traficante fica sentado, olha-a, amarra suas mãos e bebe mais de sua cerveja.

Seq. 12 – Salão de festas do prédio apollo/Dia (anoitecendo)

Música:

Cenas:

Traficante na mesa de bar soca a mesa com o punho.

TRAFICANTE: Isso não ta certo… Vou buscar a guria e foda-se aquele Juiz filho da Puta!!!… Aquele viado nem me entregou as porras dos papéis do meu processo!!!

Levanta-se, bebe o resto da cerveja do copo e sai pela porta do bar.

Seq. 13 – Sótão da casa de baiestorf/Noite.

Música:

Cenas:

Close numa seringa expelindo o ar que havia ficado junto do líquido em seu interior.

O Médico injeta na garota o líquido da seringa.

A garota sente o efeito imediatamente, ficando mais leve e solta.

Juiz e o Padre estavam olhando.

Médico desamarra a garota que se levanta.

O Padre liga um som no aparelho de som.

O Juiz e o Padre já vão abraçando a garota, beijam-na, o Médico senta-se no sofá e fica olhando, ele curtia ficar olhando, era um voyer de marca maior.

O Juiz faz a garota se curvar contra a cama e ergue seu vestido, baixa a calcinha dela e a enraba. O Padre, somente de cuecas, se deita a frente dela e a obriga chupa-lo (todas as cenas simuladas, encontrar na hora os ângulos certos para deixar a cena erótica).

Alternar a cena da orgia com o Médico se masturbando (nessa hora revelar que o médico se masturbava olhando para a bunda de seus companheiros e não da menina, era um homosexual enrustido).

Simular uma dupla penetração, mordidas nos seios da garota, afagos nas nádegas dela, etc…

A garota chapada estava completamente a mercê dos caprichos dos amigos tarados.

Seq. 14 – Sótão da casa de baiestorf/Noite

Música:

Cenas:

Close nas roupas do padre no chão, sua mão pega a batina.

Plano geral do quarto, Padre colocando a batina, Juiz e a garota deitados na cama.

Câmera fixa sobre a cama mostrando a garota e o juiz de cima para baixo, ela somente de calcinhas, ele de cuecas.

O Médico e o Padre descem do sótão.

Juiz e garota deitados na cama.

JUIZ: Ta gostando, né vadia!!!

GAROTA (sorrindo maliciosamente): Claro que estou!!!

Ela se levanta após falar isso. Coloca seu vestido, seu salto alto e olha pro Juiz.

GAROTA: Deite no chão, vou fazer algo que você vai gostar!!!

JUIZ: Eu sabia que tu era uma vagabunda!!!

E após dizer isso ele se deita no chão.

Ela sobe sobre ele e começa a excita-lo usando seus pés calçados do sapato salto alto. O Juiz não se contendo de tesão enfia as mãos sob o vestido dela e puxa a calcinha para baixo, até na altura dos joelhos.

Ela acariciava o saco dele com os pés.

Ele beijava as pernas dela.

Ela sorri e num único golpe crava o salto alto de seu sapato no olho esquerdo (fazer o tapa-olho para o lado esquerdo do rosto) do Juiz, gritos de dor, sapato de salto alto cravado no olho do Juiz, sangue denso, mãos no rosto, expressões de dor dele, expressões de satisfação dela.

Ainda sobre o corpo do Juiz a garota se agacha um pouco. Close em seu rosto que faz força. Defecava sobre o rosto do juiz (fezes falsas com bastante líquido imitando o marrom fecal)…

O Juiz vomita com a merda em seu rosto e o salto alto ainda cravado no rosto.

A Garota recoloca suas calcinhas no lugar e corre até a janela e sobe nela.

Seq. 15 – parte externa da casa de baiestorf/Noite

Música: ORNETTE COLEMAN – “Free Jazz” (37’ toca direto este som até seqüência sinalizada onde para o som ou é trocado por outro som).

Cenas:

Garota caindo para o lado de fora da janela. Sai correndo em direção a segurança da escuridão noturna.

Seq. 16 – Sótão do baiestorf/Noite.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free Jazz”.

Cenas:

Juiz levanta-se com cara cheia de merda e sapato cravado no olho, arranca-o fora. Seus amigos chegam correndo.

JUIZ: A vagabunda fugiu… Peguem-na!!!

Os dois saem correndo. O Juiz joga o sapato de salto alto no chão.

Seq. 17 – Estrada qualquer de interior/NOITE.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

Carro do traficante para no acostamento de uma estradinha de chão nas proximidades da casa do Juiz.

O traficante pega seu revólver no porta-luvas e depois de conferir que estava carregado coloca na sua cintura.

Sai do carro e para na frente do carro que tinha as luzes ligadas.

Close em seu rosto.

TRAFICANTE: Até posso ficar preso pro resto da minha vida, mas vou salvar essa garota!!!

Sai caminhando em direção à escuridão.

Seq. 18 – Mato/Noite

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

Padre e o Médico no mato.

PADRE: Vai por ali, aquele caminho é iluminado por Deus todo poderoso, eu irei por aqui, que é igualmente iluminado.

E os dois se separam.

Seq. 19 – Mato/Noite.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

O Traficante fica olhando a casa do juiz de longe.

Luzes da casa, tudo deserto e calmo pelo lado de fora.

Garota com um pedaço de pau chega por trás do Traficante e o acerta na cabeça.

O Traficante cai no chão com sangue denso respingando se sua cabeça.

A Garota tira as calças do Traficante e mete o pau no rabo dele.

Gritos de dor do Traficante.

A Garota sai dali rapidinho deixando o Traficante caído no chão com sangue vertendo do rabo, se debatendo com o pau no cú.

Seq. 20 – Mato/Noite

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

O Médico chega até no galpão que existia próximo a casa do Juiz e olha para os instrumentos rurais que havia ali.

Câmera rente ao chão mostrando o Médico ao fundo (em segundo plano) e em primeiro plano um toco com um machado cravado. O Médico caminha até o machado e o arranca do toco.

O Médico passa seus dedos no fio do machado, segura-o firme nas mãos fazendo grau com a arma improvissada.

Sai caminhando.

Seq. 21 – Mato/Noite.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

Traficante ainda agonizando com o pau no rabo, deitado ao chão, sangue respingando.

Padre para perto dele, câmera rente ao chão para valorizar o sangue espirrando do rabo do Traficante, se ajoelha próximo ao corpo.

Faz o sinal da cruz para então, na seqüência, revistar os bolsos do traficante e roubar seu dinheiro, suas drogas e a arma.

O Padre empunha a arma e sai dali deixando o Traficante se debatendo com seu rabo espirrador de sangue.

Seq. 22 – Mato/Noite.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

Médico com o machado em punho para perto da Câmera.

Corte para a Garota que entra correndo e o empurra contra uma árvore.

A cabeça do Médico bate contra a árvore espirrando sangue.

A Garota chuta-o com força.

O Médico acerta-a no estomago com o machado.

A Garota cambaleia para trás com suas vísceras saindo pelo estomago, segurando-as com as mãos.

Médico coloca as mãos na cabeça, sentia dor.

Garota derruba-o, médico cai de costas pro chão.

Garota pega uma pedra e o acerta na cabeça.

Sangue e miolos explodem.

Médico (com a cabeça real enterrada no chão com uma pedra sobre ela) fica agonizando. Muito sangue respingando para todos os lados, principalmente contra o corpo da garota que estava ofegante e com dor pós essa luta quase fatal.

A Garota sai dali cambaleante.

Seq. 23 – Mato/Noite.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

Padre encontra o Médico ainda agonizando…

Câmera se aproxima do rosto do Padre que tem um devaneio.

Seq. 23-B (DEVANEIO SURREAL DO PADRE)

Música: SINGIN’IN THE RAIN

Cada vez jorra mais sangue do corpo do Médico, Médico dança na chuva de sangue que batia contra umas folhas prá ajudar a ficar mais denso.

Imitação tosca da cena do “Cantando na Chuva”.

RESTO da Seq. 23

Padre balança a cabeça saindo do transe, faz o sinal da cruz e revista os bolsos do Médico tirando dinheiro e outras coisas de valor.

Deixa-o caído no chão agonizando, com sangue espirrando dos ferimentos.

Câmera rente ao chão mostra sangue espirrando e o Padre se afastando.

Seq. 24 – Mato/Noite.

Música: ORNETTE COLEMAN – “free jazz”.

Cenas:

A Garota cambaleante, o traficante tentado se levantar com o pau no rabo, o Médico agonizante com cabeça arrebentada embaixo da pedra, velho terminando os reparos nos ferimentos do Juiz (que está de costas), Garota Cambaleante caminhando rumo a escuridão, traficante morrendo, Médico morrendo, Garota sumindo na escuridão, Câmera se aproximando do Juiz que se vira revelando um tapa olho improvissado pelo velho.

Seq. 25 – Loteamento/Dia

Música: MANDRIL – “Children of the Sun”

Cenas:

Abri cena com o Sol, câmera abaixa revelando a Garota cambaleando por um terreno deserto sem ninguém por perto.

Ela para e olha sem esperanças pro horizonte.

O Juiz vinha de uma lado.

Garota cansada, mãos no estomago arrebentado.

Padre vinha do outro lado.

Garota se agacha sem esperanças, sem forças, para fugir.

Pegam-na e a levantam, um de cada lado.

Filmar de longe (para mostrar que não havia ninguém por perto, deserto, idéia de deserto) o Juiz e o Padre levando-a em direção ao Mato que havia em frente.

Vão se afastando em direção ao mato.

Seq. 26 – ponte no mato/Dia.

Música:

Cenas:

Câmera na altura dos olhos da Garota, travelling se afastando revela que ela estava amarrada (na forma de uma pessoa crucificada) numa ponte sobre um pequeno riacho.

Juiz estava de joelhos abraçado às pernas da Garota.

JUIZ: Tu não devia ter fugido, porque tu fugiu querida?… Se você não tinha fugido tudo teria acabado bem, tu até teria ganhado um dinheiro, ia virar minha amante, iria viver como uma princesa… Eu sou o melhor Juiz de direito do Brasil, senador duas vezes eleito pelo voto direto do povo… Tu não devia ter fugido, porque querida? … Porque???

Enquanto O Juiz vai falando seu monólogo fica beijando as coxas dela, baixando a calcinha, beijando o sexo dela, acariciando-a.

Closes no padre olhando, na Garota em desespero com lágrimas escorrendo de seu rosto.

Câmera se afastando aos poucos da cena, deixando-os ali, como se abandonando a garota a sua própria sorte.

Seq. 27 – Pátio da casa de baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Louquinho de fraldas correndo com sua bandeira.

Velho sentado com cobertor cobrindo suas pernas. Sem expressão alguma.

Seq. 28 – Sótão da casa de baiestorf/Dia

Música:

Cenas:

Câmera subjetiva sobre as escadas em direção ao sótão. Revela a garota amarrada no chão (mãos contra os pés do sofá e pernas contra as pernas da cama), em estado de choque, sem esperança alguma de conseguir revidar.

Juiz com uma faca nas mãos faz uma operação no estomago dela para retirar seus órgãos internos (*coração de porco, rins, etc… comestíveis que são vendidos em mercados).

Conforme o Juiz retira os órgãos do interior da garota vai depositando-os numa pequena bacia que havia ao lado do corpo dela.

Depois de pronto essa operação de remoção dos órgãos comestíveis, o Juiz entrega a pequena bacia ao Padre que sai dali.

O Juiz fica pelado e estupra a Garota pela última vez usando o buraco que havia no estomago dela, se sujando com o sangue dela, com as vísceras.

Rasga o vestido dela para melhor acariciar os seios ficando cada vez mais posseso pelo tesão doentio que sentia pelas carnes mortas da Garota.

Goza animalescamente urrando.

Cai sobre ela por instantes desfalecido de prazer.

Close no rosto da garota morta com os olhos abertos, sem expressão alguma.

O Juiz se levanta e coloca suas roupas. Sai dali.

Câmera fica parada sobre o corpo da garota por algum tempo (tempinho para a reflexão do público que estará assistindo a cena no futuro).

Seq. 29 – Cozinha da casa de baiestorf/Dia.

Música:

Cenas:

Close na bacia ensangüentada, porém agora vazia.

Close numa panela onde os órgãos da Garota estava cozinhando.

Juiz retira a panela do fogo e serve o alimento para ele e o Padre.

Serve vinho para os dois.

Senta-se à mesa,

Come uma boa garfada sorvendo o gosto de tão peculiar alimento.

JUIZ: Estava pensando agora, quando eu me aposentar vou ir morar em Miami… (gole de vinho)… Minha mulher só faz compras em Miami então vai facilitar viver em alguma cobertura por lá mesmo…

PADRE: Tua mulher deve ser uma gastadeira terrível!!!

JUIZ: Eu incentivo ela a consumir sempre, enquanto consome não me enche o saco!!!

Os dois gargalham gostoso, bebem vinho, comem mais.

Seq. 30 – Sótão/Dia.

Música:

Cenas:

Padre está terminando de enrolar a garota numa lona preta.

Padre e Juiz erguem-na e a levam embora.

Saindo pela porta, vê-se ao fundo o Louquinho de fraldas passar correndo com sua bandeira.

Seq. 31 – Cascalho ao lado do Rio/Dia.

Música:

Cenas:

Em cena um buraco na areia entre meio ao mato, cai o corpo dela enrolado na lona preta dentro do buraco.

O Juiz e o Padre cobrem o corpo dela com terra.

Depois de enterrada o Juiz mija em cima do túmulo da garota.

O Padre faz sinal da cruz.

PADRE: Deus, receba essa boa garota no seu reino!!!

Os dois gargalham.

O Juiz pega uma garrafa de vinho e bebe do gargalo.

O Padre joga cisco sobre o Túmulo disfarçando-o para todo o sempre.

Fica ao lado do Juiz que lhe alcança a garrafa de vinho, o Padre bebe do gargalo, os dois gargalham.

Seq. 32 – Sala da casa de baiestorf no apollo/Dia.

Música:

Cenas:

REPETIR SEQÜÊNCIA 5 DESTA VEZ COMPLETA.

Câmera realiza travelling passando pela mesa do nobre Juiz de direito eleito duas vezes senador (que estava vazia) indo até na sacada da sala do Juiz, que estava de costas prá filmadora conversando com alguém pelo seu celular.

JUIZ: Hum… Calma aí… Essas coisas acontecem (se vira de frente para a filmadora nessa hora revelando que estava usando um tapa-olho)… Não há nada com o que se preocupar, alguns hematomas, alguns olhos furados acabam sendo o preço por uma vida plena de emoções… (gargalha)… Deixa eu te falar uma coisa… Estou com tudo pronto para uma nova festinha, desta vez encomendei um garoto de 13 anos… (gargalha)… Eu sabia que você ia gostar… Final da semana que vem, ok?

Corte seco.

Seq. 33 – Créditos finais.

Música:

Créditos: Todas as informações técnicas.

A Noite do Chupacabras

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , on março 22, 2012 by canibuk

“A Noite do Chupacabras” (2011, 104 min.) de Rodrigo Aragão. Com: Walderrama dos Santos, Joel Caetano, Petter Baiestorf, Cristian Verardi e Mayra Alarcón.

“CHUPACABRAS”: Um caso raro de uma lenda sobre um monstro moderno. Foi a partir de 1995 que estranhas histórias sobre uma criatura monstruosa que atacava e devorava animais começaram a aparecer em Porto Rico e a imprensa faminta por bizarrices divulgou com avidez. Logo histórias populares similares começaram a aparecer no México, depois Estados Unidos e em vários países da América do Sul, incluindo o Brasil.

Porto Alegre, sul do Brasil. Uma noite muito fria de uma sexta-feira de junho de 2011. Sessão de abertura do festival Fantaspoa. Première internacional do segundo longa metragem de Rodrigo “Mangue Negro” Aragão: “A Noite do Chupacabras”. Sessão lotada aberta ao público. Todos atentos a história de Douglas Silva (Joel Caetano), que retorna ao seu berço familiar no interior do Espírito santo, acompanhado de sua namorada grávida (Mayra Alarcón). Mas as coisas não estão bem para sua família, a morte de vários animais, reacende um antigo conflito com seus vizinhos agressivos e rivais, os Carvalho. Um rotineiro conflito de bar, quebra a trégua na guerra familiar e entre agressões, tiros e facadas, todos vão descobrir que um mal muito maior está entre eles: uma monstruosa e faminta criatura escondida na mata. Os Silva e os Carvalho, vão se matar e serem mortos pelo monstro, e ainda encontrar no caminho a figura mítica e também perigosa do “Velho-do-Saco” (Cristian Verardi). Douglas vai ter que provar a força que não se transformou em típico rapaz covarde da cidade grande e enfrentar a fúria do Chupacabras (Walderrama dos Santos) e do perigoso e demente Ivan Carvalho (Petter Baiestorf). Novamente como em “Mangue Negro” (2008), Rodrigo Aragão assume a direção, roteiro e efeitos especiais de maquiagem com extrema competência e grande parte do elenco também se divide em múltiplas funções técnicas, típico do cinema independente e de guerrilha. Um elenco afinado (e principalmente, escolhido “a dedo”), cenários naturais e muito bem fotografados e uma trilha sonora composta por grupos regionais como Vida seca, Pé do Lixo, Manguerê e Panela de Barro, que acompanha a trama de vingança, suspense e ação, sem cair no lugar comum de músicas eletrônicas, Rock pesado ou música Clássica de arquivo . A trama se desenvolve de forma natural, e para os impacientes com a demora da entrada do personagem-título em cena, a magnífica e original maquiagem “full-body” e a performance de Walderrama dos Santos enche os olhos e mostra que apesar da trama central ser focada na guerra interiorana entre famílias, este é sim , um filme de Monstro! Um monstro nacional (ou nacionalizado) e com todas as chances de ter uma carreira internacional, como aliás já está acontecendo: devagar, sorrateiro como um ataque de um Chupacabras!

Fim da sessão no inverno Gaúcho. O público aplaude em pé o filme e o elenco presente. A produção ainda não estava acabada, faltando ajustes na montagem e som, mas o impacto foi bastante positivo. Depois de conhecer pessoalmente o Aragão, Mayra, Walderrama, Joel e outros comparsas e de conversarmos e “bebemorármos” juntos, fica difícil escrever com isenção, até porque eu já era” fã-de-carteirinha” do longa anterior da produtora Fábulas Negras e a muito ansiava por um verdadeiro e bem feito filme-de-monstro brasileiro. Conhecida minha longa associação com Petter Baiestorf, fica parecendo puxação-de-saco dizer que ele rouba a cena no filme… o público reconheceu isto no final da sessão… méritos para o Aragão pela escalação e direção dos atores (destaque também para o sempre bom Marcos Koncá, para Cristian Verardi como o Velho-do-saco comedor de fígado e o Agnaldo de Foca Magalhães). Para quem cresceu somente conhecendo Monstros gringos e japoneses, e para toda uma nova geração só acostumada com insípidos monstros digitais, uma noite com o Chupacabras é como uma revelação, uma… fábula negra!

escrito por Coffin Souza.

Necrofília Zine

Posted in Fanzines with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 21, 2012 by canibuk

“Necrofília” foi um fanzine de número único que editei em 1992. Resolvi resgatar aqui as HQs que haviam sido divulgadas nele. “Divirta-se, Sádico!” é um poeminha adolescente de autoria minha com arte de Renato Pereira Coelho; “O Deus Verme” é uma poesia de Augusto dos Anjos ilustrada por Itamar Pessoa; “Necrofagia” é uma HQ com texto e arte de Ero (me desculpem, mas passados 20 anos não lembro mais quem era Eros) e a tirinha cômica “I.M.L.” deAnderson. Divirta-se, Sádico!