Der Todesking

“Der Todesking” (“O Rei da Morte”, 1990, 74 min.) de Jörg Buttgereit. Com: Susanne Betz, Gerd Breitung, Ingo Buesing e Heinrich Ebber.

Um homem de classe média coloca sua correspondência em dia, liga para o escritório e pede demissão. Limpa a casa, dobra sua roupa, faz um lanche, vai tomar banho e se entope de comprimidos para morrer afogado na banheira. Seu peixe de aquário assiste a tudo e morre. É algum dia de semana. É a única concessão que Jörg Buttgereit faz em direção de uma linearidade narrativa. “Der Todesking”, segundo longa do autor de “Nekromantik 1 e 2” e de “Schramm”, ia se chamar “Seven Suicides”. Segmentado. Episódios-situações. Indigesto para o público com dieta Global ou McDonalldiana. Imagens angustiantes e situações opressivas. Uma mãe lê um tratado sobre suicídio para a filhinha no parque. Nós lemos uma lista impessoal de obituário. Um cadáver se desmancha quadro a quadro numa podridão real durante os dias que vão passando. A sociedade, e a mídia em especial, é fascinada pela morte. Em saber quem morreu e como. Mas nunca se interessa com os motivos e com a dor antes e durante um suicídio, por exemplo. Uma velha solitária parece ter inveja de um belo casal jovem que ela observa pela janela, sem saber que eles vão se matar. Quem ainda não pensou em meter uma bala na cabeça de uma chata que vem atrapalhar na hora que se está assistindo um raro filme de nazixploitation com torturas quase explícitas? E sair por aí dando tiros em qualquer um e filmando tudo para depois mostrar para os amigos num domingo a tarde? Precisa algum motivo? Existe motivo para alguém matar ou morrer? Alguém se importa com isto? “O que me mata, é meu segredo!” – Buttgereit nos faz pensar neste segredo. Heil Todesking.

Escrito por Coffin Souza (originalmente publicado no fanzine Sanguelia).

“Der Todesking” é um horror experimental sério, deprimente e adulto que tenta discutir, sem moralismos, um assunto tabu da sociedade ocidental: O Suicídio!

Buttegereit começou a fazer filmes em Super 8 em 1977 quando ganhou uma câmera de presente ao passar pelas torturas da Primeira Comunhão que ele odiava. Seu primeiro projeto se chamou “Gags und Schwarzer Humor” que fazia paródias dos comerciais de TV. Nesta época ele desenvolveu várias experimentações com cores e película riscada porque sua câmera quebrou.

Seu primeiro curta que ganhou destaque foi “The Exploding Sports Shoe” (1980) que era um sapato esportivo explodindo em slow-motion e que foi incluído num documentário sobre punk rock. Depois começou a se profissionalizar fazendo curtas como “Captain Berlin” (1982), “Mein Papi” (1982), “Horror Heaven” (1984) e “Hot Love” (1984) até conseguir dinheiro para seu primeiro longa, “Nekromantik” (1987), o filme definitivo sobre necrofília e que lhe deu fama mundial.

Depois de um processo onde Buttgereit perdeu tudo que tinha, ficou quase 10 anos sem dirigir nenhum filme, sobrevivendo como técnico de efeitos especiais. No ano de 2002 voltou como diretor de documentários com trabalhos como “Die Monsterinsel” (2002), “Through the Night” (2007), “Monsterland” (2009) e “Into the Night” (2010). Sua única ficção neste período foi “Captain Berlin Vs. Hitler” (2010).

adendo de Uzi Uschi.

Veja o filme na íntegra aqui:

Uma resposta para “Der Todesking”

  1. […] é uma produção de baixo orçamento que conseguiu criar uma atmosfera bem pesada para seu horror experimental, quase surreal, funcionar dentro de suas limitações. Os créditos iniciais sobre o capô de um […]

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