Fragmentos do Nobre Deputado Fraude Tomando no Orifício Pomposo
Nesta semana Gurcius Gewdner está disponibilizando em sites como Vimeo e Youtube alguns curtas que fiz tempos atrás e que nunca foram lançados em DVD. Segue link para mais quatro curtinhas bagaceiros. Para Assistir “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997) e “Poesia Visceral” (2004), clique aqui.
“Fragmentos de uma Vida” (2002, 7 min.) de Petter Baiestorf. Com: Juliana, PC e Loures Jahnke.
Em 2001, logo após o lançamento do longa-metragem “Raiva”, comecei as filmagens de outro longa chamado “Mantenha-se Demente”, uma homenagem ao cinema gore exagerado japonês que naquela época eu assistia aos montes em fitas VHS piratas sem legendas em nenhuma língua ocidental. Como o “Raiva” não deu lucro financeiro nenhum, tive que abortar as filmagens do “Mantenha-se Demente” (bem mais caras e complicadas), mesmo já tendo filmado algumas seqüências. Depois de um ano resolvi rever as cenas que havíamos filmado e percebi que tinha um curta nas mãos. Não gosto de filmar e não aproveitar o material. Mudando o título para “Fragmentos de uma Vida”, montei as cenas para ser uma reflexão sobre a brutalidade do machismo na sociedade brasileira (sem deixar de lado minhas críticas religiosas, desta vez centradas na figura de um satanista, que para mim é tão ignorante quanto um católico, um evangélico, um espírita, um cabalista, macumbeiro, budista, muçulmano e o que mais os medos humanos criarem para servir de muletas). Não filmo o sobrenatural porque o que não existe não me interessa (salvo zumbis e alienígenas que aí é pura diversão), meu interesse está voltado aos assuntos possíveis, como a imbecilidade do homem, seu fanatismo religioso, sua brutalidade que ganha força com sua ignorância; uma horda de torcedores fanáticos vindo em minha direção me assusta, fanáticos religiosos segurando um facão me assustam (o mundo está cheio de exemplos de massacres religiosos), a mente humana me assusta muito mais que vampirinhos ou fantasminhas de filme de horror americano que o cinema brasileiro está começando a pegar gosto em copiar. A trilha sonora do curta trás músicas das bandas Ornitorrincos e Intestinal Disgorge.
“Frade Fraude Vs. O Olho da Razão” (2003, 13 min.) de Petter Baiestorf. Com: Coffin Souza e Petter Baiestorf.
Este é outro curta que só filmamos por culpa do tédio (se você não gosta de filmes sem um mínimo de produção nem assista). Estávamos, Coffin Souza e eu, sem nada para fazer num domingo e, depois de algumas cervejas, resolvemos filmar uma reflexão sobre os rumos da humanidade. Nos apropriamos de textos do Nietzsche (e de outros filósofos que fomos lembrando frases) e elaboramos um curta cíclico como a vida; ação/reação – tudo que tu faz na vida resulta em críticas positivas e destrutivas (e no final arrisco dar minha fórmula para a implantação de uma sociedade anarquista na sociedade de hoje). Revendo este curta hoje me arrependo de não tê-lo filmado direito, com outro ator no meu papel (para mim manejar a filmadora e dirigir direito), figurinos apropriados e outras coisinhas mínimas de produção. Mas a idéia está aí, rodando por todos os lados, essa tranqueira foi até exibida em alguns festivais de cinema experimental. Neste curta temos uma participação especial de Claudio Baiestorf (meu pai, que infelizmente faleceu em 2009), no final do filme, com um diálogo enigmático que remete à uma piada interna da Canibal Filmes envolvendo o clássico “Invasion of the Body Snatchers/Vampiros de Almas” (1956) de Don Siegel.
“Vai Tomar no Orifício Pomposo” (2004, 14 min.) de Petter Baiestorf. Com: Coffin Souza, Elio Copini e DG.
Não é segredo prá ninguém que sou um grande fã do escritor Charles Bukowski e este curta é minha tentativa de filmar algo no universo do velho safado. Não lembro muita coisa destas filmagens, não lembro nem de ter escrito o roteiro (to achando que filmei este curta todo de cabeça), nesta época eu estava mais preocupado em me matar bebendo do que na possibilidade de realizar meus projetos. A casa usada nestas filmagens era a casa real do Souza e como a casa vizinha à dele estava vazia, arrancamos a parede para criar o clima surreal que a briga de vizinhos pedia. Elio Copini interpretou o evangélico cretino e Coffin Souza o escritor maldito com problemas com as bebidas (essa personagem sou eu, mas pode ser o Souza mesmo, pode ser o Bukowski, pode ser você). Não gosto muito da edição que fiz (montei tudo na câmera, inclusive os efeitos sonoros e as músicas). Desde a época que filmei “Vai Tomar no Orifício Pomposo” que tenho planejado um longa-metragem dramático com este clima de desespero fantástico, mas como tenho preferência por projetos sexploitations de humor negro, sempre vou deixando prá depois essa minha vontade de produzir um drama etílico surrealista.
“O Nobre Deputado Sanguessuga” (2007, 13 min.) de Petter Baiestorf. Com: Elio Copini, Coffin Souza, Gurcius Gewdner, Carli Bortolanza, Iara e Claudio Baiestorf.
Essa fábula infantil que ensina as crianças sobre as maldades dos políticos brasileiros eu escrevi e dirigi em 2007 para testar minha nova filmadora (escolhi a temática infantil por dois motivos, primeiro: nesta época eu estava planejando um livro infantil com ilustrações de Gurcius Gewdner – idéia que não abandonei ainda; segundo: porque é uma temática que me interessa muito). Inspirado no cinema expressionista alemão, “O Nobre Deputado Sanguessuga” foi a desculpa perfeita para reunir amigos para algumas cervejas no meu sítio e me exercitar na narrativa do cinema mudo. Gostei bastante da experiência de rodar um curta infantil, mas acabei não repetindo a dose porque depois dele rodei somente sexploitations gores com títulos como “Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!!” (2007), “Vadias do Sexo Sangrento” (2008) e “O Doce Avanço da Faca” (2010) e uma comédia musical western cafajeste chamada “Ninguém Deve Morrer” (2009).
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abril 26, 2012 às 5:38 pm
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agosto 20, 2012 às 12:05 pm
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