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William Seabrook Buehler, nascido dia 22 de fevereiro de 1884 em Westminster, Maryland, foi um jornalista explorador obcecado por descobrir (e relatar) culturas desconhecidas para o público branco médio dos USA numa época em que a informação dependia de jornalistas corajosos e criativos (diferente dos dias atuais em que essa profissão foi dominada por jovens preguiçosos/acomodados que fazem o que seu dono manda). Dado à aventuras, em 1915 se juntou ao exército francês na Primeira Guerra Mundial e, no ano seguinte durante a batalha de Verdun, foi intoxicado por gás alemão. Quando voltou aos Estados Unidos, cheio de cicatrizes e histórias, conseguiu emprego no jornal The New York Times e começou a viajar pelo mundo em busca de histórias de culturas desconhecidas.
Fascinado por ocultismo e satanismo, Seabrook passou uma semana com o charlatão Aleister Crowley no outono de 1919. Crowley vinha de uma família rica e na falta do que fazer espantava o tédio criando textinhos esotéricos para impressionar ricos como ele próprio. Em 1904 ele “recebeu” de “entidades espirituais” o livro “The Book of the Law” (“O Livro da Lei”, muito plagiado por Paulo Coelho e Raul Seixas nos anos 70). Também era pansexual e experimentador de qualquer tipo de drogas naturais ou sintéticas e a farra com Seabrook deve ter sido ótima, já que nosso explorador também era chegado numa boa festa com putaria e drogas. O fato é que este encontro entre duas personalidades tão originais rendeu o livro “Witchcraft: Its Power in the World Today”, onde Seabrook narra este encontro.
Logo se interessou pelas práticas do vodu haitiano e viajou para lá a fim de realizar suas próprias experiências. Jamie Russell em seu livro “The Book of the Dead” (Editora Barba Negra) nos conta que Seabrook foi apresentado aos zumbis haitianos por um fazendeiro local e logo reparou que estes zumbis são “frutos da crença religiosa que domina a ilha, símbolo poderoso do medo, da desgraça e perdição”. Essa viagem resultou no livro “The Magic Island” (“A Ilha da Magia”, 1929, nada a ver com a ilha de Florianópolis, também conhecida como a Ilha da Magia, lógico!) onde o pesquisador descreve os zumbis como “um cadáver humano sem alma, ainda morto, mas tirado do túmulo e mantido por feitiçaria com um semblante mecânico de vida – é um corpo que se faz andar e agir e mexer como se estivesse vivo”. O público americano foi ao delírio, na época, com os relatos emocionates e tétricos desta aventura de Seabrook. Este livro é o responsável por introduzir o conceito “zumbi” na cultura popular e serviu de inspiração para o roteiro de “White Zombie/Zumbi Branco” (1932) de Victor Halperin, estrelado por Bela Lugosi e com momentos bem divertidos.
Cada vez mais sedento por novas aventuras, se recusou a escrever sobre canibalismo até que conseguisse provar ele mesmo a carne humana. Durante uma viagem pela África Ocidental conviveu com uma tribo conhecida como Guere onde pediu ao chefe que gosto tinha a carne humana e, diante de sua insatisfação ao ouvir a descrição do chefe tribal, saiu de lá com a certeza de que experimentaria ele próprio o gosto da carne humana. Pouco tempo depois subornou um servente de um hospital de Paris para que lhe conseguisse um quilo de carne humana, logo em seguida deu entrada o cadáver de um operário que havia sido atropelado e Seabrook conseguiu sua preciosa iguaria. Correu para o apartamento de um amigo e convenceu a cozinheira da casa a assar, grelhar e cozinhar aquele estranho tipo de carne de “bode selvagem” (nome que usou para a cozinheira) que até então ninguém havia comido. Enquanto experimentava a carne humana fez minuciosas anotações onde a comparava com carne de porco e sentiu a necessidade de mais tempero. Escreveu: “Carne leve, boa, sem gosto bem definido. Não muito duro ou pegajoso, uma carne agradável e de excelente paladar!”. Fica a dica!
Man Ray, fotografo e diretor de vários curtas surrealistas como o clássico “Le Retour à La Raison” (1923), relatou que Seabrook pediu para que ele cuidasse seu apartamento uma tarde. Ao chegar lá o fotografo encontrou uma garota nua acorrentada ao pilar da escadaria com um cadeado e instruções para não ser desamarrada pois estava recebendo muito bem por aquele serviço. Seabrook era um sádico sexual dado a cultivar práticas de sexo bizarro gostoso. Diz a lenda que circula em torno de sua figura, que quando viajava uma de suas malas estava sempre cheia de chicotes e correntes para satisfazer suas fantasias sexuais.
No final de 1933 foi internado na instituição mental de Westchester County para tratamento de alcoolismo, onde permaneceu internado durante quase seis meses e, em 1935, publicou “Asylum”, livro onde relatou suas experiências no hospício e que acabou se tornando um best seller. Ainda em 1935 se casou com Marjorie Muir Worthington, uma escritora com mais de 15 livros publicados, incluíndo “The Strange World of Willie Seabrook” (1966). O casamento durou somente até 1941 por culpa do alcoolismo de William e seu comportamento cada vez mais sádico nas diversões sexuais do casal. Em 1961 foi produzido o telefilme “Witchcraft” de Harold Young, com inspirações nos estudos ocultistas de William, filme este que infelizmente ainda não consegui assistir.
Em 1945, no dia 20 de setembro, cometeu suicídio por overdose de drogas. No final da vida costumava afirmar que “não havia visto nada que não têm uma explicação racional e científica”. Em tempos que o cinema americano se encontra tão sem idéias, seria lindo ver uma produção bem feita sobre a vida de Seabrook e suas descobertas macabras.
Receita de Carne Humana Agridoce
Ingredientes:
600 g de carne humana cortada em cubinhos de 2cm
1/2 xícara (chá) de farinha de trigo
1 ovo
1/2 xícara (chá) de açúcar
1/2 xícara (chá) de vinagre
1/3 xícara (chá) de suco de abacaxi
1/4 xícara (chá) de catchup
1 colher (chá) de molho de soja
2 colheres (sopa) de maizena
2 colheres (sopa) de água
1 xícara (chá) de pedacinhos de abacaxi em calda, escorrido
1 pimentão verde cortado em pedaços de 1cm
Óleo para fritar
Sal e pimenta-do-reino a gosto.
Modo de Preparo:
Misture a farinha e o sal. Passe a carne humana no ovo batido e depois na mistura de farinha, até que os pedaços estejam bem cobertos. Frite a carne numa frigideira em bastante óleo quente por 6 a 8 minutos, ou até que fique bem dourada. Retire, escorra e reserve mantendo quente. Em uma panela funda, misture o açucar, o vinagre, o suco de abacaxi, o catchup e o molho de soja e pimenta-do-reino, se desejar. Leve ao fogo e deixe levantar fervura. Misture a maizena com água e adicione ao molho, mexendo sempre. Continue cozinhando até que o molho engrosse. Reserve. Junte ao molho a carne humana quente, os cubinhos de abacaxi e os pedaços de pimentão. Esquente outra vez, mexendo sem parar, por cinco minutos. Sirva enquanto quente, acompanhado de arroz.
* IMPORTANTE: Como Seabrook nos ensinou, não faça este prato em casa, faça-o na casa de algum amigo sem nada falar. Como sou vegetariano não testei este prato.
“The Werewolf of Washington” (“O Lobisomem de Washington”, 1973, 90 min.) de Milton Moses Ginsberg. Com: Dead Stockwell, Katalin Kallay e Biff McGuire.
Todos que acompanham diariamente o Canibuk sabem de minha paixão por filmes trash (sou um defensor e divulgador do “gênero”), eis que finalmente tirei tempo para assistir “The Werewolf of Washington”, simplesmente um dos piores filmes que já vi, no patamar de produções pavorosas como “Zombie Brigade/A Terrível Noite do Espanto” (1986) de Carmelo Musca e Barrie Pattison ou “The Lost Platoon/Pelotão Vampiro” (1991) de David A. Prior. A história do lobisomem de Washington começa (mal iluminado) na Hungria onde nosso jornalista herói (Dean Stockwell) é atacado por um lobisomem que lhe passa a maldição dos peludos. De volta aos USA descobrimos que o jornalista é assessor de imprensa do presidente americano. Apartir daí o roteiro vai ficando cada vez mais cômico, mostrando o lobisomem letrado atacando desafetos do presidente em cenas do mais completo absurdo, como quando estripa a esposa bêbada de um senador que foi embora de uma festa na Casa Branca caminhando (ora bolas, que esposa de senador iria embora caminhando e, ainda por cima, sozinha?). Aliás, cenas ridículas em tom de comédia pastelão dão o rumo desta ruindade cinematográfica: Numa cena o lobisomem pega carona no teto do carro de sua vítima; noutra cenas os dedos do lobisomem incham dentro dos buracos de uma bola de boliche e ele não consegue se livrar da bola nem com ajuda do presidente da nação mais poderosa da Terra; pouco depois, na sala de reuniões da Casa Branca, o jornalista começa a se transformar diante de militares e políticos e sai correndo da sala sem que ninguém perceba o que está acontecendo; nums das correrias do lobisomem ele encontra um cientista anão que claramente mantêm um projeto secreto com monstros no porão da Casa Branca (percebam os pés do Frankenstein em cena); o jornalista amarrado numa cadeira com inúmeras correntes cadeadas enquanto fala com a filha do presidente, sua paquera, é genial e sua transformação fajuta dentro do helicóptero presidencial (o que leva o filme à um final ótimo) é um grande momento da sétima arte que somente a cabeça de jerico de cineastas bagaceiros poderiam conceber.
Essa diversão em forma de película foi realizada por Milton Moses Ginsberg, novaioquino de 1943, cujo primeiro trabalho de direção foi o cult “Coming Apart” (1969), drama estrelado por Rip Torn no papel do psiquiatra que filma seus encontros com as mulheres que o visitam. “The Werewolf of Washington” meio que sepultou sua carreira de diretor por conta da ruindade técnica do filme, apenas em 1999 ele voltou à direção com “The City Below the Line”, seguido pelo também curta “The Haloed Bird” (2001) e “Kron” (2011), um média-metragem. A biografia de Ginsberg diz que ele se retirou da indústria cinematográfica após ter sido diagnosticado de um linfoma em 1975, mas sua carreira como montador de filmes como montador de filmes que seguiu em paralelo à doença me fazem pensar que seu Lobisomem de Washington teve alguma coisa haver com o afastamento. Uma pena, já que seu filme de lobisomem é uma curiosa sátira política que brincava com a era Nixon, com o fascismo policial dos anos 70 anti-hippies e o escândalo Watergate.
Dead Stockwell foi ator mirim em filmes como “The Green Years” (1946) de Victor Saville, “The Boy With Green Hair/O Menino dos Cabelos Verdes” (1948) de Joseph Losey e “The Secret Garden/O Jardim Secreto” (1949) com direção de Fred M. Wilcox, responsável também pela direção do clássico sci-fi “Forbidden Planet/O Planeta Proibido” (1956). No início dos anos 60 desistiu da carreira e se tornou hippie. Nos anos 80 trabalhou em alguns cults como “Paris, Texas” (1984) de Wim Wenders e “Blue Velvet (1986) de David Lynch. O Produtor associado de “The Werewolf of Washington” é Stephen A. Miller, que anos depois escreveu (em parceria com John Beaird) o clássico slasher “My Bloody Valentine/Dia dos Namorados Macabro” (1981) de George Mihalka.
Aqui no Brasil “The Werewolf of Washington” foi lançado em DVD pela distribuidora/editora digital Showtime com “Seddok, L’Erede di Satana/Atom Age Vampire/O Vampiro da Era Atômica” (1960) de Anton Giulio Majano e “Grave of the Vampire/O Túmulo do Vampiro” (1974) de John Hayes no mesmo DVD. A qualidade dos filmes é péssima, mas o valor de R$ 7.90 que paguei pelo DVD compensa.
por Petter Baiestorf.
Assista este clássico bagaceiro agora:
Alguns momentos hilários de “The Werewolf of Washington”:
poesia de Iracema M. Régis (poema classificado em primeiro lugar no Concurso Mapa Cultural Paulista, 2005; Seleção de colaborações para o folheto poético “Urtiga”, 2005).
“Hard Rock Zombies” (1985, 98 min.) de Krishna Shah. Com: E.J. Curcio, Geno Andrews, Sam Mann, Mick Manz, Lisa Toothman, Jack Bliesener e Phil Fondacaro.
Lá por 1989 eu vi na TV um filme chamado “American Drive-In” (1985), que depois descobri ser dirigido por Krishna Shah, uma comédia adolescente que imitava “American Graffiti/Loucuras de Verão” (1973, Universal Home Video) de George Lucas. O filme do indiano Shah era muito mais divertido do que o de Lucas e no filme exibido na tela do Drive-in americano em questão, pipocavam umas intrigantes cenas de um anão deformado se auto-devorando e de outro anão zumbi maluco tentando comer uma vaca viva. Por anos fiquei tentando saber mais sobre o filme até que um dia, sem querer, encontrei numa locadora o filme “Hard Rock Zombies” e, para minha surpresa, era o filme que era projetado naquele divertido “American Drive-In”. “Hard Rock Zombies” se tornou meu trash-movie de estimação e foi uma grande influência para mim quando filmei “Criaturas Hediondas” (1993).
Como não gostar de um filme que tem hard rock farofa grudento e completamente brega, Hitler casado com uma Eva Braun lobiswoman, anões tarados, zumbis mongolóides, humor retardado na linha do genial “Attack of the Killer Tomatoes/O Ataque dos Tomates Assassinos” (1978) de John DeBello, anão deformado comendo sua própria carne com saleiro e colherzinha, entre muitas outras cenas hilárias. A história do filme (que tem um roteiro do próprio diretor em parceria com David Allen Ball, bagunçado e bem confuso) é mais ou menos assim: Depois de um show onde nossa banda de hard rock tem a dura obrigação de tirar fotos com meninas, eles partem para Grand Guignol, uma pequena cidadezinha que não gosta de hard rock e cabeludos abusados. No caminho Jesse (interpretado por E.J. Curcio), líder da banda, compõe uma música que ressuscita os mortos (provado na hora por um mosquito que é morto e ressuscita dentro da van onde eles viajavam). No caminho eles dão carona à uma loira fatal e são convidados para ficar na mansão da família dela, onde descobrimos que Hitler, então com 95 anos e ainda traçando Eva Braun com grande categoria, está vivo e, com ajuda de seus netos anões, tem um novo grande plano de dominação da América.
“Hard Rock Zombies” é um filme que defende o rock’n’roll, mostra a sociedade das pequenas cidadezinhas como um bando de caipiras fascistas com medo do que não conhecem. Este filme tem muitas cenas memoráveis: O anão deformado se auto-devorando é a melhor cena de “Hard Rock Zombies, o outro anão tentando comer uma vaca também é divertida, a banda transformada em zumbis (que caminham dando passinhos de dança) fazendo um show para o olheiro de uma grande gravadora, todos os números musicais, a garota atrás da cabeça decepada de seu namorado, o plano para escapar dos zumbis envolvendo cartazes com grandes cabeças de ídolos americanos (Jimi Hendrix, Marilyn Monroe, Elvis Presley, entre outros), as mortes mal filmadas, os membros decepados claramente de látex, a virgem que é dada aos zumbis como se fosse uma oferenda de um ritual religioso primata, os zumbis sendo mortos numa câmera de gás colorido, e muito mais, fazem deste filme o clássico bagaceiro que se tornou.
A trilha sonora do filme é uma delícia de tão grudenta, todos os sons foram compostos por Paul Sabu inspiradíssimo. Sua banda Only Child fez relativo sucesso nos anos de 1980, mas foi como músico de apoio de estrelas como David Bowie e Alice Cooper que Sabu ganhou dinheiro. Sua música aparece na trilha de vários filmes, como “Ghoulies 2” (1988) de Albert Band (com produção de seu picareta filho Charles Band), “Meatballs 4” (1992) de Bob Logan e “To Die For/Um Sonho Sem Limites” (1995) de Gus van Sant (que conta com uma participação especial de David Cronenberg em divertido papel). Sabu já ganhou o prêmio Emmy, uma pequena mancha na carreira do compositor da trilha sonora de “Hard Rock Zombies”.
Krishna Shah nasceu na Índia mas, após graduação em Yale e UCLA, começou a trabalhar em peças de teatro da Broadway. Em 1972 realizou seu primeiro filme, “Rivals”, um drama psicológico que é tido como um clássico do gênero (ainda não assisti). Seu filme seguinte, “The River Niger” (1976), estrelado por Cicely Tyson, James Earl Jones e Louis Gossett Jr., ganhou vários prêmios e o levou a dirigir “Shalimar” (1978), uma aventura estrelada por John Saxon e filmada em sua terra natal. Com “Cinema Cinema” (1979) realizou um documentário sobre o cinema indiano. Aí algo saiu errado e Shah fez simultaneamente os dois trash-movies, “American Drive-In” e “Hard Rock Zombies”, clássicos da bagaceirada cinematográfica que o mantiveram afastado da direção até 2011, quando voltou a função com a série de TV “Dance India Dance Doubles”.
Os efeitos especiais de “Hard Rock Zombies” (e também a direção da equipe de segunda unidade) são de John Carl Buechler, nascido em Belleville, Illinois, fez sua estréia em 1978 no departamento de maquiagens do filme “Stingray” de Richard Taylor. Em 1980 trabalhou na comédia fantástica “Dr. Heckyl and Mr. Hype” de Charles B. Griffith já no departamento de efeitos especiais. Com Roger Corman trabalhou em alguns filmes divertidos como “Forbidden World/Mutant” (1982) de Allan Holzman com roteiro de Tim Curnen inspirado numa história de Jim Wynorski e R.J. Robertson. Fez sua estréia na direção de um segmento no filme em episódios “Ragewar” (1984), que também trazia episódios de cineastas como Dave Allen, Charles Band, Steven Ford, Peter Manoogian, Ted Nicolaou e Rosemarie Turko. Sua primeira direção solo foi com o incrivelmente ruim “Troll” (1986), seguido do mais ruim ainda “Cellar Dweller/O Monstro Canibal” (1988) e seu filme mais conhecido: “Friday the 13th part VII: The New Blood/Sexta-Feira 13 parte 7 – A Matança Continua” (1988), uma verdadeira inutilidade que não agrada nem aos fanáticos pela série do Jason. No total, até agora, Buechler já dirigiu/destruíu 17 filmes, incluindo um remake de “Troll” em fase de pré-produção mas que aposto que vai ficar pavoroso. Entre seus melhores trabalhos de efeitos especiais estão produções como “TerrorVision/A Visão do Terror” (1986) de Ted Nicolaou; “From Beyond/Do Além” (1986) de Stuart Gordon; “Slave Girls from Beyond Infinity/Rebelião nas Galáxias” (1987) de Ken Dixon, os três produções de Charles Band; “A Nightmare on Elm Street 4: The Dream Master/A Hora do Pesadelo 4: O Mestre dos Sonhos” (1988) de Renny Harlin; “Bride of the Re-Animator/A Noiva de Re-Animator” (1990) de Brian Yuzna; “Carnosaur” (1993), uma produção de Roger Corman dirigida pela dupla Adam Simon e Darren Moloney; “Dinosaur Island” (1994) da dupla Fred Olen Ray e Jim Wynorski em uma produção de Corman reciclando o dinossauro usado em “Carnosaur”; e, “Bikini Drive-In” (1995), pequeno clássico inspirador de Fred Olen Ray.
Nos USA “Hard Rock Zombies” foi distribuido pela Cannon Group Inc.; aqui no Brasil saiu em VHS pela América Vídeo em 1988.
“Shivers” (ou “Orgy of the Blood Parasites” ou “They Came From Within” ou “The Parasite Murders”, “Calafrios” no Brasil, 1975, 87 min.) de David Cronenberg. Com: Paul Hampton, Joe Silver, Barbara Steele, Lynn Lowry e Susan Petrie.
Um cientista conduz experiências onde almeja criar um parasita que possa ser usado em transplantes de orgãos que não funcionam mais, onde o paciente com um rim doente, por exemplo, receberia o parasita que faria o trabalho do rim em troca de um pouco de sangue como alimento. Mas algo sai errado e o que o cientista acaba criando é um parasita que assume o controle do paciente e faz sua libido sexual, sem culpas ou moralismos, crescer assustadoramente; uma combinação entre afrodisíaco e doença venérea que foge do controle quando a namorada adolescente do cientista espalha o parasita para outras pessoas do moderno condomínio onde vivem vários tipos humanos que logo se tornam tarados sexuais em busca de formas de saciar seu apetite sexual.
“Shivers”, o primeiro longa-metragem profissional de David Cronenberg (que antes havia dirigido apenas os curtas “Transfer” (1966), “From the Drain” (1967), os experimentais “Stereo” (1969) e “Crimes of the Future” (1970) e inúmeros curtas para a TV canadense), é a cara do cinema dos anos 70, um cinema que não fazia concessões para agradar o espectador, investia em roteiros originais/adultos (onde sexo e assuntos sérios eram discutidos), apostava em atores desconhecidos/amadores e os finais destes filmes geralmente eram bem pessimistas acerca dos rumos que a humanidade estaria tomando. Claro que tamanha ousadia não passaria desapercebida, depois de lançado “Shivers” foi a maior bilheteria do cinema canadense e foi discutido em seu parlamento que havia colocado em dúvida seu valor social e artístico para a sociedade, já que boa parte do dinheiro da produção havia vindo do Canadian Film Corporation, que era mantido pelo contribuinte através dos impostos.
Filmado em apenas 15 dias, “Shivers” foi um desafio para o jovem Cronenberg que lutou para ser o diretor do filme durante 3 anos (seu roteiro chegou até a ser oferecido ao lendário Roger Corman, mas uma cláusula no contrato que dava ao roteirista o direito de dirigi-lo, manteve Corman fora do projeto). O aval para a realização do filme veio depois que Barbara Steele (que Cronenberg havia conhecido no lançamento de “Caged Heat” (1974) de Jonathan Demme) concordou em tomar parte da empreitada. Os testes de elenco de “Shivers” foram abertos, ou seja, qualquer pessoa que não fosse ator poderia conseguir um papel. Susan Petrie, uma atriz de comédias de baixo orçamento, lutou pelo papel da personagem Janine Tudor, onde teria que chorar em várias cenas, como não conseguia chorar, Cronenberg conta, que antes de cada take a atriz pedia para que ele a esbofeteasse violentamente, criando um verdadeiro clima de sadomasoquismo entre ele e a atriz, para o espanto da equipe-técnica chocada pelo método nada ortodoxo de direção.
David Cronenberg nasceu em Toronto, Canadá, em 1943. Ainda criança começou a escrever histórias e seu interesse por ciências o levou a entrar no programa “Honours Science” da Universidade de Toronto. Inspirado pelo cinema underground de New York, conseguiu realizar seus primeiros curtas. Durante toda década de 1970 seus filmes foram produzidos com ajuda do dinheiro do contribuinte canadense (pelo menos não foi parar no bolso dos políticos de lá). Entre outros, realizou o maravilhoso “Rabid/Enraivecida – Na Fúria do Sexo” (1977), estrelado pela atriz pornô Marilyn Chambers (do clássico imperdível “Behind the Green Door/Atrás da Porta Verde”, de 1972) e que contava a história de uma garota que, após uma cirurgia, sofre uma mutação e começa a se alimentar de sangue; “Fast Company” (1979), um drama sobre o universo automobilistico lançado no Brasil pela distribuidora Zircon Films com o título “A Escuderia do Poder” e “The Brood/Os Filhos do Medo” (1979, em VHS no Brasil pela Top Tape), onde um psiquiatra aplica um método experimental de exteriorização de traumas e uma de suas pacientes gera uma “ninhada” de crianças que agirão comandadas por sua sede de vingança, um drama sangrento que Cronenberg escreveu após sua separação.
Os anos de 1980 começam com o sucesso internacional de “Scanners/Sua Mente pode Destruir” (1981, Van Blad Vídeo), um filme revolucionário onde somos apresentados aos Scanners, pessoas com poderes mentais, que são usados pela indústria farmaceútica (e que tem a famosa cena de uma cabeça explodindo sem cortes antes da computação gráfica estragar o cinema), filmaço que abriu as portas dos grandes estúdios americanos para o peculiar estilo de filmar horror adulto/inteligente de Cronenberg; Para a Universal Studios faz “Videodrome” (1983, Universal Home Vídeo), que mostrava como controlar os espectadores através da TV, com ótimos efeitos de maquiagens de Rick Baker; “The Dead Zone/A Hora da Zona Morta” (1983, Europa Multimedia) é a adaptação de um livro de Stephen King (que estava em moda nos anos de 1980) onde um paciente acorda do coma com a capacidade de ver o futuro das pessoas que toca; “The Fly/A Mosca” (1986, Fox Home Vídeo) é uma releitura moderna extremamente gore do clássico “The Fly/A Mosca da Cabeça Branca” (1958, Fox Home Vídeo) que havia sido estrelado pelo cult e genial Vincent Price. “The Fly” teve um grande orçamento (foi produzido pelo comediante Mel Brooks) mas não foi sucesso de público nos cinemas, diz a lenda que os espectadores ficavam ruins do estômago ao tentar assistí-lo. Cronenberg fechou a década de 1980 com “Dead Ringers/Gêmeos – Mórbida Semelhança” (1988, em VHS pela F.J. Lucas Vídeo), um drama sexual sobre ginecologistas gêmeos e sua relação com uma paciente feiosa. Acho muito discreto este filme, o assunto poderia ter rendido bem mais.
A década de 1990 parecia promissora quando Cronenberg lançou “Naked Lunch/Mistérios e Paixões” (1991, Spectra Nova), drama lisérgico inspirado no livro homônimo de William S. Burroughs sobre um escritor viciado em drogas que não sabe mais distinguir realidade e delírio. Em seguida o cineasta realiza o pomposo (perdão) “M. Butterfly” (1993), que na época de seu lançamento achei divertido, mas preciso revê-lo para ter uma nova opinião sobre o filme, e o genial “Crash/Estranhos Prazeres” (1996, em VHS pela Columbia Pictures), onde Cronenberg ajeita o chatíssimo livro de J.G. Ballard e nos apresenta seu último grande filme, uma história sexy sobre pessoas que após sofrerem acidentes de carro começam a procurar por sexo bizarro envolvendo carros. Nos últimos anos não realizou nenhum novo clássico, “ExistenZ” (1999) é fraquinho; “Spider” (2002, Movie Star) mornô e os filmes policiais que realizou (“A History of Violence/Marcas da Violência, 2005; “Eastern Promises/Senhores do Crime”, 2007 e “A Dangerous Method/Um Método Perigoso”, 2011) são burocráticos. Dá pena ver um cineasta tão bom desperdiçando seu talento por conta da mediocridade da indústria cinematográfica e seu público idiotizado atual.
Na produção de “Shivers” Cronenberg recebeu uma grande ajuda de Ivan Reitman que em 1972 já havia dirigido o ótimo “Cannibal Girls”. Se alternando nas funções de direção e produção, Reitman fez “Meatballs” (1979) e conseguiu chamar atenção dos grandes estúdios e na seqüência conseguiu emplacar o blockbuster “Ghost Busters/Os Caça-Fantasmas” (1984, Columbia Pictures), campeão das bilheterias dos anos 80. Depois dirigiu megas-porcarias estreladas por Arnold Schwarzenegger como “Twins/Irmãos Gêmeos” (1988), “Kindergarten Cop/Um Tira no Jardim de Infância” (1990) e “Junior” (1994). Verdadeira decadência para o cara responsável pela produção de filmaços como “Death Weekend/Fim de Semana Mortal” (1976) de William Fruet, “Rabid” (1977) de Cronenberg, “Ilsa – The Tigress of Siberia” (1977) de Jean LaFleur, “Animal House/O Clube dos Cafajestes” (1978) de John Landis e “Heavy Metal/Universo em Fantasia” (1981) de Gerard Potterton.
Um dos grandes destaques de “Shivers” são as maquiagens gore, simples mas de grande eficácia. Joe Blasco trabalhava com maquiagens para a TV quando realizou as trucagens gores para “Garden of the Dead” (1974) de John Hayes, distribuido nos USA pela Troma e do clássico “Ilsa: She Wolf of the SS” (1975) de Don Edmonds. Isso lhe valeu o convite para trabalhar em “Shivers” e “Rabid”. Quem aprecia bons trash-movies sem orçamento não devem perder o trabalho de maquiagem de Blasco nos filmes “Track of the Moon” (1976) de Richard Ashe, onde Blasco também “interpreta” a criatura, “Ilsa – The Harem Keeper of the Oil Sheiks” (1976) de Don Edmonds, “The Clonus Horror” (1979) de Robert S. Fiveson e “Whispers” (1990) de Douglas Jackson.
“Shivers” é um filme corajoso, fala sobre o corpo humano e nossos desejos sexuais que são sempre reprimidos pela moralidade social e religiosa de nossa sociedade. Aqui os infectados pelo parasita viram uma espécie de zumbis tarados e dão vazão aos seus instintos. Cronenberg aproveita para discutir assuntos tabus como pedofilia, incesto, homosexualismo, bestilismo, machismo e até o desejo sexual dos velhos. E tudo isso discutido embalado com uma roupagem de cinema gore sexploitation de alta qualidade e diversão. Cronenberg faz falta!
Aqui no Brasil o filme se chama “Calafrios” e já foi lançado em VHS pela F.J. Lucas Vídeo e em DVD pelos picaretas sem classe da Continental. Este filme ainda aguarda, como tantos outros clássicos do cinema gore, um lançamento decente (de preferência em Blu-Ray) em nosso país, cheio de material extra e o filme com qualidade de imagem impecável. Distribuidoras, façam seu trabalho bem feito, por favor!
Barbara Steele – Tão grande que não cabe em rótulos!
Barbara Steele enfeitiça. Lembro-me bem da primeira vez em que a vi num filme, justamente o “Shivers” e, apesar do papel pequeno e sem tanto destaque como em seus mais conhecidos filmes, ela simplesmente me enfeitiçou pela forte presença, pela beleza estranha, a estrutura óssea facial grande e forte (como desenho mulheres acabo sempre observando isso em todas, e o rosto da Steele parece ter sido esculpido com proporções todas erradas, mas que mesmo assim acabou dando todo certo no final), o sorriso largo e os olhos profundos e malignos. Pensei: “Como ela é gigante! Que rosto monstruoso e perfeito! Essa mulher é uma obra de arte!”. A partir daí eu precisa saber mais e ver mais sobre ela. Virei Fã.
Hoje, com setenta e cinco anos, a mais poderosa atriz dos filmes de horror que de tão grande não cabe em rótulos, se assusta com o assédio dos fãs que até hoje a abordam empolgados por causa dos seus filmes antigos com uma emoção tamanha como se os filmes tivessem sido feitos ontem.
Conhecida como musa do cinema de horror gótico, Steele ganhou destaque na década de sessenta e alcançou seu status por conta da sequência de filmes de horror, italianos principalmente, onde atuou.
Steele nasceu na Inglaterra em 19 de dezembro e não tinha intenção de ser atriz, queria mesmo era ser pintora, “queria ser Picasso” dizia, e estudou para isso, foi para Paris, mas precisava de grana e foi por esse motivo que em 1957 ela entrou numa companhia de teatro onde ganhava cinco libras por semana.
Sua estréia como atriz foi na comédia britânica “Bachelor of Hearts“, em 1958, e não tinha muito mais que um pequeno diálogo. Foi em 1960 que, após ver sua foto numa revista, Mario Bava a recrutou para o que seria seu papel de maior destaque em “La maschera del demonio/Black Sunday/A Máscara de Satã” (que saiu aqui no Brasil em DVD pela London Films) onde faz um papel duplo, passeando brilhantemente entre a bruxa malvada e a princesa inocente. Este filme também marca a estréia oficial de Mario Bava como diretor. A partir daí, Barbara ganha grande notoriedade e em 1961 é levada para a américa onde estrela “The Pit and the Pendulum/A Mansão do Terror” (lançado aqui no brasil em DVD pela CultClassic) de Roger Corman, contracenando com o sempre genial Vincent Price. Ali, mais uma vez, ela nos encanta ao desempenhar muito bem seu papel de mocinha inocente e mulher cruel e assustadora ao mesmo tempo.
Durante a época em que ficou na américa, Steele relata que tentaram transformá-la em mais uma boneca de plástico fabricada por Hollywood “Eles tinham uma idéia preconcebida de que as mulheres eram todas lábios brilhantes. Eles diziam: ‘É melhor fixar suas orelhas para trás. É melhor deixá-la loira. Você não tem qualquer decote’. Depois vieram as recomendações: ‘não seja vista com fulano, porque… Não ande por aí de salto alto’ – eles achavam que eu era muito alta e todos se sentiam terrivelmente baixos lá. Era uma piada. Todos esses clichês fantásticos que você lê em “Day of the Locust” (livro de 1939, do autor americano Nathanael West sobre a decadência e alienação de Holywood nos anos 30). Só que era muito mais clichê do que você poderia imaginar.“, desabafou certa vez numa entrevista. Barbara se manda para a Itália e em 1962 ganha o papel para o filme “Fellini Otto & Mezzo” (de mesmo título aqui no Brasil e que foi lançado em DVD pela Versátil Home Video). Em seguida, ainda em 1962, faz o “L’orribile segreto del Dr. Hichcock“, o horror italiano dirigido por Riccardo Freda. Depois disso, outros papéis para filmes de terror surgem em seu caminho e consolidam cada vez mais seu título de rainha do horror. Entre estes títulos encontramos “Lo Spettro“, de 1963, dirigido por Riccardo Freda; “Danza Macabra” de 1964, dirigido por Sergio Corbucci e Antonio Margheriti; “I lunghi capelli della morte”, 1964, também dirigido por Antonio Margheriti, entre outros. Em 1966 faz um pequeno papel na comédia clássica “L’armata Brancaleone/O Incrível Exército Brancaleone” de Mario Monicelli (lançado no Brasil em DVD pela Spectra Nova) e em 1968 faz o clássico do horror britânico “Curse Of The Crimson Altar” de Vernon Sewell, filme que reúne também os outros dois grandes nomes do horror Boris Karloff e Christopher Lee. Apesar de todos os títulos e de seguidores fiéis do gênero do horror que mantém até hoje, Barbara Steele parecia não gostar tanto do culto ao título que recebeu, talvez pela limitação que isso causava a sua carreira. Declarou certa vez estar aposentada do gênero e que jamais voltaria a sair de um caixão de novo. A promessa não é seguida. Visando novos rumos para a carreira, volta à américa onde conhece o roteirista James Poe com quem se casa e tem um filho. Os dois ficam casados por muito tempo. Em 1969, Poe escreve um papel para Barbara na adaptação para a tela do romance “The Shoot Horses, Don’t They?”, mas quando Sydney Pollack, o diretor do filme, escolheu outra atriz para o papel, Barbara decidiu fazer uma pausa e ficou sem atuar por uns cinco anos. Volta ao cinema só em 1974 com o exploitation “Caged Heat” de Jonathan Demme. Em 1975 aparece lindísisma no clássico cult “Shivers“, papel com pouco destaque, porém notável, e em 1977 no “I Never Promised You a Rosen Garden” de Anthony Page. Já com a carreira capengando ela aparece em mais alguns títulos, uns tornaram-se memóraveis, outros nem tanto. Em 1978 ela e Poe divorciam-se e ela não volta a se casar novamente. Em 1980 tenta ainda o horror “The Silent Scream” de Danny Harris, se aposenta das telonas em seguida e se dedica, com sucesso, ao trabalho de produtora de mini-séries para TV. Chegou, inclusive, a ganhar um Emmy pela produção na série “War and Remembrance“. Barbara Steele retornou às telonas agora em 2012 estrelando o horror “The Butterfly Room” de Jonathan Zarantonello. Não sei se esse filme será lançado aqui no Brasil, não achei informações que indicasse algo sobre isso, então ficarei devendo essa informação.
Mesmo setentona Steele continua linda e com aquele olhar impressionante que nos convida sem que a gente saiba se é pro bem ou pro mal, ela nem sempre foi bem aproveitada, mas é tão gigante em talento e força que impressiona mesmo quando seu papel é minúsculo. Vida longa à grande e fascinante musa!
Steele – “The Butterfly Room”
The Buterfly Room
Algumas imagens de uma exposição com suas pinturas que aconteceu em Roma no dia 9 de novembro de 1962
Trailers de alguns filmes com a musa:
Resenha de petter baiestorf Box sobre barbara Steele de Leyla Buk
Dia 15/05/2012 iniciou-se a primeira exposição individual do artista capixaba FonzoSquizzo em São Paulo, além de artista plástico Fonzo é conhecido por ser ator de filmes de terror, roteirista e escritor e principalmente como músico, há 2 décadas à frente da banda de freak rock Cannibal Clown (que só lançam músicas avulsas na internet desde o ep “The Freakest of the Freaks” (2000), o último lançamento físico da banda desde o debut álbum “Freaks Hits” (1998), depois desta época apenas compilações online como a coletânea “Dark Carnival” (2005), e este ano chegaram a compor música inédita com a formação clássica, “Dead Stars”, que deveria sair em uma coletânea de bandas a ser lançada nos EUA.
Inquieto, Fonzo participou ainda de outros projetos musicais como Orla Sônica, Golconda, Very Idiot People, Teoria do Cão e atualmente enquanto o Cannibal Clown está em um hiato artístico, junto com outros dois guitarristas de sua banda do coração e outros dois integrantes (ambos envolvidos com filmes de terror) acaba de montar o Kill The Mimes, com os guitarristas El Chackal, Mr.Sade, o técnico de efeitos especiais Alexandre Brunoro (que trabalhou nos filmes “A Noite do Chupa Cabras” e “Confinópolis”, além de também ser baixista da fantástica banda de grindcoresplattergore I Shit on Your Face) e, na batera, ninguém menos que o conhecido ator de filmes de terror Walderrama dos Santos. O primeiro single do “K.T.M. (I’m a Pitbull)” sai independente em breve.
Como escritor é autor de alguns roteiros, em andamento, colunista de sites como Espírito Rock, Intervenções Urbanas, Omelete Marginal, Overmusica e Musica Real.
Juntamente com o Cannibal Clown produziu a trilha sonora do espetáculo de horror interativo “Mausoleum”, trabalhou nos filmes do diretor Rodrigo Aragão “Mangue Negro” e “A Noite do Chupa Cabras”, e no curta de Raphael Araújo “Confinópolis”, dirigiu o seu próprio curta intitulado “Gentileza”, com participação de Joel Caetano (cultuado ator e diretor de filmes de horror paulista), Walderrama dos Santos, e com apoio técnico de Dani Bezerra, Mari Zani, Danilo Baia e Christian Verardi.
Fundador do movimento “Cinema Maloqueiro”, está gravando um documentário no Espírito Santo todo filmado com um celular Nokia 9000 e outro documentário com o videomaker Marcelo Castanheira provisoriamente intitulado “A Loja”.
Depois de desenhar HQs pra revista “Almanaque Gótico” a convite dos amigos Fábio Turbay e Fabrício Saadi Pagani e de fazer diversos projetos pessoais, iniciou trabalhos com shapes de sk8 e pranchas de surf, sendo convidado a customizar longs para o blog do amigo Alexandre Guerra, não demorou pra que os trabalhos ficassem conhecidos na internet, sendo convidado para participar de exposições como a “Brumas Negras” no ES, vindo em seguida o convite para participar do Projeto “O Crime do Teishuko” (o maior cartoon colaborativo do mundo) e em outubro passado foi chamado para desenhar ao vivo na Pixelshow, uma das maiores feiras de arte e design do mundo, por fim recém pintou o Giant Toy Art de São Paulo, transformando-o em um Zumbi e fez sua primeira exposição individual na Livraria HQMIX.
A Exposição de FonzoSquizzo vai até dia 26 de Maio na livraria HQMIX (rua Tinhorão 124, Vila Boim, Higienópolis, São Paulo/SP, em frente a FAAP), sempre das 9 da manhã às 22 da noite, até sábado agora. Contatos com o artista via e-mail: fonzosquizzo@gmail.com.
Na ordem social de hoje, o mais elevado tipo de sociedade humana está nas salas de estar. Nas elegantes e refinadas reuniões das classes aristocráticas não há nenhuma das impertinentes interferências da legislação. A individualidade de cada um é totalmente admitida. O intercurso, portanto, é perfeitamente livre. A conversação é contínua, brilhante e variada. Grupos são formados por atração. E são continuamente rompidos e reformados através da ação da mesma energia sutil e onipresente. A deferência mútua permeia todas as classes, e a mais perfeita harmonia jamais alcançada, nas complexas relações humanas, prevalece precisamente sob aquelas circunstâncias que os legisladores e homens de Estado temem como condições de inevitável anarquia e confusão. Se existem quaisquer leis de etiqueta, elas são meras sugestões de princípios, admitidos e julgados por cada pessoa, pela mente de cada indivíduo.
Seria concebível que em todo o futuro progresso da humanidade, com todos os inúmeros elementos de desenvolvimento que a época presente vem desdobrando, a sociedade em geral, e em todas as suas relações, não atingirá um grau de perfeição tão alto como certos segmentos da sociedade, em certas relações especiais, já atingiu?
Suponha que o intercurso da sala de estar seja regulado por uma legislação específica. Que o tempo permitido para cada cavalheiro dirigir-se a cada dama seja fixado por lei; que as posições que eles possam sentar ou ficar de pé sejam precisamente reguladas; que os assuntos sobre os quais eles tenham permissão de discorrer, e o tom de voz e os gestos que cada um possa fazer, sejam cuidadosamente definidos, tudo sob o pretexto de evitar a desordem e a violação dos privilégios e direitos uns dos outros. Poder-se-ia conceber algo melhor calculado e mais certo de converter todo intercurso social numa escravidão intolerável e numa confusão sem esperança?
* Quem deixar o nome do autor deste texto e em qual livro ele foi publicadoaqui no Brasil, ganhará um filme da Canibal Filmes (podendo escolher um dos seguintes DVDs: “A Curtição do Avacalho”, “Zombio/Eles Comem Sua Carne”, “O Monstro Legume do Espaço 1 e 2” ou “Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!”) + um exemplar do fanzine “Spermental # 19” (editado por Erivaldo Mattüs com ilustrações de Leyla Buk), postais de Leyla Buk/Petter Baiestorf e um split CD original com as bandas Merda e D.F.C.
SOMENTE VÁLIDO PARA RESPOSTAS DEIXADAS NOS COMENTÁRIOS. O primeiro que acertar receberá em casa o prêmio sem gastos. Válido somente até o próximo post (daremos a resposta e anunciaremos o vencedor aqui nos comentários). Promoção não válida aos colaboradores do Canibuk.
Daniel Defoe, escrevendo sob o pseudônimo de capitão Charles Johnson, escreveu o que se tornou o primeiro texto histórico sobre os piratas, A General History of the Robberies and Murders of the Most Notorious Pirates (Uma história Geral dos Roubos e Assassinatos dos Mais Notórios Piratas). De Acordo com Jolly Roger (a bandeira pirata), de Patrick Pringle, o recrutamento de piratas era mais efetivo entre os desempregados, fugitivos e criminosos desterrados. O alto-mar contribuiu para um instantâneo nivelamento das desigualdades de classe. Defoe relata que um pirata chamado capitão Bellamy fez este discurso para o capitão de um navio mercante que ele tomou como refém. O capitão tinha acabado de recusar um convite para se juntar aos piratas:
Sinto muito que eles não vão deixar você ter sua chalupa de volta, pois eu desaprovo fazer mesquinharia com qualquer um, quando não é para minha vantagem. Dane-se a chalupa, nós vamos naufragá-la e ela poderia ser de uso para você. Embora você seja um cachorrinho servil, e assim são todos aqueles que se submetem a ser governados por leis que os homens ricos fazem para sua própria segurança; pois os covardes não têm coragem nem para defender eles mesmos o que conseguiram por vilania; mas danem-se todos vocês: danem-se eles, um monte de patifes astutos e vocês, que os servem, um bando de corações de galinha cabeças ocas. Eles nos difamam, os canalhas, quando há apenas esta diferença: eles roubam os pobres sob a cobertura da lei, sem dúvida, e nós roubamos os ricos sob a proteção de nossa própria coragem. Não é melhor tornar-se então um de nós, em vez de rastejar atrás desses vilões por emprego?
Quando o capitão replicou que a sua consciência não o deixaria romper com as regras de Deus e dos homens, o pirata Bellamy continuou:
Você é um patife de consciência diabólica, eu sou um príncipe livre e tenho autoridade suficiente para levantar guerra contra o mundo todo, como quem tem uma centena de navios no mar e um exército de 100 mil homens no campo; e isto a minha consciência me diz: não há conversa com tais cães chorões, que deixam os superiores chutá-los pelos convés a seu belprazer.
Capitão Bellamy & Hakim Bey* (do livro TAZ – Zona Autônoma Temporária, editora Conrad).
* Hakim Bey é pseudônimo do historiador Peter Lamborn Wilson.