Aqui você encontra o que rola de melhor no mundo underground e espaço pra o tipo de arte que tenha algo interessante a dizer e mereça ser descoberta, apreciada e/ou resgatada. Se você quer ficar informado sobre festivais, shows, mostras, lançamentos e exposições que acontecem pelo mundo underground, se interessa por cinema independente, sons extremos e curiosos, arte erótica, fetiches variados, putaria da boa, bebidas, culinária vegetariana, HQs, resgate cultural, zines, filme B, anarquia, pensamento libertário, atéismo e senso de humor crítico, siga o Canibuk, o blog que tem a MEGALOMANIA como palavra de ordem!
Leyla e eu estamos em festa até início de julho, até lá Canibuk vai permanecer sem atualizações porquê queremos abrir um vinho e curtir umas caipirinhas com muitas cervejas acompanhadas de beijos quentes, lambidinhas deliciosas no paraíso, respirações ofegantes nas 24 horas de madrugadas delirantes, corpos suados em comunhão sexual, malícia molhadinha e melequenta em dias de sacanagem e cumplicidade se curtindo sem lembrar que existe um mundo fora do nosso quarto.
Enquanto não voltamos a postar no Canibuk, nossa sugestão é de que as postagens antigas estão aí para serem (re)descobertas. Em menos de dois anos de blog postamos 688 artigos sobre cultura obscura em geral. São 210 postagens sobre cinema não convencional, 60 dicas de vídeos independentes, 98 quadrinhos resgatados diretamente do passado, 23 entrevistas com artistas que tem o que dizer e mostrar, 120 dicas de literatura, 60 toques sobre música underground, 23 artigos sobre ilustradores com técnicas únicas, 58 amostragens de arte erótica e mais uma infinidade de material sobre anarquismo, animações, bizarrices, body modification, colagens, contos, cordel, culinária vegetariana, fan films, fanzines, fetiche, fotografia, fotonovelas raras, raridades do museu coffin souza, orações, pinturas, poesias, rádio, roteiros, sex symbols, soundtracks, televisão e mais 90 posts com arte que, Leyla Buk e eu, produzimos.
Até julho Canibuqueiros… Se não sumirmos em nossa felicidade!
Dando seqüência a publicação da segunda parte de “Poppin Cherry – Omitto San”. Um pouquinho de putaria é sempre bem-vinda e sabemos que os leitores do Canibuk adoram uma boa sacanagem. Faça sexo gostoso, não consuma tanto e burle o imposto de renda fazendo sexo saudável/tarado. Sexo é de graça. Divirta-se sem sair de casa!
Neste dia 14 de junho de 2012, quando completava 67 anos, a figura ímpar de Carlos Reichenbach faleceu à caminho do hospital. Carlão fez de tudo no cinema, dirigiu mais de 20 filmes, foi ator, roteirista, produtor, compositor de trilha sonora, diretor de arte, câmera, diretor de fotografia e outras funções técnicas. Trampar com cinema nacional é isso mesmo, cara se fode, ganha pouco, mas aprende a fazer de tudo um pouco.
Em seu livro “Cinema da Boca – Dicionário de Diretores”, Alfredo Sternheim escreve o seguinte sobre Reichenbach: “De todos os diretores que passaram pelo cinema da boca, não há dúvida que Carlos Oscar Reichenbach Filho é o único que sobreviveu à sua extinção. E fez isso se mantendo coerente com a sua obra autoral, com a sua visão de mundo, que sempre procura externar em suas realizações. Gaúcho de Porto Alegre, nascido em 14 de junho de 1945, Carlão, como é carinhosamente chamado, aos dois anos de idade já morava em São Paulo. Sua aproximação com o cinema deu-se ainda na infância, através de Osvaldo Sampaio, o cineasta dos clássicos “A Estrada” e “O Preço da Vitória”, que era amigo de seu pai. Aos 21 anos, passou a estudar no primeiro curso de cinema da Escola Católica São Luiz. Entre seus professores, estavam Luis Sérgio Person e Roberto Santos. Com alguns de seus colegas de estudo, foi parar na Boca do Lixo. A sua estréia como diretor foi em 1968, realizando um dos três episódios de “As Libertinas”. Ao mesmo tempo, especializou-se também em fotografia de cinema. Nessa área, em cerca de 30 anos, assinou vários trabalhos para outros cineastas. Como diretor, a filmografia de Carlão oferece, além de alguns documentários curtos, 14 longas e alguns episódios para filmes de ficção. Várias de suas realizações foram premiadas, principalmente no Festival de Gramado. Neste certame, recebeu o Kikito de Ouro de melhor filme em 1987 por “Anjos do Arrabalde”, um ano depois de ganhar como melhor diretor por “Filme Demência”. No Festival de Brasília, em 1993, Carlão viu seu “Alma Corsária vencer como melhor filme e mais recentemente, em abril de 2005, levou um dos principais prêmios do Festival de Recife com “Bens Confiscados”. Sempre fraterno com os colegas de profissão, por volta de 1981 ele foi, na Boca, um dos sócio-fundadores da Embrapi, produtora em forma de cooperativa que reunia, entre outros, diretores e técnicos. De lá saíram cerca de oito longas em dois anos, em sua maioria de outros realizadores. No fim da década 1980, o cineasta e mais cinco diretores criaram a Casa da imagem, produtora que fez o seu episódio para “City Life”, produção idealizada por gente da Holanda, que reúne episódios de cineastas de diversos países. Em 2004 e 2005, Carlão também atuou como programador e animador cultural de uma sessão semanal no cinema de arte do Sesc, em São Paulo, onde resgatava filmes estrangeiros esquecidos ou marginalizados pela crítica.”
Conheci o Reichenbach de forma bem rápida em 2006 num festival em Santa Maria/RS onde estava acontecendo uma retrospectiva em Sessão Maldita, sempre à meia-noite, dos meus filmes e ele foi prestigiar. Cinema Brasileiro perde um cara fantástico, autor de inúmeros filmes bem divertidos. Embora ele seja mais respeitado por seus filmes mais recentes, sou um grande fã da obra dele dos anos 70 até meados dos anos 80. Filmaços como “Lilian M: Relatório Confidencial”, de longe meu preferido, até filmes como “A Ilha dos Prazeres Proibidos” e suas atuações lindas em filmes de José Mojica Marins, Sganzerla e outros diretores fodas do cinema marginal brasileiro. Assistam os filmes de Reichenbach e se divirtam com o estilo Boca do Lixo de ser.
“The Island” (“A Ilha”, 1980, 109 min.) de Michael Ritchie. Com: Michael Caine e um bando de dublês feios e sujos.
Já teve um tempo que os blockbusters americanos ousavam mais, tentavam ser inventivos e apostavam em riscos maiores, sempre com o nobre objetivo de surpreender o espectador. Neste “The Island”, superprodução escrita por Peter Benchley, somos apresentados à uma região do Caribe onde barcos de turistas estão sumindo e as pessoas sendo brutalmente assassinadas. Michael Caine é um jornalista que, com seu filho pré-adolescente fanático por armas de fogo a tira colo, compra lugares em um avião de carga para ir até o Caribe investigar o que está acontecendo. Algo já começa errado quando o piloto bêbado “esquece” de baixar o trem de pouco do avião e tudo vai pelos ares numa cena digna da série “Indiana Jones”. Após ser interrogado pelas autoridades do aeroporto, Caine e seu filho alugam um barco e vão pescar (parte de uma promesa que o jornalista fez ao filho que queria ir prá Disneylândia) e são seqüestrados por piratas modernos (mas descendentes de piratas do século XVII). No cativeiro os piratas fazem uma lavagem cerebral na criança e o tornam um aprendiz na arte da pirataria. Caine é mantido vivo por motivos de procriação, visto que de tempos em tempos o pequeno povoado de piratas precisa de sangue novo para manter sua linhagem saudável. O que parecia ser, de início, um filme de horror, logo se torna um filme de ação/aventura e presenciamos um autêntico ataque pirata em pleno século XX, com os engraçados piratas abordando um barco de traficantes de cocaína. Nesta cena uma ótima surpresa, um dos traficantes luta kung fu em estilo Bruce Lee e dá uma surra em vários piratas perplexos que nunca haviam visto nada igual, se tornando minha cena preferida do filme. Logo a guarda costeira chega na ilha dos piratas e temos um climax maravilhoso e inusitado que lembra o final do posterior “Rambo 4” (2007) de Sylvester Stallone.
“The Island” está longe de ser o melhor filme do mundo, mas cumpre bem seu papel de divertir e surpreender o público. E tem um climão de sujeira que outros blockbusters não possuem. Os piratas aqui retratados são sujos, a maioria desdentados e doentes. O cenário caribenho é ótima, colaborando com a idéia de um grupo de homens perdidos no tempo, vivendo de acordo com seu próprio código moral. Como sempre fui fã de Michael Caine, achei-o muito bem aproveitado, passando a idéia de que realmente poderia sim ser um jornalista pronto prá ação desenfreada. A cena de explosão do avião e de um barco são discretas (para os padrões dos blockbusters atuais), mas razoáveis (confesso que quando fiquei sabendo que este filme custou 22 milhões de dólares, achei as explosões bem meia bocas). O elenco mirim convence e os atores que fazem os piratas estão hilários; como é bom ver filmes com gente feia fazendo asneiras. O ponto fraco é que essa história poderia render mais demências e depravações sexuais, mais gore e violência extrema, se tivesse sido dirigido por algum diretor mais sem noção. Joe D’Amato, Jesus Franco ou Jean Rollin teriam feito bonito com este roteiro.
“The Island” é dirigido por Michael Ritchie, um diretor da geração Spilberg-Coppola que nunca atingiu o status de “autor”, que em 1969 dirigiu “Downhill Racer”, drama sobre corridas de esqui estrelado por Robert Redford e Gene Hackman. Em um tempo que o cinema americano tinha o que dizer, fez “The Candidate” (1972), filme político novamente estrelado por Redford e “Prime Cut” (1972), sobre a escravidão do sexo feminino, estrelado por Sissi Spacek (em seu primeiro papel creditado) e Lee Marvin e Gene Hackman. O infantilóide “The Bad News Bears” (1976), estrelado por Walter Matthau no papel de um treinador alcoólatra que treina o pior time de beisebol dos USA, que foi um grande sucesso de bilheteria. Depois de vários filmes bobos como “Semi-Tough” (1977) e “An Almost Perfect Affair” (1979), dirigiu este vigoroso “The Island”. Tomando gosto pelo horror, digiriu o filme “Student Bodies” (1981), uma paródia aos slashers que faziam sucesso no início dos anos 80, só que não pode ter seu nome creditado como diretor porque trabalhou durante uma greve dos profissionais da direção e as regras do sindicato não permitem que seja dado créditos durante greves. Em 1985 dirigiu o comediante Chevy Chase em “Fletch”, parceria repetida no superior “Fletch Lives” (1989). Tomando gosto por dirigir comediantes, fez com Eddie Murphy “The Golden Child/O Rapto do Menino Dourado” (1986), seu maior sucesso (originalmente o filme era para ter sido dirigido por John Carpenter) e “The Couch Trip” (1988) com Dan Aykroyd e Waletr Matthau. Depois destes dirigiu uma série de filmes ruins, vindo a falecer em 2001 em decorrência do câncer de próstata.
A equipe-técnica desta produção incluia o escritor e roteirista Peter Benchley, mundialmente famoso pelo romance “Jaws”, adaptado para o cinema por Steven Spielberg em início de carreira. Benchley, depois de formado, trabalhou no jornal The Washington Post e na seqüência escreveu os discursos do presidente Lyndon Johnson (“The Werewolf of Washington” é sobre Benchley). A trilha sonora é do sempre genial Ennio Morricone, compositor que dispensa apresentações. Se tornou uma lenda compondo as trilhas sonoras dos filmes de Sergio leone e não parou mais. Nos efeitos especiais “The Island” contou com uma ajudinha não creditada de Stan Winston. No elenco o sempre correto Michael Caine, ator inglês que fez a fama em filmes de ação/aventura interessantes como “Zulu” (1964) de Cy Endfield; “Billion Dollar Brain” (1967) de Ken Russell; “Play Dirty” (1969) de André DeToth; “Get Carter” (1971) de Mike Hodges; “The Man Who Would be King/O Homem que Queria ser Rei” (1975) de John Huston; “A Bridge too Far” (1977) de Richard Attenborough; “The Swarm/O Enxame” (1978) de Irwin Allen; “Dressed to Kill/Vestida Para Matar” (1980) de Brian De Palma; o trash involuntário “The Hand” (1981) de Oliver Stone e tantos outros filmaços que é impossível listar tudo aqui. Como curiosidade, os piratas do filme são, em sua maioria, interpretados por dublês, o que explica o visual acabadão,com dentes quebrados e cicatrizes nos rostos, e olhares com expressão de demência.
Quando lançado nos cinemas “The Island” teve um resultado negativo entre os críticos e um fraco desempenho nas bilheterias. Ganhou status de cult-movie com os fãs do escritor Benchley e do ator Caine, que redescobriram este pequeno clássico em DVD. Aqui no Brasil foi lançado em DVD pela distribuidora New Way Filmes com o título de “A Ilha” e imagem bem ruinzinha, pelo valor de 14.90.
Já faz um tempo que eu queria falar um pouco aqui no blog sobre a Francesca Woodman, pois sou fascinada pelos trabalhos e personalidade intensa da artista que teve uma vida breve (ela se matou aos 22 anos), mas produziu como louca nesse curto período onde ficou por aqui tentando se descobrir e lutando com suas emoções fortes. Nos deixou obras lindas. Alguns textos de seu diário mostram como era intensa, ambiciosa, ansiosa por reconhecimento. Em uma de suas frases afirma que é vaidosa e masoquista e se indaga como pode ser as duas coisas. Suas fotografias são como toda arte, na minha opinião, deve ser, tão poderosas que é impossível passar por elas sem ser atraído, sem sentir uma certa perturbação e angústia, sem pensar nos limites do corpo, sem pensar, sobretudo, na morte.
A maioria das fotografias são auto-retratos, predominando o preto e branco, encenadas numa atmosfera fantasmagórica, onde a nudez (ou quase) é constante e o corpo envolto num ambiente cheio de tristeza e melancolia. Ela explora o corpo humano, seus limites e temas como solidão, morte, o feminino estão presentes nos registros incertos, borrados, quase em movimento e nos mostram que as possibilidades de criação e experimentação são infinitas. Os resultados de suas experiências são sempre intrigantes e originais. Embora sua preferência fosse por preto e branco, Francesca também fotografou em cor e, o que poucos sabem, fez alguns trabalhos em vídeo.
Aqui é posssível ver um trecho de uma de suas experimentações em vídeo.
Woodman nasceu numa família de artistas, seu pai era pintor e a mãe ceramista. Aos treze anos já fotografava com paixão e, mais tarde, aos desessete, ingressou na Rhode Island School of Design, ja desenvolvendo um estilo muito próprio. Em Roma, onde passou um ano no palácio Cenci depois de conseguir uma bolsa de estudos, teve contato com o futurismo e surrealismo, elementos que, acompanhados do barroco e do simbolismo, encontramos em seus trabalhos. Em 1979 volta à Nova Iorque buscando trilhar sua carreira de fotógrafa e dar seguimento a sua obra. Francesca entregou-se ao trabalho e alimentava seu ego de artista e a ambição pelo reconhecimento. Criou uma série de livros de artistas (obras de arte realizadas em forma de livro), entre eles o “Portrait of a Reputation“, “Angels, Calendar Notebook” e o “Quaderno dei Dettati e dei Temi/Notebook of Dictations and Compositions”, mas o único livro que teve publicado ainda em vida foi o “Some Disordered Interior Geometries”, lançado em janeiro de 1981. Uma semana após o seu lançamento Francesca se matou. Alguns anos depois o livro receberia ótimas críticas.
“Some Disordered Interior Geometries” é um livro raro que foge da forma clássica dos livros de fotografias. Na verdade, é um livro italiano de exercícios de geometria do século passado com 24 páginas onde a artista inseriu algumas de suas fotografias e anotações feitas à mão, incluindo correções com corretivo líquido. Hoje o livro está esgotado, encontram-se apenas digitalizações disponíveis para algumas instituições de ensino nos Estados Unidos.
Em 2010 foi lançado o documentário “The Woodmans“, realizado por C. Scott Willis. O filme fala sobre a família e vida da fotógrafa, traz depoimentos de familiares próximos, como seu irmão, fala sobre a relação e importância da arte na vida de Francesca e seu trágico fim. Sem dúvida, a arte era o sentido da sua vida e foi após um bloqueio criativo que afetou todo o seu processo lhe impedindo de produzir, que ela entrou numa crise e desequilibrou-se a ponto de se matar. Em 19 de janeiro de 1981 ela joga-se de uma janela.
“Minha vida neste momento é como antigos sedimentos que ficam numa xícara de café e prefiro morrer jovem deixando várias realizações ao invés de apagar todas essas coisas delicadas…”, disse numa de suas últimas cartas escrita para um ex-colega de escola.
Mao Sugiyama quando criança adorava se vestir com as roupas das irmãs, ao que tudo indicava seria um transformista. Ao chegar na adolescência começou a se considerar o “Assexual de Tokyo”. Assexuais são pessoas que, em teoria (eu, na qualidade de tarado, não consigo imaginar alguém assexuado), não se interessam sexualmente por nenhuma criatura/objeto, seja homem, mulher, animais, enguias ou sofás. Ao completar 22 anos de idade Mao resolveu passar por uma cirurgia de remoção de seu incômodo órgão genital masculino e o guardou na geladeira de sua pequena kitnet. Alguns dias depois, já recuperado da complexa cirurgia, postou o seguinte tweet:
“[Por favor, retweet] Estou oferecendo meus órgãos genitais masculino (pênis inteiro, testículos, escroto) como refeição por 100 mil ienes. Será preparado cozido como desejar o comprador em local à ser combinado.”
No dia 13 de abril (passado), depois que exames comprovaram que o órgão era saudável, o membro de Mao foi cortado em pedacinhos e preparado com cogumelos e salsa italiana, acompanhado de pratos extras à base de crocodilo. Cinco pessoas se deliciaram com o, segundo eles, delicioso pênis de Mao. Uma sexta pessoa que iria participar do banquete desistiu e o evento foi uma atração para inúmeras pessoas que compareceram somente para ver tal ato histórico com seus próprios olhos.
No dia seguinte Mao Sugiyama postou fotos do banquete em seu blog (atualmente fora do ar). Como o banquete causou comoção entre os cidadãos mais conservadores do Japão, as autoridades foram chamadas e acabaram chegando a conclusão de que o banquete foi legal, já que não há leis contra canibalismo naquele país.
Sou um defensor de que as pessoas devem fazer o que curtem e achei que o governo japonês soube entender bem os desejos das pessoas envolvidas. Se Mao odiava seu pênis e hoje é mais feliz sem seu membro, ótimo! E aproveitar o membro num jantar que saciava os instintos canibais de cinco cidadãos livres, melhor ainda. Vivemos numa época que não se permite desperdícios (só não precisava servir carne de crocodilo junto do exótico prato culinário que Seabrook tanto adorou, como vegetariano não aprovo a morte de animais para alimentação). O que me preocupa é a sexta pessoa, que na hora “H” desistiu de experimentar tão rara iguaria, uma pessoa assim, que combina algo e não cumpre, tem problemas e deveria ser investigada.
Preparando o membro de Mao.
Raríssimo manjar já cozido e pronto para ser servido com cogumelos e salsa.
“Pac-Man: The Movie” (2008, 6 min.) de Stanley Wong e Tyler Russell. Com: Dorothy Brignac, Tyler Russell e Stanley Wong.
Quem tem mais de 30 anos provavelmente já jogou o “Pac-Man” (Pakkuman), um vídeo-game desenvolvido pela NAMCO (empresa japonesa de video-games), lançado no mercado mundial em 1980 e que se tornou o jogo de arcade mais vendido da história e ícone da cultura popular. Inspirou milhares de produtos e até uma série animada produzida pela Hanna-Barbera (entre 1982 e 1983).
Em 2008 a dupla Stanley Wong e Tyler Russell realizaram a produção de um curta-metragem de fãs onde, com um ótimo resultado técnico, contavam a história do Pac-Man sendo largado num labirinto para caçar sua comida e destruir alguns fantasminhas nada camaradas. Aqui, tudo muito mais ágil, movimentado e nervoso do que o jogo original, lógico!
Abusando de efeitos digitais (mas que aqui combinam com a proposta do fan film), “Pac-Man” é uma produção da Filmhouse Productions e traz estreiando na direção dois técnicos que geralmente trabalham no departamento elétrico ou como operadores de câmeras em grandes produções de hollywood. Stanley Wong fez câmera (não direção de fotografia) em produções como “The Mechanic/Assassino à Preço Fixo” (2011) de Simon West, estrelado por Jason Stathan e em “Green Lantern/Lanterna Verde” (2011) de Martin Campbell. Dirigiu mais dois curtas além do “Pac-Man”, que foram “Doggone” (2008) e “Thanks For Asking” (2009); também foi ator em alguns poucos filmes independentes de amigos. Tyler Russell só co-dirigiu “Pac-Man” e foi câmera (não diretor de fotografia) em filmes como “Mysterious Island” (2010) de Mark Sheppard, baseado em Jules Verne; “Alligator X” (2010) de Amir Valinia e “Flesh Wounds” (2011) de Dan Garcia, sci-fi produzido para a TV.
Saudosistas, vejam o curta “Pac-Man: The Movie” aqui no Canibuk:
No “Arghhh” número 12 (fanzine que editei entre 1992 e 2003), que trazia uma capa linda desenhada pelo Júlio Y. Shimamoto, publiquei a HQ “Cúpula” de Mario Labate, a qual resgato aqui no Canibuk.
Dia 17 de junho próximo (domingo que vem), durante o festival Floripa Noise, vai acontecer o Gurcius Gewdner Flash Tattoo Day em Florianópolis (SC), uma ótima oportunidade imperdível para você que curte tatuagem e os desenhos de Gurcius Gewdner. Durante o dia todo você, manézinho da ilha, surfista das ondas, hippie da UFSC, punk das botiques, HC do McDonalds, indie da mamãe, vai poder tatuar um desenho de Gurcius Gewdner pelo simbólico valor de R$ 60.00, com assinatura do próprio feita a mão em sua pele.
Gurcius Gewdner é atualmente o artista sem rótulos mais importante e inventivo da América Latina, tão importante quanto Picasso foi (Gurcius Gewdner já pagou minha conta, em um caríssimo restaurante da capital da Bolívia, somente fazendo um desenho no guardanapo com o qual o dono do fino estabelecimento, um importante colecionador de arte boliviano, foi presenteado). Atualmente é multi-Artista na cidade do Rio de Janeiro onde conquistou de vez os donos dos mais importantes museus do Brasil se tornando o menino de ouro dos museus cariocas. Desde os anos 70, Gurcius Gewdner tem sido o tema mais freqüente entre os melhores tatuadores do mundo.
Participe do Gurcius Gewdner Flash Tattoo Day e no dia seguinte você poderá estragar sua tatuagem e arrancar um pedaço do seu braço vendo “Os Legais” ao vivo, misturando sangue, tinta e isopor durante o Floripa Noise.
“Midnight Movie Massacre” (“Aconteceu à Meia-Noite”, 1988, 82 min.) de Mark Stock e Laurence Jacobs. Com: Robert Clarke, Ann Robinson, David Staffer e um bando de desconhecidos.
É noite de sábado numa pequena cidade americana dos anos 50 e todos vão para o cinema se divertir, paquerar e comer guloseimas. Neste cinema está sendo exibido a série “Space Patrol” que é produzida pela Republick (uma brincadeira com a Republic Pictures, inclusive com um urubu no lugar da águia original). Enquanto as pessoas se acomodam, na tela são exibidos trailers das próximas atrações: “Cat-Women of the Moon” (1953) de Arthur Hilton e “Devil Girl From Mars” (1954) de David McDonald (aqui rebatizado como “Sweater Girls From Mars” para uma piadinha com uma das personagens). Logo começa o filme dentro do filme com o tal “Space Patrol – Chapter 2 – Back From the Future”, onde um cientista inventa uma máquina do tempo e viaja ao passado para colocar seu plano maligno em prática. Assim um grupo de três cadetes precisam persegui-lo e deter seu plano viajando, também, para o passado. A máquina do tempo é uma espécie de disco-voador, operada por um cérebro, que viaja através do espaço sideral para voltar ao planeta Terra dos anos 50. Logo nossos heróis pousam numa pequena cidade e um casal de namorados e um voyeur (mais um menino de uma fazendo próxima) testemunham o pouso. Os viajantes do tempo roubam as roupas civis dos terraqüeos e logo vão para um cinema, onde está sendo exibido “Invaders From Mars” (1953) de William Cameron Menzies, pedir informações sobre Tonga, uma dançarina exótica, que seria a esposa do cientista louco. Neste meio tempo o menino que viu a máquina do tempo pousando, entra nela e conversa (como se fosse a coisa mais natural do universo) com o cérebro piloto que o manda com a missão de encontrar o comandante da missão e abortá-la. Traídos pela dançarina exótica todos os tripulantes da máquina do tempo são capturados pelo cientista louco que apresenta à todos a sua criação: Robôs ridículos operados por cérebros. O cientista ordena que seus engraçados robôs de latão matem o menino xereta (alguns dos ridículos robôs descobrindo e dançando ao som de rock’n’roll rendeu uma ótima cena) e no climax, onde o menino iria ser desmembrado por facões, o episódio chega ao fim e o narrador do seriado anuncia “Space Patrol – Chapter 3 – Up To Uranus” que será exibido na próxima semana. Será que o menino xereta escapará dos robôs ridículos?
Paralelo ao filme “Space Patrol” que é exibido pelo cinema, os espectadores aqui enfrentam um marciano violento que pousou atrás do cinema e quer comer o máximo de humanos possível. Quase ao mesmo tempo que pousou, o monstrengo do planeta vermelho já come um mendigo na rua, a vendedora de bilhetes e o gerente do cinema (que tem uma morte bem violenta e depois os restos de seu cadáver são molestados por uma criança de uns seis anos de idade que rouba seu olho e guarda-o em seu saco de bolinhas de gude e mergulha seu pirulito nas gosmas do monstro que ficaram ao redor do corpo desmembrado). Ao atacar a vendedora de doces do cinema finalmente podemos visualizar o ótimo design do alien, que é uma espécie de aranha espacial com tentáculos no lugar de braços, sua boca parece uma vagina dentadae seus olhos são também antenas. Em seguida o projecionista do filme é decepado e, quando o filme que estava sendo exibido termina, o monstro espacial ataca uma espectadora que ficou dormindo e que é salva por uma dona de casa de 135 quilos que come tudo que vê pela frente em uma referência explícita ao episódio 07 da primeira temporada do Monty Python e seu “Science Fiction Sketch”).
“Midnight Movie Massacre” (também conhecido como “Attack From Mars” ou “The Blob 2 – Le Retour du Monstre”, tentativa ridícula dos franceses de relaciona-lo ao “The Blob/A Bolha”) é um filme de baixo orçamento onde as coisas deram erradas. Originalmente Laurence Jacobs estava realizando o “Space Patrol”, mas ficou tão ruim que Mark Stock foi chamado ao projeto para transformar “Space Patrol” no filme exibido dentro de seu “Midnight Movie Massacre” e tentar fazer as coisas funcionarem. Já li muitas críticas negativas ao resultado final deste pequeno clássico da ruindade artística, mas gosto muito desta bela e sincera homenagem às sessões de cinema classe “Z” que rolavam pelo mundo inteiro antes de existir os cinemas de shopping que, na minha opinião, foram os responsáveis por destruir o cinema como eu curtia. Filmado em 1984, “Midnight Movie Massacre” só conseguiu distribuição em 1988.
Wade Williams, o produtor desta adorável tranqueira, é um milionário fanático por filmes de sci-fi que detém a maior biblioteca independente de filmes de ficção científica e distribuí seus títulos no mundo inteiro. Também, por anos, ajudava a manter revistas como “Starlog”, “Filmfax”, entre outras. Em 1964 dirigiu “Pussycat Pussycat”, um nudie movie relançado pela distribuidora Something Weird. Em 1969 escreveu, produziu e dirigiu “Terror From the Stars”, trasheira que o fez desistir de dirigir filmes (voltou a dirigir somente em 1992, quando comandou a produção de baixo orçamento “Detour”, uma homenagem ao cinema noir de hollywood dos anos 30/40). Em 1970 produziu o pseudo-documentário “The Helter Skelter Murders”, dirigido por Frank Howard, que explorava os assassinatos da Manson Family. Nos anos 80 foi o grande incentivador para que “Invaders From Mars” (1953) fosse refilmado com Tobe Hooper no comando da produção. Com roteiro de Dan O’Bannon, produção da Golan-Globus e efeitos das criaturas marcianas elaborados por Stan Winston, o remake foi extremamente mal nas bilheterias. Apaixonado por cinema fantástico, Wade Williams ainda deve aos fãs do gênero um filme bem produzido. “Midnight Movie Massacre” é divertido, mas temo que apenas trashmaníacos encontrem valor no filme.
Os diretores do filme, Laurence Jacobs e Mark Stock, pouco representam ao gênero. Jacobs ganha a vida como editor de TV (editava o “The Oprah Winfrey Show”, por exemplo), técnico de som (fez o som do clássico de horror “Tourist Trap” (1979) de David Schmoeller) e escritor. Antes de dirigir as cenas de “Space Patrol” que foram transformadas no filme assistido em “Midnight Movie Massacre”, ele havia dirigido apenas um curta-metragem chamado “Late Curtain” (1982), produção de 50 mil dólares filmada em preto e branco. Mark Stock nunca mais dirigiu filme nenhum após “Midnight Movie Massacre”. Em 1994 ele reapareceu criando o argumento do filme “Fleshstone/Instinto de Sedução” de Harry Hurwitz, thriller erótico na linha daquelas produções exibidas pelas TVs nas madrugadas. Nos anos 2000 retornou atuando em alguns filmes, como o drama familiar “Pure” (2004) de Dale Richard Howard e no curta-metragem “The Butler’s in Love” (2008), dirigido pelo ator David Arquette, onde faz o papel de um mágico.
Em “Space Patrol” temos a participação especial de dois atores cults, Robert Clarke e Ann Robinson. Clarke, nascido em 1920 e falecido em 2005, apareceu em muitos clássicos de sci-fi dos anos 50, delícias como “The Man From Planet X” (1951) de Edgar G. Ulmer, sobre um enigmático visitante espacial no planeta Terra; “Captive Women” (1952) de Stuart Gilmore, onde uma New York pós-apocalíptica é palco de batalhas de três tribos de mutantes; “The Astounding She-Monster” (1957) de Ronald V. Ashcroft, com uma bela e letal alien que caiu no planeta Terra; “The Incredible Petrified World” (1957) de Jerry Warren, sobre aventureiros descendo às profundezas do oceano e descobrindo redes de cavernas que levam à um novo mundo; “From the Earth to the Moon” (1958) de Byron Haskin, baseado em Jules Verne onde Clarke faz a narração e “The Hideous Sun Demon” (1959), dirigido pelo próprio ator em parceria com Tom Boutross, ficção sobre os efeitos trágicos da exposição à radiação. Clarke apareceu em inúmeras séries de TV como “The Lone Ranger”, “The Cisco Kid” e “Hawaii Five-O”. Trabalhou em outros filmes de Jerry Warren como “Terror of the Bloodhunters” (1962) e “Frankenstein Island” (1981). Em 2005, pouco antes de falecer, apareceu na comédia “The Naked Monster” de Wayne Berwick e Ted Newson, uma divertida homenagem aos filmes B, estrelado pela scream queen Brinke Stevens e com Ann Robinson reprisando seu papel de Sylvia Van Buren (aliás, o elenco de “The Naked Monster” é lindo, com figurinhas do cinema B como Forrest J. Ackerman, John Agar, Michelle Bauer, Bob Burns, Paul Marco, Linnea Quigley e muitos outros). Ann Robinson nasceu em 1935 e seu papel mais famoso é o de Sylvia Van Buren no clássico “The War of the Worlds” (1953) de Byron Haskin, onde pela primeira vez ela pode interpretar uma personagem principal. Trabalhou em várias séries de TV como “Rocky Jones, Space Ranger”, “Perry Mason” e “Peter Gunn”. Repetiu o papel de Sylvia Van Buren na fraca série de TV “War of the Worlds” nos anos 80 e em 2005 Steven Spielberg, ao refilmar “The War of the Worlds/Guerra dos Mundos”, lhe deu uma pequena participação especial como uma avó (mãe da personagem vivida por Tom Cruise).
“Midnight Movie Massacre” é um trash-movie esforçado que tenta divertir o espectador com suas piadas com o universo do cinema B. Aqui no Brasil foi lançado em VHS pela distribuidora FJ Lucas Vídeo com o título de “Aconteceu à Meia-Noite”. Outros 10 filmes que possuem o mesmo clima de diversão de “Midnight Movie Massacre” são: “Drive-In Massacre” (1977) de Stu Segall sobre assassinatos num drive-in; “Screamplay” (1985) de Rufus Butler Seder, sobre o louco mundo do cinema vagabundo estrelado por George Kuchar e distribuído pela Troma; “American Drive-In” (1985) de Krishna Shah, com jovens se divertindo com “Hard Rock Zombies” num drive-in; “Popcorn” (1991) de Mark Herrier, sobre uma marratona de filmes de horror num cinema fuleiro; “Matinee” (1993) de Joe Dante, inspirado em William Castle; “Ed Wood” (1994) de Tim Burton, cinebiografia sobre Edward D. Wood Jr. e sua gang de desajustados filmmakers; “Bikini Drive-In” (1995) de Fred Olen Ray, sobre um drive-in sendo re-inaugurado com as gostosas funcionárias vestindo bikinis, “Terror Firmer” (1999) de Lloyd Kaufman, delírio gore sobre o modo de vida Troma; “Cecil B. DeMented” (2000) de John Waters, sobre um grupo de cineastas transgressores realizando um filme e “Torremolinos 73/Da Cama para a Fama” (2003) de Pablo Berger, uma teoria de como seria um cineasta fã de Bergman filmando como Jesus Franco com uma super-8 e sua esposa pelada.