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“Palhaço Triste” (“Sad Clown”, 2005, 32 min.) de Petter Baiestorf. Com: Coffin Souza, Elio Copini e Eder Meneghini. Edição de Gurcius Gewdner.
Em 2005 a Canibal Filmes estava falida, sem pessoal para trabalhar nos filmes, sem equipamentos digitais, sem dinheiro algum. Sempre fui um cara cabeça dura e teimoso, gosto de insistir. Peguei uma grande filmadora S-VHS que tinha em casa e chamei amigos pessoais (Coffin Souza, Elio Copini e Eder Meneghini) prá uma bebedeira. Lógico que eu tinha segundas intenções! Estávamos a mais de um ano sem filmar nada e sem conseguir lançar DVDs, eu queria filmar qualquer coisa. E, bêbados, fomos prá um banhado de água podre filmar um roteiro que eu ia bolando na hora. na minha cabeça demente aquilo ali tinha o maior sentido do mundo. Vejamos: Um Palhaço Triste (o povo) vive bêbado num casebre sem infra-estrutura básica, um engravatado (a burocracia, os políticos, o estado) e seus fantasmas (indústrias poluidoras, falta de educação, etc…) dançam pela vida do Palhaço Triste e mijam e cagam (poluição) no seu habitat, na sua vida. “Palhaço Triste” acabou ficando um filme estranho, principalmente por causa daquele efeito lisérgico que resolvemos meter nas imagens, mas era necessário ao meu entender, já que isso dava uma estrutura de sonho ao “roteiro” e deixava mais forte aquele diálogo nonsense que há no filme. Lógico que depois que o filme ficou pronto inventei uma ladainha que era uma auto-biografia minha, só para causar mais caos e confusão.
“Palhaço Triste” possivelmente teria sido arquivado sem edição se, na época, Gurcius Gewdner não tivesse colocado uma placa de captura de vídeo analógico no computador dele (e estava aprendendo a mexer num programa de edição). Quando ele ficou sabendo que eu iria para Florianópolis, com passagens pagas pelo estado de Santa Catarina para participar de um debate sobre os rumos da cultura catarinense, me ligou e ofereceu seus serviços digitais e salvou a porra da Canibal Filmes de ficar mais alguns anos sem a possibilidade de fazermos mais e mais filmes.
Bem, pensando bem, “Palhaço Triste” não é filme para ser analisado, nem mesmo é filme para ser assistido. “Palhaço Triste” é para ser sentido! Disponibilizamos ele no youtube, assista e se divirta com um fragmento de sonho de um cineasta maldito que ousou sonhar (e continua sonhando) com um cinema independente brasileiro, sem as esmolas do estado. Leia mais sobre “Palhaço Triste” no blog sueco Surreal Goryfication.
por Petter Baiestorf.
Assista “Palhaço Triste” aqui:
“Palhaça Triste”, quadro que Leyla Buk pintou em homenagem ao filme.
Ana Cristina Cruz Cesar (1952-1983) antes mesmo de aprender a ler, aos seis anos de idade, já editava poemas para sua mãe. Em 1970 começou a divulgar seus próprios poemas em jornais alternativos, fanzines mimeógrafados e outras publicações independentes. Aos 31 anos cometeu suicídio atirando-se pela janela do apartamento de seus pais que ficava no oitavo andar.
Certa vez ela afirmou:
“Mantê-la mantê-la a todo custo
eu ainda sei ler, minha mãe
eu ainda sei ler, meu pai
estou mantendo ainda
ainda tenho algumas horas no dia
ainda sonho em fazer canções
e mesmo quando me apaixono insanamente
e desejo fontes de juventude boca a boca
(na praça clóvis minha carteira foi batida)
e mesmo quando endoideço aos vôos flutuantes perseguida por
galgos que me brincam e acalantam minha insônia
forçada de doideira
(chega um pouco pra lá, meu amor, se afasta um pouco)
e mesmo quando as lentes se perdem (e as palavras)
ainda sei ler, meu pai
ainda sei ler, minha mãe
ainda sei dizer: queimo,
e não arder simplesmente.”
Cada vez que digitalizo alguma HQ me dou conta do quanto minha infância foi rica e maravilhosa. Fui criança num tempo em que você chegava numa banca de revistas e tinha uma infinidade de títulos para comprar. Hoje resolvi resgatar a HQ “Zombaria!”, com roteiro de Gilberto Britto e desenhos de Murilo Moutinho, que foi publicada na revista “Almanaque de Terror” número 1 em março de 1982 pela editora Vecchi.
Alguns dias atrás publiquei dica sobre o fanzine sueco “Horrophobic” e, praticamente na seqüência, tomei conhecimento do fanzine brasileito “Necrohorror”, que também é confeccionado em gráfica no formato de revista. Jonathan Alves da Silva, editor e faz tudo do fanzine, explica: “A estética da revista Necrohorror tem como objetivo resgatar as antigas em quadrinhos brasileiras da década de 60, 70 ou 80, que marcaram época para muitas pessoas, com conteúdo fabricado em papel jornal e capa em papel envernizado de ótima qualidade”. “Necrohorror” é imperdível, seja para os colecionadores de revistas independentes brasileiras, seja para os fanáticos pelo estúdio britânico da Hammer Films. “Inicialmente nosso conteúdo é de fácil leitura, visando despertar o interesse das novas gerações nos filmes que fizeram história”, nos conta o editor para em seguida dar pistas sobre a segunda edição, “Na próxima edição, que sairá em janeiro, teremos conteúdo tanto para os iniciantes no terror, quanto para os já iniciados no assunto”.
Neste primeiro número de “Necrohorror”, com 48 páginas, traz em suas páginas um ótimo apanhado sobre as produções do estúdio Hammer, com resenhas sobre filmes clássicos do estúdio como “The Curse of Frankenstein”, “Revenge of Frankenstein”, “The Evil of Frankenstein”, “Frankenstein Created Woman”, “Frankenstein Must Be Destroyed”, “Frankenstein and the Monster from Hell”, “Horror of Dracula”, “The Devil Rides Out”, “The Plague of the Zombies”, “The Reptile”, “The Curse of the Werewolf”, “The Gorgon”, The Phantom of the Opera”, “Dr. Jekyll and Sister Hyde” e pequenos artigos sobre as séries de filmes com Drácula, de múmias e de vampiras carnudas e gostosas (Karnstein). A revista fecha com uma pequena matéria sobre o maquiador Roy Ashton, outro intitulado “O Fim daEra de Ouro da Hammer Films” e uma deliciosa série de fotos das irmãs Collinson bem a vontade. E de brinde vem um poster de “Twins of Evil”, digno de se pendurar na parede da sala de casa.
“Necrohorror” já nasce imperdível por ser editada no Brasil, país sem tradição alguma na edição de revistas que falem de cinema de horror (dá prá contar nos dedos as revistas que tiveram, como “Set Terror & Ficção”, “Psicovídeo”, “Horrorshow”, “Cine Monstro” e talvez alguma que eu tenha esquecido). Aliás, no Brasil o gênero horror nunca teve o devido respeito porque brasileiro tem aquele pensamento medíocre de que cultura é algo para ser consumido de graça. Brasileiro é capaz de achar que ver uma partida de futebol seja algo cultural! Lamentável!
Se você ficou interessado em adquirir um exemplar, entre em contato via facebook com o Jonathan e encomende a sua, a revista sai por uns R$ 18.00 com correio incluído.
* Peço desculpas aos leitores do Canibuk por estar postando apenas dicas nesta semana, mas estou escrevendo o roteiro do longa-metragem “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, meu novo filme a ser lançado em 2013, e simplesmente não estou tendo tempo para escrever artigos maiores aqui no blog. Provavelmente a próxima semana será neste ritmo também, mas saibam que é por uma boa causa!
Essa semana, mais precisamente hoje, estréia o site de Leyla Buk onde todos poderão acompanhar as novidades da arte de Leyla e pesquisar trabalhos antigos. O site é uma espécie de portfólio, local onde Leyla está compartilhando com o público experiências e experimentos numa série de estudos, agora pintando com tinta a óleo, onde está aprendendo muito ainda. Como nos conta Leyla em seu blog, “Quando comecei a pintar, há cerca de três anos, a tinta acrílica me pareceu a melhor opção. Pra um começo, pra quem só queria experimentar, era perfeito.Só que há um ano comecei a flertar com a tinta a óleo, uma tinta que seca mais lentamente me dando oportunidade de trabalhar melhor efeitos e detalhes.” Para ler mais sobre o processo de criação de Leyla acompanhe o Blog Leyla Buk.
Leyla Buk, para quem não sabe, é minha cara metade, minha melhor amiga, companheira no amor e aqui no Canibuk e de quem eu sinto muito orgulho. A arte de Leyla sempre me surpreende, está sempre em constante evolução! Leyla é uma artista autodidata, acho fantástico sua busca por conhecimentos, sempre experimentando técnicas, pesquisando e testando qualquer teoria na prática. Sua pintura – e ilustrações – sempre é inspirada em assuntos profundamente pessoais, as meninas de Leyla são um reflexo de si mesma, elas expressam seus sentimentos mais profundos. Paixão, curiosidade e intensidade são suas palavras de ordem.
O site de Leyla Buk traz galerias com pinturas, ilustrações, desenhos e esboços; milhares de fotos com o processo de criação de sua arte em seu estúdio de trabalho. Sempre que novos trabalhos dela forem disponibilizados você poderá acompanhar, agora, pelo site clicando aqui: Site Oficial de Leyla Buk. Se você gostou dos trabalhos dela, curta a página Leyla Buk Artwork no facebook, outro local onde as novidades estãoi sempre sendo postadas.
dica de Petter Baiestorf.
Veja alguns trabalhos de Leyla Buk aqui (para ver mais visualize o site):
O fantástico cineasta Kôji Wakamatsu foi atropelado por um táxi dia 12 de outubro, vindo a falecer no dia 17 em decorrência dos ferimentos causados pelo acidente. Sua morte acabou ofuscada pela morte da atriz erótica Sylvia Krystel no dia 18 de outubro, ontem. Não quero parecer neurótico, nem criador de teorias de conspiração, mas me passou pela cabeça que o governo japonês tenha pagado pro taxista atropelar Wakamatsu e depois assassinado, com requintes samurais, a Krystel para que o mundo não comentasse tanto a morte dele. Mas claro, é coisa da minha cabeça. Sempre é!
Kôji Wakamatsu, nascido em Wakuya (Miyagi) em 1936, ainda adolescente foi tentar a sorte em Tokyo onde, sem dinheiro nem perspectivas de uma vida melhor, entrou para o mundo das gangues de rua e, tempo depois, foi preso. Na cadeia foi abusado pelo guardas e tomou ódio pelo estado, uniformes e instituições de todos os tipos. Nos anos de 1960 conseguiu emprego nos estúdios da Nikkatsu onde estreiou como diretor com o filme “Hageshii Onnatachi” (1963). Nos anos que se seguiram realizou inúmeros filmes de baixo orçamento (dirigiu 10 longas em 1964 e outros 8 em 1965, num ritmo de produção de dar inveja até ao Jesus Franco). “Kabe no Naka no Himegoto/Skeleton in the Closet/Secrets Behind the Wall” (1965) foi selecionado no Festival Internacional de Berlim e teve boa acolhida por parte do público e crítica, mas como os pinku eigas não costumavam ganhar o certificado de exportação do governo japonês, isso originou um embaraço político. O estúdio Nikkatsu, que não queria encrencas com o governo, lançou o filme em alguns poucos cinemas e isso limitou o sucesso da produção. Wakamatsu, irritado com este fato, resolveu deixar a Nikkatsu para formar seu próprio estúdio e realizar seus filmes de modo independente. Seu primeiro filme com produção inteiramente sua foi o drama “Taiji ga Mitsuryo Suru Toki/The Embryo Hunts in Secret” (1966), já com roteiro que misturava sexo com críticas ao governo. Com um orçamento médio de apenas 5 mil dólares por filme, Wakamatsu realizou alguns clássicos mundiais do baixo orçamento, como “Okasareta Hakui/Violated Angels” (1967), pinku eiga violento que se baseava nos crimes do serial killer americano Richard Speck, e “Yuke Yuke Nidome no Shojo/Go, Go, Second Time Virgin” (1969), onde se baseou nos assassinatos da família Mason para criar um dos filmes mais belos dos quais já tive o privilégio de assistir.
Na década de 1970 sua produção continuou intensa e cada vez mais política e provocativa. Em “Seizoku/Sex Jack” (1970) ele teorizou sobre os movimentos revolucionários de esquerda. Paralelo aos filmes que escrevia e dirigia, começou a realizar documentários, como “Sekigun – P.F.L.P.: Sekai Sensô Sengen” (1971), em parceria com Masao Adachi, sobre o exército vermelho do Japão apoiando guerrilheiros do Líbano, ou “Porn Jikenbo: Sei no Ankoku” (1975) sobre o underground sexual de Tokyo. Nesta época foi produtor executivo do clássico erótico político “Ai no Korîda/O Império dos Sentidos” (1976) de Nagisa Ôshima, já lançado em DVD no Brasil. “Seibo Kannon Daibosatsu/Sacred Mother Kannon” (1977) é um de seus filmes mais conceituados, mas infelizmente ainda não consegui assistir à este filme que é considerado um clássico de como usar simbolismos e metáforas no cinema.
A partir dos anos de 1980 seu ritmo de produção diminuiu um pouco. Seus métodos de distribuição foram esmagados pelos conglomerados cinematográficos, relegando seu cinema à festivais e ratos cinéfilos sempre em busca de prazeres da sétima arte. Wakamatsu até apareceu como ator em alguns poucos filmes, como “Rampo” (1994) de Rintaro Mayuzumi e Kazuyoshi Okuyama; “Seishun Kinzoku Batto” (2006) de Kazuyoshi Kumakiri, diretor nascido em 1974 que homenageou o cinema político de Wakamatsu em seu primeiro filme, “Kichiku dai Enkai” (1997), pequeno clássico produzido enquanto ainda era estudante de cinema; ou “Yûheisha-Terorisuto” (2007) de seu amigo Masao Adachi, entre alguns outros.
Conheci o cinema de Kôji Wakamatsu lá pelo meio da década de 1990 e foi paixão à primeira vista, se tornando em pouco tempo um dos meus cineastas japoneses preferidos. Em 2000 comprei o livro “L’Empire Erotique”, do fotografo francês Romain Slocombe, que trazia uma entrevista com Kôji Wakamatsu (traduzida do francês para o português por Ulisses T. Granados para que eu pudesse ler e que publiquei no fanzine “Arghhh” número 31, de outubro de 2002, que resgato agora no Canibuk). Na entrevista participam também o editor do Eichi Publishing e uma assistente de Wakamatsu.
por Petter Baiestorf.
Romain Slocombe entrevista Kôji Wakamatsu:
Slocombe: Ontem, em uma livraria de Jimbo-cho, eu encontrei por acaso uma fita de um dos seus filmes antigo, “Yuke Yuke, Nidome no Shojo”. Eu o assisti essa manhã antes de vir. O Título espanta um pouco, mas eu me surpreendi com a beleza das imagens e com os trechos de jazz da trilha sonora. A história é bastante simples, ainda que intelectual, não? Esse filme deve ter agradado aos estudantes da época que amavam os filmes de Ôshima. No início seus filmes eram mais violentos? Houve uma mudança de estilo?
Wakamatsu: Sim, entre os tratados de segurança Japão-USA de 1960 a 1970, o ambiente social era cada vez mais tenso. Os movimentos estudantis se faziam cada vez mais violentos. Paralelo a isso, meus trabalhos se tornavam cada vez mais excêntricos. Esse filme eu fiz no telhado do prédio da nossa repartição. Um filme dirigido totalmente em cima do telhado! As idéias me vinham enquanto eu respirava olhando para o céu! Isso não me custou quase nada, e só tive que pagar a equipe e os atores. No momento das filmagens eu não sabia se seria um filme interessante ou não. Foram os outros que me diziam se estava bom ou não, eu mesmo não tinha a mínima idéia sobre que filme que eu estava fazendo.
Slocombe: Durante a direção você modificava o script?
Wakamatsu: Eu mudo o tempo todo!
Slocombe: Você não tinha problemas quanto a sua relação com os produtores?
Wakamatsu: Sim, os produtores não ficam contentes quando o filme termina sem ter nada a ver com o projeto apresentado inicialmente.
Slocombe: Mesmo uma pequena sociedade de produção como a Art Theater Guild?
Wakamatsu: Sim, mas o mais importante é colocar o maior número de gente nas salas de exibição. Depois que eles se dão conta do sucesso não dizem mais nada.
Slocombe: Quanto mais excêntrico o filme, mais ele atraí audiência?
Wakamatsu: Sobretudo os estudantes, não o grande público. As pessoas em geral acham meus filmes “sujos”. Meus principais espectadores estão entre os intelectuais, a maior parte são estudantes universitários.
Slocombe: Qual a duração média dos seus filmes?
Wakamatsu: No início da minha carreira, sem refletir bem, eu fazia filmes de cerca de uma hora e vinte minutos (80 minutos). E, de tempos em tempos, filmes de duas horas (120 minutos). Depois eu me meti a fazer média-metragens de cerca de uma hora (60 minutos). Esse é o caso de “Okasareta Hakui/Violated Angels”. Eu não fiz esse filme com a intenção de exibi-lo nos cinemas, eu esperava fazer algo mais pessoal. E liguei para Juro Kara dizendo – “Ei, venha se divertir com a gente!”, oferecendo três grandes camarões à guisa de salário. Não custou quase nada e me contentei em exibi-lo em pequenas salas undergrounds. Ainda assim ele chamou a atenção de certos críticos de cinema.
Slocombe: Seus filmes muitas vezes tratam da relação homem-mulher e sempre o faz de uma maneira muito violenta. Numa entrevista a muito tempo atrás, lembro de você dizendo: “Entre um homem e uma mulher não pode existir nada além de guerra” (risos).
Wakamatsu: Mas sim, o relacionamento é sempre uma guerra! Aliás, a relação sempre dura mais tempo quando é mais tensa e quando há uma distância entre os dois, não é verdade?
Editor do Eichi Publishing: A propósito de “Yuke, Yuke, Nidome no Shojo”, você nos disse que o filmou inteiro em cima de um prédio. Em “Gewalt! Gewalt! Shojo Geba-Geba/Violent Virgin” (1969) você mostra uma cruz levantada num deserto e “Okasareta Hakui” se passa numa câmara fechada e desolada.
Wakamatsu: Não sei porque, mas eu adoro criar um drama dentro de um espaço limitado. Eu considerei o deserto como uma câmara fechada, isso me permite concentração. Meus trabalhos considerados mais bem realizados são aqueles que se passam em cenários isolados e limitados.
Slocombe: Gostaria de voltar a “Yuke, Yuke, Nidome no Shojo”, que assisti a pouco. Percebi o herói dele tão puro quanto o de “Okasareta Hakui”, que não tem experiência sexual e parece sentir tanto amor quanto desejo de agressão em relação às mulheres. Ele não consegue se decidir quanto a matar ou não a enfermeira, que reconhece tão pura quanto ele. Quando a garota implora para não estuprá-la, a relação ainda permanece pura. O herói de “Yuke, Yuke…” decide matar os outros garotos, mais adultos, que tinham estuprado a garota. Tenho a impressão de que você mesmo gostaria de ficar puro e encontrar uma mulher pura.
Wakamatsu: No caso de “Okasareta Hakui” fui inspirado pela chacina de enfermeiras que ocorreu em Chicago, USA. O fato de que uma delas foi poupada me interessou. Parece que ela foi a única a entender os sentimentos do assassino e por isso se salvou. No meu caso eu sou o mais jovem entre sete irmãos. Éramos todos homens e só tivemos nossa mãe na infância. Os espectadores dos meus filmes sempre percebem o meu complexo de édipo. Eu sempre me pergunto se essa tendência pessoal vem de minha situação na infância. Mas, à parte disso, eu sinto admiração pelas mulheres em geral.
Assistente de Wakamatsu: Talvez seja um “complexo de virgem imaculada”?
Wakamatsu: Exatamente. Eu procuro conforto nas mulheres, como alguns procuram na Virgem maria ou na deusa Kannon (encarnação feminina de Buda).
Slocombe: No seu filme “Seibo Kannon Daibosatsu” (1977) esse tipo de mulher surge emergindo do mar…
Wakamatsu: Refletindo bem, admito que sou um grande admirador das mulheres. Para mim a mulher é um ser que me entende e aceita totalmente, sem que aja a necessidade de me explicar. Nos meus filmes sempre se vê a aspiração por uma mulher de infinita graça e bondade.
Editor do Eichi Publishing: Há um abismo entre essa mulher idealizada e aquelas do mundo real.
Wakamatsu: É claro, existe muita diferença. Mas eu prefiro continuar buscando esse ideal do que viver na resignação.
Editor do Eichi Publishing: Para Slocombe essa mulher idealizada esta representada em suas fotos de mulheres usando ataduras, estou certo?
Wakamatsu: Eu entendo isso perfeitamente. A mulher machucada, que não pode se mover de sua cama de hospital, de certo modo esta isolada do mundo real – essa imobilidade involuntária lhe deixa mais erótica do que em seu estado natural. Deste modo a mulher se expõe sem artifícios. Uma mulher nua dormindo é uma bela visão. De fato eu sinto uma grande atração quando vejo uma mulher cheia de curativos numa cama de hospital. Se bem que uma mulher doente é algo bem menos erótico.
Slocombe: Certo, é porque a visão de uma mulher doente traz à mente a possibilidade de sua morte, o que não é agradável para mim. Uma mulher em bandagens pode não estar em sua perfeita saúde, mas não vai ter que ficar nessa posição imóvel por muito tempo.
Editor do Eichi Publishing: Visualmente, bandage branca é realmente muito bonita. Slocombe mencionou a pureza do herói de “Yuke, Yuke…”. É essa pureza que o leva a morte não? Porque seu herói morre no final?
Wakamatsu: Eu achei que essa resolução teria mais estilo. Por exemplo, eu acho Che Guevara muito chic – eu gostaria de ter vivido e morrido como ele. Infelizmente eu vou terminar como um mero diretor de filmes. Seguindo os princípios do filme, o herói não deveria morrer, mas eu achei que o final seria melhor com sua morte.
Editor do Eichi Publishing: Eu acredito que o herói teve que morrer para preservar sua pureza.
Wakamatsu: Eu não estava consciente disso porque não uso muito a razão em um filme, prefiro me guiar por minha sensibilidade e sentimentos. Frequentemente os atores não entendem o que eu quero. Eu me acho muito instintivo, como um animal. Nunca estive numa escola de cinema, nunca aprendi técnica cinematográfica. Foi por acaso que entrei nessa profissão. Eu nunca tinha sequer sonhado com isso! Eu simplesmente tive o impulso de criar alguma coisa, fosse um texto ou um filme. Eu queria tornar os meus desejos reais, por exemplo, o meu desejo de matar policiais (risos). Não posso fazer isso na vida real, é claro, mas num filme posso exterminar um monte de policiais de uma vez. Eu comecei a filmar só por esse motivo. Como alguns desses primeiros filmes tiveram sucesso, as pessoas passaram a me chamar de diretor. Desde então eu filmo constantemente, mesmo hoje em dia quando as condições estão cada vez mais difíceis. Eu construo um filme dentro da minha mente. E isso vem repentinamente. Por exemplo, “Taiji ga Mitsuryo Suru Toki” nasceu a partir de uma imagem que eu vi da janela numa manhã chuvosa de maio. A essa imagem inicial eu fui acrescentando outras, uma por uma. Mas tão logo essa imagem inicial me vem a mente, eu chamo os atores e começo a filmar. Se eu esperasse um mês ou mais, o impulso de filmar já teria se perdido.
Slocombe: Você concebeu do mesmo modo “Gendai Kôshoku-Den: Teroru no Kisetsu/Season of Terror” (1969, nota do Canibuk: Com roteiro de Kazuo “Gaira” Komizu), onde o herói, que vive com duas mulheres, explode o Aeroporto de Haneba no final?
Wakamatsu: Sim, eu realmente conhecia um cara que vivia com duas mulheres. Elas tiveram filhos quase ao mesmo tempo e se amavam, era lésbicas! Todos eles viviam muito bem juntos. Eu achei toda a situação muito divertida e quis fazer um filme sobre essas três pessoas. Foi só no fim que acrescentei o detalhe do homem ser um terrorista.
Slocombe: Sexo e terrorismo são temas que não se misturam. Foi por esse motivo que um dos meus livros foi censurado na França.
Wakamatsu: Meu filme “Seizoku/Sex Jack” foi banido da França também. Ele foi exibido primeiramente em Cannes e então proibido – embora muitos cinéfilos gostarem dele. O problema foi que no fim do filme o terrorista bonzinho tenta matar o primeiro ministro. Eles acharam muito anti-social, como também falaram que havia muito sangue em “Okasareta Hakui”.
Slocombe: Algo me intriga: Na França ou Inglaterra, um filme ou comic mostrando SM ou violência contra mulheres enfrenta censura, enquanto que cenas de sexo são bem toleradas. No Japão a situação é inversa, não?
Wakamatsu: Sim, mostrar SM ou violência num filme é perfeitamente normal, mas para sexo alguns limites foram fixados. O que significa que você não pode mostrar tudo, entende? Em alguns festivais da Europa as pessoas frequentemente riem dos filmes japoneses porque a câmera faz movimentos esquisitos para não mostrar certas coisas. Eu fico meio embaraçado quando um europeu me pergunta: – “Qual o significado daquele movimento apressado da câmera?”. Por que alguém teria que esconder órgãos genitais? Eu acho que no Japão sexo sempre foi privilégio dos poderosos, políticos, milionários, etc. No passado se dizia “os pobres que se contentem em comer arroz”. É como hoje dizerem “se contentem sem imagens de sexo”. No período Edo, pelo que li, a abertura era maior, mas após as eras Meiji e Taisho, as autoridades ficaram mais restritas.
Editor do Eichi Publishing: Enquanto SM e violência continuaram tolerados como sempre.
Wakamatsu: Sim, talvez as autoridades achem essas coisas perfeitamente normais.
Editor do Eichi Publishing: Achei a idéia interessante, o poder monopolizando o sexo.
Wakamatsu: É por isso que nos meus filmes eu caçoo do poder associando-o ao sexo.
Slocombe: Você percebeu alguma mudança recente ao assistir filmes dos jovens cineastas? E você pretende tentar outros gêneros?
Wakamatsu: Eu frequentemente noto que os jovens diretores mostram nudez com um propósito puramente comercial. Acho isso muito superficial. É por isso que raramente assisto seus filmes. Eu e alguns outros diretores, se fizemos pinku eiga, foi para expressar alguns sentimentos mais sérios. E quanto a outros gêneros, eu já experimentei a todos.
Editor do Eichi Publishing: Se entendi direito, mesmo nos seus pinku eigas, o assunto principal não era sexo?
Wakamatsu: Certo. Primeiramente eu não era aceito pelas grandes produtoras. Para fazer um filme tive que recorrer ao campo dos pinku eigas. E meus filmes tinham que ser vistos pela maior audiência possível, o que me levou a colocar nomes escandalosos como “Yuke, Yuke, Nidome no Shojo”. Lendo a palavra “virgem” (nota do Canibuk: Shojo significa virgem) as pessoas imaginavam coisas pornográficas e corriam para os cinemas. E o importante é que elas ficaram contentes com o que viam, mesmo que isso não tenha sido exatamente o que esperavam inicialmente, não acha?
Assistente de Wakamatsu: Então, agora que você pode dirigir os filmes que quiser, eles não precisam ser pinku eigas?
Wakamatsu: As coisas mudaram totalmente, atualmente estou até filmando para a TV!
Recentemente descobri, meio que sem querer, os filmes de bondage/BDSM com uma mulata americana/escocesa chamada Skin Diamond que gostei bastante. Skin tem uma interpretação de rosto ótima, faz sexo com vontade, deep throat como deve ser (profundo e completamente babado) e, geralmente, está imobilizada com cordas ou equipamentos de tortura onde é fodida por atores/atrizes pervertidos. Skin, nota-se por sua grande produção de filmes com outras meninas, que é chegada em chupar uma bela bucetinha molhada, tanto que já fez filmes com Belladonna e Katsumi, outras duas taradas por belas mulheres assumidas. Skin é uma incrível mistura de checa, alemã, dinamarquesa, iuguslava com etíope, provando de uma vez por todas que as pessoas mais belas são as que possuem mistura de etnias (este negócio de raça pura é coisa de débil mental, me desculpem).
Skin Diamond nasceu em 18 de fevereiro de 1987 com o nome de Raylin Christensen. Antes de se aventurar no fabuloso mundo maravilhoso da pornografia ela trabalhou numa crechê cuidando de crianças (Ron Jeremy teve emprego semelhante antes de virar lenda pornô). Em 2009 ela estrelou “No Panties Allowed” de James Deen e não parou mais, já tendo estrelado mais de 40 filmes, vários deles dedicados ao bondage, BDSM, humilhação e outros deliciosos fetiches sexuais. Neste ano de 2012 ela foi indicada para o prêmio AVN para a Best Three-Way Sex Scene. No tempo livre ela curte pintar. Atualmente reside em Los Angeles, USA.
“Quando era adolescente eu fiquei obcecada com a “Bizarre Magazine”, eu nunca tinha visto nada como aquilo. Então decidi que era isso que eu queria fazer. Trabalhei, trabalhei e, finalmente, me tornei capa da “Bizarre”. Aí quis ver o que mais eu poderia fazer e me tornei também modelo erótica para grandes designers como Louis Vuitton e da American Apparel!”, nos conta Skin Diamond, explicando um pouco de sua fixação por sexo sadomasoquista. Leia entrevista com Skin no site Rap Industry.
Veja “Carbon Girl” (2010) de Belladonna; “Street Hookers for the White Guy 2” (2011); “Black Anal Beauties 2” (2010) de Mike Adriano; “Kung Fu Pussy” (2011) de Joanna Angel; “This Ain’t Nurse Jackie XXX” (2011) de Stuart Canterbury; “Filthy Cocksucking Auditions” (2012) de Mike Adriano; “Corrupt Schoolgirls” (2012) de Bobby Manila; “In Bed With Katsuni” (2012) de Katsumi e todos os outros filmes onde essa mulata do sexo violento esteja no elenco.
“Wet Wilderness” (1976, 54 min.) de Lee Cooper. Com: Daymon Gerard, Alicia Hammer, Raymond North e Faye Little. Direção de Fotografia de Alan Jolson; Som de T.A. Hom; “Música” de Melvin Devil; Edição e Produção de Robert Thomas.
Este pornô slasher é uma bomba completa, tenho a obrigação de avisar que este lixo é apenas para trashmaníacos profissionais. Dito isso, aí vai a sinópse da porcaria: Mãe, com casal de filhos e a namorada da filha, chegam numa floresta para um pic nic em família. Tão logo chegam ali, a filha e a namorada vão prá local reservado fazer fotinhos taradas e se comem (burocraticamente) em uma cena lésbica que não empolga. Até que surge um assassino mascarado (que tem escrito em sua máscara a palavra “love”, sabe-se lá porque) que diz para as lésbicas que elas precisam de um homem e obriga elas a chuparem seu pau. O mascarado estupra as duas meninas para satisfazer seus instintos bestiais até gozar na boca da namorada da filha de boa família, que se aproveita da distração do mascarado e foge. Aí o psicopata tarado pega seu facão e mata a menina em cena com gore tímido e, após o assassinato mal filmado, sai rindo e caminhando vagarosamente (vários anos antes de Jason caminhar vagarosamente pelas florestas de Crystal Lake).
Quando a menina foge, ela vai até sua mãe e irmão contando que sua namorada foi assassinada, só que o mascarado, mesmo com seu passo lento, faz todo mundo reféns de seu sadismo e os humilha obrigando a mãe a ficar peladinha (no chão da floresta, como num passe de mágica, surge um lençol para eles transarem em cima sem se sujar no chão) e a chupar seu pau enquanto os filhos são obrigados a transar entre si praticando um incesto forçado (filmes da década de 1970, mesmo que ruins, sempre tentava dar uma chocadinha) e uma orgia na floresta tem início. O mascarado, sádico que só ele, mete gostoso no cu da mãe enquanto a menina fica chupando o pau mole do irmão. Então o psicopata tira o pau do cu da mãe estuprada, pega seu facão, e obriga a mãe a chupar o pau de seu filho enquanto a menina foge novamente em outro descuido do psicopata mascarado. Mãe e filho continuam fodendo (burocraticamente sem empolgação) enquanto a filha/irmã encontra um negro amarrado em uma árvore, outra vítima do psicopata sexual).
O Mascarado leva a mãe de refém até onde a filha está libertando o negro e obriga-a a chupar o pau do negro e ela cai de boca no pau mole desta nova personagem. A mãe faz umas caretas impagáveis enquanto é obrigada a ver a filha chupando o negro até que ele goze gostoso bem pertinho do rosto de sua filha. Então a mãe da família arrombada é obrigada a se juntar com sua filha para uma segunda rodada de sexo com o negro que goza agora na boca da mãe. Aí, surgido sabe-se lá d’onde, o mascarado tem uma machadinha (no lugar do facão) em suas mãos e mata o negro, sangue respinga contra mãe e filha enquanto o machado fica afundado no peito do negro (em uma cena de gore bem feitinha, levando-se em conta a vagabundagem geral deste filme). E prá fechar de uma vez por todas essa história ruim, o mascarado leva as duas mulheres até uma cabana e obriga-as a chupar seu pau mole novamente, elas se ajoelham e mamam nele. É aí que a filha pega o facão e mata o psicopata com um único golpe e o filme termina no mesmo instante com um frame escrito “the end” numa placa de madeira com sangue/tinta vermelha sendo jogada nele.
Nos anos 70 a pornografia era mais rica em sua abordagem narrativa, ousava-se mais com os produtores tentando surpreender o público, mesmo em produções tão vagabundas quanto este lixo “Wet Wilderness”. Este filme é completamente amador, como muitos dos filmes realizados no período. Mas estes amadores legaram aos cinéfilos tarados por sexo e violência algumas verdadeiras maravilhas como “Forced Entry” (1973) de Shaum Costello (usando o pseudônimo Helmut Richler), sobre um veterano do Vietnã que estupra e mata mulheres; o clássico da sangueira pornô explícita “Hardgore” (1976) de Michael Hugo (não creditado no filme), onde uma ninfomaníaca se diverte com sangue, porra, tripas, membros humanos decepados e necrofília num hospício; “Unwilling Lovers” (1977) de Zebedy Colt, rape movie envolvendo cenas de assassinato e gore mal filmado; entre outras produções alucinadas de gente boa como Joe D’Amato, Doris Wishman, Jesus Franco (e tantos outros), onde ousar parecia ser a palavra de ordem.
“Wet Wilderness” foi feito com uma equipe reduzida (além do diretor Lee Cooper e a meia dúzia de atores ruins que trepam mal, trabalharam o produtor Robert Thomas – que também foi o editor – Melvin Devil (que deve ser pseudônimo do diretor ou do produtor, já que está creditado como compositor da trilha sonora mas a trilha sonora foi roubada de “Psycho/Psicose” (1960) de Alfred Hitchcock), Alan Jolson como diretor de fotografia e T.A. Hom no som), que um ano antes já haviam trabalhado junto no pornô “Winnebango”. Tudo em “Wet Wilderness” não funciona: As atuações são sem inspiração, a fotografia é mal feita, o som é abafado, a edição é tosca, a produção inexistente e a direção nula. A se julgar pelos pintos moles, tudo foi filmado no mesmo dia! Mas “Wet Wilderness” é um slasher pornô que diverte e tem o atrativo de ter sido lançado dois anos antes de “Halloween” (1978) de John Carpenter, verdadeiro responsável pela febre de slashers que assolou o cinema americano nos anos de 1980. O filme acabou sendo premiado pela The Movies Made Me Do It justamente por suas deficiências. A justificativa pelo prêmio veio com a frase “Não é uma obra-prima, não é um filme perfeito, mas é um filme extremamente divertido que deve agradar, e muito, aos fãs de trash-movies!”. Justificativa certeira!!!
Não sei se Lee Cooper é o nome real do diretor, mas pelos levantamentos que fiz aqui ele teria dirigido apenas três títulos pornôs: “A Fantasy Fulfilled” (1975), não creditado, e os já citados “Winnebango” (1975) e “Wet Wilderness” (1976), além de ter produzido “And Then Came Eve” (1976), dirigido por R.J. Doyle (que teria ainda, no mesmo ano, dirigido outro pornô, “Cream Rinse”). A se julgar pelo amadorismo dos filmes dá prá entender porque Lee Cooper não emplacou na indústria cinematográfica. O produtor Robert Thomas produziu também dois outros pornôs, “Ensenada Pickup” (1971) e “Run, Jackson, Run” (1972), ambos com direção de Mark Hunter, e teria feito o som de “The Life and Times of Xaviera Hollander” (1974) de Larry G. Spangler, diretor do western de horror “A Knife For the Ladies” (1974), e, mesmo sendo um dos piores editores que já vi, foi o responsável pela edição de “Devil’s Ecstasy” (1977), um pornô de horror dirigido por Brandon G. Carter. Todas essas pessoas que citei neste parágrafo desistiram de fazer cinema ainda na década de 1970. Uma pena, gosto muito de inúteis persistentes, são eles quem fazem os filmes mais divertidos!
A Editora Vecchi, lá pelo final dos anos de 1970 e primeira metade dos anos de 1980, se especializou em publicar HQs de horror de artistas brasileiros. Paralelo à títulos como “Spektro” e “Pesadelo”, a Vecchi publicou várias outras revistas, como a “Histórias do Além” que trazia quadrinhos nos moldes daqueles eternizados pela, principalmente, “Spektro”. Digitalizei a HQ “Aparício e a Boiada”, com texto de E.C. Cunha e desenhos de Roberto Portela, da “Histórias do Além” número 20 (de novembro de 1982).