Arquivo para setembro, 2013

Trailer de Zombio 2: Chimarrão Zombies

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 30, 2013 by canibuk

Nos últimos 10 meses estive envolvido na produção do longa-metragem “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, não tendo conseguido arranjar tempo livre pra atualizar o Canibuk de modo satisfatório.  Ainda tem todo um trampo de tentar lançar o filme independente mesmo, mas o trabalho mais pesado já está feito e o filme já está por aí rodando (dia 16 de outubro, às 19:30, rola no Festival de Sitges, um dos maiores festivais do cinema fantástico do mundo e dia 23 de outubro abre o recém criado Festival FantasNor, na região Nordeste do Brasil).

Segue o trailer do filme para que todos tenham um gostinho do trabalho que realizamos (e abaixo a equipe técnica do filme, sem a ajuda e empenho de todos vocês este filme nunca teria sido realizado):

Equipe-técnica:

Este filme é uma produção independente que contou com o apoio financeiro das empresas

GlobalVilla, Shunna, Visual Serigrafia, Hotel Brasil, Mostra do Filme Livre.

canibal filmes em parceria com el  Reno fitas, camarão filmes e idéias caóticas, bulhorgia produções, sui generis filmes e com o apoio de fábulas negras produções artísticas, necrófilos produções artísticas, projeto zombilly e gosma

orgulhosamente apresentam

ZOMBIO 2: CHIMARRÃO ZOMBIES

Roteiro, Produção e Direção

Petter Baiestorf

Musa Inspiradora

Leyla Buk

Produção Executiva

Petter Baiestorf

Leo Pyrata

Sanzio Machado

Produtores Associados

Gurcius Gewdner

Leyla Buk

Airton Bratz

Elio Copini

Alexandre Brunoro

Flávio C. Von Sperling

Gisele Ferran

Cofin Souza

Diretor de Produção

CB Rot Bortolanza

Assistentes de Direção

CB Rot Bortolanza

Gabriel Zumbi

Estrelando:

Airton Bratz como Chibamar Bronx

Elio Copini como Américo Giallo

Gisele Ferran como Nilda Furacão

Coffin Souza como Klaus

PC como Suicide

Gurcius Gewdner como Pastor Davi

Raíssa Vitral como Amélia dos Santos

Adriano de Freitas Trindade como Rigão

Flamingo como o Cafetão de Nilda

Cristian Verardi como o Cheirador Alegre

Douglas Domingues como o Cheirador Bem Fodidinho

Jorge Timm como o Bodegueiro do sonho de Klaus

André Luiz como o Malandrão

Felipe M. Guerra como o Bispo

Miyuki Tachibana como Yoko

E.B. Toniolli como Técnico das Empresas Cronenberg 1

Marcel Mars como Técnico das Empresas Cronenberg 2

Alexandre Brunoro como o Colono 1

Sanzio Machado como o Colono 2

A produção deste filme só foi possível com a ajuda e paciência da zumbizada amiga que interpretou os zumbis podres:

Marcel Mars

Andye Iore

Gurcius Gewdner

Douglas Domingues

Raíssa Vitral

CB Rot Bortolanza

Felipe M. Guerra

Adriano de Freitas Trindade

Paulo Blob

Cristian Verardi

Minuano

Juliana Schiffrin

Charles Knaak

Alan Cassol

André Luiz

Leo Pyrata

Gabriel Zumbi

Gisele Ferran

Elio Copini

Marivan Lottermann

Jéssica Silva

Mary Hermes

Coffin Souza

Adriana Cigognini

José Pignat

Barbi Cauzzi

Marcos Perin

Milena Mergen

e os zumbis raivosos:

CB Rot Bortolanza

Marcel Mars

Sanzio Machado

Alexandre Brunoro

Gabriel Zumbi

Christian Schaefer

Rafael Picolotto

Alan Cassol

Juliana Schiffrin

Loures Jahnke

Andye Iore

Raimundo Lago

Técnica:

Direção de Fotografia:

Flávio C. Von Sperling

Leo Pyrata

Iluminação:

Flávio C. Von Sperling

Assistentes de Fotografia:

Sanzio Machado

Gabriel Zumbi

Rebatedor de Luz:

Leyla Buk

André Luiz

Gabriel Zumbi

Raimundo Lago

Cristian Verardi

Charles Knaack

Elio Copini

Adriano de Freitas Trindade

Maquiagens:

Alexandre Brunoro

Equipe de FX:

Alexandre Brunoro

Leyla Buk

CB Rot Bortolanza

Coffin Souza

Concepção dos Zumbis Raivosos:

Leyla Buk

Concepção dos Zumbis Podres:

Alexandre Brunoro

Próteses:

Rodrigo Aragão

Ricardo Ghiorzi

Luciano Irrthum

Maquilagem Facial:

Leyla Buk

Assistentes de FX:

Gisele Ferran

Marisa

Jessica Silva

Direção de Arte:

Uzi Uschi

Figurinos:

Gisele Ferran

Storyboards:

Leyla Buk

Locações:

Petter Baiestorf

Still:

Andye Iore

Alimentação:

Roberto Timm

Assistentes de Produção:

Iara B. Padilha Dreher

Leyla Buk

Douglas Domingues

Gabriel Zumbi

Gisele Ferran

Coffin Souza

Marcel Mars

Raimundo Lago

Adriano de Freitas Trindade

Líbera Oliveira

Elio Copini

Operadores de Som:

Leyla Buk

Flávio C. Von Sperling

Leo Pyrata

E.B. Toniolli

Douglas Domingues

Gabriel Zumbi

Cofin Souza

Cristian Verardi

Alexandre Brunoro

Edição:

Gurcius Gewdner

Assistente de Edição:

Mini-Mulamba

Consultores de Edição:

Elói Mattar

Leo Pyrata

Christian Caselli

Seleção Musical:

Petter Baiestorf

Música Original:

Erro

Concepção da Cerveja Lambidinha:

Petter Baiestorf

Executado por Gurcius Gewdner

Concepção da Empresa Cronenberg:

Petter Baiestorf

Executado por Ivandro Godoy

Concepção da Erva-Mate Cronenberg:

Petter Baiestorf

Executado por Gurcius Gewdner

Motoristas:

Airton Bratz

PC

Inácio Drescher

Felipe M. Guerra

CB Rot Bortolanza

Charles Knaak

Roberto Timm

Marivan Lottermann

Carpinteiros:

Raimundo Lago

PC

Alexandre Ribeiro

Marisa

Eletricistas:

Adriano de Freitas Trindade

Alexandre Ribeiro

Raimundo Lago

Continuista:

Uzi Uschi

Material Gráfico:

Gurcius Gewdner

Ivandro Godoy

Andye Iore

Contra-Regras:

Uzi Uschi

Sonho do Klaus:

Diretor de Fotografia e Iluminação:

Daniel Yencken

Pastor na TV:

Diretor de Fotografia e Iluminação:

Pablo Pablo

Zombio 2 foi produzido com o apoio financeiro de

GlobalVilla

Iara Magalhães

Shunna

Hotel Brasil

Visual Serigrafia

Fábula Negras Produções Artísticas

Mostra do Filme Livre

Mauro Mackedanz

Awildgarden

Diógenes Carvalho

Rubens Mello

Família Ferran

Diogo Cunha

Adnilson Rafael Telles (Art)

André Bozzeto Jr.

Aristides Rudnick Jr.

Laura Canepa

Thiago Macedo de Abreu Hortêncio

Ricardo Ghiorzi

Diogo Hayashi

Agradecimentos:

Monstro

Rodrigo Aragão

Mônica Perin

Ivandro Godoy

Rafael Araújo

Silvio Merk

Roberto Timm

Wilson Hoehne

Marivan Lottermann

FantasPoa

Mostra do Filme Livre

Mostra Cinema de Bordas

Mostra A Vingança dos Filmes B

Ricardo Ghiorzi

Guilherme Whitaker

Christian Caselli

Priscilla Menezes

Ivan Cardoso

Comunidade de Vila Ilha Redonda/SC

Central Lanches

Fazenda do Canelo

Cerveja Cretina

Canibal Vídeo Locadora

Mostra Cine Terror na Praia

Katásia

Flexstudio

Zé Nariz

Elói Mattar

Peter Gossweiller

Amêxa

Yama

Garganta

Maiara Pires

Zombio 2: Chimarrão Zombies é uma co-produção independente entre os estados de

Santa Catarina

Minas Gerais

Rio de Janeiro

Pernambuco

São Paulo

Rio Grande do Sul

Paraná

Espírito Santo

Filmado na Zona Autônoma de Canibal City

Canibal Filmes

El Reno Fitas

Camarrão Filmes e Idéias Caóticas

Bulhorgia Produções

Sui Generis Filmes

Com apoio de

Fábulas Negras Produções Artísticas

Necrófilos Produções Artísticas

Projeto Zombilly

Gosma

2013

Ateu Graças A Deus

Posted in ateísmo, Literatura with tags , , , , , , , , , , , , , , on setembro 5, 2013 by canibuk

O acaso é o grande senhor de todas as coisas. A necessidade só vem depois. Não tem a mesma pureza. Se entre meus filmes tenho uma ternura particular por Le Fantôme de la Liberté, é talvez porque ele aborda esse tema inabordável.

O roteiro ideal, com o qual sonhei muitas vezes, procederia de um ponto de partida anódino, banal. Por exemplo: um mendigo atravessa uma rua. Vê uma mão que se estende pela janela aberta de um carro de luxo e joga no chão a metade de um charuto. O mendigo para bruscamente para pegar o charuto. Outro carro o atropela e mata.

A partir desse acidente pode ser feita uma série infinita de perguntas. Por que o mendigo e o charuto se encontraram? Que fazia o mendigo àquela hora na rua? Por que o homem que fumava o charuto o jogou fora naquele momento? Cada resposta dada a essas perguntas gerará outras perguntas, cada vez mais numerosas. Nós nos encontraremos diante de encruzilhadas cada vez mais complexas, levando a outras encruzilhadas, a labirintos fantásticos, onde teremos que escolher nosso caminho. Assim, seguindo causas aparentes que na realidade são apenas uma série, uma profusão ilimitada de acasos, poderíamos remontar cada vez mais longe no tempo, vertiginosamente, sem uma interrupção, através da história, através de todas as civilizações, até os protozoários originais.

Claro está que é possível tomar o roteiro pelo outro sentido e ver que o fato de jogar um charuto pela janela de um carro, provocando a morte de um mendigo, pode mudar totalmente o curso da história e conduzir ao fim do mundo.

Encontro um magnífico exemplo desse acaso histórico num livro claro e denso que representa para mim a quintessência de uma determinada cultura francesa, Ponce Pilate de Roger Caillois. Pôncio Pilatos, conta-nos Caillois, tem todas as razões para lavar suas mãos e deixar que Cristo seja condenado. É essa a opinião de seu conselheiro político, que teme perturbações na Judéia. É esse também o pedido de Judas, para que se realizem os desígnios de Deus. É essa até a opinião de Marduk, o profeta da Caldéia, que imagina a longa sequência de acontecimentos que ocorrerão depois da morte do Messias, acontecimentos que já existem, uma vez que ele os vê e é profeta.

A todos os argumentos Pilatos só pode opor sua honestidade, seu desejo de justiça. Após uma noite de insônia, toma sua decisão e liberta Cristo. Este é recebido com alegria por seus discípulos. Continua sua vida, seu ensinamento e morre bastante idoso, considerado um homem muito santo. A seu túmulo, durante um ou dois séculos, acorrerão peregrinos. Depois será esquecido.

E a história do mundo, naturalmente, será inteiramente diferente.

Esse livro me fez meditar durante muito tempo. Sei bem tudo o que podem dizer-me sobre o determinismo histórico ou sobre a vontade todo-poderosa de Deus, que levaram Pilatos a lavar suas mãos. Recusando a pia e a água, ele mudaria toda a sequência dos tempos.

Quis o acaso que lavasse as mãos. Não vejo, como Caillois, nenhuma necessidade nesse gesto.

Claro está, se nosso nascimento é totalmente fortuito, devido ao encontro acidental de um óvulo com um espermatozoide (por que exatamente este entre milhões?), o papel do acaso desaparece quando se constroem as sociedades humanas, quando o feto e depois a criança se acham submetidos a essas leis. E assim ocorre com todas as espécies. As leis, os costumes, as condições históricas e sociais de uma determinada evolução, de um determinado progresso, tudo o que pretende contribuir para o estabelecimento, o avanço, a estabilidade de uma civilização à qual pertencemos pela boa ou má sorte de nosso nascimento, tudo isso surge como uma luta quotidiana e tenaz contra o acaso. Nunca totalmente aniquilado, vigoroso e surpreendente, ele tenta conformar-se à necessidade social.

Mas creio que é preciso evitar ver, nessas leis necessárias que nos permitem viver juntos, uma necessidade fundamental, primordial. Parece-me, na realidade, que não é necessário que este mundo exista, que não é necessário que estejamos aqui vivendo e morrendo. Já que somos apenas os filhos do acaso, a terra e o universo poderiam ter continuado sem nós, até à consumação dos séculos. Imagem inimaginável, a de um universo vazio e infinito, teoricamente inútil, que nenhuma inteligência poderia contemplar, que existiria sozinho, caos duradouro, abismo inexplicavelmente privado de vida. Talvez outros mundos, que não conhecemos, sigam assim seu curso inconcebível. Atração pelo caos que às vezes sentimos profundamente em nós mesmos.

Alguns sonham com um universo infinito, outros o apresentam a nós como finito no espaço e no tempo. Eis-me entre dois mistérios, um e outro igualmente impenetráveis. De um lado a imagem de um universo infinito é inconcebível. Do outro, a idéia de um universo finito, que um dia já não existirá, torna a mergulhar-me num Nada impensável, que me fascina e me horroriza. Perambulo de um a outro. Nada sei.

Imaginemos que o acaso não existe e que toda a história do mundo, bruscamente tornada lógica e previsível, possa resumir-se em algumas fórmulas matemáticas. Nesse caso, seria necessário acreditar em Deus, supor, como inevitável, a existência ativa de um grande relojoeiro, de um ser supremo organizador.

Mas Deus, que tudo pode, não teria podido criar, por capricho, um mundo entregue ao acaso? Não, respondem-nos os filósofos. O acaso não pode ser uma criação de Deus, já que ele é a negação de Deus. Esses dois termos são antinômicos. Excluem-se mutuamente.

Não tendo fé (e persuadido de que a fé, como todas as coisas, nasce frequentemente do acaso), não vejo como sair desse círculo. É por isso que não penetro nele.

A consequência que disso extraio, para uso próprio, é muito simples: crer e não crer dá no mesmo. Se me provassem, neste instante, a luminosa existência de Deus, isso não modificaria rigorosamente em nada meu comportamento. Não posso crer que Deus me vigie permanentemente, que se ocupe de minha saúde, de meus desejos, de meus erros. Não posso crer, e de toda maneira não aceito isso, que ele pudesse punir-me por toda a eternidade.

Que sou eu para ele? Nada, um vestígio de lama. Minha passagem é tão rápida que não deixa marca alguma. Sou um pobre mortal, não conto nem no espaço nem no tempo. Deus não se ocupa de nós. Se existe, é como se não existisse.

Raciocínio que resumi no passado nesta fórmula: “Sou ateu, graças a Deus.” Uma fórmula que só aparentemente é contraditória.

Luis Buñuel, retirado de seu livro “Mon Dernier Soupir”.

Buñuel.

Buñuel.

Do Sudeste ao Sul Vivendo na Estrada Selvagem do Rock

Posted in Literatura, Livro with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 2, 2013 by canibuk

“Do Sudeste ao Sul – Na Estrada Selvagem do Rock” (2013, 200 páginas, Editora VirtualBooks), escrito por Roger Pixixo.

Este ano de 2013 está sendo repleto de boas surpresas no que diz respeito ao lançamento de livros e álbuns em quadrinhos de amigos. A mais nova surpresa é este livro maravilhoso e de alto astral escrito pelo Roger Pixixo, mineiro que conheci no início dos anos 2000.

Do Sudeste ao SulEm 200 páginas Pixixo realiza uma maravilhosa viagem de volta aos bons tempos do underground dos fanzines, trocas de fitas k-7 com sons de bandas obscuras, correspondências com cartas via correio, viagens intermináveis de ônibus para ver bandas em outros estados e muito mais aventuras que contam a história do, principalmente, Psychobilly nacional e sua festa máxima, o Psycho Carnival. Quem nasceu entre a década de 1970 e 1980, com certeza vai se emocionar com este livro que conta muito da história underground de Belo Horizonte e relembra o surgimento de inúmeras bandas do cenário metal mineiro (por conta do sucesso que bandas como Sepultura e Sarcófago) levantando a questão do radicalismo que havia no cenário nacional dos anos 80/90; relembra também os primeiros psychos de BH e suas dificuldades em conseguir material e até amigos para beber uma cervejinha conversando sobre bandas bagaceiras. Em linguagem simples e direta Pixixo consegue nos fazer relembrar da gostosa adrenalina que é descobrir uma boa banda nova, da felicidade de compartilhar descobertas com os amigos e da maravilha que é gostar de uma cultura obscura, algo que nos torna tão especial diante da grande massa humana medíocre que vegeta no marasmo do lugar comum.

roger pixixoQuem é Roger Pixixo?… Conheci o Pixixo no início do ano 2000, na época que ele era editor de fanzines e até chegou a elaborar o primeiro site da minha produtora Canibal Filmes (que ficou no ar por alguns anos). Aliás, nesta época ele se chamava Roger Psycho (no livro conta a história de como ele ganhou o ótimo apelido de Pixixo). Metaleiro nascido e criado em Belo Horizonte, conheceu The Cramps e Ramones e partiu com tudo pro divertido cenário apolítico do Psychobilly e Rockabilly (que não tem aquele povo xarope vomitando regrinhas como nas cenas do Metal e do Punk, por exemplo), comprou um baixo e tocou em inúmeras bandas de BH, como “Osmose”, “Rock Mountain Fever”, “Scary Scums”, “Marrones”, entre outras. Também, após entrar para a Gang da Caveira Rock’n’Roll Club, começou a organizar eventos em Belo Horizonte, como o “BH Rumble”. Ou seja, Pixixo é um cara que faz a cena acontecer, não se limitando apenas a curtir sons e cervejinhas com amigos.

Segue uma pequena entrevista que realizei com Pixixo sobre seu empolgante livro.

Petter Baiestorf: Pixixo, obrigado por este lançamento , voltei a me sentir adolescente ao ler “Do Sudeste ao Sul – Na Estrada Selvagem do Rock”, relembrando muita coisa divertida do underground nacional antes dos anos 2000, época que para se conseguir material obscuro cara tinha que apelar para trocas via correio. Teu livro fala justamente desta época de transição no meio alternativo onde a Internet começou a aparecer e a mudar a forma como o pessoal conseguia material. O que você constata daquela época em relação aos dias de hoje, que basta saber o nome de alguma banda e baixar seus discos?

Roger Pixixo: Naquela época além dos correios para se conseguir material das bandas e mesmos filmes, a gente tinha também que ir aos shows. Você conhecia as bandas através dos shows e também conhecia gente desta maneira. Naquela época foi assim que conseguir angariar muita informação e conhecer gente interessante. Hoje em dia é tudo muito fácil. O cara baixa a discografia inteira de qualquer banda, baixa filmes… o HD do cara tem lá não sei quantos mil Giga de material e o cara acaba que não consegue ouvir tudo e nem assistir nada. Resultado, não assimila nada e pra mim não passa de um colecionar de mídia. O cara senta a bunda na cadeira em frente ao computador e não sai para ver shows undergrounds porque de alguma forma o cara vê isso no youtube e prefere ficar ali no conforto do lar.   

1

Baiestorf: Seu livro está muito bem escrito e é diversão certeira. Como surgiu a idéia de escrever e lançar o “Do Sudeste ao Sul – Na Estrada Selvagem do Rock”?

Pixixo: Sempre gostei de escrever. Mas mantinha as coisas pra mim… resenhas de shows, filmes ou mesmo lembranças de casos e tudo mais. Eu tinha muito material e resolvi montar um quebra cabeça com elas de forma cronológica meio que na brincadeira e percebi que podia fazer um livro com tudo. Algo biográfico e também uma pequena pesquisa histórica da cena underground da qual participei como músico, observador e produtor. Me achei no direito de contar minha história, da cena e dos meus amigos. O original para você ter uma ideia tinha quase 300 páginas mas fui cortando algumas coisas e cheguei com este formato de 200 páginas que ficou bem bacana, fácil de ler e que prende o leitor. Estou tendo um feedback bem bacana do livro e estou muito feliz por ele.  

Baiestorf: Iniciativas assim são ótimas para a cena underground brasileira, seu livro é um registro histórico imperdível para quem se interessa pela cultura alternativa de BH e, também, do Psychobilly brasileiro. Como anda a cena atual em BH? E pelo Brasil?

Pixixo: Em BH o Psychobilly nunca teve uma força considerável seja por bandas ou público. O Baratas Tontas foi a primeira, depois de muitos anos fundei o Scary Scums, logo depois o Dead Goblins que teve vida curtíssima e hoje temos o Drunk Demons que mantêm o Psychobilly ainda vivo por aqui.  Aliás, BH neste quesito sempre foi forte e reconhecido pela cena Metal desde o inicio dos anos 80 e até hoje é forte tendo shows constantes e ainda com uma gama enorme de bandas e de muita qualidade, e o público também é imenso e fiel. Aqui se gosta de tudo e se mistura tudo, tirando o Metal, as outras vertentes andam juntas, por isso sempre fizemos os festivais e shows misturando tudo, Psychobilly, Surfe, Garage Rock e Rockabilly e sempre deu certo. Pelo Brasil a nata do Psychobilly ainda é o Sul, mais especificamente em Curitiba que sempre foi o polo do estilo no Brasil e com grandes festivais e as melhores bandas sempre saíram de lá. Em São Paulo também há muito do estilo mas nunca um festival emplacou por lá.

Baiestorf: Quem quiser conhecer as suas bandas, tanto antigas quanto novas, como faz?

Pixixo: Pode entrar em contato comigo direto pelo Facebook ou me mandar um e-mail no rogerpixixo@gmail.com porque eu tenho material de todas disponível para passar para o pessoal.

Baiestorf: Para o lançamento do livro você organizou o “Pixploitation”. Tu pode nos resumir como foi essa festança? Quais bandas tocaram?

Pixixo: E foi uma festança mesmo ! A casa tava lotada e o pessoal se divertiu muito… até eu que tive trabalho pra caramba durante todo o dia. Para dar um charme a mais eu passei em primeira mão em BH o Zombio 2 : Chimarão Zombies. A casa ainda tava meio vazia mas quem esteve lá aplaudiu o filme. Ele passou no telão na área dos shows, mas nas TV’s que tem ao longo da casa o pessoal que não tava vendo pelo telão pode ver nelas e como o som estava em toda a casa deu pra acompanhar tudo. Eu divulguei que para frescos e pudicos o filme não servia e felizmente não tinha gente assim lá. No decorrer da noite inteira o filme continuou a passar no telão. O dono da casa, o Edmundo pirou com o filme e quer que eu mantenha esta tradição lá. Estou até estudando uma noite especial com filmes da Cannibal por lá. Eu convidei para a festa as bandas Drunk Demons de Psychobilly, o Vô Diddley que é um Duo muito Louco que toca versões sujas e podres de Bo Diddley e The Cramps, o Drákula que é uma banda de malucos de Campinas oriundos de bandas como Muzzarelas, Calibre 12 dentro outras que toca um mescla de Surfe com Garage e Punk muito barulhento e pesada. Foi um show fodástico. Pra fechar a noite teve As Múmmias do Agito que é uma banda picareta de gente picareta que toca clássicos da Surfe como Link Wray, Ventures, Dick Dale, dentre outras, de forma como não se deve tocar ou ter uma banda. Mas foda-se, é divertido e sempre é sucesso, se a gente ensaiar perde o foco e o charme da coisa. No decorrer do show quando não se dá pra tocar mais músicas porque a gente não sabe, não se lembra ou por estarmos muito bêbados, tocamos “Comanche” o resto do show… nesse acho que ficamos tocando ela por uns 15 minutos. De surpresa eu acabei tocando com o Marrones lá também porque tava todo mundo da banda lá e usamos o pequeno tempo para mostrar em primeira mão algumas de nossas músicas próprias. Começamos a banda tocando só Ramones mas gradativamente vamos tocar só sons próprios. Vou manter a “Pixploitation!”, algo a rolar sempre de dois em dois meses. Deu muito certo. Foi muito divertido !

Pixploitation_Exibição do zombio 2

Baiestorf: Quando custa o livro e como o pessoal pode encomendar seu exemplar? Aliás, como anda as vendas?

Pixixo: O livro custa R$30,00, para quem é fora de BH custa R$35,00 devido ao custo com os Correios e para encomendar é só depositar a grana na seguinte conta :

 Banco Itaú

Agência 3158

Conta Corrente 79872-2

Rogério Andrade de Souza

Tem a página no Facebook também : https://www.facebook.com/estradaselvagemdorock

As vendas e o feedback tem sido bons. Na Pixploitaton! eu vendi todos os exemplares do livro que carreguei pra lá ! Melhor impossível. Espero mais encomendas !

2

Baiestorf: O que podemos esperar de novos projetos do Pixixo?

Pixixo: Eu estou preparando um outro livro com sobras de histórias que não entraram neste e acréscimo de outras. Coisas que escrevi para o Zine Horror Gore que fazia muitos anos atrás. Algumas histórias sujas que ando escrevendo, tendo como referencia, o velho Buk. Tá divertido fazer esta compilação e será um lance não cronológico ou especifico. Até o fim do ano sai. Estamos eu e a TrashCan Records que também está por trás no lançamento do livro impresso trabalhando também na versão estendida e on line do livro com vídeos e depoimentos que pretendemos colocar no ar até o fim do ano também. Na área da música estou focado no trabalho com o Marrones que estamos preparando algo especial para o fim do ano com lançamento de um EP. Continuo como produtor de shows… minha cabeça fica o tempo todo cheio de ideias e tenho muitos projetos pra dar vida.

Baiestorf: Pixixo, mais uma vez obrigadão por este livro, eu realmente me diverti muito lendo ele (li tudo de uma sentada só). Fica o espaço aqui do Canibuk para você falar o que quiser sobre o livro e a cena underground brasileira:

Pixixo: O livro serve muito para todo mundo que tem o que falar e mostrar do que vê e viu de alguma coisa. Eu não sou escritor e nem tenho a ambição de me tornar um, é apenas um relato de histórias que coloquei no papel e que todo mundo também pode fazer. E isso é direcionado para música também e produção de shows. Tem muito mimimi e pouca gente fazendo algo. Faça… que seja uma bosta, um lixo… foda-se, o lance é colocar a cara pra bater mesmo e sempre fazer e produzir algo.  Meu livro conta sobre isso e espero ver iniciativas parecidas por aí.

3