Arquivo para a cor que caiu do espaço

A Noiva do Turvo

Posted in Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 9, 2018 by canibuk

A Noiva do Turvo é um curta-metragem produzido no início de 2018 utilizando-se de um celular enquanto festejávamos a passagem de ano. Orçamento zero para contar uma lenda do rio Turvo que, meses antes, Loures Jahnke e sua filha Isabela haviam resgatado para um trabalho escolar que virou um fanzine de contos. Você pode ler o conto A Noiva do Turvo clicando no coletivo literário Maldohorror.

Segue relato dos envolvidos nas gravações:

Petter Baiestorf: O curta A Noiva do Turvo, escrito e dirigido por Loures Jahnke e filmado com seus filhos: Lorenzo de cinco, Isabela de dez, Vinicius de doze e Morgana de vinte anos. Loures, Elisiane Rodrigues, Carli Bortolanza e eu nos divertimos muito durante essa experiência fantasmagórica sessão livre onde respeitamos o ritmo de trabalho das crianças. Não quer dizer que eu vá produzir filmes em celulares, mas abrem-se algumas possibilidades com este formato, principalmente com suas câmeras de alta definição.

Lorenzo, 5 anos, assistente de direção

Loures Jahnke: Exatamente um ano depois da filmagem de Ándale!, na virada de 2017 para 2018, Baiestorf e Bortolanza voltaram para o Baixo Azul, trazendo na bagagem mais de 300 latas de cerveja – sim, eles sempre são exagerados. Não tinham o Toniolli, nem o Élio e nem a filmadora, mas Baiestorf estava com um celular com câmera bacana. Alguns meses antes dessa visita, ajudei minha filha Isabela em um trabalho escolar sobre mitos e lendas locais, o que resultou em um pequeno conto que publiquei no Maldohorror. Eu tinha o argumento e 4 filhos; Peter tinha um celular e o Bortolanza. O produto? A Noiva do Turvo.

Morgana, A Noiva do Turvo

Carli Bortolanza: Loures nos apresentou um texto que ele havia ajudado uma das filhas a escrever para um trabalho escolar que virou um livro coletivo dos alunos que estudavam na mesma sala de aula da filha dele. Sugerindo “Nós podíamos filmar este texto da Isabela, não?”. E “de balde”, por que não? E o primeiro impacto após termos lido o texto foi, “Como não tem câmera, vamos filmar pelo celular!”, única opção e sem nenhuma objeção. A iluminação foi outro empecilho, mas Loures comentou que um vizinho tinha uma bateria com uma lâmpada que fora improvisado para ser usado como uma mochila nas costas, com direito a alças e tudo. A escolha de quem faria o pescador também foi engraçada: Pedi para ser escolhido, pois estava com um pouco de frio e ai ficaria com a roupa manga longa e não precisaria ficar carregando o peso da bateria.

Teste de iluminação durante as gravações com Carli sendo abduzido

E. B. Toniolli: A história é linda, pulsante e real. O Loures mostrou-se um bom diretor, mas que não chega aos pés do Loures escritor, que é formidável.

Loures Jahnke: Filmar A Noiva foi uma das coisas mais divertidas que já fiz. Meus filhos foram batizados na Canibal Filmes – não com groselha, mas com o “espírito da coisa” -, todos riram muito, sofreram – principalmente Morgana e Isabela – e se encantaram. Até a Elisiane, minha companheira, diz que se divertiu muito sendo a produtora do filme – ela pagou um pote de minâncora e um lápis de olho, total de custos.

Carli Bortolanza: Uma coisa que ficou bem marcante foi a empolgação das crianças em participar!

Petter Baiestorf: Para A Noiva não tínhamos uma câmera, somente meu celular. Como eu havia acabado de filmar Beck 137 em Goiânia, GO, com ele, sabia que dava pra fazer algo minimamente bacana. Também deu pra testar o uso de iluminação mínima em espaços abertos – boa parte do curta foi filmado numa plantação de soja que invadimos. De certo modo o uso da iluminação foi uma continuidade do que havia pensado para A Cor que Caiu do Espaço.

Loures Jahnke: Já tinha visto alguns trabalhos feitos com celular, mas A Noiva do Turvo foi para muito além das expectativas, considerando que a maioria das cenas foram noturnas, que a iluminação foi feita com um troço adaptado para caçar lebres tomado emprestado de um vizinho, que os áudios da narração e da trilha sonora  – brilhantemente composta pelo Vinicius, de 12 anos – foram todos gravados em celular e que o Bortolanza passou uma tarde toda catando lenha pra assar carne.

A Noiva se preparando para entrar em cena

Elio Copini: Quanto A Noiva, não participei das filmagens, assisti e gostei muito dele. Despertou uma inveja por não estar lá também.

Loures Jahnke: Toniolli acho que também se divertiu muito, um tempo depois, comigo e com o Baiestorf na casa dele num final de semana inteiro durante a edição do Noiva.

E. B. Toniolli: A Noiva do Turvo já chegou em minhas mãos filmado e só faltando a edição. Dessa vez tínhamos o Loures Jahnke como diretor e ele é uma pessoa muito inteligente, que sabe o que quer e sabe valorizar o trabalho em equipe, deixando todos participarem do processo de maneira ativa. Assim considero esse curta mais coletivo do que as obras naturais da Canibal Filmes, que são a visão do Baiestorf, basicamente.

Morgana e Carli em A Noiva do Turvo

Loures Jahnke: A Noiva do Turvo é quase um filme infantil, inocente, mas que explora um universo cultural muito vasto que são os causos, os mitos e lendas que preenchem o imaginário – e a vida! – das populações camponesas sertões afora.

E. B. Toniolli: Fiquei muito contente em editar o material filmado com celular. Considero que o cinema feito de celular é a evolução natural do processo: Não estamos reféns dos grandes estúdios, das câmeras caras e dos “profissionais” da arte. Cinema é para todos, não para uma elite intelectual que trata a todos como gado intelectual, onde quem não comunga de sua maneira bitolada de ver o mundo, é excluído.

fotos e entrevistas para o post por Petter Baiestorf.

Assista ao curta-metragem aqui:

Viradão de Cinema Fantástico no Festival de Cinema de Vitória

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O cinema fantástico nacional está na moda e está ganhando visibilidade em inúmeras mostras de cinema que não tem tradição na exibição de produções neste gênero. Em 2014 já havia ganho a “Mostra Bendita” na Mostra de Cinema de Tiradentes com a exibição do longa “As Fábulas Negras” de José Mojica Marins, Rodrigo Aragão, Joel Caetano e Petter Baiestorf e a produção “Noite” de Paula Gaitán. Leia a história do Cinema Fantástico Brasileiro aqui no Canibuk.

Agora é a vez do Festival de Cinema de Vitória incluir em sua programação uma pequena mostra, intitulada “Viradão Novo Cinema de Horror“, na sua programação, atestando que finalmente os grandes festivais de cinema estão percebendo que o Cinema Fantástico brasileiro tem um grande apelo junto ao público.

No dia 19 de novembro, um sábado, com início à 01 hora da madrugada no Teatro Carlos Gomes, com previsão de acabar somente às 07 da manhã do mesmo sábado, o viradão promete uma divertida noitada aos cinéfilos que se aventurarem pelos domínios do gênero fantástico brasileiro. Acompanhe as novidades do Festival pelo site oficial: http://festivaldevitoria.com.br/23fv/

Os seguintes filmes estão programados no Viradão:

“13 Histórias Estranhas” (Ficção, 90′, SC, 2015), de Fernando Mantelli, Ricardo Ghiorzi, Cláudia Borba, Petter Baiestorf, Marcio Toson, Cesar Coffin Souza, Rafael Duarte, Taísa Ennes Marques, Gustavo Fogaça, Renato Souza, Leo Dias de los Muertos, Paulo Biscaia Filho, Felipe M. Guerra, Filipe Ferreira, Cristian Verardi. Filme coletânea. São 13 histórias curtas, onde o numeral é a base do roteiro.
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“A Casa de Cecília” (Ficção, 102′, RJ, 2015), de Clarissa Alpett. Cecília tem 14 anos e está sozinha em casa há duas semanas. Após dias intercalados de solidão e euforia, Lorena, uma adolescente misteriosa, surge em sua casa. Apesar da nova companhia, a casa parece ficar cada vez mais vazia e os eventos, cada vez mais peculiares.
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“Encontro Às Cegas” (Ficção, 10′, RJ, 2016), de Isabela Costa. Quando um vampiro cego, em pleno 2016, atrai suas vítimas por meio de aplicativos de celular, uma surpreendente chegada muda o rumo da noite.
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“O Diabo Mora Aqui” (Ficção, 80′, SP, 2015), de Dante Vescio e Rodrigo Gasparini. Jovens numa casa assombrada.
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“O Duplo” (Ficção, 25′, SP, 2012), de Juliana Rojas. Silvia é uma jovem professora em uma escola de ensino fundamental.  Certo dia, sua aula é interrompida quando um dos alunos vê um duplo da professora andando no outro lado da rua. Silvia tenta ignorar a aparição, mas este evento perturbador passa a impregnar seu cotidiano e alterar sua personalidade.
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“O Segredo da Família Urso” (Ficção, 20′ SC, 2014), de Cíntia Domitt Bittar. 1970, ditadura militar brasileira. Geórgia, uma menina de 8 anos, é proibida de entrar no porão de sua casa, onde costumava brincar. Longe dos olhos dos pais e da velha babá, Geórgia encontra a porta destrancada: há alguém lá dentro.
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Quem estiver em Vitória/ES nesta data, fica aqui a dica para aproveitar o viradão. O fantástico brasileiro é o gênero cinematográfico nacional que mais tem conseguido, por conta própria, espaço em importantes festivais pelo mundo. “Zombio 2” (Petter Baiestorf), “Mar Negro” (Rodrigo Aragão), “Cabrito” (Luciano de Azevedo), “Encosto” (Joel Caetano), “Bom Dia, Carlos!” (Gurcius Gewdner), “FantastiCozzi” (Felipe M. Guerra), “Nervo Craniano Zero” (Paulo Biscaia) são apenas alguns dos filmes brasileiros que tem sido exibidos em vários festivais importantes do gênero fantástico por todas as partes do mundo. E é muito bom ver o gênero sendo reconhecido, também, em festivais de cinema brasileiro.
Bom Viradão à todos e obrigado por prestigiarem o cinema fantástico nacional!
Assista o documentário que o Canal Brasil produziu sobre o cinema fantástico brasileiro:
https://www.youtube.com/watch?v=XiSl3sb0MTY

 

 

A Cor que caiu do Espaço

Posted in Cinema, download, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 23, 2016 by canibuk

Em 2015 fui convidado para realizar um dos episódios do longa-metragem coletivo “13 Histórias Estranhas”. No mesmo dia comecei a pesquisar projetos abandonados do cinema mudo e me deparei com um projeto de curta que iria adaptar o conto “The Colour Out of Space” de H.P. Lovecraft no ano de 1928. O roteiro de tal projeto era escrito pelo próprio Lovecraft adaptando seu conto escrito no ano interior. Achei que seria uma boa tentar fazer uma versão baiestorfiana daquela ideia e assim comecei a pré-produção do episódio “A Cor que caiu do Espaço”.

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Como estava completamente sem dinheiro por aquelas épocas (por conta da produção de “Zombio 2: Chimarrão Zombies“), apresentei o projeto para minha amiga Shunna (que foi uma das investidoras de “Zombio 2”) e ela disponibilizou o dinheiro necessário para levantar a produção e pagar atores/técnicos envolvidos no projeto. Filmamos tudo em uma madrugada com uma equipe bem pequena (se não me falha memória, no set estavam comigo apenas Leyla Buk, Carli Bortolanza e os atores Coffin Souza, Elio Copini, Jessy Ferran e o Airton “Chibamar” Bratz) e depois editei com o E.B. Toniolli em mais uns dois dias de trabalhos no intuito de sujar as imagens (hoje me arrependo de não ter sujado ainda mais).

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Com “A Cor que caiu do Espaço” tentei realizar um mix entre cinema experimental, sci-fi e cinema marginal, que são três de minhas paixões. O resultado é este curtinha que vocês podem baixar aqui: A COR QUE CAIU DO ESPAÇO.

Quanto ao longa-metragem coletivo “13 Histórias Estranhas”, não faço ideia de quando será lançado oficialmente.

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