Arquivo para andré bozzetto jr.

Quarta Edição do Cinema de Bordas

Posted in Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 28, 2012 by canibuk

Do dia 01 a 05 de agosto o Itaú Cultural abre seu espaço para a mostra Cinema de Bordas que vai trazer ao público paulista cerca de 23 filmes de realizadores independentes. Cinema de Bordas (ou Cinema de Garage ou Cinema Trash ou Cinema Caseiro, tanto faz, é tudo rótulo bom prás vendas) é o cinema independente brasileiro que faz o tudo com o nada e, na base do improvisso mesmo, mantêm viva a possibilidade do fazer sem ajuda do Estado pai-patrão. Se no cinema independente brasileiro o improvisso é o que mais se destaca, note-se que não é uma opção dos diretores (todos estariam filmando com dinheiro se pudessem), mas sim uma triste realidade deste paisinho dominado por corruptos e ignorantes que não tem investidores financeiros, nem canais de distribuição, para estes filmes realizados aos trancos e barrancos que acabam tendo uma recepção de público mais calorosa do que a maioria das produções profissionais de cinema do Brasil.

Nesta edição destaque para a exibição de “A Maudição da Casa de Vanirim” (nota do Canibuk: Sim, “maudição” escrito assim mesmo!) de Seu Manoelzinho, longa produzido em 1987, em VHS, que estava sendo considerado perdido e que agora, finalmente, terá sua primeira exibição pública. “Vermibus” (2012) de Rubens Mello estará estreiando no evento. Rubens Mello, prá quem não sabe, foi ator em filmaços como “Encarnação do Demônio” (2008) de José Mojica marins, “Ivan” (2011) de Fernando Rick e é um dos organizadores do Guarú Fantástico.

Joel Caetano e sua esposa Mariana Zani estarão ministrando uma oficina sobre como fazer filmes sem grana nenhuma em paralelo ao evento. Antes da mostra, dia 31 de julho, rola um debate no programa de TV Jogo de Idéias com participação de Kika de Oliveira (“Mangue Negro”), Dona Oldina (“Extrema Unção”), Gisele Ferran (“O Doce Avanço da Faca“), Mariana Zani (“Estranha“) e o diretor Seu Manoelzinho.

E o mais lindo desta quarta edição da mostra é que vai rolar o lançamento do terceiro livro sobre realizadores de Cinema de Bordas que é uma fonte de pesquisa sempre bem vinda. Os realizadores independentes brasileiros merecem mais iniciativas como essa.

Um fã ao lado de Seu Manoelzinho (dir.)

PROGRAMAÇÃO

1 de agosto (quarta-feira)

20h   Bate-papo com os curadores Bernadette Lyra, Gelson Santana eLaura Cánepa, seguido de exibição de seleção especial de filmes:

Onde Está Meu Rim?, de Renato Dib (1 min, Manaus, 2010)
Roquí Son Contra o Extermínio Ambiental, de Renato Dib (2 min, São Paulo e Manaus, 2012)
DR, de Felipe Guerra e Joel Caetano (12 min, Carlos Barbosa e São Paulo, 2012)
Vermibus, de Rubens Mello (25 min, Guarulhos, 2012)

2 de agosto (quinta-feira)

18h – Morte e Morte de Johnny Zombie, deGabriel Carneiro (14 min, São Paulo, 2011)
Entrega Especial, de Rodrigo Brandão (27 min, Juiz de Fora, 2006)
Fatman & Robada, de Rogério Baldino (32 min, Porto Alegre, 1997)
Brasil, um País de 5%, de Nerivaldo Ferreira e Johel Alvez Bright (36 min, Rio Real, 2011)

20h – Hipnose Para Leigos, deChico Lacerda (6 min, Recife, 2005)
Como Irritar Dandies do Hardcore, de Gurcius Gewdner (16 min, Rio de Janeiro, 2012)
Mais Denso que Sangue, de Ian Abé (15 min, Cabaceiras, 2011)
Jerônimo, O Herói do Sertão, de David Rangel (32 min, Paty do Alferes, 1996)
Seguido de bate-papo com David Rangel, mediado por Rogério Ferraraz

3 de agosto (sexta-feira)

18h – Antes/Depois, de Christian Caselli (9 min, Rio de Janeiro, 2005)
Bastar, de Gustavo Serrate (20 min, Brasília, 2010)
Black Power Jones, de Igor Simões Alonso (17 min, Osasco, 2012)
O Cabra Bode, de Milton Santos (45 min, Cícero Dantas, 2011)

20h – Necrochorume, de Geisla Fernandes (17 min, São Paulo, 2012)
Lua Perversa 2, de André Bozzetto Jr (18 min, Pinhalzinho, 2011)
A Lenda da Lagoa Vermelha II A Vingança, de Eutímio Carvalho (30 min, Cícero Dantas, 2012)
A Maudição da Casa de Vanirim, de Manoel Loreno (26 min, Mantenópolis, 1987)
Seguido de bate-papo do público com os curadores e realizadores presentes.

4 de agosto (sábado)

18h – A Lenda da Lagoa Vermelha II, de Eutímio Carvalho (30 min, Cícero Dantas, 2012)
Uma Vinchester Para Três Tumbas, de Arlindo Filho (91 min, Presidente Prudente, 2012)

20h – Lua Perversa 2, deAndré Bozzetto (18 min, Pinhalzinho, 2011)
Flor de Abril, de Cícero Filho (110 min, São Luiz, 2011)

5 de agosto (domingo)

16h – Jerônimo, O Herói do Sertão, de David Rangel (32 min, Paty do Alferes, 1996)
A Maudição da Casa de Vanirim, de Manoel Loreno (26 min, Mantenópolis, 1987)
Black Power Jones, de Igor Simões Alonso (30 min, Osasco, 2012)
DR, de Felipe Guerra e Joel Caetano (12 min, Carlos Barbosa e São Paulo, 2012)
Seguido de bate-papo entre os curadores e realizadores presentes.

18h Vermibus, de Rubens Mello (25 min, Guarulhos, 2012)
A Noite do Chupacabras, de Rodrigo Aragão (95 min, Guarapari, 2011)

Cinema de Bordas 4

de 01 a 05 de agosto

Sala Itaú Cultural

Av. Paulista 149, Estação Brigadeiro do Metrô

Estacionamento gratuito para bicicletas.

Programa Jogo de Idéias

dia 31 de julho

horários 18h30 e 20h no Itaú Cultural.

Oficina Produzindo com Recurso Zero

de 02 a 04 de agosto

inscrições pelo fone (11) 2168-1779.

Adiós Amigo

Posted in Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 2, 2012 by canibuk

Eram 03:25 da madrugada quando fui despertado pelo telefone. Atendi e uma voz desesperada do outro lado da linha dizia: “Nosso amigo morreu! Nosso amigo morreu!!!”. Era Simone, esposa do Jorjão – como Jorge Timm era conhecido por seus amigos pessoais – me avisando que um dos meus melhores amigos havia acabado de falecer. Fiquei em estado de choque sem saber o que fazer, de mãos amarradas, porque estava em Porto Alegre/RS (distante 380 km de Canibal City) na casa do Daniel Villaverde para pegar avião na manhã seguinte para me encontrar com a Leyla Buk no Nordeste. Pela primeira vez na minha vida encontrei-me dividido entre alegria extrema (porque iria me encontrar com a Leyla, minha cara-metade em tudo) e tristeza profunda (pela morte de meu velho companheiro de produções e festas). Sem conseguir dormir mandei mensagem para Leyla avisando-a que Timm havia falecido, mal como estava naquele momento eu precisava de algumas palavras de conforto. Leyla me ajudou a enfrentar a madrugada horrível que se seguiu com nó na garganta e lágrimas nos olhos.

Jorjão correndo contra minha filmadora durante as filmagens de “O Monstro Legume do Espaço” (1995).

Jorge Timm, além de ator em meus filmes, foi também meu primo. Em 1995 desempenhou um pequeno papel no longa-metragem “O Monstro Legume do Espaço” e nunca mais deixou de colaborar com a Canibal Filmes. Em 1996 interpretou “Elvis”, um cozinheiro canibal, no ultra-gore “Eles Comem Sua Carne”; um pastor evangélico picareta no ação-gore “Blerghhh!!!” e um caçador pervertido no “Caquinha Superstar A Go-Go”. Tomando gosto pela produção independente, foi produtor associado em filmes que produzi em parceria com Coffin Souza pela Canibal-Mabuse Produções, como “Chapado” (1997) que co-dirigi em parceria com Coffin Souza e Marcos Braun; “Bondage 2: Amarre-me Gordo Escroto!!!” (1997); “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997); “Gore Gore Gays” (1998) e “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998). Ainda em 1998 ele apareceu com o argumento do infame curta “Boi Bom” e o dirigi num banho de sangue ultra-violento realista com uma diminuta equipe-técnica que envolvia apenas, além de mim e Timm, Carli Bortolanza e meu pai, também já falecido, Claudio Baiestorf. Em 1999 fez uma participação especial em “Zombio“, primeiro filme de zumbis brasileiros que hoje é somente lembrado por essa participação de Jorjão.

Nesta época Ivan Cardoso Planejava filmar o curta-metragem “O Estrangulador de Loiras” com Timm no papel título mas não conseguiu levantar o dinheiro necessário para a produção e, infelizmente, o filme nunca saiu do papel. Um verdadeiro imã visual, Jorjão chamou atenção de vários diretores brasileiros, como Carlos Reichenbach, mas nunca foi chamado para nenhum filme profissional.

Jorge Timm e Ivan Cardoso no Festival de Gramado em 1997.

No novo milênio Jorjão estrelou meu longa “Raiva” e recebeu muitos elogios por seu papel de ladrão de revistas raras que dança um tango macabro com uma mulher misteriosa interpretada por Onésia Liotto. Depois deste filme Jorge Timm foi morar no Norte do Brasil onde ficou até 2008. Neste período produziu meus curtas “Fragmentos de uma Vida” (2002) e “Primitivismo Kanibaru na Lama da Tecnologia Catódica” (2003) e fez uma participação especial em “O Monstro Legume do Espaço 2” (2006). De volta ao Sul, retomou o trabalho de ator aparecendo em vários média-metragens que realizei com ajuda de amigos, como “Vadias do Sexo Sangrento” (2008) no papel de um pescador tarado; “Ninguém Deve Morrer” (2009), interpretando o zoófilo coronel Bajon em homenagem ao diretor Juan Bajon; e “O Doce Avanço da Faca” (2010), novamente no papel de um pastor evangélico. Em 2011 filmei o curta-metragem “Pampa’Migo” (ainda não editado porque não consegui filmar todas as seqüências do roteiro e não fiquei animado em finalizar), no papel de um bodegueiro que se encontra no meio do fogo cruzado entre pistoleiros. Essas filmagens foram registradas pelo videomaker Felipe Guerra e deverão virar um documentário sobre como não se deve filmar. Sua última participação como ator foi no “Lua Perversa – Segunda Temporada” (2012) de André Bozzetto Jr., em fase de edição.

Trabalhar com Jorge Timm sempre era divertido. Era um piadista por natureza, Jorjão nunca deixava um set ficar com aquele clima prá baixo, sua alegria de viver contagiava a todos. Além dos filmes, foi parceiro meu e de Coffin Souza para festas, bebedeiras, reuniões gastronômicas e na banda Os Ilegais (banda cover de Os Legais que só tocava músicas próprias). Uma performance de Os Ilegais poderá ser vista no documentário sobre Os Legais que o diretor Christian Caselli está produzindo, já que com a morte de Timm não retomarei este projeto musical por nada neste mundo. Caselli também é o responsável pela série “Trash” do Canal Brasil (que vai estreiar em 2013) e me confidenciou que o terceiro capítulo da série será dedicada para a dupla Jorge Timm – Carlos Reichenbach (Carlão faleceu dia 14 de junho e Jorjão dia 18 de junho).

Fazendo close em Jorjão durante filmagens de “Raiva” em cena com Elio Copini.

Agora que Jorjão faleceu percebo que ele foi muito mal aproveitado pelos cineastas independentes brasileiros, tendo aparecido quase que exclusivamente apenas nas produções da Canibal Filmes, um verdadeiro desperdício de tão singular amigo. Nos anos 2000 Jorjão bolou um roteiro cômico-caipira chamado “A Bôdega” que era prá eu roteirizar e dirigir, mas que fui enrolando e deixando sempre pro ano seguinte e nunca filmamos. Se arrependimento matasse…

Jorjão, saudades da tua risada, da tua alegria, das tuas piadas politicamente incorretas, do teu deboche otimista. Os fãs de filmes bagaceiros queriam muito mais filmes com tua gargalhada eletrizante. Tu já está fazendo falta, meu amigo!

Petter Baiestorf.

Imagens de Jorjão:

“O Monstro Legume do Espaço” (1995).

“Eles Comem Sua Carne” (1996).

“Caquinha Superstar A Go-Go” (1996).

“Blerghhh!!!” (1996).

“Chapado” (1997).

“Raiva” (2001).

“O Monstro Legume do Espaço 2” (2006).

“Vadias do Sexo Sangrento” (2008).

“Ninguém Deve Morrer” (2009).

“O Doce Avanço da Faca” (2010).

“Pampa’Migo” (2011).

Jorjão entre a zumbizada de “Lua Perversa” (2012).

Lua Perversa – A Série

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 25, 2011 by canibuk

“Lua Perversa – A Série” (2011) de André Bozzetto Jr. Com: Petter Baiestorf, Coffin Souza, Alan Cassol e Elio Copini.

Em 2009 fiz uma participação especial no curta-metragem “Lua Perversa” de André Bozzetto Jr. e me diverti horrores filmando, então quando ele me ligou dizendo que estava planejando “Lua Perversa 2”, que sabiamente foi transformado em uma série de WEB, aceitei na hora participar como uma das personagens principais. Pude exercitar uma homenagem ao Mazzaropi, minha grande influência ao interpretar o caipira bonachão e medroso de “Lua Perversa – A Série” (faço uma espécie de Mazzaropi, misturado com Teixeirinha, com visual de cantor brega de country americano). Esses 3 episódios iniciais foram gravados num único dia no Rancho Baiestorf (o estúdio da Canibal Filmes) e, se houver uma boa aceitação dos internautas, estamos pensando em aumentar a série com episódios mensais, onde o Jones (eu) e Jeca (Elio Copini) enfrentarão os mais engraçados monstros do horror clássico, com direito a mais lobisomens, múmias, vampiras, até o monstro de Frankenstein e zumbis atrapalhados, em episódios escritos por André Bozzetto Jr. e Coffin Souza, verdadeiros experts nos monstros clássicos do cinema de horror.

Abaixo os três episódios da série, deixem comentários no vídeo, digam o que acharam e, se muita gente curtir, prometemos espalhar por aí muitos novos episódios de humor negro da série “Lua Perversa”. Mal posso esperar para retornar ao papel de Jones, o caipira medroso caçador de monstros, apreciador de uma boa cachaça com polenta e um joguinho de baralho!

Coffin Souza (João), André Bozzetto Jr. (direção e roteiro), Petter Baiestorf (Jones), Alan Cassol (Viajante Macabro) e Elio Copini (Jeca), a equipe de "Lua Perversa - A Série".

Jarbas – O Novo Livro de André Bozzetto Jr.

Posted in Literatura with tags , , , , , , , on setembro 12, 2011 by canibuk

André Bozzetto Jr. é professor universitário, mas nas horas vagas é fanático por licantropia e um dos principais, senão o principal, divulgador da cultura envolvendo lobisomens. A carreira de Bozzetto Jr. começou em 1998 com a publicação do romance “Odisséia nas Sombras”, que escreveu ainda bem jovem. Depois de alguns anos parado, voltou com seu segundo romance, “Na Próxima Lua Cheia” (2010), onde abordou a figura mítica do lobisomem. O trabalho de Bozzetto Jr. ainda pode ser apreciado em diversas antologias de literatura fantástica, como “Metamorfose – A Fúria dos Lobisomens” (2009), “Draculea II – O Retorno dos Vampiros” (2010), “Extraneus II – Quase Inocentes” (2011) e “Cursed City” (2011).

“Jarbas” (2011, 240 páginas), é seu terceiro romance e conta a história de Jarbas, que “em 1984 era apenas o nome de um garoto interiorano fã de livros e filmes de terror. Porém, em 2009, esse mesmo nome já havia se convertido em uma expressão capaz de despertar o mais genuíno pavor entre todos aqueles que sabiam de sua existência. Transformado em um lobisomem brutal e perverso, Jarbas passou a ser temido pelos humanos, odiado pelos licantropos e perseguido por ambos.”

Minha pequena colaboração ao terceiro romance do André Bozzetto Jr., “Jarbas”, foi de elaborar com um pequeno texto sobre o autor para a orelha do livro. O prefácio do livro foi escrito por Giulia Moon, com fantásticas ilustrações internas de Christiano Carstensen Neto, capa de Andrei Bressan e lançado pela Estronho editora podendo ser adquirido pelo site http://www.editora.estronho.com.br/

Eu e André Bozzetto Jr. em 2009 antes das filmagens de "Lua Perversa".

André Bozzetto Jr. também dirigiu, em 2009, “Lua Perversa”, um pequeno curta-metragem sobre um lobisomem sanguinário que ataca o Sul do Brasil. O curta conta com uma estética de cinema mudo e é bem divertido (dentro das limitações do cinema com nenhum orçamento).

Além de escrever livros e dirigir filmes, André Bozzetto Jr. também mantém o blog Escrituras da Lua Cheia: http://escriturasdaluacheia.blogspot.com/

Segue o trailer de “Lua Perversa”: