Arquivo para anti-estado

A Luta em Marcha

Posted in Anarquismo, Literatura with tags , , , , , , , , , , , , , , , on junho 19, 2013 by canibuk

Não há cutelo que corte

Folhas à nova semente

Já que a acha do mais forte

Vai ruindo lentamente.

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Soam os gritos de guerra

Do servo, branco ou preto,

Que bradam por toda a terra

O seu direito de veto.

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O povo trabalhador

Não aceita a opressão

Marcha contra o opressor

Aos gritos de revolução.

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A mulher escravizada

No mesmo pé de igualdade

Ergue na santa cruzada

O pendão da liberdade

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Cavaleiros do futuro

Em destemidos corcéis

Vão desbravando o monturo

Desses destinos cruéis.

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Destruir pra construir

É sua nobre missão

Como forças do porvir

Na guerra da redenção.

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O estado e as camarilhas

Hão-de rolar pela terra

À luz de novas cartilhas

A razão da nossa guerra.

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Pão, justiça, igualdade!

Jamais a lei do mais forte!

Pelo sol da liberdade

Contra o reinado da morte!…

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poesia de Artur Modesto.

A Violência das Leis

Posted in Anarquismo with tags , , , , , , , on abril 12, 2011 by canibuk

Muitas constituições foram criadas de modo a fazer com que as pessoas acreditassem que todas as leis estabelecidas atendiam a desejos expressos pelo povo. Mas a verdade é que não só nos países autocráticos, como naqueles supostamente mais livres, as leis não foram feitas para atender a vontade da maioria, mas sim a vontade daqueles que detêm o poder. Portanto elas serão sempre, e em toda parte, aquelas que mais vantagens possam trazer à classe dominante e aos poderosos. Em toda a parte e sempre, as leis são impostas utilizando os únicos meios capazes de fazer com que algumas pessoas se submetam à vontade de outras, isto é, pancadas, perda da liberdade e assassinato. Não há outro meio.

Nem poderia ser de outro modo, já que as leis são uma forma de exigir que determinadas regras sejam compridas e de obrigar determinadas pessoas a compri-las (ou seja, fazer o que outras pessoas querem que elas façam) e isso só pode ser obtido com pancadas, com a perda da liberdade e com a morte. Se as leis existem, é necessário que haja uma força capaz de fazer com que alguns seres se submetam à vontade de outros e esta força é a violência. Não a violência simples, que alguns homens usam contra seus semelhantes em momento de cegueira, mas uma violência organizada, usada por aqueles que têm o poder nas mãos para fazer com que os outros obedeçam à sua vontade.

Assim, a essência da Legislação não está no Sujeito, no Objeto, no Direito, na idéia do domínio da vontade coletiva do povo ou em qualquer outra condição tão confusa e indefinida, mas sim no fato de que aqueles que controlam a violência organizada dispõem de poderes para forçar os outros a obedecê-los, fazendo aquilo que eles querem que seja feito.

Assim, uma definição exata e irrefutável para legislação, que pode ser entendida por todos, é esta: “As leis são regras feitas por pessoas que governam por meio da violência organizada que, quando não acatamos, podem fazer com que aqueles que se recusam a obedecê-las sofram pancadas, a perda da liberdade e até mesmo a morte”.

Leon Tolstói (retirado de “A Escravidão de Nosso Tempo”, 1900, publicado na revista anarquista “Letra Livre” número 39).