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La Montagna del Dio Cannibale

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 1, 2012 by canibuk

“La Montagna del Dio Cannibale” (1978, 103 min.) de Sergio Martino. Com: Ursula Andress, Stacy Keach, Claudio Cassinelli e Franco Fantasia.

“A Montanha dos Canibais” começa com Susan Stevenson (Ursula Andress) tentando encontrar, com ajuda de seu irmão (Antonio Marsina) e do professor Edward Foster (Stacy Keach), seu marido nas selvas da Nova Guiné. Como acreditam que o marido de Susan desapareceu numa montanha amaldiçoada, que ainda abrigaria uma tribo de canibais selvagens, eles só podem contar com a ajuda de outro explorador, Manolo (Claudio Cassinelli), para tentar chegar até a terrível montanha. Enfrentando sucuris, jacarés, tarantulas, cobras, pernilongos, plantas venenosas e outras armadilhas mortais da selva, o grupo chega até a missão do padre Moses (Franco Fantasia, sempre inspirado) onde atrapalham a paz do dia-a-dia da comunidade religiosa comandada pelo padre. São os instintos carnais do homem civilizado batendo de frente com os instintos primitivos de índios domesticados pela mão do cristianismo branco que vê pecado em tudo. Logo o grupo precisa deixar a comunidade religiosa e chega à montanha onde são capturados pelo índios canibais. Finalmente ficamos sabendo que a montanha é constituida de urânio que Ursula Andress deseja mais ardentemente do que seu marido (agora um cadáver com um contador Geiger batendo no lugar de seu coração e adorado pelos selvagens como se fosse um Deus). Manolo é torturado e Susan despida e preparada para ser a Deusa viva da tribo, enquanto os outros viram o ingrediente principal do banquete de sangue para a Deusa branca da montanha dos canibais.

Com uma produção de baixo orçamento, mas bem cuidada, “La Montagna del Dio Cannibale” é mais violento do que “Il Paese del Sesso Selvagio/Man From Deep River/Mundo Canibal” (1972, Ocean Pictures em DVD) de Umberto Lenzi, mas bem comportado se comparado aos sádicos filmes de Ruggero Deodato de mesmo tema como “Ultimo Mondo Cannibale/O Último Mundo dos Canibais” (1977, Omni Vídeo em VHS) ou “Cannibal Holocaust” (1980, Platina Filmes em DVD). É engraçado ver uma atriz com fama, como era o caso de Ursula Andress, no elenco deste filme. Ela fica pelada boa parte das cenas, faz sexo e é vítima de todo tipo de abusos físicos típicos de uma produção italiana deste período. “A Montanha dos Canibais” foi roteirizado pelo diretor Martino e Cesare Frugoni (entre outros trabalhos, ajudou nos roteiros de filmaços como “Cani Arrabbiati” (1974) de Mario Bava; “I Guerrieri Dell’Anno 2072/New Gladiators” (1984) de Lucio Fulci ou “Inferno in Direta/Cut and Run” (1985) de Ruggero Deodato), sempre confrontando o civilizado com o primitivo.

Sergio Martino (1938) nasceu em Roma, Itália. É neto do cineasta Gennaro Righelli (que tem o mérito de ter dirigido o primeiro filme sonoro do cinema italiano, “La Canzone Dell”Amore”, em 1930). Começou realizando documentários no final de 1960. Em 1970 dirigiu o western “Arizona si Scatenò… E li Fuori Tutti/O Retorno de Arizona Colt”, estrelado pelo brasileiro Anthony Steffen. Logo se especializou na produção de Giallos, a maioria escritos pelo roteirista Ernesto Gastaldi e estrelados por sua cunhada Edwige Fenech (que era casada com seu irmão Luciano, também produtor deste “A Montanha dos canibais”), dos quais destaco o maravilhoso “I Corpi Presentano Tracce di Violenza Carnale/Torso” (1973, Continental em DVD). Antes da realização de seu filme de canibais, voltou a realizar um western de destaque: “Mannaja/A Man Called Blade” (1977). Em 1979 escalou a gostosa Barbara Bach para levar alguns sustos no maravilhoso “L’Isola Degli Uomini Pesce/Island of the Fishmen”. No rastro do sucesso de “Escape from New York” (1981, Universal Home Video em DVD) de John Carpenter, realizou a sci-fi de ação “2019 – Dopo la Caduta di New York” (1983), estrelado por George Eastman. Com o cinema italiano entrando em falência, Martino migrou para a televisão onde produz até hoje. A título de curiosidade, para o lançamento de “La Montagna del Dio Cannibale” seu irmão usou o pseudônimo de Darryl F. Zanuch, a picaretagem do cinema italiano tem muito que ensinar ao cinema bom-moço brasileiro.

Nunca fui fã da atriz Ursula Andress (1936), mas neste filme ela está fantástica como a megera branca querendo roubar as riquezas naturais dos povos primatas. Andress é suiça e virou sex symbol depois de ser a primeira Bond girl em “Dr. No/007 Contra o Satânico Dr. No” (1962) de Terence Young. Daí em diante apareceu em inúmeros filmes de Hollywood como “Fun in Acapulco/Seresteiro de Acapulco” (1963) de Richard Thorpe, estrelado por Elvis Presley; “4 for Texas/Os Quatro Heróis do Texas” (1963) de Robert Aldrich, com a lindíssima Anita Ekberg e a dupla de conquistadores baratos Frank Sinatra e Dean Martin; “She” (1965) de Robert Day, uma interessante fantasia sobre uma cidade perdida com produção da Hammer e Peter Cushing batendo ponto no elenco; “What’s New Pussycat/O Que é que Há, Gatinha?” (1965) de Clive Donner com roteiro de Woody Allen e Peter Sellers no elenco; “Soleil Rouge/Sol Vermelho” (1971) de Terence Young, com Charles Bronson e Toshirô Mifune e “Africa Express” (1976) de Michele Lupo até que, acredito eu, deve ter perdido alguma aposta com os irmãos Martino e acabado em “La Montagna del Dio Cannibale”. Depois disso sua carreira de atriz não trouxe nada de relevante (só uma aparição meia boca no engraçado “Clash of the Titans/Fúria de Titãs” (1981) de Desmond Davis, com efeitos de stop motion do mestre Ray Harryhausen.

Já o ator Stacy Keach (1941) saiu do set de “La Montagna del Dio Cannibale” diretamente para o set de “Up in Smoke/Queimando Tudo” (1978) de Lou Adler com a dupla Cheech Marin e Tommy Chong (ele também dá as caras em “Nice Dreams/Altos Sonhos de Cheech e Chong” (1981) de Tommy Chong). Keach apareceu em muito filme bom, como “The Long Riders/Cavalgada dos Proscritos” (1980) de Walter Hill no papel do vilão boa praça Frank James; “Roadgames/Enigma na Estrada” (1981) de Richard Franklin; “Body Bags/Trilogia do Terror” (1993, London Films em DVD) e “Escape From L.A./Fuga de Los Angeles” (1996, Paramount Home Video em DVD), ambos de John Carpenter. Outro ator que merece destaque é Franco Fantasia (1924-2002), que participou de mais de 130 filmes (em “La Montagna del Dio Cannibale” ele, além de atuar, também foi assistente de direção), inúmeras produções que viraram cults nos dias de hoje, como os clássicos “Space Men/Assignment: Outer Space” (1960) de Antonio Margheriti; “Un Dollaro Bucato/O Dólar Furado” (1965) de Giorgio Ferroni; “Justine de Sade” (1972) de Claude Pierson; “Zombie 2” (1979, London Films em DVD); “Mangiati Vivi!/Os Vivos Serão Devorados” (1980) de Umberto Lenzi e “Vendetta del Futuro/Keruak – O Exterminador de Aço” (1986) também de Sergio Martino, em participação não-creditada.

Em tempo, a trilha sonora de “La Montagna del Dio Cannibale” é assinada por Guido e Maurizio de Angelis, os irmãos responsáveis por soundtracks sensacionais para filmaços como “… Continuavano a Chiamarlo Trinità/Trinity Ainda é Meu Nome” (1971, New Line Video em DVD) de Enzo Barboni, estrelado pela genial dupla Bud Spencer e Terence Hill; “Valdez – Il Mezzosangue/Chino” (1973, Studio T Home Video em DVD) de John Sturges e Duilio Coleti, estrelado por Charles Bronson; “Zorro/A Marca do Zorro” (1975) de Duccio Tessari; “Keoma” (1976, USA Filmes em DVD) de Enzo G. Castellari, com Franco Nero; “Killer Fish/O Peixe Assassino” (1979, Abril Video em VHS) de Antonio Margheriti; “Alien 2 – Sulla Terra” (1980) de Ciro Ippolito e “Banana Joe” (1982, Paris Filmes em DVD) de Steno, comédia sobre a burocracia do estado genialmente estrelada por Bud Spencer em grande forma. A dupla trabalhou compondo trilhas para praticamente todos os grandes diretores italianos dos anos 70/80, que iam de Umberto Lenzi, passando por gente como Ruggero Deodato, Sergio Corbucci, Bruno Corbucci, Marino Girolami, Sergio Sollima, até Michele Lupo.

“La Montagna del Dio Cannibale” foi lançado em DVD no Brasil pela Cult Classic em cópia com alguns minutos  a mais de Ursula Andress pelada do que a cópia em VHS da distribuidora Pole Vídeo que circulava por aqui antes. Não é o melhor filme do ciclo de filmes de canibais italianos, mas mesmo assim garante momentos de diversão. Obrigatório!

por Petter Baiestorf.

Assista “La Montagna del Dio Cannibale” aqui:

“La Montagna del Dio Cannibale” pelo mundo:

La Bestia Nello Spazio

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on junho 4, 2012 by canibuk

“La Bestia Nello Spazio” (“The Beast in Space”, 1980, 92 min.) de Alfonso Brescia. Com: Sirpa Lane, Vassili Karis, Lucio Rosato, Maria D’Alessandro e Marina Lotar.

“La Bête” (1975), dirigido pelo mestre do erotismo Walerian Borowczyk, sobre um casamento arranjado entre duas famílias burguesas onde a noiva, para que possa receber a herança de seu falecido pai, precisa se casar com um homem deformado que cria cavalos, foi um marco do cinema erótico com suas ousadas cenas de sexo entre uma mulher (Sirpa Lane) e um monstro (a título de curiosidade: A seqüência do sonho onde o monstro estupra/é estuprado pela mulher foi filmado para ser um dos seis episódios do filme “Contes Immoraux/Contos Imorais” (1974), obra anterior de Borowczyk, mas na edição ele e outro episódio ficaram no chão da sala de montagem e o diretor resolveu usa-lo em seu grande clássico). “La Bête” e a tradição da bela sendo estuprada pela fera, que vem do inconsciente branco-cristão europeu antes mesmo da invenção do cinema, serviram de inspiração para a produção de “La Bestia Nello Spazio” de Alfonso Brescia (não confundir com a dupla de diretores Brescia do Brasil).

“La Bestia Nello Spazio” é uma mistura entre “Star Wars” (apesar que produções sci-fi européias sempre ficam mais prá “Barbarella” do que para “Star Wars”) e “La Bête” que conta a história de um grupo de soldados espaciais que recebem a missão de ir ao planeta Lorigon obter Antalium (o elemento chave para a construção da bomba de neutron). Assim que a equipe começa a missão, Sondra (Sirpa Lane, do elenco de “La Bête”) começa a ter sonhos envolvendo sexo violento. Logo chegam ao seu destino e pousam no planeta (o pouso da espaçonave lembra os filme de sci-fi de 30 anos antes, de tão tosco e mal executado). Para poupar dinheiro com cenários, logo o grupo de corajosos desbravadores encontra um bosque igualzinho à qualquer bosque aqui do planeta terra e sua primeira visão perturbadora em Lorigon é ver dois cavalos fazendo sexo (em cenas de stock footage, outra referência explícita à “La Bête”), visão essa que deixa as mulheres do grupo excitadas. Depois desta cena gratuita de sexo animal, encontram uma casa de design alienígena onde seu moderno equipamento detecta Antalium. Em uma entrada triunfal ficam conhecendo Onaph, o anfitrião do planeta, que lhes conta a história de Lorigon e do super computador Zocor. No banquete que é servido de boas-vindas, todos comem, bebem e ficam tarados, vítimas de uma alucinação sexual coletiva, e a pegação entre a tripulação tem início. Onaph se revela um fauno bestial movido a sexo e torna os pesadelos de Sondra reais com cenas de sexo onde as penetrações explícitas foram enxertadas (casualmente todos os closes de penetrações nas vaginas foram feitos na mesma buceta, reconhecível pelo pentelhos pavorosos). Assim que todos conseguem sair da alucinação, escapam da casa e travam uma batalha com robôs lorigonianos, culminando numa cena de absoluta cara de pau onde sacam seus sabres de luz a la “Star Wars”. No meio desta batalha nossos heróis encontram tempo para destruir Zocor, o super computador que se alimenta de Antalium, e até o próprio planeta (a explosão mal feita do planeta fecha o filme com chave de ouro).

Os cenários e figurinos são pobres, mas de cores chamativas como todo bom filme barato que se preze deve ter. As armas são um achado com seus canos montados sobre lanternas, a cada tiro a ponta da arma se acende e os inimigos caem mortos. Os efeitos especiais parecem ter sido feitos para um filme dos anos 60 de tão precários. O roteiro escrito por Brescia, com uma ajudinha de Aldo Crudo, é uma grande bobagem com a missão de mostrar cenas de sexo que são bem filmadas (a versão que assisti tem 92 minutos e mais 3 minutos adicionais de cenas de sexo explícito que acabaram ficando de fora da versão final, mas cuidado, há versões deste filme rodando por aí com duração variando entre 73 e 86 minutos). O super computador é uma caixa gigante colorida com luzes vermelhas que piscam, nada melhor para um filme que não se leva a sério em nenhum momento, dá prá notar que os atores estão se divertindo. A trilha sonora do filme foi composta por Marcello Giombini (sob pseudônimo de Pluto Kennedy).

Alfonso Brescia (nascido em 1930 e falecido em 2001) é mais conhecido pelo pseudônimo de Al Bradley (ou Bradly Al) e se tornou famoso por seus filmes de sci-fi de baixo orçamento (na linha dos filmes de Antonio Margheriti como “Assignment: Outer Space/Destino: Espaço Sideral” (1960) ou “Il Pianeta Degli Uomini Spenti/Battle of the Worlds/O Planeta dos Desaparecidos” (1961), ambos lançados em DVD double feature pela London Films) que valem a pena serem conhecidos. Filmes como “Battaglie Negli Spazi Stellari” (1977), “Anno Zero – Guerra Nello Spazio” (1977), “La Guerra dei Robot” (1978) e “Sette Oumini D’Oro Nello Spazio” (1979) foram todos produzidos para lucrar em cima do sucesso de “Star Wars”, mas são muito mais divertidos, com aquele sabor especial que somente os filmes vagabundos tem. Exploitation man por natureza, começou dirigindo peplum movies. “La Rivolta dei Pretoriani” (1964) e “Il Magnifico Gladiatore” (1964) são sua visão do império romano que, nos anos 60, estavam na moda. Versátil como todos os diretores de exploitations, foi mudando de gênero conforme o gosto do consumidor mudava. Já em 1966 abandonou a produção de peplum para se dedicar ao western e realizou “La Ley del Colt”, na cola do sucesso dos filmes de Sergio Leone. Seu melhor filme no gênero western foi “Killer Calibro 32” (1967). Quando os filmes de faroeste começaram a dar sinais de cansaço, fez o drama “Nel Labirinto de Sesso” (1969) e o filme de guerra “Uccidete Rommel” (1969), para ver qual caminho seguir. Nenhum, nem outro! No início dos anos 70 era o horror que começava a chamar atenção do público, assim fez “Il Tuo Dolce Corpo da Uccidere” (1970), estrelado por Eduardo Fajardo (figurinha fácil dos spaghetti westerns) e “Ragazza Tutta Nuda Assassinata nel Parco” (1972). Depois de algumas comédias onde destaco “Superuomini, Superdonne e Superbotte” (1975), que zoava com o mundo dos super-heróis, e de seus filmes de sci-fi já citados, Brescia teve problemas com Joe D’Amato ao lançar “Ator 3: Iron Warrior” (1986) sem autorização de D’Amato, verdadeiro dono da série. No final dos anos 80 lançou uma imitação barata de “Rambo” chamada “Fuoco Incrociato/Cross Mission/Missão Mortífera” (1988) que tentava lucrar com o gênero ação. Brescia é um diretor pouco citado por trashmaníacos, mas merece destaque por sua carreira cheia de obras muito bagaceiras com alto grau de diversão.

No elenco de “La Bestia Nello Spazio” temos atores/atrizes que topavam tudo que é tipo de filme para pagar o aluguel. Sirpa Lane foi lançada no cinema por Roger Vadim com o filme “La Jeune Fille Assassinée” (1974), thriller erótico que destacou a beleza da jovem e fez com que Borowczyk a chamasse para viver Romilda de L’Esperance, sua personagem mais famosa no cinema, em “La Bête”. Em 1978 Joe D’Amato realizou “Papaya dei Caraibi/Papaya – Love Goddess of the Cannibals” e lhe deu o papel de Sara. Nos anos 80 trabalhou em mais dois filmes que merecem destaque, “Le Notti Segrete di Lucrezia Borgia” (1982) de Roberto Bianchi Montero e “Giochi Carnali” (1983), dirigido por Andrea Bianchi, mesmo diretor dos cults “Malabimba” (1979) e “Le Notti del Terrore/Burial Ground” (1981). Vassili Karis já havia trabalhado com Brescia em “Battaglie Negli Spazi Stellari” e “Anno Zero – Guerra Nello Spazio” antes deste “Bestia”. Outros filmes onde Karis dá as caras são “È Tornato Sabata… Hai Chiuso Un’Altra Volta/O Retorno de Sabata” (1971, disponível em DVD pela MGM Vídeo) de Gianfranco Parolini, um divertido western estrelado por Lee Van Cleef; “Casa Privata per le SS/SS Girls” (1977), asneira nazixploitation de Bruno Mattei; “Le Porno Killers” (1980), comédia de humor negro de Roberto Mauro e “Scalps” (1987) da dupla Claudio Fragasso e Bruno Mattei, um western gore chato, mas lindo. Outro ator de “Battaglie Negli Spazi Stellari” que aparece nesta produção é Lucio Rosato que, como todos os atores italianos em atividade nos anos 60, 70 e 80, teve a oportunidade de trabalhar em muitos filmes divertidos. Não deixe de ver Rosato em ação nos filmes “Gli Specialisti” (1969), western do mestre Sergio Corbucci; “Carcerato” (1981), um drama musical onde foi novamente dirigido por Brescia e “The Barbarian” (1987), um adorável lixo cinematográfico de Ruggero Deodato.

Atentem ainda para a presença da pornostar sueca Marina Hedman Bellis (também conhecida pelos nomes Marina Frajese, Marina Lotar ou Marina Lothar) no elenco. Marina era modelo quando Lucio Fulci lhe deu um pequeno papel (não creditado) na comédia “La Pretora” (1976), estrelado por Edwige Fenech. Logo em seguida apareceu já em sua primeira cena de sexo hardcore no cult movie “Emanuelle in America” (1977) do esperto Joe D’Amato, que com este filme chamou atenção por usar algumas cenas que seriam de torturas reais (mas que sob olhar atento percebemos que são trucagens). Ainda com D’Amato ela fez outros filmes, como a comédia “Il Ginecologo Della Mutua” (1977) e “Immagini di un Convento” (1979), nunsploitation com seqüências de sexo explícito. Depois de trabalhar com D’Amato foi descoberta pelos diretores italianos e trabalhou com vários caras bons. “Pasquale Festa Companile a contratou para “Gegè Bellavista” (1978) e “Come Perdere una Moglie e Trovare un’Amante” (1978); com Dino Risi fez o drama “Primo Amore” (1978); o atento Jesus Franco a chamou para um papel na comédia “Elles Font Tout” (1979), estrelado por sua musa Lina Romay, lógico; e Federico Fellini a chamou para sua obra-prima “La Città Delle Donne/Cidade das Mulheres” (1980), divertido clássico estrelado por Marcello Mastroianni e Anna Prucnal (que faz a personagem Anna Planeta no cult absoluto “Sweet Movie” (1974) de Dusan Makavejev). Fazer cinema na Europa dos anos 70/80 era algo realmente mágico. Depois deste começo de carreira promissor, Marina Hedman resolveu seguir o caminho dos filmes de horror e hardcore e fez o terror adulto “Orgasmo Esotico” (1982) de Mario Siciliano, “La Bimba di Satana/Satan’s Baby Doll” (1972) de Mario Bianchi, “La Bionda e La Bestia” (1985) de Arduino Sacco, “The Devil in Mr. Holmes” (1987) de Giorgio Grand, entre muitos outros pornôs europeus.

Dificilmente “La Bestia Nello Spazio” será lançado em DVD no Brasil, mas deixo aqui a dica para quem quiser conhecer essa pequena peça do selvagem cinema italiano que, quando faliu, deixou saudades. O estilo de filmar dos cineastas italianos sempre foi uma grande bagunça que no fim dava certo e rendia ótimos filmes.

por Petter Baiestorf.

“La Bestia Nello Spazio” copiando a arte de “Zardoz” descaradamente.

10 Clássicos Bagaceiros (anos 60) – parte 1

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 26, 2010 by canibuk

(Não teve jeito, tive que dividir essa década em duas partes porque é muita tralha cinematográfica genial prá escolher somente 10 filmaços maravilhosos).

Nos anos 60 os produtores vagabundos começaram a tomar conta do cinema mundial. Foi a década da sacudida no planeta Terra (que tá precisando de outra sacudida já) e dos roteiros inacreditáveis. Segue pequena listinha de 10 preciosidades (segunda parte da lista vem daqui uma semana) desta época de filmes feitos por um bando de marginaizinhos sem noção:

NUDE ON THE MOON” (1961) de Doris Wishman & Raymond Phelan.

Astronautas vão para a lua e descobrem um campo de nudismo por lá. Uma maravilha com interpretações geniais, bom humor e figurinos que inspiraram a NASA a fazer tudo certinho porque assim não dava prá ir pro espaço!!! Doris Wishman, na década seguinte, realizou uns filmes clássicos com a Chesty Morgan, voltarei a falar dela.

 http://www.imdb.com/title/tt0056293/

BATTLE OF THE WORLD(1961) de Antonio Margheriti, com Claude Rains e Giuliano Gemma.

Rains, o eterno homem invisível, faz um cientista ranzinza que prova a todos que está sempre coberto de razão em suas teorias e prevê todos os movimentos de um meteoro que vem em direção ao planeta Terra. Clássico dirigido pelo genial Margheriti (que foi responsável pela parte técnica do “Andy Warhol’s Frankenstein”) e realizou o clássico “Killer Fish” filmado no Brasil com aula de geográfia e de língua (caras vão de jipe da Bahia pro Amazonas em meia hora e nós falamos com sotaque de Portugal).

http://www.imdb.com/title/tt0054950/

KINGU KONGU Vs. GOJIRA(1962) de Ishirô Honda.

Delírios na produção que colocou King Kong e Godzilla frente a frente numa batalha entre meio à índios de olhos puxados. Na década de 60 Ishirô Honda só fez filmaços, outro dele que merece destaque é o “Matango” (1963) onde o povo cogumelo faz alguns reféns humanos numa sinistra ilha. O cinema japonês, nos anos 60, deu muitos clássicos pro cinema mundial, como “Jigoku” (1960, de Nobuo Nakagawa, o primeiro filme gore da história), “Onibaba” (1964, de Kaneto Shindô), “Kwaidan” (1964, de Masaki Kobayashi) e “Kyuketsuki Gokemidoro” (1968, de Hajine Sato, com uma cena copiada de forma descarada por Tim Burton quando fez “Mars Attack!”).

http://www.imdb.com/title/tt0056142/

“EL BARÓN DEL TERROR(1962) de Chano Urueta.

Um dos filmes mexicanos mais divertidos dos anos 60 onde um bruxo volta aos dias de hoje hoje para se vingar dos decendentes dos inquisidores que o mataram, com especial atenção nas cenas em que o bruxo vingador come o cérebro de seus algozes com colherzinha. A máscara de borracha do monstro é clássica (cada vez que ele aperta as mãos a cabeça de borracha pulsa falsamente) e os (de)feitos especiais lindos!!! Diversão imperdível!!!

http://www.imdb.com/title/tt0054668/

“SANTO CONTRA LOS ZOMBIES(1962) de Benito Alazraki, com: Santo, El Enmascarado de Plata.

Santo é um lutador mexicano que fez uma porrada de filmes de aventura que sempre misturavam elementos sobrenaturais/fantásticos em suas tramas. Santo é uma lenda no México. Neste filme aqui ele combate um cientista que está criando uma raça de zumbis canastrões. Na falta de um trailer pro filme em questão, posto vídeo de youtube que faz um apanhado bem bacana de quase toda a obra de Santo no cinema.

http://www.imdb.com/title/tt0055409/

INVASION OF THE STAR CREATURES(1963) de Bruno VeSota.

Lindas modelos extraterrestres vem ao planeta Terra com a intenção de dominar todo mundo. Bruno VeSota era um ator de filmes de baixo orçamento (fez vários com o Roger Corman, entre eles “The Wasp Woman”, “The Bucket of Blood”, “The Haunted Palace” e “I Mobster” e outros clássicos psychotronics como “Hells Angels on Wheels”, “The Wild World of Batwoman”, “Attack of the Giant Leeches” e muitos episódios em séries de TV como “Bonanza”, “Kojak” e “Mission: Impossible”) e como aprendeu com esses diretores pilatras, fez 3 longas divertidos demais (além do já citado “Invasion of the Star Creatures”, são dele ainda “Brain Eaters” de 1958 e “Female Jungle” de 1955).

http://www.imdb.com/title/tt0128274/

“THE MAN WITH THE XRAY EYES(1963) de Roger Corman, com Ray Milland.

Clássico da sci-fi mundial de todos os tempos, incrível o que Roger Corman fazia nos anos 60 com nada de dinheiro e muita criatividade. Nesta mesma década Corman ainda realizou vários outros filmes clássicos, como: “The Little Shop of Horrors” (1960), “Pit and the Pendulum” (1961), “Premature Burial” (1962), “Tales of Terror” (1962), “The Raven” (1963), “The Wild Angels” (1966), “The Trip” (1967), “The St. Valentine’s Day Massacre” (1967) e “Bloody Mama” (1970). Estavam querendo refilmar essa preocidade, mas espero que não saia essa refilmagem porque provavelmente vão estragar tudo com efeitos digitais modernos e algum ator com cara de adolescente idiota.

http://www.imdb.com/title/tt0057693/

SANTA CLAUS CONQUERS THE MARTIANS(1964) de Nicholas Webster.

Um dos meus filmes preferido de todos os tempos, aqui Papai Noel é raptado pelo Marcianos que estão interessados em recriar o Natal no planeta Marte. Genial!!!

Este filme serviu de inspiração para Tim Burton e Henry Selick quando filmaram o “The Nightmare Before Christmas” e a menininha deste filme, Pia Zadora, aparece no clássico “Hairspray” (1988) de John Waters no papel de uma beatnik.

http://www.imdb.com/title/tt0058548/

“THE INCREDIBLY STRANGE CREATURES WHO STOPPED LIVING AND BECAME MIXED-UP ZOMBIES” (1964) de Ray Dennis Stekcler.

Junto do clássico “The Horror of Party Beach” (também de 1964), este filme sobre desajustados que vivem num parque de diversões reclama prá sim o título de primeiro musical de horror da história do cinema. Mas na minha opinião nenhum dos dois é musical, em ambos os filmes há várias canções deliciosas, atores dançam, se divertem mas a música não é parte integrante da narrativa do filme. Ray Dennis Steckler fez ainda nos anos 60 um dos filmes que mais gosto: “Rat Pfink a Boo Boo”.

http://www.imdb.com/title/tt0057181/

THE HORROR OF PARTY BEACH(1964) de Del Tenney.

Aproveitando-se do sucesso dos filmes de praia que a produtora A.I.P. (dos produtores James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff que bancavam os filmes do Roger Corman nesta época) fazia nesta época, Del Tenney fez um filme de praia com muitas meninas de bikinis, monstros e surf music de primeira. Simplesmente adoro este filme e não me canso de reve-lo, o Monstro criado prá este filme é um dos meus preferidos de todos os tempos.

http://www.imdb.com/title/tt0058208/