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Bardot, Deneuve & Fonda – As Memórias de Roger Vadim

Posted in Cinema, Literatura with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on abril 6, 2012 by canibuk

Eu estava de bobeira por Florianópolis no último dia do Festival de Cinema Catavídeo (novembro de 2011) e entrei num sebo de livros prá matar tempo. Mexe em livro aqui, mexe ali, acabei encontrando essas memórias do cineasta Roger Vadim que fiquei na dúvida se comprava devido a sua capa horrível (digno das piores “Sabrinas” e “Júlias”). Como sou um grande fã de seu filme “Barbarella” (1968), resolvi arriscar e comprá-lo para minha coleção de livros sobre os bastidores do cinema mundial, com aquela esperança de encontrar algumas boas histórias no livro.

Como pensei, este livro de memórias de Vadim é leitura fácil, rasteira e uma espécie de guia de “quem comeu quem” na França das décadas de 1950 e 1960.

Playboy do cinema, conquistador de beldades, fazedor de alguns poucos filmes bons, Roger Vadim traçou como filosofia de vida de que trabalharia apenas para conquistar o prazer máximo que a vida poderia lhe oferecer. Quando ainda era assistente de Marc Allégret, descobriu a bela ninfeta Brigitte Bardot (então com uns 15 anos) e a moldou como atriz, tornando-a uma lenda sexual dentro e fora da França. Acabou casando com Brigitte, com quem fez o clássico “Et Dieu… Créa la Femme/… E Deus Criou a Mulher” (1956), filme que rendeu inúmeras polêmicas quando de seu lançamento. Alguns anos depois, já separado de Bardot, conheceu Catherine Deneuve e a inspirou a virar atriz de cinema. Acabaram casando, mas a medida que Deneuve foi ficando famosa e adquirindo controle de sua vida e carreira, ela mesma tratou de se livrar de Vadim para alçar vôos mais altos (acabou realizando dois clássicos dos anos 60, “Repulsion/Repulsa ao Sexo” (1965) de Roman Polanski e “Belle de Jour/A Bela da Tarde” (1967) do mestre Luiz Buñuel). Para esquecer Deneuve, Vadim conheceu a, então, desconhecida Jane Fonda e, depois de casados (Vadim fazia questão de casar sempre), realizaram o grande clássico “Barbarella”.

Sempre freqüentando a alta classe européia, Vadim nos conta inúmeras passagens envolvendo a burguesia local da época. Nesta passagem uma reflexão dele envolvendo capitalista, comunista, católico e putas:

“Juntaram-se a nós o prefeito Mario Panazo, o padre Ênio Farzi e o marquês Simone de San Clemente. O prefeito explicou às senhoritas que numa sociedade verdadeiramente socialista elas jamais teriam que vender seus favores. O sacerdote disse a elas que o prefeito tinha razão, mas que a religião poderia substituir o dinheiro. Simone de San Clemente observou que as pessoas com dinheiro eram sempre úteis para aqueles que nada possuíam. E todos concordaram.

O prefeito continuou comunista; o padre, católico; San Clemente, marquês; e as prostitutas, prostitutas.

Tivemos um excelente desjejum.”

Sobre as filmagens de “Barbarella” ele nos conta uma história hilária:

“O bilhete, num italiano ruim e cheio de erros de ortografia, dizia assim: ‘Se você não vier à esquina da Piazza Navona com a avenida, no domingo ao meio-dia, acho que mamãe vai matar o papai. Meu nome é Stefania. Estarei lá’.

Como a maioria das pessoas famosas, eu recebia inúmeras cartas de gente maluca. Mas esse bilhete obviamente fora escrito por uma criança. Assim, fui à Piazza Navona no domingo, no horário marcado.

Um garoto puxou-me pela manga da camiseta, chamando-me de dottore Vadim. Na Itália os diretores recebem o título honorário de dottore.

– Sim?

– Fui eu quem escrevi para o senhor.

– Você é Stefania? – indaguei, surpreso.

– Não – respondeu o garoto – Mas achei que não iria se incomodar por um menino.

Só mesmo um pequeno romano teria uma idéia assim.

– Bem, então qual é o seu nome, Stefania? – perguntei, achando um pouco de graça.

– Franco.

– Muito bem, Franco. O que está querendo? Dinheiro? Quanto?

– Nunca digo ‘não’ para dinheiro. Mas o que quero mesmo é que minha mãe não mate meu pai.

– E o que eu tenho a ver com isso?

– O senhor… nada, dottore. É sua mulher… La Fonda.

(…)

O maquilador-chefe, que cobria o corpo de jane com uma base a cada manhã, adoeceu. Foi substituído por seu assistente que, certa noite num restaurante, ao exceder-se na bebida, começou a se gabar de que acariciara as nádegas, os peitos e a parte interna das coxas da divina Fonda.

Os ecos dessa história chegaram aos ouvidos da esposa do maquilador-assistente, uma calabresa cuimenta como uma tigresa. Comprou um revólver e disse à filha mais velha que pretendia transformar seu infiel marido numa peneira. Apavorada, a filha falou com o irmão, Franco, que resolveu me escrever.

Perguntei o que eu poderia fazer para ajudá-lo.

– Fale com minha mãe.

Levou-me até uma igreja em Trastevere, onde ficamos esperando pelo término da missa. Quando os fiéis saíram, ele me apresentou à sua mãe. Era uma mulher dominadora, com uma expressão intensa e severa nos olhos, e pude acreditar quando me disse que o único motivo pelo qual não matara seu marido foi que não conseguira munição para a arma. Acrescentou que, apesar do respeito devido à minha esposa, todas as atrizes eram umas vagabundas e todos os diretores emissários de Satã. Prometi a ela que, a partir de segunda-feira de manhã, seu marido seria encarregado de maquilar somente os figurantes. Com isso, ela concordou em adiar a vendetta familiar.

Não comentei o incidente com Jane porque a teria deixado preocupada. Além disso, o maquilador-chefe estava de volta ao trabalho na segunda-feira pela manhã.”

Sobre seu episódio no “Histoires Extraordinaires” (os outros episódios foram dirigidos por Federico Fellini e Louis Malle), ele conta:

“Para dirigir ‘Barbarella’ tive de adiar as filmagens de outro filme, ‘Histoires Extraordinaires’. Quando assinamos o contrato com Dino de Laurentiis sabíamos que seria preciso sair de Roma às pressas, imediatamente após a filmagem da última seqüência de ‘Barbarella’. Passamos apenas vinte e quatro horas em nossa casa em Houdan antes de partirmos para Roskoff, na Bretanha, onde a equipe de ‘Histoires Extraordinaires’ estava à nossa espera.

O filme era estruturado com um tríptico. Eram três histórias curtas de Edgar Allan Poe, transpostas para a tela por três diretores: Louis Malle, com Brigitte Bardot; Fellini, com Terence Stamp; e eu. Meus dois intérpretes principais tinham o mesmo sobrenome: Fonda. Um era Peter; o outro Jane. Era a primeira vez, e até o momento foi a única, que os dois irmãos faziam um filme juntos. Na minha opinião era um filme original e interessante. Com freqüência é exibido na televisão e nos cinemas de arte do mundo inteiro. Não pensei nisso na época, mas deve ter sido muito estranho para Jane passar, sem qualquer transição, das roupas futuristas para os vestidos medievais. Na verdade, meu episódio em ‘Histoires Extraordinaires’ era adaptado de um pequeno conto medieval chamado ‘Mezergenstein’. É também o único filme em que Jane aparece com roupas de época.

Peter era um exemplar quase perfeito da nova geração de americanos dos anos 60. Adorava rock, cantores políticos como Bob Dylan, maconha, cogumelos psicodélicos e conhecia todo o jargão hippie. Seu respeito pelo dólar e sua praticidade nos negócios harmonizavam-se com sua filosofia pacifista e uma atitude espiritual de colorido vagamente hinduísta. Peter foi o instigador e o catalisador do filme ‘Easy Rider/Sem Destino’ (1969), de grande sucesso. Trabalhou em seu set no roteiro desse filme, entre as filmagens, juntamente com Terry Southern, autor do best-seller erótico ‘Candy’ e co-autor de ‘Dr. Strangelove/Dr. Fantástico’ (1963). As noites em Roskoff, durante as filmagens de ‘Histoires Extraordinaires’, eram divertidas demais para serem desperdiçadas com trabalho.”

Outra passagem divertida é sobre Godard (um diretorzinho francês que fez uns três filmaços e depois se perdeu em sua própria grandeza) ameaçando Jane Fonda, onde ficamos sabendo o quanto Godard era egocêntrico e mesquinho:

“(…)

Jane tinha sérias dúvidas com relação ao roteiro. Não concordava com seu conteúdo político. Sabendo disso, Jean-Luc Godard não perdeu tempo e enviou seu sócio, Jean-Pierre Gorin, para se encontrar com ela. Passadas duas horas da chegada de Jane em Megève, Gorin estava na sala da casa que eu alugara para o verão despejando explicações político-artísticas acerca da significação histórica do script de ‘Tout Va Bien’. Jane, que tinha acabado de chegar de Genebra, não dormira por vinte e quatro horas, exausta da viagem. Estava surpresa e um pouco irritada com a insistência quase histérica do emissário de Godard.

– Se não se incomoda, vou pôr minha filha na cama agora – ela disse. – Não a vejo há dois meses.

Depois de dar um beijo em Vanessa e cantar uma canção de ninar para que adormecesse, Jane desceu as escadas ansiando por comer em paz um pouco de aipo e algumas fatias de queijo. Mas Gorin esperava por ela, firmemente plantado diante da geladeira. E a atormentou por três horas. Jane estava tão cansada que mal tinha forças para responder. Ele ameaçou destruir sua imagem caso ela se recusasse a fazer ‘Tout Va Bien’.

– Godard vai cortar suas asas. Você não terá mais respeitabilidade política em parte alguma. Nunca mais. Se recusar a fazer este filme, estará cometendo um erro do qual vai se arrepender por muito tempo.

Com medo das represálias de Godard, Jane acabou concordando em fazer ‘Tout Va Bien’. Como ela havia previsto, foi um desastre comercial e seu oportunismo político irritou as alas radicais.”

Com uma vida cheia de festas e badalações, Vadim cometia algumas gafes hilárias, como essa:

“(…)

Os embarques (das crianças) foram marcados de maneira que as crianças partissem praticamente ao mesmo tempo. Fiquei ‘orfão de meus filhos’ e me encaminhei à saída do aeroporto. Estava quase deixando o aeroporto quando escutei meu nome: ‘Roger Vadim, favor se apresentar no escritório da Air France’.

Pode-se imaginar o resto.

Nas passagens da Air France vinha escrito ‘crianças Vadim’ seguida de uma inicial. Duas delas foram endossadas pela Pam Am e pela TWA. Um pouco distraído, como de costume, mandei a criança errada para a mãe errada.

Nathalie, que deveria estar voltando para sua mãe em Roma, estava a caminho de Londres, onde Jane Fonda esperava por Vanessa.

Vanessa estava voando a Paris, onde Deneuve esperava por Christian.

Passei a noite inteira e a madrugada no telefone ligando para as três capitais para avisar as mães de que elas não estariam recebendo as crianças certas.”

Roger Vadim não foi um gênio da sétima arte, mas deixou sua marca na indústria cinematográfica francesa, ora descobrindo talentosas atrizes, ora realizando pequenos grandes filmes. Nos anos entre 1980 e 1997 passou dirigindo filmes para televisões. Faleceu em 2000. Após sua morte, sua filha Nathalie afirmou: “Jane [Fonda] era o amor da vida de meu pai!”. Vadim viveu mais para o amor do que para o cinema!

“Bardot, Deneuve & Fonda – As Memórias de Roger Vadim” (1986, 365 páginas, editora Best Seller) de Roger Vadim.

por Petter Baiestorf.

Nazimova: A Salomé do Cinema Mudo

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , on outubro 14, 2011 by canibuk

Essa pequena introdução sobre os primórdios do cinema não se pretende definitiva, é somente um pequeno panorama de como as coisas funcionavam naquela época e não eram nenhum pouco diferentes do que são hoje em dia.

O cinema surgiu graças à invenção do cinematógrafo dos irmãos Lumière no finalzinho do século XIX. Em 28 de dezembro de 1895, em Paris (França), eles realizaram a primeira exibição pública com ingressos da história do cinema, exibindo uma série de 10 filmes com duração de, no máximo, um minuto cada (naquela época os rolos de filmes tinha somente 15 metros). O cinema como diversão das massas começou a se esboçar com as produções de George Méliès, um mágico ilusionista que realizou pequenos curtas já com o uso dos efeitos especiais e empolgantes histórias de aventura como o clássico “Le Voyage dans la Lune/Viagem à Lua” (1902); as produções do espanhol Segundo de Chomón que realizava aventuras cheias de trucagens visuais e coloridas (ele coloria seus filmes, quadro à quadro, com um pincel. Anos atrás baixei vários curtas dele pelo site UBU e achei suas produções bem superiores às produções de Méliès); e por último, mas não menos importante, as produções de Thomas Edison, que em 1910 produziu um pequeno clássico baseado no livro de Frankenstein de Mary Shelley (já postamos este filme de Thomas Edison aqui no Canibuk).

"La Casa Hechizada", 1906, de Segundo de Chomón.

Em seguida o diretor David W. Griffith, um dos pioneiros de Hollywood, e o russo Sergei M. Eisenstein, foram os grandes responsáveis pela construção dos longa-metragens, cujas fórmulas são usadas até nos dias de hoje. “The Birth of a Nation/O Nascimento de uma Nação” (1915) de Griffith e “Bronenosets Potyomkim/O Encouraçado Potemkim” (1925) de Eisenstein, servem até hoje como bases sólidas para a montagem dos filmes. Caminhando junto, na Alemanhã surgiu o estilo conhecido como Expressionismo que deu alguns clássicos do início da história do cinema, como “Das Cabinet des Dr. Caligari/O Gabinete do Dr. Caligari” (1919) de Robert Wiene, com seus cenários alucinantes, “Nosferatu, Eine Symphonie des Grauens/Nosferatu” (1922) de F.W. Murnau (uma versão não autorizada do livro “Drácula” de Bram Stoker) e “Metropolis” (1927) de Fritz Lang, uma verdadeira obra-prima da sci-fi cinematográfica e da sétima arte. E em Paris, vários surrealistas experimentaram desconstruir filmes, criando lindas peças poéticas de surrealismo em movimento, como “Le Retour à la Raison” (1923) de Man Ray, “Le Ballet Mécanique” (1924) de Fernand Léger, “Entr’Acte” (1924) de René Clair, “Anémic Cinéma” (1926) de Marcel Duchamp, “La Coquille el le Clergyman” (1927) de Germaine Dulac e o clássico “Un Chien Andalou/Um Cão Andaluz” (1929) de Luis Buñuel com colaboração de Salvador Dali. Prá sorte dos tarados, o cinema é uma arte voyeur por excelência, e nesta mesma época já surgiram os primeiros filmes pornográficos. Várias coletâneas com pornôs que teriam sido rodados nos anos de 1920 foram lançadas aqui no Brasil em VHS/DVD. Uma busca rápida pela internet é possível ver vários destes filmes eróticos do tempo de nossas tataravós.

Com essa pequena introdução sobre os tempos do cinema mudo, Canibuk apresenta agora a lendária atriz Alla Nazimova, que merece ser redescoberta por uma nova geração de cinéfilos.

Rotulada pela crítica como “bizarra”, Alla Nazimova teve uma vida pessoal nada convencional  e uma carreira cinematográfica que, embora tenha sido única, não recebeu o apreço merecido naquela época.

Nazimova nasceu na Rússia em 1879, era a mais nova de três filhos, cresceu em meio à violência familiar, com um pai extremamente bruto, tendo uma vida instável. Com a separação dos pais, foi morar ainda criança com uma família na Suiça onde sofria abusos sexuais dos dois irmãos adotivos. Em meio aos abusos e vida conturbada foi descobrindo seus talentos musicais e aos sete anos começou a ter aulas de violino. Voltou logo pra Rússia e continuou tendo aulas, chegando a executar um concerto de Natal. Aos 15 anos decidiu ser atriz. Foi ajudada por um velho rico que conheceu nas ruas onde se prostituia e conseguia a renda pra poder pagar seus estudos.  Fez grandes peças de teatro e em  Nova York suas performances na Broadway recebiam grandes destaques e ela logo se tornaria a queridinha por aquelas bandas. Ainda nessa época, se tornou amante da Emma Goldman, a grande líder feminista e anarquista. Em breve, Emma a abandonaria por não conseguir mais suportar suas incontáveis relações com outras mulheres.

O primeiro convite pro cinema surgiu em 1915, onde ganhou um papel no “War Brides“, filme que trazia um apelo pacifista naquele período onde emergia a Primeira Guerra Mundial. Com o sucesso do filme assina  contrato de 13.000 dólares semanais com a MGM e várias regalias, como poder escolher diretor, roteirisa e ator principal dos filmes. Em três anos, estrelou onze filmes, entre eles “Revelation” (1918), onde faz uma prostituta, “Toys of Fate” (1918)  onde faz dois papéis: uma mulher que tenta suicídio após ser abandonada pelo pai de sua filha, e como a filha crescida empenhada em vingar a mãe, e “La Lanterne rouge” (1919) onde faz papel de duas irmãs capturadas numa rebelião.  Seus papéis que a apresentavam como uma mulher exótica, independente e devastada por sentimentos angustiantes e problemas pessoais  lhe garantiram uma fama considerável.  No auge da carreira, Nazimova provocava e animava ao mesmo tempo em que apavorava Hollywood com as grandiosas festas regadas a orgias e drogas que dava em sua mansão chamada de “Jardim de Alá“, festas que contavam sempre com a presença de várias de suas amantes, mulheres como a roteirista June Mathis, a cenógrafa Natacha Rambova e a cineasta Dorothy Arzner.

Mesmo com a fama no cinema, continuou a fazer teatro e em 1920 começou a produzir seus filmes, que foram um fracasso de bilheteria.  No mesmo ano, seu filme experimental “Afrodite” que trazia cenas de lesbianismo, foi perseguido por grupos religiosos e proibido, tendo seus rolos queimados. Também produziu, escreveu e dirigiu “Salomé” (1923), onde todo o elenco é homosexual e, como em todos os seus filmes, traz um erotismo gritante e teve uma reputação escandalosa. Nazimova também financiou todo o filme, que foi um fracasso de bilheteria e a deixou totalmente quebrada. Começou a ser perseguida e a sofrer na pele por ser o que era, mulher livre e homosexual,  iniciou-se uma série de rejeições para filmes, foi acusada de comunismo e chegou a tentar suicídio. Tentando fugir da perseguição que sofria, vendeu sua mansão e com a repressão ao lesbianismo que só crescia nos EUA, decidiu passar um tempo em Paris, onde  namorou a sobrinha de Oscar Wilde.

Salomé (1923)

Em 1940, já de volta aos Estados Unidos,  começa a fazer cinema outra vez e participa de filmes como “Escape” (1940), “Sangue e Areia” (1941) e “Since You Went Away” (1944), seu último filme, feito um ano antes de sua morte. Alla Nazimova morreu vítima de uma trombose coronária, em 1945, aos 66 anos, publicou neste mesmo ano uma biografia onde faz grandes revelações.  Não é a toa que essa grande atriz é pouco falada e conhecida pela nova geração, quase não se acha mais seus filmes por aí. Tendo mais de 20 filmes, menos de seis sobreviveram ao tempo e as perseguições sofridas.  É lamentável!

Nazimova quebrou todas as regras de uma época onde os grupos religiosos estavam em alta, sofreu todo o tipo de preconceito e teve um papel importantíssimo na introdução da idéia de emancipação feminina naquele período nos EUA. Um grande exemplo de liberdade e de como a sociedade persegue desde sempre aqueles que não vivem de acordo com o que é pregado como certo e moral.  Revoltante.