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O Cu: Moleza com Sacanagem Total

Posted in Bizarro, Fanzines, Literatura, Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 8, 2018 by canibuk

Moleza com Sacanagem Total

I.

O deserto tentou me engolir. Pulei fora e rolei em direção de uma grande e úmida circunferência. Tal circunferência possuía um odor característico fácil de ser identificado. Sim, possuía odor de cu. Era um cu gigante logo abaixo de um imenso deserto de pele e não areia como os bobos imaginaram. Tudo estava claro agora, claro como uma trepada gostosa sobre a relva e eu sempre tive razão: O cu era uma circunferência, portanto, redondo. Beijo o cu gigante feliz porque sempre estive certo e os professores é que estavam errados. O belo cu é redondo !!! Re-don-do !!! Olhando diretamente para o buraco que havia no centro de tão enorme e poderoso cu, vejo uma luz no fim do reto. Fiquei deverás curioso, pensando cá com meus ovos, louco para saber o que poderia haver no fundo do cu, se é que cu tem fundo. Será que no fundo do cu haveriam criaturas monstruosas ? Vermezinhos falantes ? Lombriguinhas dançantes ? Bactérias fecais intelectualizadas pela Globo ? Realmente estou muito curioso…

II.

O amor caiu junto da sujeira e ficou sujo. Com um pequeno esforço consegui entrar no cu ciente que se não conseguir ver as criaturinhas do cu – Culenses ? – finalmente ei de saber o que é aquela luz que brilha no interior do cu.

III.

Caminhei sempre seguindo em direção a luz que brilhava no horizonte pomposo. Meus pés afundavam na merda amolecida a cada passo. Cansado sentei num caroço sangrento que havia na tripa grossa. Parecia ser o início de uma úlcera maligna. O sangue meio coagulado, meio líquido, molhou minha bunda. Ironia ou não do destino, mas o fato é que agora havia um cu dentro de um cu, ou seja, meu cu dentro daquele enorme cu solitário no deserto de pele. Melhor um cu dentro de um cu do que um cu com cu. Porém, para minha surpresa, o tal cu gigante possuía vários cuzinhos em seu interior. Suas paredes cheias de remelas e cascas fecais secas possuíam uma imensa galeria de cus de todos os tipos e variados cheiros. E para espanto geral, aqueles cuzinhos pequeninos falavam. Porra do caralho caralhudo, um cu gigante que tem vários cuzinhos e um cuzão dentro dele. Aliás, tem dentro dele um cuzão com seu próprio cu, perplexo, olhando descaradamente para a parede de cuzinhos falantes. Bem, aproveitarei a oportunidade e farei perguntas, como todo bom curioso deve se portar.

IV.

Sentado na úlcera pergunto aos cuzinhos do cu sobre a misteriosa luz que havia a nossa frente. Eles, sempre em coro – depois descobri que todos os cuzinhos faziam parte de um único cérebro pensante e todo poderoso – me respondem que aquela luz é o centro do Universo e que dali surgiu tudo já expurgado para dentro da humanidade. E completam ainda que todos são iguais perante a luz e aqueles que são diferentes são expurgados de volta a humanidade. Pensei: “Porra, eu sou diferente !!! Sou um cuzão humano com um cu e não um cu soberano com vários cuzinhos !”. Os cuzinhos gargalham debochando de mim. A luz, o centro de todo o Universo, faz um estrondo ensurdecedor e gases me carregam para fora do enorme cu que havia no deserto de pele. Enquanto vôo para fora do todo poderoso cu que rejeita os diferentes, fico pensando: “Bem que isso tudo poderia se chamar ‘O Centro Da Humanidade É Uma Luz Sem Forma Com Pequeninos Guardiões Que Falam Toda E Qualquer Língua’ !!!” e no chão caio, batendo minha cabeça no deserto, esfolando meu queixo. Finalmente sei de toda a verdade, mas acho que não irá adiantar nada pois certamente passarei por um profeta do caos enlouquecido e a esmo deverei vagar pela eternidade.

Texto de Petter Baiestorf.

Em 2000 o desenhista Reginaldo criou a HQ “O Cu“, inspirado no texto “Moleza com Sacanagem Total“, que editei no fanzine ARGHHH #29, e versava sobre o cidadão classe média brasileiro. Segue o resgate da HQ aqui:

Fascismo Verde Amarelo: O Mito do Silva

Posted in Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 26, 2018 by canibuk

Conheci o Fabiano Soares quando ministrei uma oficina de vídeo no Rio de Janeiro em 2012, parte da programação da Mostra do Filme Livre. Juntos bolamos o curta Perdigotos da Discórdia, que envolvia necrofilia e outras peripécias cremosas, como sexo pervertido com membros de plástico realistas que acabaram dando problemas com o Banco do Brasil, patrocinador da Mostra naquele ano. Tivemos que explicar um boquete que Gurcius fazia explicitamente no tal pinto de plástico que fazia as vezes do membro pulsante de Pablo Pablo. Logo em seguida ele dirigiu o ótimo curta O Terno do Zé, com integrantes da banda Gangrena Gasosa e o Carlo Mossy no elenco, e, também, foi diretor de segunda unidade do longa Desagradável, do diretor Fernando Rick. Depois dirigiu A Revolta do Boêmio, vídeo clip para a banda Uzômi, com Angelo Arede e Gurcius Gewdner nas personagens principais. Agora em 2018, ano literalmente tenebroso na vida política do Brasil, Fabiano retorna com O Mito do Silva, curta que sintetiza de maneira quase didática – e brutal – o que está rolando no país do Pau Brasil.

Segue uma entrevista com ele sobre O Mito do Silva e suas observações sobre este conturbado momento em que o povo brasileiro se entocou. E, também, link para assistir o primeiro corte de O Mito do Silva e sua filmografia completa:

Petter Baiestorf: O Mito do Silva é um retrato do Brasil atual, como foram as filmagens do curta, da concepção do roteiro até as filmagens? Alguma história curiosa das gravações?

Fabiano Soares: Eu tinha escrito em 2016 um texto sobre o assunto, o “Mito”, utilizando como base um político que tava se destacando pelas merdas que falava, mas que, naquele ano, parecia bastante exagerada a ideia de o cara se candidatar a presidente. Então, partindo desse prenúncio de distopia, eu convidei o cineasta Marcos Lamoreux, daqui do Rio, para me ajudar a transformar em roteiro, acrescentando ou retirando trechos que ele achasse necessários. O Marcos é um amigo, ativista, negro, artista em diversas áreas, e topou. Nessa transformação do texto em roteiro, além das transformações estruturais, recebi algumas aulas dele, desde pequenas mudanças lingüísticas para não ofender sem querer, a origens de palavras como “linchar”, que acabaram dando um conceito mais forte ao filme. Então um cara, o Marcelo Paes, que me deu aula, decidiu entrar como produtor cedendo a câmera e alguns acessórios, além de dar uma ajuda na parte de produção.

Nossa bandeira jamais será vermelha.

Como eu faço um cinema com amigos, alguns velhos amigos se juntaram em suas áreas, e foi assim que o Thor Weglinski veio ajudar na produção e na assistência de direção; o Caio Cesar Loures topou fazer o som direto; o Gabriel P. Almeida fez a arte; e o Ricardo Schmidt, a fotografia. Tudo gente que quem já viu algum filme meu, já conhece de créditos. Chamei a Fany Coelho, uma maquiadora de gore fodona daqui, que abraçou a ideia; e o Marcos Lamoreux foi essencial também para conseguir os figurantes. E teve o Juan, que deu uma ajuda no set quando pôde. Sem essa galera aí, eu estaria fodido, porque fiz mais um filme sem dinheiro, só convidando as pessoas e tentando mostrar o roteiro, pra ver se topavam; e porque a Luciana estava trabalhando na época, o Edgar com 5 meses quando eu comecei esse processo de roteirização, e achei que conseguiria facilmente cuidar dele, decupar o roteiro, ensaiar com atores, ter reuniões de equipe, e finalizar um livro que estou escrevendo, só porque eu estava de férias. Eu mal conseguia cagar sem ficar pensando nas minhas responsabilidades de pai, e tinha só a partir das dez da noite para resolver tudo em relação ao curta. A Luciana, a namorada com quem casei e tive um filho (porque acho brega escrever “esposa” ou “minha mulher”), aliás, não pôde participar tanto desse curta diretamente, mas o fez cuidando do Edgar quando chegava em casa, permitindo que me dedicasse ao curta nesses momentos, e fazendo a comida pra batalhão na diária que teria, segundo minhas contas, 40 pessoas. Ah, e sempre, mesmo torcendo o nariz para algumas ideias minhas, meus pais dão uma força: figuração, transporte, comida. Uma observação: sempre rola uma opção vegana de comida, geralmente uma caponata de berinjela feita pela minha mãe, já que tem uma galera vegana / vegetariana entre esse pessoal que topa participar dessas coisas que eu invento.

O Mito em sala de aula

Para escolher o ator, procurei um ator amador, amigo meu, o Moisés, cuja primeira pergunta que fiz foi: “O que você acha do “político X” (o Brandão do filme)?” Quando ele respondeu, dizendo que não estava entendendo morador de favela apoiando esse cara, decidi que seria ele. O Marcelo foi arrumar o cara pra fazer o político, e a primeira opção dele, um ator com visual meio milico, declinou por um motivo óbvio: ele era eleitor do cara. Segundo o Marcelo, foi a primeira vez que ele achava alguém do círculo de contatos dele demonstrando apoio ao cara, foi quando ele viu que aquela piada ruim poderia ser mais assustadora do que era. Estávamos em junho de 2018. E contei mais uma vez com a participação do ex-galã da Globo, agora doutor em filosofia e ator de produções menos ostentatórias, Marc Franken, um cara gente boníssima!

Cara, filme independente sempre tem perrengue, e esse não foi diferente. O drone, que tinha uma utilização estética para simular celular gravando de um prédio, zicou e ficamos sem. Os 30 figurantes que confirmaram para a cena de agressão ao Silva, só apareceram uns 10, 12; pessoal no Rio é daqueles “Vamos marcar, borá!”, e furam. Aí entraram meus pais, o namorado da Fany, quem estava de bobeira no set virou figurante. E muita gente parava para perguntar o que estava acontecendo, achando ser real o Moisés ensanguentado. Além dos contratempos de chuva, intervenção federal, que atrapalharam bastante o cronograma, teve também as desistências de equipe e figurantes no último segundo, que rolou bastante, mas nada que abalasse o andar da carruagem, só desesperava um pouquinho, até conseguir dar um jeito.

Figurantes

Ah, e de última hora, o Leo Miguel, que fez assistência de direção no dia mais complicado, a externa da agressão, ficou enrolado pra fazer a edição do filme, e aí outro Leo, o Miranda, que editou já muita coisa minha, assumiu o posto. E nisso, uma coincidência que achei doida demais: no primeiro corte, o Leo botou uma música clássica. Eu estava lendo O Selvagem da Ópera, do Rubem Fonseca, que fala sobre a vida do Carlos Gomes, e é uma base de roteiro para um filme sobre o maestro e compositor brasileiro, que enfrentou uns casos de racismo na Itália por ser negro e brasileiro. Quando ouvi a música – eu não conheço muito de música clássica, embora ouça muito no trabalho, não é algo que eu grave ou escute em casa –, perguntei “É Carlos Gomes?”, e o Leo me disse que não. Fiquei pensando “Que idiotice, só porque eu tô lendo um livro sobre o cara, tudo o que é música clássica vou achar que é ele…”; aí quando terminamos de ver o corte, a música, que ele tinha pego aleatoriamente no catálogo do Domínio Público, ele viu “Ah, é sim, Antônio Carlos Gomes!”. Achei bizarra a coincidência, e disse ao meu ceticismo: “É um sinal!” Melhor ouvir o universo e ficar com a trilha de Carlos Gomes! Lógico que o fato de não ter ninguém para compor uma trilha sonora em dois dias, de graça, ajuda bastante…

Baiestorf: Achei ele bem ilustrativo para aqueles que se negam em enxergar o que está acontecendo no país. Foi opcional essa narrativa tão didática? Porque?

Fabiano Soares: Pô, eu acho que eu faço sempre um cinema por diversão, é bem quadrado na estética, eu gasto minha piração com o texto. Eu não sou cineasta, né? Eu faço uns filmes, é diferente; é como se eu fosse um cara que faz paródias subversivas de uma novela mexicana, mas não falando de paixões desencontradas, mas de filhadaputice humana. Acho que meus filmes são tudo sobre o pior lado do ser humano, mostrar que deu tudo errado. Mas a didática não tem nada a ver com isso, é só de talvez eu ser um roteirista que quer ver aquela merda numa tela, e como ninguém em sã consciência vai querer fazer isso, acabo fazendo. Aí não tenho aquela intimidade com a linguagem cinematográfica a ponto de saber subverter e dar certo. Aí eu faço o meu feijãozinho com arroz, batata frita e bife, e taco um pouquinho de sangue pra dar um gosto. O foda é que eu gosto muito de uns filmes mais doidos, que brincam mais com a linguagem, mas não consigo fazer. Deve ser medo de entropia, do público comum não pescar sobre o que eu estou falando. Acho que me preocupo muito em explicar didaticamente pro público.  Vou tentar pensar mais nesse assunto.

Fabiano e Moisés em O Mito do Silva

Baiestorf: Alguma observação sobre os eleitores do “mito” Brandão? Sobre essa “cegueira” coletiva (ou mau caratismo mesmo)?

Fabiano Soares: Cara, andando na Uruguaiana, um mercado popular no centro do Rio, vi muito camelô vendendo camisas do cara que inspirou o personagem, vendido como o salvador da pátria, e só fiquei pensando: esse cara não entendeu que ele vai se foder com o discurso de ódio. Que ele é visto pela elite como um vagabundo, trambiqueiro, e no que puderem usar de força bruta contra eles, usarão. Será que vale esse lucro? É como se, na atual conjuntura, eu topasse fazer um vídeo para um político evangélico, que eu sei que vai foder com qualquer possibilidade de uso correto da máquina pública, que já é uma merda. Poderia ganhar um dinheiro, adiantar o meu lado, da maneira mais egoísta possível.

E cara, eu tô realmente ficando mal com esse assunto. Você precisa explicar o óbvio, e após toda uma didática infantil, bem explicadinha, na falta de argumentos, os cegos só mandam memes e “fora PT”. Mas eu nem tô falando do PT, ô caralha! E tem muita gente cega mesmo, que não foi criada para pensar, mas para reproduzir discursos, que acaba indo na onda. Mas óbvio que sempre existe aquele mau-caráter, que esperou na moita o momento em que poderia falar abertamente sobre seus preconceitos e incentivá-los, porque agora naturalizou-se isso, passou a ser apenas um ponto de vista, que deve ser respeitado. Porra, intolerância não é aceitável, e  não podemos ser tolerantes com intolerantes, sem medo de parecer incoerentes. Essa naturalização do machismo, da homofobia, do racismo, vindo de gente que deveria representar o povo, é assustadora. Fazendo uma analogia idiota, é como a música de um churrasco com gente dos mais diferentes gostos musicais: o cidadão pode chegar e colocar, sem medo ou vergonha, Maiara e Maraísa (e realmente pode, um espaço democrático em geral), outro coloca Molejo, outro entra no Melhor do Axé, e depois de você ouvir isso tudo, você decide colocar um som que você gosta, um Black Sabbath (para citar um exemplo até mainstream): será repreendido, porque naturalizou-se a ideia de que só pode tocar música “que todos vão gostar” – só esquecem que nem todos gostam das outras músicas. A mesma lógica vale para os assuntos cotidianos. A pessoa acha que pode puxar um papo com você falando sobre não gostar de “ver viado andando junto”, sem nem saber seu pensamento sobre isso, porque naturalizou-se o “ninguém gosta de homossexual, até tolera, mas não gosta”. Esquecem que os gays que gostam de andar juntos fazem parte da sociedade. E assim vão tentando excluir cada vez mais o que os incomoda, chamando de minorias, através da supressão da fala, impondo a opinião preconceituosa como se fosse o pensamento comum. E esse discurso vai sendo naturalizado pelo cidadão comum, que nem é mau-caráter, mas reproduz isso. É a favor de morte para bandido, mas esquece do filho que vende droga, do irmão que instala gato de luz, da vez em que subornou um guarda, etc.

Cidadão de Bens

Baiestorf: Você produziu o curta no RJ, que já é uma cidade que vive sob uma ditadura evangélica radical. Você pode falar sobre as transformações da vida cultural carioca nos últimos anos.

Fabiano Soares: Cara, a vida cultural sobrevive em pontos de resistência, centros culturais independentes de verbas do município. Aqui tem muita gente, muito grupo agitando suas correrias, então não tem do que reclamar. Mas do ponto de vista político… Bom, eu estou realmente preocupado com essas eleições presidenciais. Você vem lembrar do pastor que é prefeito do Rio. Bom, eu sou a favor de acabar com essa merda de misturar política e religião. Não dá certo. Você acredita em Deus, foda-se, vai pra porra da igreja e converse com seus amiguinhos, todo mundo com o mesmo amigo imaginário, e sejam felizes! Eu não me importo com a religião das pessoas, desde que não queiram fazer leis que têm como base crenças religiosas. Vou voltar a falar da merda da naturalização: pessoal acha normal falar “vai com Deus”, mas fica abismado se receber de volta um “Satã te ilumine”, “fica com Exu”. Então vai pra puta que o pariu com a sua crença se você não aceita a do outro. E essa contaminação evangélica que tem acontecido não só no Rio, como no Brasil, busca cada vez mais reger a vida de todos tomando como natural os ensinamentos cristãos, “porque a maioria pensa assim”. Eu já estou me preparando para comprar muita briga com professor acéfalo que for passar doutrina religiosa pro meu filho em escola. Uma coisa é ensino religioso, onde você vai falar da diversidade religiosa no mundo; outra é falar que uma religião é a certa, que deve-se seguir isso ou aquilo. E falei porra nenhuma da vida cultural no Rio. Cara, tem vida cultural, deve estar escoando muito dinheiro da prefeitura para igrejas, pecinha de igreja deve estar recebendo milhões, patrocinada pelo pastor do Rio, o prefeito da Universal, Crivella. Mantendo-se longe disso, tem uma galera boa movimentando arte de verdade. Tá, julgamento de valor meu, mas foda-se. Arte que questiona algo.

Fany maquiando em O Mito do Silva

Baiestorf: A personagem principal é um negro seduzido pelo discurso de “bandido bom é bandido morto”, quais suas observações sobre isso?

Fabiano Soares: Algumas pessoas não estão entendendo o que está acontecendo, esqueceram chacinas, apagaram da memória casos recentes de racismo. E é apenas para exemplificar: poderia ser misoginia, homofobia. Pessoas que são naturalmente privilegiadas apoiarem um cara como esse, eu não acho certo, mas é compreensível: não quer largar de ser mimado; o garotinho branco, rico, quer que continuem governando para ele, protegendo-o de qualquer risco que possa correr. Mas uma pessoa que encontra-se em um dos grupos atacados, concordar com ele, é masoquismo. Mas o ódio é apaixonante, né? Eu lembro que eu com 13, 14 anos, achava lindo tudo o que eu estava estudando e pregava violência: Hitler, Mussolini, Robespierre, Mao Tsé-Tung… Eu era um idiota e achava que ser revoltado era fazer apologia à violência, tinha que matar todo mundo. Felizmente me dei conta rápido que não era bem assim, mas possivelmente, em 99, 2000, eu seria um passador de vergonha na internet, compartilhando meme de “mimimi”, cheio das confusões identitárias de raça.

O Mito do Silva

Se você pega um lugar movimentado, pega dois atores, um loiro e um negro, e bota os dois para correr ao mesmo tempo, separados por alguns metros lateralmente, e um terceiro gritando “pega ladrão!”, eu não tenho dúvidas que a maior parte ia olhar e escolher o negro como o ladrão. E isso é uma construção social perversa, que fez, ao longo dos anos, vítimas da escravidão serem vistas como marginais da sociedade após libertadas. Construção social, mais uma vez, desculpa, sou chato mesmo, naturalizada. Então a pessoa vê um menino negro em um sinal (semáforo, farol, faroleiro, chame como quiser aquela merda de três luzes), e fecha a janela do carro, porque tem medo. Tem medo de um menino magro que tenta conseguir um trocado para comer, provavelmente. A mesma irracionalidade leva uma pessoa negra a concordar em dar mais poder à polícia militar, por exemplo, que no Rio de Janeiro metralhou com mais de cem tiros um carro com cinco meninos que tinham saído para dar uma volta. Meninos que não estavam armados, nem atropelaram alguém. Mas eram negros. O filho do Eike Batista atropelou e matou uma pessoa. A polícia não deu tiros no carro dele. Por que? Enfim, ter uma opinião isenta sobre racismo é estar do lado do opressor. O dia em que você perceber que você não é branco, ou que sua sobrinha, seu filho, ou quem quer que seja na sua família ou círculo de amizade, dançou exclusivamente por conta de um julgamento pela cor dele(a), acho que será tarde demais para entender.

Baiestorf: Acho a personagem do professor um tanto apática aos comentários de seus alunos em sala de aula, sem tomar uma posição mais firme, talvez um retrato fiel de como se comportaram os professores nos últimos anos. Como competir com as fakes news? Como os professores podem fazer a diferença numa época em que os alunos “fabricam” suas verdades?

Fabiano Soares: Eu sou um cara do “copo vazio”, sou derrotista mesmo. Desisto fácil, e não culpo a apatia de professores: como lutar quando o mundo está contra você? Como explicar o óbvio e não ficar puto quando for chamado de doutrinador? Se eu fosse professor já teria desistido. Mas façam o que eu digo, não façam o que eu faço. Professores fazem diferença ao sugerir leituras, ao mostrar ao aluno que as ideias dele podem e devem evoluir. Eu lembro de um professor de artes que eu tive, e em um passeio a um museu, tinha um quadro com dois homens se beijando, e ele foi falar do quadro, e eu falei Que viadagem! (nessa época aí, de 13 anos, eu quase um nazipardo desses… Por isso digo que adolescentes podem mudar muito, independente das merdas que falem. Mas burro velho eu não tenho paciência). Ele mandou na mesma hora “Viadagem por quê?”, e eu falei provavelmente um “Porque sim!”, esse argumento valiosíssimo nos dias de hoje. E ele mandou eu ver o quadro, meio que me desafiou, e eu me neguei, e ele falando pra eu olhar, e a turma vendo isso… Resolvi olhar. Era um quadro no qual o artista tinha duplicado a fotografia dele e simulava um beijo entre ele e ele mesmo. Aquilo me deu um baque, foi o primeiro, quando eu vi que eu era burro. E que eu não podia falar das coisas sem saber, sem ver do que eu tô falando. Esse professor nem sabe, mas ele provavelmente me ajudou a mudar o pensamento de certeza sobre tudo sem nem precisar ver o outro lado; e é nisso que os professores são essenciais, não em explicar a verdade absoluta, mas a ensinar os alunos a questionarem-se, a botar dúvidas no lugar de certezas. Isso muda vidas. É desanimador, por conta das fake news multiplicadas sem filtro, só com um botãozinho; mas é uma luta essencial pela humanidade. Que botem a pulga atrás da orelha sobre essas notícias de whatsapp nos alunos. Muitos poderão rir, mas vai ter um que vai duvidar de fake news, que vai duvidar de isenção jornalística nos grandes meios de comunicação. E só por esse, já vai ter valido a pena.

Reunião de equipe

Baiestorf: O papel da arte é ser resistência? O que tu acha dos artistas “isentões”, que não estão tomando posição neste momento tão crítico de nossa história?

Fabiano Soares: Porra, pergunta pra textão. Não, o papel da arte não é ser resistência. Mas o papel da arte que eu gosto, sim. Eu acho que a arte eleva seu potencial de ser relevante ao ser resistência, porque junta ao estético o conceito e a ideia de mudança social. Mas não sei se seria o papel da arte, se eu estaria usando muito o meu juízo de valores. No entanto, se não bota o dedo na ferida, se não cutuca, eu deixo para ser fruída por outros, tenho mais o que fazer. Artistas isentões não existem. Não se posiciona, está do lado do mais forte. Ouve falar que tem que bater em homossexual e não diz nada? Está apoiando. Tá vendo, se é artista, faz arte, mas se é isentão, provavelmente eu não me interesso pela arte que ele faz. Ou se me interesso, diminuo o apreço agora…

Baiestorf: Com o Supremo, com tudo?

Fabiano Soares: As pessoas estão cegas, surdas e loucas. Tá aí, né? Depois desse “acordão”, muito facilitado pelo posicionamento dos deputados e senadores, para passar o impeachment, fico realmente espantado com o número de deputados que o partideco do “Brandão” conseguiu eleger. Vários militares. O golpe virá, e o pior é que será pelas vias legais… Espero que seja apenas uma distopia, culpa do meu pessimismo constante. Assim como em 2016 o “Mito” era…

Fabiano Soares dirige O Mito do Silva

Baiestorf: Brasil, país de racistas enrustidos de antes a país de racistas assumidos (violentos) de agora? Para onde vamos?

Fabiano Soares: Ladeira abaixo. Todo o tipo de preconceito e discurso de ódio vindo à tona, e o pessoal achando que é zoação, é só mais um HUEHUEBR. Acho que tem uma galera descrente de eleição que tá votando pensando que é voto de protesto. Mas esse Macaco Tião é perigoso…

Baiestorf: O espaço é seu Fabiano.

Fabiano Soares: O espaço é nosso, e não deve ser cerceado. Independente de sofrer ou não racismo, homofobia, misoginia, tenhamos um pouco de empatia. Ninguém deve ter medo de andar nas ruas por achar que sua cor, seu credo, sua orientação sexual ou seu gênero o coloquem em um estado de risco. O mundo já está uma merda, o ser humano já é escroto por natureza, não precisa ser incitado a isso. Pensem, não tenham certezas, leiam, leiam, leiam. E ouçam. Não dá pra você viver tranqüilo em uma sociedade que elege religioso pra representar o povo. Principalmente esse câncer que é a bancada evangélica, um sintoma de uma sociedade doente que quer ser ovelha a todo momento. Por isso, defendo ser radical contra a mistura de política e religião (principalmente se for uma religião hegemônica, no nosso caso, cristã) assim como contra esse novo fascismo, que não por acaso vem ganhando forças sendo carregado em uma cama de “Deus acima de todos”. Eu tenho um filho para experimentar muita coisa na vida, e não pode ser calado por um governo que flerta abertamente com a ditadura, apoia torturador. Pensem nas crianças que vocês dizem gostar tanto. Tá ficando meio Zé do Caixão, né?

E se tudo der certo, “O Mito do Silva” será um episódio de um longa-metragem. Isso se eu não desanimar e desistir, porque vou te falar, tá foda… E sem isenção, dia 28 agora é 13 contra o fascismo! E ser humano deveria vir antes de ser anti-PT, portanto, não há desculpa.

Fany trabalhando

Filmografia Completa de Fabiano Soares:

2008 – O Dia do Folclore; 2009 – Acertos Errados; 2009 – Boneco de Pano; 2011 – SolidariedAIDS (co-direção); 2012 – O Terno do Zé; 2012 – Thrash Star; 2012 – Perdigotos da Discórdia (Co-direção); 2013 – Desagradável (diretor de 2ª Unidade); 2014 – Churrasco Misto (animação, co-direção); 2014 – Eu Aceito; 2015 – Primeiro Ato (co-direção); 2015 – Eleven Years (Videoclipe); 2015 – Olho Maldito (animação); 2015 – Par ou Ímpar (co-direção); 2015 – Vegetal (co-direção); 2016 – A Revolta do Boêmio (Videoclipe); 2016 – Paterno; 2016 – Sacrifício; 2018 – O Mito do Silva.

Assista aqui, também, estes outros trabalhos do diretor:

2009- Boneco de Pano

2012- Perdigotos da Discórdia

2012 – O Terno do Zé

2013 – Desagradável (diretor de segunda unidade)

2014- Eu Aceito

2015- Par ou Ímpar

https://vimeo.com/130901429

2016- A Revolta do Boêmio

2016- Paterno

 

A Noiva do Turvo

Posted in Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 9, 2018 by canibuk

A Noiva do Turvo é um curta-metragem produzido no início de 2018 utilizando-se de um celular enquanto festejávamos a passagem de ano. Orçamento zero para contar uma lenda do rio Turvo que, meses antes, Loures Jahnke e sua filha Isabela haviam resgatado para um trabalho escolar que virou um fanzine de contos. Você pode ler o conto A Noiva do Turvo clicando no coletivo literário Maldohorror.

Segue relato dos envolvidos nas gravações:

Petter Baiestorf: O curta A Noiva do Turvo, escrito e dirigido por Loures Jahnke e filmado com seus filhos: Lorenzo de cinco, Isabela de dez, Vinicius de doze e Morgana de vinte anos. Loures, Elisiane Rodrigues, Carli Bortolanza e eu nos divertimos muito durante essa experiência fantasmagórica sessão livre onde respeitamos o ritmo de trabalho das crianças. Não quer dizer que eu vá produzir filmes em celulares, mas abrem-se algumas possibilidades com este formato, principalmente com suas câmeras de alta definição.

Lorenzo, 5 anos, assistente de direção

Loures Jahnke: Exatamente um ano depois da filmagem de Ándale!, na virada de 2017 para 2018, Baiestorf e Bortolanza voltaram para o Baixo Azul, trazendo na bagagem mais de 300 latas de cerveja – sim, eles sempre são exagerados. Não tinham o Toniolli, nem o Élio e nem a filmadora, mas Baiestorf estava com um celular com câmera bacana. Alguns meses antes dessa visita, ajudei minha filha Isabela em um trabalho escolar sobre mitos e lendas locais, o que resultou em um pequeno conto que publiquei no Maldohorror. Eu tinha o argumento e 4 filhos; Peter tinha um celular e o Bortolanza. O produto? A Noiva do Turvo.

Morgana, A Noiva do Turvo

Carli Bortolanza: Loures nos apresentou um texto que ele havia ajudado uma das filhas a escrever para um trabalho escolar que virou um livro coletivo dos alunos que estudavam na mesma sala de aula da filha dele. Sugerindo “Nós podíamos filmar este texto da Isabela, não?”. E “de balde”, por que não? E o primeiro impacto após termos lido o texto foi, “Como não tem câmera, vamos filmar pelo celular!”, única opção e sem nenhuma objeção. A iluminação foi outro empecilho, mas Loures comentou que um vizinho tinha uma bateria com uma lâmpada que fora improvisado para ser usado como uma mochila nas costas, com direito a alças e tudo. A escolha de quem faria o pescador também foi engraçada: Pedi para ser escolhido, pois estava com um pouco de frio e ai ficaria com a roupa manga longa e não precisaria ficar carregando o peso da bateria.

Teste de iluminação durante as gravações com Carli sendo abduzido

E. B. Toniolli: A história é linda, pulsante e real. O Loures mostrou-se um bom diretor, mas que não chega aos pés do Loures escritor, que é formidável.

Loures Jahnke: Filmar A Noiva foi uma das coisas mais divertidas que já fiz. Meus filhos foram batizados na Canibal Filmes – não com groselha, mas com o “espírito da coisa” -, todos riram muito, sofreram – principalmente Morgana e Isabela – e se encantaram. Até a Elisiane, minha companheira, diz que se divertiu muito sendo a produtora do filme – ela pagou um pote de minâncora e um lápis de olho, total de custos.

Carli Bortolanza: Uma coisa que ficou bem marcante foi a empolgação das crianças em participar!

Petter Baiestorf: Para A Noiva não tínhamos uma câmera, somente meu celular. Como eu havia acabado de filmar Beck 137 em Goiânia, GO, com ele, sabia que dava pra fazer algo minimamente bacana. Também deu pra testar o uso de iluminação mínima em espaços abertos – boa parte do curta foi filmado numa plantação de soja que invadimos. De certo modo o uso da iluminação foi uma continuidade do que havia pensado para A Cor que Caiu do Espaço.

Loures Jahnke: Já tinha visto alguns trabalhos feitos com celular, mas A Noiva do Turvo foi para muito além das expectativas, considerando que a maioria das cenas foram noturnas, que a iluminação foi feita com um troço adaptado para caçar lebres tomado emprestado de um vizinho, que os áudios da narração e da trilha sonora  – brilhantemente composta pelo Vinicius, de 12 anos – foram todos gravados em celular e que o Bortolanza passou uma tarde toda catando lenha pra assar carne.

A Noiva se preparando para entrar em cena

Elio Copini: Quanto A Noiva, não participei das filmagens, assisti e gostei muito dele. Despertou uma inveja por não estar lá também.

Loures Jahnke: Toniolli acho que também se divertiu muito, um tempo depois, comigo e com o Baiestorf na casa dele num final de semana inteiro durante a edição do Noiva.

E. B. Toniolli: A Noiva do Turvo já chegou em minhas mãos filmado e só faltando a edição. Dessa vez tínhamos o Loures Jahnke como diretor e ele é uma pessoa muito inteligente, que sabe o que quer e sabe valorizar o trabalho em equipe, deixando todos participarem do processo de maneira ativa. Assim considero esse curta mais coletivo do que as obras naturais da Canibal Filmes, que são a visão do Baiestorf, basicamente.

Morgana e Carli em A Noiva do Turvo

Loures Jahnke: A Noiva do Turvo é quase um filme infantil, inocente, mas que explora um universo cultural muito vasto que são os causos, os mitos e lendas que preenchem o imaginário – e a vida! – das populações camponesas sertões afora.

E. B. Toniolli: Fiquei muito contente em editar o material filmado com celular. Considero que o cinema feito de celular é a evolução natural do processo: Não estamos reféns dos grandes estúdios, das câmeras caras e dos “profissionais” da arte. Cinema é para todos, não para uma elite intelectual que trata a todos como gado intelectual, onde quem não comunga de sua maneira bitolada de ver o mundo, é excluído.

fotos e entrevistas para o post por Petter Baiestorf.

Assista ao curta-metragem aqui:

CineBarca Trash em Xanxerê

Posted in Arte e Cultura, Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 4, 2018 by canibuk

Nessa quinta-feira, dia 06 de setembro, estarei na cidade de Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina, exibindo alguns de meus filmes no SOS Bar, em sessão organizada pelo fantástico coletivo ABarca.

No mês que a Canibal Filmes completa seus 27 anos de resistência underground no cinema brasileiro, nada melhor do que uma sessão realizada aqui no Oeste, local onde tudo começou em 1991. Na sessão que programamos com ABarca vamos exibir filmes de todas as épocas da Canibal (2000 Anos Para Isso? é de 1996, enquanto Ándale! é de 2017), junto de filmes escritos e dirigidos por outros integrantes de nosso grupo, como O Último Dia no Inferno (2017), de E.B. Toniolli, Até Que… E Deu Merda (2017), de Carli Bortolanza, e, A Noiva do Turvo (2018), de Loures Jahnke. Após a sessão deverá rolar um debate comigo, acompanhado de Loures Jahnke e os atores Elio Copini e PC.

Resolvi fazer uma divulgação diferente deste evento que exibirá meus filmes em Xanxerê, ao invés de ser entrevistado por eles para a divulgação, resolvi entrevistar a Eloisa Almeida, que faz parte do coletivo ABarca, e divulgar este projeto lindo que está rolando na cidade de Xanxerê desde 2016 e que acho que todos deveriam apoiar/prestigiar!

Petter Baiestorf: O que é o coletivo ABarca? Seus objetivos e quem faz parte?

Eloisa Almeida: Fundado em julho de 2016, o Coletivo Cultural Abarca foi instituído com o intuito de desenvolver projetos e atividades culturais na cidade de Xanxerê e região. O coletivo surgiu com o interesse de um grupo de amigos em aprender e produzir arte, com um viés social, e movimentar o cenário cultural na cidade. Tem como principal objetivo fomentar a cultura, e que ela seja acessível. Os eventos, ações, oficinas e atividades promovidas pelo coletivo são realizadas em espaços independentes e também com o intuito torná-los públicos, considerando que todo espaço é cultural. Hoje o coletivo conta com 16 membros e está aberto a quem tiver interesse e disponibilidade para participar das ações culturais, e aberto para novas experiências, participando de intervenções artísticas, desde apresentações de teatro, leitura dramática, cinema, poesia e outras formas de arte que estiverem ao alcance do nosso olhar.

Baiestorf: Conte sobre o projeto CineBarca Trash.

Eloisa: O CineBarca é um projeto do coletivo desde 2017, onde tem o objetivo de apresentar exibições cinematográficas em espaços públicos, procuramos valorizar a cena independente e trabalhos autorais da região para que também possam alcançar um maior público. O primeiro CineBarca teve como tema o Cinema Brasileiro em VHS, o qual foi realizado na Casa da Cultura Maria Rosa, em Xanxerê.

Neste ano, dando continuidade ao projeto com o tema Trash, o coletivo organizou quatro exibições, onde o SOS Bar nos abre as portas para o evento. O bar foi escolhido para o evento, justamente pela identificação do espaço com o tema, sendo considerado um ambiente underground que, além disso, se encaixa com o perfil do coletivo. No mês de agosto foram exibidos os filmes, todas as quintas-feiras a partir do dia 16, com seqüência de “Fome Animal” (Braindead), Evil Dead 1 e 2, e From Beyond. Os filmes foram escolhidos a partir do conhecimento que temos sobre o tema, considerando que se tivéssemos um conhecimento maior sobre esse tipo de trabalho regional, o intuito seria propor essas exibições locais. Para concluir as exibições do tema Trash, acontecerá no dia 06/09 um evento com a participação especial do cineasta Petter Baiestorf, o qual estará exibindo seus trabalhos e dando abertura a uma roda de conversa sobre o tema. O vídeo de abertura do projeto foi produzido pelos amigos do coletivo de forma independente, Murilo Salini e Jéssica Antunes.

Pretendemos dar continuidade ao CineBarca com outros temas seguintes, já estamos nos organizando para o próximo tema de “Futuro Distópico”, seguindo com a ideia de quatro exibições e na última, um evento especial, com a participação do nosso amigo Luis Kohl, apresentando seu trabalho musical autoral Antronic. Logo as datas serão divulgadas.

Em relação ao público, está sendo muito gratificante! Conseguimos atingir um público maior do que o esperado para o evento, e percebe que o nosso intuito em apresentar algo novo e despertar a curiosidade tem sido construtivo. Estamos com grandes expectativas para o dia 06/09, inclusive percebemos a ansiedade do público para este momento também.

Baiestorf: Como é o espaço para a cultura independente em Xanxerê?

Eloisa: Não temos um cenário muito bom para a cultura independente em Xanxerê, quando é pensado em formar um grupo cultural vemos que geralmente é procurado patrocínios ou apoio público. Talvez o interesse na cultura independente tenha relação além disso, com o interesse em não vincular diretamente essas instituições. Vê-se também que o público procura grupos prontos para participar ativamente, ao invés de formar um novo grupo.

Baiestorf: Acho extremamente interessante o intercâmbio cultural entre artista da região Oeste. Vocês tem planos de levar à Xanxerê mais cineastas aqui da região?

Eloisa: Temos um grande interesse em dar continuidade ao projeto, trazendo outros cineastas, porém há dificuldades em entrar em contato com essas pessoas, até pela questão financeira, considerando que somos um coletivo independente, para manter nossos projetos temos um caixa para contribuição dos membros e doações, e nem sempre temos um retorno positivo. Mas acreditamos que possa ser questão de organização e fazer acontecer.

Baiestorf: Num âmbito da cultura oficial/institucionalizada, como é o apoio da sociedade de Xanxerê? Minha pergunta é fazendo distinção entre cultura oficial e independente de modo proposital mesmo, visto o descaso com que a cultura é tratada no Brasil.

Eloisa: Vê-se que não apenas em Xanxerê, mas no Brasil, que a cultura institucionalizada recebe um menor apoio, comparando com a cultura oficial, a qual podemos chamar de popular. Mas acreditamos que a questão de ser uma cultura institucionalizada/independente já carrega esse interesse de não se tornar popular, de atingir as minorias e se manter no espaço underground. No caso do nosso coletivo, levamos em consideração isso também, o fato de não nos vincular à outras instituições as quais teriam interesses capitais através da arte, e o nosso interesse é realmente em propor a arte de uma forma livre e independente. Além disto, a sociedade conhece culturalmente daquilo que se tem acesso, e na maioria das vezes comercializado, pois é dessa forma que essas informações chegam a ela, através da grande massa, do que se é mais popular. Em Xanxerê, apesar disso existe um público considerável que aprecia a arte independente, e acreditamos que isso tem relação à esse público estar aberto para o novo, a formas diferentes de arte, e também o motivo pelo qual a grande parte dos xanxerenses não dar tanto apoio a cena independente, por estar acomodado com o que somente o seu meio social proporciona.

Baiestorf: Este Cinebarca acontece numa semana pesada à cultura/ciência/educação, em que o Museu Nacional foi literalmente reduzido às cinzas. O que você gostaria de falar sobre isso, sobre este descaso secular do brasileiro à cultura, ao saber, à ciência, à educação.

Eloisa: Acreditamos que existem maiores interesses por trás deste descaso, pois a cultura no Brasil sempre foi utilizada como um jogo político, embora existam vários meios de se introduzir a cultura para a sociedade, olhando por esse lado não é espantoso a realidade em que nos encontramos. O caso do Museu Nacional só nos mostra a importância que a cultura tem para o país. Sabemos que a única maneira de preservar a história do país é tendo acesso a ela. Talvez seja necessário para o brasileiro, e principalmente ao poder público, compreender que para se construir um futuro é preciso conhecer e reconhecer o passado, através dele se tem muitas respostas da situação que vivemos hoje, saber que a cultura é algo que vai sendo construído, que para existir o novo é preciso do velho como base para novas concepções.  É lamentável saber que a cultura no Brasil cada vez mais perde o seu valor, mas aí cabe a nós resistirmos e lutarmos por ela, pois a cultura faz parte da essência do homem.

Baiestorf: Pequenas ações, como o projeto A Barca, acabam sendo atos de resistência ao sucateamento da cultura no Brasil?

Eloisa: Quando se pergunta o que é arte, logo vemos que a sociedade vê e aceita aquilo que está dentro dos seus padrões. Conhecer e produzir arte, seja vindo de um sujeito ou coletivo, já por si é um ato de resistência, pois ele está propondo algo novo para o mundo, tudo o que é novo de início traz um certo estranhamento social, para os acomodados é difícil se abrir para o novo. Ser resistência é continuar movimentando a diversidade cultural, é fugir dos padrões sociais, e esse é nosso intuito como coletivo independente.

Baiestorf: O Espaço é seu Eloisa. Convide as pessoas para o Cinebarca dessa quinta-feira:

Eloisa: HEY ESQUISITO! Nesta quinta-feira 06/09 o bar mais underground do velho oeste abre as portas mais uma vez para o CineBarca Trash. Venha fazer parte da resistência da cultura independente, venha dar o seu apoio à cultura que se encontra oculta em nosso país. Teremos a participação especial do cineasta Petter Baiestorf exibindo seu trabalho cinematográfico independente e abrindo uma roda de conversa sobre o tema Trash. Levante do seu caixão e vá até o SOS bar, junte-se com os demais zumbis da sociedade nessa experiência trasheira que tem início às 21h, esperamos por você!

Programação do CineBarca deste dia 06 de setembro (início 21 horas):

A Noiva do Turvo (2018, 5’) de Loures Jahnke.

O Último Dia no Inverno (2017, 4’) de E.B. Toniolli.

Até Que… E Deu Merda (2017, 5’) de Carli Bortolanza.

Ándale! (2017, 4’) de Petter Baiestorf.

2000 Anos Para Isso? (1996, 12’) de Petter Baiestorf.

Primitivismo Kanibaru na Lama da tecnologia Catódica (2003, 12’) de Petter Baiestorf.

Zombio 2: Chimarrão Zombies (2013, 83’) de Petter Baiestorf.

Cartazes de Ándale!

Posted in Cinema, Posters, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , on novembro 11, 2017 by canibuk

“Ándale!” (2017, 4 min.) – Escrito e dirigido por Petter Baiestorf. Produção: Petter Baiestorf, Carli Bortolanza, E.B. Toniolli e Elio Copini. Produção Executiva: Carli Bortolanza. Direção de fotografia: Uzi Uschi. Edição: E.B. Toniolli. Com: Elio Copini.

Cartaz oficial:

Ándale_Poster1_Oficial

Cartaz Opcional:

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Posters & Capas de VHS da Canibal Filmes

Posted in Cinema, Manifesto Canibal, Posters, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on maio 16, 2017 by canibuk

Infelizmente estou sem tempo algum para atualizar o blog. Mas nessa última semana estava selecionando material que irá fazer parte do livro “Canibal Filmes – Os Bastidores da Gorechanchada” e encontrei um material referente aos nossos lançamentos em VHS (que já estão disponíveis em DVD e que você pode comprar aqui na MONDO CULT):

Posters

1995- O Monstro Legume do Espaço

1996- Blerghhh1

1996- Blerghhh2

1996- Caquinha Superstar a Go-Go1

1996- Caquinha Superstar a Go-Go2

1996- Eles Comem Sua Carne1

1996- Eles Comem Sua Carne2

1996- Eles Comem Sua Carne3

1996- Eles Comem Sua Carne4_Folder

1996- Eles Comem Sua Carne4_Folder2

1997- Bondage 2 Amarre-me Gordo Escroto

1997- Chapado

1998- Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos2

1998-Gore Gore Gays

Lombada das VHS

Lombada VHS- O Monstro Legume do Espaço (1995)

Lombada VHS- Eles Comem Sua Carne (1996)

Lombada VHS- Blerghhh (1996)

Lombada VHS- Bondage 2 Amarre-me Gordo Escroto (1997)

Lombada VHS- Raiva (2001)

Capas de VHS da Canibal Filmes:

VHS- Blerghhh (1996)

VHS- Chapado-Bondage 2 (1997)

VHS- Bondage 2 Capa 2 (1997)

VHS Bondage parte 1 - Capa 2 (1996)

VHS- Bondage parte 1 (1996)

VHS- Caquinha Superstar a Go-Go (1996)

VHS- Eles Comem Sua Carne (1996)

VHS- Festival Psicotrônico Vol 1 (1999)

VHS- Minimalismo Surreal Vol 1 (2002)

VHS- O Monstro Legume do Espaço (1995)

VHS- Raiva (2001)

VHS- Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos

VHS- Zombio (1999)

Petter e poster GGG

Boca do Lixo Style: Download do Sexo Sangrento

Posted in download, erótico, Manifesto Canibal, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 22, 2016 by canibuk

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“Vadias do Sexo Sangrento” (2008, 30 min.) escrito, fotografado, produzido e dirigido por Petter Baiestorf. Maquiagens gore de Carli Bortolanza. Edição de Gurcius Gewdner. Com: Ljana Carrion, Lane ABC, Coffin Souza, PC, Jorge Timm e Petter Baiestorf.

lane-abc-chainsaw-em-vadias-do-sexo-sangrentoAo elaborar o “Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!!” (2007), já pensei numa espécie de trilogia da carne, que se seguiu com este “Vadias do Sexo Sangrento” (2008) e “O Doce Avanço da Faca” (2010). Todos com duração de média-metragens para, num futuro próximo, relançá-los como um longa em episódios intitulado “Gorechanchada – A Delícia Sangrenta dos Trópicos”. Inclusive neste ano de 2016 realizei uma exibição deste projeto “Gorechanchada” no Cinebancários de Porto Alegre com grande participação de público, como todos que ali estavam já conheciam os filmes rolou aquele climão de algazarra que tanto faz com que as sessões Canibal Filmes sejam a diversão que são.

ljana-carrion-coffin-souza-em-vadias-do-sexo-sangrento“Vadias” foi filmado no início do inverno de 2008 em 4 dias de filmagens e um orçamento de R$ 5.000,00. Reuni praticamente a mesma equipe de “Arrombada” (que já estava afinada) acrescida de Lane ABC e Jorge Timm (que não estava no elenco do filme anterior por estar em Tocantins). Com um roteiro melhor em mãos, cheio de metalinguagem (tentando avançar nas ideias que estava desenvolvendo na época em produções como “Palhaço Triste” (2005) e “A Curtição do Avacalho” de 2006) e pouca abertura para improvisações, fomos pro Rancho Baiestorf rodar um filme que deveria parecer improvisado do início ao fim (gosto da leveza que o clima de improvisação dá numa produção).

vadias-do-sexo-sangrentoNão lembro de nenhum contra tempo nas filmagens de “Vadias”. Foi um daqueles raros casos em que tudo deu certo e não tivemos problemas. Filmávamos apenas durante o dia (acho que apenas duas ou três seqüências que foram filmadas à noite) e ao anoitecer rolava um jantar regado à muita bebida, o que deixava a equipe e elenco bem descontraídos. O frio ainda não estava castigando, o que foi essencial para manter o bom humor do elenco que passava 90% do tempo pelado pelo set. Amo filmar com equipe reduzida, 12 pessoas no set (incluindo elenco) é o que considero o ideal, bem diferente de “Zombio 2” onde tivemos 72 pessoas trabalhando sem parar durante 23 dias.

ljana-baiestorf-e-coffin-em-vadias-do-sexo-sangrentoO lançamento do filme rolou num esquema muito parecido com o que já havíamos feito com o “Arrombada” e o relançamento de “Zombio” (1999). Desta vez resgatamos e re-editamos o policial gore “Blerghhh!!!” (1996) para relançar e completar o programa das exibições. Logo nos primeiros meses computamos 5 mil espectadores para o filme (em salas alternativas, cineclubes e mostras independentes) e as vendas do DVD duplo do filme foram de quase mil cópias. Possibilitou a produção de “Ninguém Deve Morrer” (2009) e a parte final da trilogia, “O Doce Avanço da Faca” (2010).

Todas as histórias de filmagens de “Vadias” irei contar no livro de bastidores que estou elaborando. Aguardem!!!

Para ler o roteiro de Vadias do Sexo Sangrento.

Para baixar VADIAS DO SEXO SANGRENTO.

Comprar DVD duplo de “Vadias do Sexo Sangrento” com extras e inúmeros curtas da Canibal Filmes de brinde, entre na loja MONDO CULT.

por Petter Baiestorf.

Fotos de bastidores de Vadias:

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Lane ABC e Ljana Carrion.

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Filmagens tão animadas que todos dançavam o tempo inteiro.

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Sangue cor de rosa.

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Bortolanza preparando o elenco.

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Ljana Carrion.

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Lane ABC, Ljana, Bortolanza e Jorge Timm.

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Lane, Ljana e Bortolanza.

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Jorge Timm.

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Lane e Ljana.

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Tapando as vergonhas.

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Souza e Ljana prontos para filmar.

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PC sendo preparado por Bortolanza para a massagem anal.

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PC tento prazeres incontroláveis com a massagem anal.

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Claudio Baiestorf cuidando das motosserras.

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Lane e Souza in Brazilian Chainsaw Massacre.

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Eu olhando pro pinto de Souza.

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Bortolanza, PC e Jorge Timm: Equipe dos sonhos delirantes.

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“Me dê uma expressão de horror!”

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Carli Bortolanza.

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Souza olhando pro pinto de PC.

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Elio Copini, Souza e Timm fiscalizando o orifício pomposo de PC.

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Jorge Timm pronto para receber Lane ABC em seu interior.

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Lane ABC autografando a barriga de Jorge Timm.

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Eu subindo numa árvore para tomadas aéreas.

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Eu tentando descobrir ângulos.

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Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Download!!!

Posted in Cinema, download, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 21, 2016 by canibuk

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“Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” (2007, 42 min.) escrito, fotografado, produzido e dirigido por Petter Baiestorf. Maquiagens gore de Carli Bortolanza. Edição de Gurcius Gewdner. Com: Ljana Carrion, Coffin Souza, PC, Gurcius Gewdner e Vinnie Bressan.

Inspirado pelo caso do Juiz Lalau escrevi o roteiro de “Arrombada” em uns 3 dias e chamei uma equipe extremamente reduzida para filmar tudo em 4 dias. Minha ideia era realizar um sexploitation, com muitas cenas de sexo quase explícito, que fosse uma crítica ao poder, mostrar um senador (que também era juiz de direito) se aproveitando da impunidade no Brasil para cometer os mais terríveis crimes, sempre ajudado por seus cães fiéis (um religioso e um profissional liberal, não incluí um militar no bando porque queria deixar a segurança completamente de fora do filme, sem mostrar absolutamente nenhum cão fardado). O filme está cada vez mais atual diante o cenário político – e social – brasileiro, apesar de minha abordagem com toques de humor nonsense em algumas partes do filme.

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As filmagens de “Arrombada” aconteceram no inverno de 2007 e foram extremamente rápidas e sem contratempos. O único problema mais grave que aconteceu durante as filmagens foi que nossa câmera parou de funcionar numa madrugada de externas por causa da umidade, fazendo-nos perder aquela madrugada de trabalhos já que tínhamos apenas uma câmera na produção. Sim, o filme foi feito com orçamento nenhum (acredito que gastamos, ao final de tudo, R$ 1.500,00 na produção). Durante as filmagens algo engraçado era ver a agonia de Coffin Souza com aquele bigodinho Adolf Hitler Stylle, ele estava visivelmente envergonhado de estar usando o bigode daquele jeito, tanto que quando encerramos as gravações a primeira coisa que fez foi ir no banheiro retirar o tal bigodinho da vergonha. Um de nossos passatempos durante as filmagens era convidar ele pra ir até no mercadinho da vila onde estávamos filmando (ele nunca foi junto, lógico).

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Vinnie Bressan, Gurcius, Souza (já sem o bigodinho da vergonha) e Ljana na bebedeira de encerramento das filmagens de “Arrombada”.

Por ser frio demais durante as filmagens, a equipe e elenco se aquecia bebendo vinho vagabundo. Acho que a equipe completa foi Carli Bortolanza, Ljana Carrion, Vinnie Bressan, Gurcius Gewdner, Coffin Souza, PC, Elio Copini, Claudio Baiestorf e eu. Como não rodamos making off desta produção posso estar esquecendo alguém.

cartazarrom“Arrombada” foi lançado em alguns cinemas de SC ainda em 2007, fazendo uma espécie de complemento ao longa-metragem “Mamilos em Chamas” do meu grande amigo Gurcius Gewdner, era uma sessão bastante única na história do cinema brasileiro e o público se divertia demais, nenhuma das sessões foi comportada. No lançamento de “Arrombada” botamos a banda de industrial harsh A Besta para animar o público antes e depois da sessão, também promovemos o re-lançamento de “Zombio” (1999) para essa ocasião e depois desmembramos o programa, com “Arrombada” fazendo sua bilheteria e “Zombio” tendo o re-lançamento à parte. Para as sessões na região de Palmitos/SC, mandei confeccionar um grande cartaz onde se lia “Filmado com meninas da região” e “Não ria!!! Sua irmã pode estar neste filme!!!”, claro que lotou as sessões de caras sedentos pelas garotas da região (Ljana era de Florianópolis, mas a magia do cinema exploitation deve ser mantida). Essas sessões de Palmitos realizamos, ainda, em clima de “proibição”, pessoal chegava meio que escondido nas sessões, tendo um gostinho de estar vivendo nos tempos da lei seca ou da censura militar brasileira. O público adora se sentir parte de algo secreto, é importante fazê-los acreditarem que estão participando de algo fora-da-lei. Claro que o que funcionava 10 anos atrás não quer dizer que ainda funcionará nos dias de hoje.

Para ler o roteiro de Arrombada.

Para baixar ARROMBADA – VOU MIJAR NA PORRA DO SEU TÚMULO!!!

Comprar DVD de Arrombada com extras e inúmeros curtas da Canibal Filmes de brinde, entre na loja MONDO CULT.

por Petter Baiestorf.

Veja o trailer de “Arrombada” aqui:

Algumas fotos de bastidores:

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Gurcius experimentando o olho arrombado.

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Preparando a carne para o churrasco dos poderosos.

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Baiestorf dirigindo Ljana e Souza.

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Ljana repensando a vida e passando frio.

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Ljana sendo maquiada por Carli Bortolanza.

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Repassando o roteiro.

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Elenco se diverte enquanto a equipe técnica prepara alguma tomada.

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Ljana e Souza.

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Baiestorf, Souza e PC.

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Elio Copini colocando as fraldas em Carli Bortolanza.

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Gurcius e Vinnie.

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Erros de gravação geram risadas intermináveis.

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Vinnie e Carli em seu momento Zatoichi.

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Carli Bortolanza preparando o sapato do senador.

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Como cegar um senador.

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Claudio Baiestorf, Ljana, Vinnie e Souza se aquecendo na madrugada fria.

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Repassando o roteiro na madrugada.

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Bortolanza empalando Vinnie.

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Mangueirinhas do chafariz anal.

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Ljana e Gurcius esperando a chamada pra filmar.

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O Chafariz anal de “Arrombada” funciona!!!

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Vinnie e Claudio Baiestorf.

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Por um Punhado de Downloads

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Atenção, muita atenção!

logo-canibal-001Você está penetrando no Mondo Trasho da Canibal Filmes, clicando em qualquer um destes links abaixo disponibilizados você adentrará num universo onde o mal feito é glorificado como o mais valioso dos objetos sagrados, onde a falta de talento é incentivada, onde até mesmo o faxineiro de um grande estúdio conseguiria virar diretor de uma produção. Aqui ninguém é excluído do sonhos de virar uma estrela de cinema. Todas a produções abaixo disponibilizadas foram realizada nos anos de 1990, quando ainda não existiam bons equipamentos de filmagem que fossem baratos e a edição era feita se utilizando de dois vídeo cassetes, o que torna estes filmes ainda mais mongoloides. Estejam avisados, estes links contem o pior do pior, se você acha que possuí bom gosto, clique somente no link da Cadaverous Cloacous Regurgitous. Os links para download estão nos títulos em letras maiúsculas.

Cadaverous Cloacous Regurgitous (1993)

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Demo-Tape

Antes de fazer um filme eu era fanático-radical por noise grind e, junto de meu amigo Toniolli, planejamos montar a banda mais suja do mundo, ou algo assim, afinal éramos apenas uns guris sem nada pra fazer. Eis que nas férias escolares de 1993 fomos para a casa dos pais de Toniolli e gravamos e mixamos a demo-tape “Ópera Indústrial” e intitulamos nossa banda de noise com o belo nome de “CADAVEROUS CLOACOUS REGURGITOUS“. Além de instrumentos tradicionais, também usamos folhas de zinco, motosserras, uma guitarra quebrada com uma corda e, no vocal, uma gravação que Toniolli tinha feito meses antes de porcos sendo castrados. Não satisfeito com essa primeira experiência envolvendo música, em 1999 – desta vez ajudado por meu amigo Carli Bortolanza – gravamos a demo-tape “Anna Falchi”, colocando pra funcionar um projeto de industrial harsh intitulado “Smelling Little Girl’s Pussy” que está junto no zip. “Smelling” não utilizou nenhum instrumento musical, todo o som é produzido com microfonias que criamos com estática de rádio, sujeira sonora e gravamos nos utilizando de uma ilha de edição de vídeo, muitos dos barulhos estranhos captados são oriundos de uma câmera de VHS apontando pra uma tela de TV.

 

Açougueiros (1994)

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Petter Baiestorf em 1994

Logo após finalizar e lançar “Criaturas Hediondas” (1993), oficialmente minha primeira tentativa de fazer um filme, reunimos a mesma turma e fomos para uma casa abandonada (que depois foi reutilizada como cenário para as filmagens de “Eles Comem Sua Carne”) passar dois dias, tempo em que filmamos o “AÇOUGUEIROS“, sendo atacados por terríveis aranhas assassinas durante as madrugadas. Já na primeira noite percebemos que as aranhas era inteligentes e estavam a nossa espreita. Deitávamos em nossos colchonetes e, ligando as lanternas contra o chão, víamos as aranhas se aproximando de nossos corpos com suas oito patas famintas por carne humana. Não dormimos. No dia seguinte filmamos quase todas as cenas do “Açougueiros”, já montando o filme na própria câmera. Anoiteceu novamente. Com medo da volta das aranhas assassinas, todos da equipe dormimos em cima de uma mesa de sinuca. Tão logo desligamos as lanternas, já começamos a escutar os cochichos das malditas aranhas. A madrugada foi louca, com a gente correndo das aranhas pela casa e as eliminando sempre que possível. Lá pelas tantas as aranhas se tornaram mutantes com asas e vinham voando famintas contra a gente. O cozinheiro da produção foi o primeiro a tombar morto diante da fúria das aranhas malignas, tendo convulsões até desfalecer completamente sem vida. Sim, as aranhas haviam se organizado e queriam um banquete… E o banquete era nossa equipe!

 

Criaturas Hediondas 2 (1994)

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Crianças Hediondas

Imediatamente após as filmagens de “Açougueiros”, resolvemos fazer uma continuação do primeiro filme e “CRIATURAS HEDIONDAS 2” tomou forma. As filmagens desta produção aconteceram no sítio de Walter Schilke, que entre outros, foi diretor de produção em “A Dama do Lotação” e de vários filmes de Os Trapalhões. Essas filmagens foram completamente sossegadas, com tudo dando certo e novos colaboradores aparecendo para ajudar o grupo. Após cada dia de filmagens todos retornávamos aos trailers da produção, ganhávamos massagens terapêuticas e participávamos de jantares de gala enquanto uma orquestra de querubins tocava sucessos de Beethoven. Depois de pronto foi exibido, no ano seguinte, na I HorrorCon em São Paulo com relativo sucesso. Neste mesmo ano explodiu a moda Trash no Brasil e ficamos bilionários fazendo filmes ruins.

 

2000 Anos Para Isso? (1996)

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Toniolli em banho de sangue

Sabe-se lá porque, até 1995 eu só pensava em fazer longas-metragens (devia ser algum problema de ego). Mas em 1995 fiz uma experiência em curta-metragem e realizei “Detritos” (curta que atualmente está perdido, mas que continuo tentando achar uma cópia para disponibilizar), gostando bastante da simplificação dos problemas que uma filmagem sempre tem. Então, logo no início de 1996 filmamos “Eles Comem Sua Carne” e um festival de curtas gore da Espanha, tendo assistido “O Monstro Legume do Espaço”, me escreveu solicitando um curta para incluir no festival. Como “Detritos” não era gore, resolvi montar algumas cenas do “Eles Comem Sua Carne” no formato de curta e, assim, surgiu este “2000 ANOS PARA ISSO?“, meu primeiro flerte com cinema experimental.

 

Assista “O Monstro Legume do Espaço” aqui:

Bondage 2 – Amarre-me, Gordo Escroto!!! (1997)

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Denise e Souza

Após as filmagens de “Blerghhh!!!” (1996), tive uma ideia fantástica que rendeu um belo punhado de reais: Fazer um filme de putaria assinado por uma diretora, então combinei com a atriz principal de “Blerghhh!!!”, Madame X, que ela iria assinar nosso próximo filme. Com orçamento mínimo escrevi um roteiro fácil de filmar (sob pseudônimo de Lady Fuck e Carla N. Toscan, afinal, melhor que uma mulher tarada, só três, não?). Fomos pra casa do Jorge Timm, nos trancamos lá durante uns quatro dias e cometemos “BONDAGE 2: AMARRE-ME, GORDO ESCROTO!!!“, com climão de filme de Boca do Lixo final dos anos 70. É uma produção extremamente simples, mas na época do lançamento alardeamos tanto que era escrito e dirigido por mulheres que todo mundo quis assistir.

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José Mojica Marins e seu livro preferido.

 

Fase 98 (1997-98)

Ácido (1997) – este curta filmamos durante as gravações de “Blerghhh!!!” e só montamos um ano depois. Os efeitos de cores sobre as imagens captadas foram inseridas via uma ilha de efeitos analógicos. Acredito que foi meu primeiro vídeo arte, a concepção deste vídeo foi desenvolvida em parceria com o Coffin Souza.

Deus – O Matador de Sementinhas (1997) – No ano de 1997 Carli Bortolanza e eu cuidávamos do castelo da Canibal Filmes, local onde todo o equipamento de filmagem, maquiagens, iluminação e figurinos estavam guardados. Como o tempo de tédio era muito enquanto montávamos guarda para que ninguém invadisse nosso estúdio para roubar ideias e bens materiais, começamos a filmar vários curtas experimentais inspirados em Andy Warhol e Paul Morrissey e, assim, surgiram pequenas brincadeiras como “Crise Existencial”, “O Homem Cu Comedor de Bolinhas Coloridas”, “A Despedida de Susana – Olhos e Bocas” (1998), “9.9 (nove.nove)” e este “Deus – O Matador de Sementinhas”.

“Boi Bom” (1998) – Possivelmente meu filme mais polêmico. Antes de me tornar vegetariano realizei este brutal filme sobre a figura do homem se valendo de assassinato para se alimentar em pleno século XX. Em uma bebedeira falei com Jorge Timm e Carli Bortolanza sobre minha intenção de rodar algo extremamente brutal sobre alimentação envolvendo a matança de animais, mas a ideia ficou ali. Alguns meses depois o Jorge Timm apareceu com tudo combinado, ele já tinha encontrado um abatedouro clandestino que iria nos deixar filmar desde que não identificássemos o local. Chamei o Bortolanza e o Claudio Baiestorf e fomos até o abatedouro filmar. Em tempo: a carne deste boi que aparece no filme foi vendida pra um restaurante – pelo abatedouro, não pela gente – após as filmagens, só vindo a reforçar o que acho da alimentação envolvendo assassinatos. Hoje eu não faria outro filme com este teor, mas não renego o curta, está feito, faz parte de uma fase que eu me preocupava mais em chocar. PACK ÁCIDO+DEUS+BOIBOM.

Assista “A Despedida de Susana – Olhos e Bocas” aqui:

Mantenha-se Demente!!! (2000)

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Bortolanza aplicando fx em Loures

Logo após lançar “Zombio” (1999) escrevi o roteiro insano de “Mantenha-se Demente!!!”, um longa gore que misturava a cultura da região oeste de SC com os delírios japoneses envolvendo putaria com tentáculos. Levantei uma parte do dinheiro necessário para as filmagens e chegamos até a rodar algumas cenas do filme. Mas tudo estava tão capenga e caótico que acabei abandonando o projeto para rodar o “Raiva” (2001). O material filmado acabou por se tornar o curta-metragem “FRAGMENTOS DE UMA VIDA“, montado em 2002. Particularmente, gosto bastante do resultado de surrealismo gore alcançado neste cura improvisado, o que sempre me faz pensar que poderia voltar, hora dessas, a realizar experiências nesta linha.

 

Entrevista com Petter Baiestorf no Set de Zombio 2 (2013)

Acabei de encontrar essa ENTREVISTA que o Andye Iore realizou comigo durante as filmagens de “Zombio 2” (2013). Estou visivelmente cansado mas até que bem lúcido falando sobre o caos que foram os primeiros 12 dias de filmagens de “Zombio 2”. Estou compartilhando com vocês essa entrevista de 17 minutos mais como uma curiosidade mesmo, ela deveria estar nos extras de “Zombio 2” mas por um estranho motivo foi esquecida durante a autoração do DVD oficial de “Zombio 2“. Enfim, palhaçadas de uma produtora de cinema completamente atrapalhada.

Memórias em tom de realismo fantástico de Petter Baiestorf.

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Chapado

Posted in Cinema, download, Manifesto Canibal, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 12, 2016 by canibuk

Chapado (1997, 30 min.) Escrito, Produzido, Estrelado e Dirigido por Petter Baiestorf, Coffin Souza e Marcos Braun. Também estrelando: Jorge Timm no papel de Tor Johnson.

Sinópse: Três michês resolvem se trancar dentro de um filme e ficam se utilizando de todo tipo de drogas em loop toda vez que algum cinéfilo voyeur insiste em ficar tentando entender suas desventuras com as drogas e cinema.

chapado20 anos atrás, em meados de 1996, Coffin Souza e Marcos Braun se reuniram comigo para elaborarmos um roteiro sem começo, meio e fim que simplesmente mostrasse um grupo de amigos se chapando sem qualquer tipo de moralismo ou explicações. Então, ao invés de escrevermos um roteiro, ficamos sentindo as drogas e o álcool durante um mês e registrando sem nos preocuparmos com a narrativa e com o público. A ideia era deixar correr e, depois, ver no que ia dar.

Por motivos mais do que óbvios, não lembro direito das filmagens. Sei que ficamos uns 6 meses nesta experiência lisérgica colhendo material para montar um filme e experimentando sentimentos diversos. Filmamos no Oeste de Santa Catarina, interiorzão do RS e acabamos realizando algumas cenas em Porto Alegre.

digitalizar0027Mas as filmagens tiveram vários momentos divertidos. Antes de começar a experiência fomos até numa festa tradicional da região Oeste e vimos uma iluminação dando sopa num stand de uma concessionária de carros e resolvemos roubar pela curtição de fazer algo errado. E lá fomos Braun e eu completamente grogues de uísque roubar  a luz, só que saímos correndo com ela sem perceber que ainda estava plugada numa tomada, fazendo o maior estardalhaço, com seguranças correndo atrás de nós e o Jorge Timm bêbado com o carro, onde iríamos entrar, em zigue e zague na nossa frente. Depois que iniciamos as filmagens, quase fui atropelado ao filmar sobre a ponte do Rio Uruguai, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A cena em questão não estava sendo gravada ainda, mas depois simulamos novamente para ter o momento no filme (essa cena simulada está no filme). Neste mesmo dia também me pendurei numa escada enferrujada – e quase soltando – que havia no meio da ponte.

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Como queríamos uma cena de impacto no filme, resolvemos invadir um cemitério e cavar uma tumba por lá (vazia, lógico, não somos tão retardados assim). Só que chegando no cemitério avistamos uma cruz gigante e então acabamos realizando uma performance festiva nesta cruz gigante – cena que está no filme – que diz muito sobre o que achamos que qualquer tipo de religião faz com o povo. Assim que terminamos de filmar essa cena apareceu um cortejo fúnebre no cemitério, foi engraçado a gente saindo de fininho com pás, enxadões e o ator se vestindo. Talvez tenhamos traumatizado aquela família que só queria enterrar um ente querido. Em tempo: Os créditos de “Chapado” foram inseridos na metade do filme, então para ver essa cena da cruz é só continuar assistindo o filme pós os créditos finais.

“Chapado” nunca foi oficialmente exibido em lugar nenhum, sabemos que não é um filme para qualquer audiência. Mas foi feito e adquiriu vida própria, então volta e meia alguém que viu ele nos tempos do VHS (ele era comercializado numa fita junto do “Bondage 2 – Amarre-me, Gordo Escroto!!!“) me comenta que curte ficar sentindo o filme enquanto fuma um. Em DVD ele faz parte do DVD “Festival Psicotrônico Vol. 1”.

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Se você quiser conhecer o filme, pode baixar clicando no nome do filme: CHAPADO. Claro que é bem possível que você venha a odiar essa produção e achar que perdeu meia hora de sua vida (caso seja um destes fãs de cinemão de Hollywood). É só um filme pra ser sentido, como se fosse uma vídeo poesia das mais feias e cretinas – porque poetas, necessariamente, não tem a obrigação de serem bonzinhos e compreensivos.

Falta de lembranças de Petter Baiestorf.

Dei sequencia a essas experiências em 2005 com o filme “Palhaço Triste” que você pode assistir online: