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Nessa quinta-feira, dia 06 de setembro, estarei na cidade de Xanxerê, no Oeste de Santa Catarina, exibindo alguns de meus filmes no SOS Bar, em sessão organizada pelo fantástico coletivo ABarca.
No mês que a Canibal Filmes completa seus 27 anos de resistência underground no cinema brasileiro, nada melhor do que uma sessão realizada aqui no Oeste, local onde tudo começou em 1991. Na sessão que programamos com ABarca vamos exibir filmes de todas as épocas da Canibal (2000 Anos Para Isso? é de 1996, enquanto Ándale! é de 2017), junto de filmes escritos e dirigidos por outros integrantes de nosso grupo, como O Último Dia no Inferno (2017), de E.B. Toniolli, Até Que… E Deu Merda (2017), de Carli Bortolanza, e, A Noiva do Turvo (2018), de Loures Jahnke. Após a sessão deverá rolar um debate comigo, acompanhado de Loures Jahnke e os atores Elio Copini e PC.
Resolvi fazer uma divulgação diferente deste evento que exibirá meus filmes em Xanxerê, ao invés de ser entrevistado por eles para a divulgação, resolvi entrevistar a Eloisa Almeida, que faz parte do coletivo ABarca, e divulgar este projeto lindo que está rolando na cidade de Xanxerê desde 2016 e que acho que todos deveriam apoiar/prestigiar!
Petter Baiestorf: O que é o coletivo ABarca? Seus objetivos e quem faz parte?
Eloisa Almeida: Fundado em julho de 2016, o Coletivo Cultural Abarca foi instituído com o intuito de desenvolver projetos e atividades culturais na cidade de Xanxerê e região. O coletivo surgiu com o interesse de um grupo de amigos em aprender e produzir arte, com um viés social, e movimentar o cenário cultural na cidade. Tem como principal objetivo fomentar a cultura, e que ela seja acessível. Os eventos, ações, oficinas e atividades promovidas pelo coletivo são realizadas em espaços independentes e também com o intuito torná-los públicos, considerando que todo espaço é cultural. Hoje o coletivo conta com 16 membros e está aberto a quem tiver interesse e disponibilidade para participar das ações culturais, e aberto para novas experiências, participando de intervenções artísticas, desde apresentações de teatro, leitura dramática, cinema, poesia e outras formas de arte que estiverem ao alcance do nosso olhar.
Baiestorf: Conte sobre o projeto CineBarca Trash.
Eloisa: O CineBarca é um projeto do coletivo desde 2017, onde tem o objetivo de apresentar exibições cinematográficas em espaços públicos, procuramos valorizar a cena independente e trabalhos autorais da região para que também possam alcançar um maior público. O primeiro CineBarca teve como tema o Cinema Brasileiro em VHS, o qual foi realizado na Casa da Cultura Maria Rosa, em Xanxerê.
Neste ano, dando continuidade ao projeto com o tema Trash, o coletivo organizou quatro exibições, onde o SOS Bar nos abre as portas para o evento. O bar foi escolhido para o evento, justamente pela identificação do espaço com o tema, sendo considerado um ambiente underground que, além disso, se encaixa com o perfil do coletivo. No mês de agosto foram exibidos os filmes, todas as quintas-feiras a partir do dia 16, com seqüência de “Fome Animal” (Braindead), Evil Dead 1 e 2, e From Beyond. Os filmes foram escolhidos a partir do conhecimento que temos sobre o tema, considerando que se tivéssemos um conhecimento maior sobre esse tipo de trabalho regional, o intuito seria propor essas exibições locais. Para concluir as exibições do tema Trash, acontecerá no dia 06/09 um evento com a participação especial do cineasta Petter Baiestorf, o qual estará exibindo seus trabalhos e dando abertura a uma roda de conversa sobre o tema. O vídeo de abertura do projeto foi produzido pelos amigos do coletivo de forma independente, Murilo Salini e Jéssica Antunes.
Pretendemos dar continuidade ao CineBarca com outros temas seguintes, já estamos nos organizando para o próximo tema de “Futuro Distópico”, seguindo com a ideia de quatro exibições e na última, um evento especial, com a participação do nosso amigo Luis Kohl, apresentando seu trabalho musical autoral Antronic. Logo as datas serão divulgadas.
Em relação ao público, está sendo muito gratificante! Conseguimos atingir um público maior do que o esperado para o evento, e percebe que o nosso intuito em apresentar algo novo e despertar a curiosidade tem sido construtivo. Estamos com grandes expectativas para o dia 06/09, inclusive percebemos a ansiedade do público para este momento também.
Baiestorf: Como é o espaço para a cultura independente em Xanxerê?
Eloisa: Não temos um cenário muito bom para a cultura independente em Xanxerê, quando é pensado em formar um grupo cultural vemos que geralmente é procurado patrocínios ou apoio público. Talvez o interesse na cultura independente tenha relação além disso, com o interesse em não vincular diretamente essas instituições. Vê-se também que o público procura grupos prontos para participar ativamente, ao invés de formar um novo grupo.
Baiestorf: Acho extremamente interessante o intercâmbio cultural entre artista da região Oeste. Vocês tem planos de levar à Xanxerê mais cineastas aqui da região?
Eloisa: Temos um grande interesse em dar continuidade ao projeto, trazendo outros cineastas, porém há dificuldades em entrar em contato com essas pessoas, até pela questão financeira, considerando que somos um coletivo independente, para manter nossos projetos temos um caixa para contribuição dos membros e doações, e nem sempre temos um retorno positivo. Mas acreditamos que possa ser questão de organização e fazer acontecer.
Baiestorf: Num âmbito da cultura oficial/institucionalizada, como é o apoio da sociedade de Xanxerê? Minha pergunta é fazendo distinção entre cultura oficial e independente de modo proposital mesmo, visto o descaso com que a cultura é tratada no Brasil.
Eloisa: Vê-se que não apenas em Xanxerê, mas no Brasil, que a cultura institucionalizada recebe um menor apoio, comparando com a cultura oficial, a qual podemos chamar de popular. Mas acreditamos que a questão de ser uma cultura institucionalizada/independente já carrega esse interesse de não se tornar popular, de atingir as minorias e se manter no espaço underground. No caso do nosso coletivo, levamos em consideração isso também, o fato de não nos vincular à outras instituições as quais teriam interesses capitais através da arte, e o nosso interesse é realmente em propor a arte de uma forma livre e independente. Além disto, a sociedade conhece culturalmente daquilo que se tem acesso, e na maioria das vezes comercializado, pois é dessa forma que essas informações chegam a ela, através da grande massa, do que se é mais popular. Em Xanxerê, apesar disso existe um público considerável que aprecia a arte independente, e acreditamos que isso tem relação à esse público estar aberto para o novo, a formas diferentes de arte, e também o motivo pelo qual a grande parte dos xanxerenses não dar tanto apoio a cena independente, por estar acomodado com o que somente o seu meio social proporciona.
Baiestorf: Este Cinebarca acontece numa semana pesada à cultura/ciência/educação, em que o Museu Nacional foi literalmente reduzido às cinzas. O que você gostaria de falar sobre isso, sobre este descaso secular do brasileiro à cultura, ao saber, à ciência, à educação.
Eloisa: Acreditamos que existem maiores interesses por trás deste descaso, pois a cultura no Brasil sempre foi utilizada como um jogo político, embora existam vários meios de se introduzir a cultura para a sociedade, olhando por esse lado não é espantoso a realidade em que nos encontramos. O caso do Museu Nacional só nos mostra a importância que a cultura tem para o país. Sabemos que a única maneira de preservar a história do país é tendo acesso a ela. Talvez seja necessário para o brasileiro, e principalmente ao poder público, compreender que para se construir um futuro é preciso conhecer e reconhecer o passado, através dele se tem muitas respostas da situação que vivemos hoje, saber que a cultura é algo que vai sendo construído, que para existir o novo é preciso do velho como base para novas concepções. É lamentável saber que a cultura no Brasil cada vez mais perde o seu valor, mas aí cabe a nós resistirmos e lutarmos por ela, pois a cultura faz parte da essência do homem.
Baiestorf: Pequenas ações, como o projeto A Barca, acabam sendo atos de resistência ao sucateamento da cultura no Brasil?
Eloisa: Quando se pergunta o que é arte, logo vemos que a sociedade vê e aceita aquilo que está dentro dos seus padrões. Conhecer e produzir arte, seja vindo de um sujeito ou coletivo, já por si é um ato de resistência, pois ele está propondo algo novo para o mundo, tudo o que é novo de início traz um certo estranhamento social, para os acomodados é difícil se abrir para o novo. Ser resistência é continuar movimentando a diversidade cultural, é fugir dos padrões sociais, e esse é nosso intuito como coletivo independente.
Baiestorf: O Espaço é seu Eloisa. Convide as pessoas para o Cinebarca dessa quinta-feira:
Eloisa: HEY ESQUISITO! Nesta quinta-feira 06/09 o bar mais underground do velho oeste abre as portas mais uma vez para o CineBarca Trash. Venha fazer parte da resistência da cultura independente, venha dar o seu apoio à cultura que se encontra oculta em nosso país. Teremos a participação especial do cineasta Petter Baiestorf exibindo seu trabalho cinematográfico independente e abrindo uma roda de conversa sobre o tema Trash. Levante do seu caixão e vá até o SOS bar, junte-se com os demais zumbis da sociedade nessa experiência trasheira que tem início às 21h, esperamos por você!
Programação do CineBarca deste dia 06 de setembro (início 21 horas):
A Noiva do Turvo (2018, 5’) de Loures Jahnke.
O Último Dia no Inverno (2017, 4’) de E.B. Toniolli.
Até Que… E Deu Merda (2017, 5’) de Carli Bortolanza.
Ándale! (2017, 4’) de Petter Baiestorf.
2000 Anos Para Isso? (1996, 12’) de Petter Baiestorf.
Primitivismo Kanibaru na Lama da tecnologia Catódica (2003, 12’) de Petter Baiestorf.
Zombio 2: Chimarrão Zombies (2013, 83’) de Petter Baiestorf.
“Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” (2007, 42 min.) escrito, fotografado, produzido e dirigido por Petter Baiestorf. Maquiagens gore de Carli Bortolanza. Edição de Gurcius Gewdner. Com: Ljana Carrion, Coffin Souza, PC, Gurcius Gewdner e Vinnie Bressan.
Inspirado pelo caso do Juiz Lalau escrevi o roteiro de “Arrombada” em uns 3 dias e chamei uma equipe extremamente reduzida para filmar tudo em 4 dias. Minha ideia era realizar um sexploitation, com muitas cenas de sexo quase explícito, que fosse uma crítica ao poder, mostrar um senador (que também era juiz de direito) se aproveitando da impunidade no Brasil para cometer os mais terríveis crimes, sempre ajudado por seus cães fiéis (um religioso e um profissional liberal, não incluí um militar no bando porque queria deixar a segurança completamente de fora do filme, sem mostrar absolutamente nenhum cão fardado). O filme está cada vez mais atual diante o cenário político – e social – brasileiro, apesar de minha abordagem com toques de humor nonsense em algumas partes do filme.
As filmagens de “Arrombada” aconteceram no inverno de 2007 e foram extremamente rápidas e sem contratempos. O único problema mais grave que aconteceu durante as filmagens foi que nossa câmera parou de funcionar numa madrugada de externas por causa da umidade, fazendo-nos perder aquela madrugada de trabalhos já que tínhamos apenas uma câmera na produção. Sim, o filme foi feito com orçamento nenhum (acredito que gastamos, ao final de tudo, R$ 1.500,00 na produção). Durante as filmagens algo engraçado era ver a agonia de Coffin Souza com aquele bigodinho Adolf Hitler Stylle, ele estava visivelmente envergonhado de estar usando o bigode daquele jeito, tanto que quando encerramos as gravações a primeira coisa que fez foi ir no banheiro retirar o tal bigodinho da vergonha. Um de nossos passatempos durante as filmagens era convidar ele pra ir até no mercadinho da vila onde estávamos filmando (ele nunca foi junto, lógico).
Vinnie Bressan, Gurcius, Souza (já sem o bigodinho da vergonha) e Ljana na bebedeira de encerramento das filmagens de “Arrombada”.
Por ser frio demais durante as filmagens, a equipe e elenco se aquecia bebendo vinho vagabundo. Acho que a equipe completa foi Carli Bortolanza, Ljana Carrion, Vinnie Bressan, Gurcius Gewdner, Coffin Souza, PC, Elio Copini, Claudio Baiestorf e eu. Como não rodamos making off desta produção posso estar esquecendo alguém.
“Arrombada” foi lançado em alguns cinemas de SC ainda em 2007, fazendo uma espécie de complemento ao longa-metragem “Mamilos em Chamas” do meu grande amigo Gurcius Gewdner, era uma sessão bastante única na história do cinema brasileiro e o público se divertia demais, nenhuma das sessões foi comportada. No lançamento de “Arrombada” botamos a banda de industrial harsh A Besta para animar o público antes e depois da sessão, também promovemos o re-lançamento de “Zombio” (1999) para essa ocasião e depois desmembramos o programa, com “Arrombada” fazendo sua bilheteria e “Zombio” tendo o re-lançamento à parte. Para as sessões na região de Palmitos/SC, mandei confeccionar um grande cartaz onde se lia “Filmado com meninas da região” e “Não ria!!! Sua irmã pode estar neste filme!!!”, claro que lotou as sessões de caras sedentos pelas garotas da região (Ljana era de Florianópolis, mas a magia do cinema exploitation deve ser mantida). Essas sessões de Palmitos realizamos, ainda, em clima de “proibição”, pessoal chegava meio que escondido nas sessões, tendo um gostinho de estar vivendo nos tempos da lei seca ou da censura militar brasileira. O público adora se sentir parte de algo secreto, é importante fazê-los acreditarem que estão participando de algo fora-da-lei. Claro que o que funcionava 10 anos atrás não quer dizer que ainda funcionará nos dias de hoje.
Você está penetrando no Mondo Trasho da Canibal Filmes, clicando em qualquer um destes links abaixo disponibilizados você adentrará num universo onde o mal feito é glorificado como o mais valioso dos objetos sagrados, onde a falta de talento é incentivada, onde até mesmo o faxineiro de um grande estúdio conseguiria virar diretor de uma produção. Aqui ninguém é excluído do sonhos de virar uma estrela de cinema. Todas a produções abaixo disponibilizadas foram realizada nos anos de 1990, quando ainda não existiam bons equipamentos de filmagem que fossem baratos e a edição era feita se utilizando de dois vídeo cassetes, o que torna estes filmes ainda mais mongoloides. Estejam avisados, estes links contem o pior do pior, se você acha que possuí bom gosto, clique somente no link da Cadaverous Cloacous Regurgitous. Os links para download estão nos títulos em letras maiúsculas.
Cadaverous Cloacous Regurgitous (1993)
Demo-Tape
Antes de fazer um filme eu era fanático-radical por noise grind e, junto de meu amigo Toniolli, planejamos montar a banda mais suja do mundo, ou algo assim, afinal éramos apenas uns guris sem nada pra fazer. Eis que nas férias escolares de 1993 fomos para a casa dos pais de Toniolli e gravamos e mixamos a demo-tape “Ópera Indústrial” e intitulamos nossa banda de noise com o belo nome de “CADAVEROUS CLOACOUS REGURGITOUS“. Além de instrumentos tradicionais, também usamos folhas de zinco, motosserras, uma guitarra quebrada com uma corda e, no vocal, uma gravação que Toniolli tinha feito meses antes de porcos sendo castrados. Não satisfeito com essa primeira experiência envolvendo música, em 1999 – desta vez ajudado por meu amigo Carli Bortolanza – gravamos a demo-tape “Anna Falchi”, colocando pra funcionar um projeto de industrial harsh intitulado “Smelling Little Girl’s Pussy” que está junto no zip. “Smelling” não utilizou nenhum instrumento musical, todo o som é produzido com microfonias que criamos com estática de rádio, sujeira sonora e gravamos nos utilizando de uma ilha de edição de vídeo, muitos dos barulhos estranhos captados são oriundos de uma câmera de VHS apontando pra uma tela de TV.
Açougueiros (1994)
Petter Baiestorf em 1994
Logo após finalizar e lançar “Criaturas Hediondas” (1993), oficialmente minha primeira tentativa de fazer um filme, reunimos a mesma turma e fomos para uma casa abandonada (que depois foi reutilizada como cenário para as filmagens de “Eles Comem Sua Carne”) passar dois dias, tempo em que filmamos o “AÇOUGUEIROS“, sendo atacados por terríveis aranhas assassinas durante as madrugadas. Já na primeira noite percebemos que as aranhas era inteligentes e estavam a nossa espreita. Deitávamos em nossos colchonetes e, ligando as lanternas contra o chão, víamos as aranhas se aproximando de nossos corpos com suas oito patas famintas por carne humana. Não dormimos. No dia seguinte filmamos quase todas as cenas do “Açougueiros”, já montando o filme na própria câmera. Anoiteceu novamente. Com medo da volta das aranhas assassinas, todos da equipe dormimos em cima de uma mesa de sinuca. Tão logo desligamos as lanternas, já começamos a escutar os cochichos das malditas aranhas. A madrugada foi louca, com a gente correndo das aranhas pela casa e as eliminando sempre que possível. Lá pelas tantas as aranhas se tornaram mutantes com asas e vinham voando famintas contra a gente. O cozinheiro da produção foi o primeiro a tombar morto diante da fúria das aranhas malignas, tendo convulsões até desfalecer completamente sem vida. Sim, as aranhas haviam se organizado e queriam um banquete… E o banquete era nossa equipe!
Criaturas Hediondas 2 (1994)
Crianças Hediondas
Imediatamente após as filmagens de “Açougueiros”, resolvemos fazer uma continuação do primeiro filme e “CRIATURAS HEDIONDAS 2” tomou forma. As filmagens desta produção aconteceram no sítio de Walter Schilke, que entre outros, foi diretor de produção em “A Dama do Lotação” e de vários filmes de Os Trapalhões. Essas filmagens foram completamente sossegadas, com tudo dando certo e novos colaboradores aparecendo para ajudar o grupo. Após cada dia de filmagens todos retornávamos aos trailers da produção, ganhávamos massagens terapêuticas e participávamos de jantares de gala enquanto uma orquestra de querubins tocava sucessos de Beethoven. Depois de pronto foi exibido, no ano seguinte, na I HorrorCon em São Paulo com relativo sucesso. Neste mesmo ano explodiu a moda Trash no Brasil e ficamos bilionários fazendo filmes ruins.
2000 Anos Para Isso? (1996)
Toniolli em banho de sangue
Sabe-se lá porque, até 1995 eu só pensava em fazer longas-metragens (devia ser algum problema de ego). Mas em 1995 fiz uma experiência em curta-metragem e realizei “Detritos” (curta que atualmente está perdido, mas que continuo tentando achar uma cópia para disponibilizar), gostando bastante da simplificação dos problemas que uma filmagem sempre tem. Então, logo no início de 1996 filmamos “Eles Comem Sua Carne” e um festival de curtas gore da Espanha, tendo assistido “O Monstro Legume do Espaço”, me escreveu solicitando um curta para incluir no festival. Como “Detritos” não era gore, resolvi montar algumas cenas do “Eles Comem Sua Carne” no formato de curta e, assim, surgiu este “2000 ANOS PARA ISSO?“, meu primeiro flerte com cinema experimental.
Assista “O Monstro Legume do Espaço” aqui:
Bondage 2 – Amarre-me, Gordo Escroto!!! (1997)
Denise e Souza
Após as filmagens de “Blerghhh!!!” (1996), tive uma ideia fantástica que rendeu um belo punhado de reais: Fazer um filme de putaria assinado por uma diretora, então combinei com a atriz principal de “Blerghhh!!!”, Madame X, que ela iria assinar nosso próximo filme. Com orçamento mínimo escrevi um roteiro fácil de filmar (sob pseudônimo de Lady Fuck e Carla N. Toscan, afinal, melhor que uma mulher tarada, só três, não?). Fomos pra casa do Jorge Timm, nos trancamos lá durante uns quatro dias e cometemos “BONDAGE 2: AMARRE-ME, GORDO ESCROTO!!!“, com climão de filme de Boca do Lixo final dos anos 70. É uma produção extremamente simples, mas na época do lançamento alardeamos tanto que era escrito e dirigido por mulheres que todo mundo quis assistir.
José Mojica Marins e seu livro preferido.
Fase 98 (1997-98)
Ácido (1997) – este curta filmamos durante as gravações de “Blerghhh!!!” e só montamos um ano depois. Os efeitos de cores sobre as imagens captadas foram inseridas via uma ilha de efeitos analógicos. Acredito que foi meu primeiro vídeo arte, a concepção deste vídeo foi desenvolvida em parceria com o Coffin Souza.
Deus – O Matador de Sementinhas (1997) – No ano de 1997 Carli Bortolanza e eu cuidávamos do castelo da Canibal Filmes, local onde todo o equipamento de filmagem, maquiagens, iluminação e figurinos estavam guardados. Como o tempo de tédio era muito enquanto montávamos guarda para que ninguém invadisse nosso estúdio para roubar ideias e bens materiais, começamos a filmar vários curtas experimentais inspirados em Andy Warhol e Paul Morrissey e, assim, surgiram pequenas brincadeiras como “Crise Existencial”, “O Homem Cu Comedor de Bolinhas Coloridas”, “A Despedida de Susana – Olhos e Bocas” (1998), “9.9 (nove.nove)” e este “Deus – O Matador de Sementinhas”.
“Boi Bom” (1998) – Possivelmente meu filme mais polêmico. Antes de me tornar vegetariano realizei este brutal filme sobre a figura do homem se valendo de assassinato para se alimentar em pleno século XX. Em uma bebedeira falei com Jorge Timm e Carli Bortolanza sobre minha intenção de rodar algo extremamente brutal sobre alimentação envolvendo a matança de animais, mas a ideia ficou ali. Alguns meses depois o Jorge Timm apareceu com tudo combinado, ele já tinha encontrado um abatedouro clandestino que iria nos deixar filmar desde que não identificássemos o local. Chamei o Bortolanza e o Claudio Baiestorf e fomos até o abatedouro filmar. Em tempo: a carne deste boi que aparece no filme foi vendida pra um restaurante – pelo abatedouro, não pela gente – após as filmagens, só vindo a reforçar o que acho da alimentação envolvendo assassinatos. Hoje eu não faria outro filme com este teor, mas não renego o curta, está feito, faz parte de uma fase que eu me preocupava mais em chocar. PACK ÁCIDO+DEUS+BOIBOM.
Assista “A Despedida de Susana – Olhos e Bocas” aqui:
Mantenha-se Demente!!! (2000)
Bortolanza aplicando fx em Loures
Logo após lançar “Zombio” (1999) escrevi o roteiro insano de “Mantenha-se Demente!!!”, um longa gore que misturava a cultura da região oeste de SC com os delírios japoneses envolvendo putaria com tentáculos. Levantei uma parte do dinheiro necessário para as filmagens e chegamos até a rodar algumas cenas do filme. Mas tudo estava tão capenga e caótico que acabei abandonando o projeto para rodar o “Raiva” (2001). O material filmado acabou por se tornar o curta-metragem “FRAGMENTOS DE UMA VIDA“, montado em 2002. Particularmente, gosto bastante do resultado de surrealismo gore alcançado neste cura improvisado, o que sempre me faz pensar que poderia voltar, hora dessas, a realizar experiências nesta linha.
Entrevista com Petter Baiestorf no Set de Zombio 2 (2013)
Acabei de encontrar essa ENTREVISTA que o Andye Iore realizou comigo durante as filmagens de “Zombio 2” (2013). Estou visivelmente cansado mas até que bem lúcido falando sobre o caos que foram os primeiros 12 dias de filmagens de “Zombio 2”. Estou compartilhando com vocês essa entrevista de 17 minutos mais como uma curiosidade mesmo, ela deveria estar nos extras de “Zombio 2” mas por um estranho motivo foi esquecida durante a autoração do DVD oficial de “Zombio 2“. Enfim, palhaçadas de uma produtora de cinema completamente atrapalhada.
Memórias em tom de realismo fantástico de Petter Baiestorf.
Se eu tivesse que escolher o pior filme que já produzi , acredito que este “Caquinha Superstar a Go-Go” seria o escolhido (e olha que já produzi muita porcaria nestes meus 25 anos de produtor gorechanchadeiro). Tenho lembranças maravilhosas desta produção, mas simplesmente nada funciona com nada na tela. Não tem ritmo, não tem história, não tem produção. Mas assumo toda a culpa, ou pelo menos metade de toda a culpa, com certo orgulho. Metade porque o filme foi co-produzido pelo Coffin Souza e sei que ele também tem boas lembranças desta produção, já se gosta do filme nunca perguntei.
Caquinha meditando
Em 1996 eu tinha produzido apenas o “Eles Comem Sua Carne” com o Souza dividindo a função (no “O Monstro Legume do Espaço” ele tinha sido apenas ator) e como o filme teve uma boa aceitação no mercado underground, resolvemos produzir o “Caquinha Superstar a Go-Go” que seria continuação simultânea do Monstro Legume e do Eles Comem (temos cenas filmadas com o Caquinha interagindo com as personagens do Eles Comem, mas resolvi não incluir no filme sei lá porque). E mais, na época também queríamos filmar mais rápido do que o Roger Corman, então tivemos a brilhante ideia de jerico de montar um cronograma de apenas duas noite e um dia de filmagens (até porque o orçamento disponível pro filme não teria permitido muitos dias a mais). Como se isso não bastasse, o filme ainda era um musical e eu não tinha experiência nenhuma com o gênero além de ser fã. E, também, havia discordâncias minhas com Souza de como filmar aquele roteiro ruim. Então o desastre já se anunciava muito antes das filmagens terem início.
Caquinha e Tracy
Mas quando você tem um desastre anunciado na mão o que tu faz?… Vai com tudo de cabeça, certo?… E foi o que fizemos. Chamamos o E.B. Toniolli para interpretar o Caquinha, reunimos os outros desajustados que nos acompanhavam na época e filmamos na correria, sem cuidados técnicos, sem estrutura alguma e, o pior, discutindo o tempo inteiro. Foi uma experiência boa porque no filme seguinte que produzimos em parceria, “Blerghhh!!!” (também de 1996), Souza e eu nos acertamos quanto ao que cada um fazia na produção e tudo passou a funcionar melhor… Bem, melhor daquele jeito Canibal Filmes, lógico!
Jorge Timm e Coffin Souza
Não existem muitas histórias divertidas durante os dois dias de filmagens, até porque a gente trabalhou essas 48 horas sem parar (não lembro de ter dormido durante estes dois dias). Talvez o fato mais divertido caótico era o descontentamento do elenco com a produção, agravado pelo fato de que escrevi o filme se passando no verão mas filmei em pleno inverno do sul do Brasil e naqueles dois dias a temperatura estava numa média de zero graus, tendo sido um dos invernos mais rigorosos que o sul já teve notícia. Naquelas cenas em que as meninas de bikini encontram Caquinha, quase no fim do filme, o frio era tão intenso que as meninas tremiam sem parar sob minhas ordens que incluíam a cada minuto a frase: “ânimo meninas, é verão! É Verãoooo!”. Para as cenas internas da casa de Caquinha (filmamos numa casa abandonada que não tinha nem energia elétrica, nosso eletricista – Claudio Baiestorf – realizou um “gato” na rede pública) o frio era tanto nas madrugadas que cortamos um latão e mantivemos carvões queimando o tempo todo para esquentar o ambiente.
Na época o melhor produto relacionado ao filme foi a trilha sonora composta pela banda paulista Trap. Enquanto passávamos frio os paulistas estavam compondo músicas maravilhosas para o filme, até hoje lamento não ter conseguido fazer um filme à altura da fantástica trilha sonora que Johnny e companhia nos entregaram. Essa trilha sonora foi lançada em CD no ano seguinte, 1997, numa prensagem feita no Canadá e contrabandeada para dentro do Brasil para burlar os impostos. Não é fácil a vida de produtor vagabundo, tu acaba virando uma espécie de mafioso da cultura. Como este CD esgotou anos atrás, você pode ouvi-lo baixando no link a seguir: TRILHA SONORA DE CAQUINHA SUPERSTAR A GO-GO.
“Caquinha Superstar a Go-G0” teve seu lançamento feito num bar de Porto Alegre com direito a presença de toda a equipe, elenco e a banda Trap animando o público com a trilha sonora. Enquanto o filme era exibido botamos um ator fantasiado de gorila arrancando as roupas de algumas atrizes contratadas para o lançamento. O público delirava com o que via, era interação completa entre o filme e a plateia. É uma lei obrigatória para produtores de filmes vagabundos: Se você tem um filme ruim trate de animar o público de alguma maneira!
Em Outubro agora, pra ser mais exato no dia 04, minha produção “Blerghhh!!!” estará fazendo seus 20 anos. Visto hoje em dia este filme até pode parecer uma produção bem simples, mas em plenos anos 90 – quando você não tinha equipamentos para filmar, não tinha maquiadores profissionais e nem dinheiro algum – foi uma das produções mais elaboradas e profissional entre o pessoal que produzia vídeos de horror no Brasil.
Poster de Blerghhh!!! (1996)
Jorge Timm com fx sendo aplicado por Coffin Souza
Foram 11 dias de filmagens sem interrupções, com uma equipe de umas 25 pessoas e apenas 2 mil reais no orçamento (imagino que hoje ele custaria entre 12 e 15 mil reais para ser produzido). Na equipe os únicos profissionais eram David Camargo (falecido em 2008), ator de teatro, e o maquiador Júlio Freitas, responsável pela cabeça mecânica que aparece no filme (ambos de Porto Alegre). O resto da equipe foi formada pelo pessoal que já estava me acompanhando desde a produção de “O Monstro Legume do Espaço” (1995) e “Eles Comem Sua Carne” (1996), produções onde tentamos “afinar” o pessoal. Trabalharam comigo todo o grupo que fez a Canibal Filmes ficar conhecida: E.B Toniolli (que já me acompanhava desde “Lixo Cerebral Vindo de outro Espaço“, produção inacabada de 1992), Carli Bortolanza (em seu primeiro trabalho como maquiador), Coffin Souza, Marcos Braun, Loures Jahnke (que interpretou o Monstro Legume original), Airton Bratz (o Chibamar Bronx), Claudio Baiestorf (falecido em 2009), Jorge Timm (falecido em 2012), Doroti Timm (falecida em 2001), Viola (falecido em 2013) e outros talentos da época.
Coffin Souza
Como de costume num autêntico Canibal Filmes, nada foi calmo durante essa produção: Tempestades da mãe natureza, traficante preso durante as filmagens, muito caos etílico durante os 11 dias, atores quebrando um quarto de hotel nos intervalos das filmagens (nunca consegui pagar essa conta, mas o dono do estabelecimento continua meu amigo) e, quando menos se esperava, alguém correndo pelado pelo set (que é algo que adoro, porque tenho orgulho dos meus sets naturalistas sem lei e sem ordem, apesar de que dou uns chiliques as vezes). Inclusive teve até uma diária que eu, que estava dirigindo o caos todo, acabei perdendo por estar bêbado demais. Os bons tempos do amadorismo selvagem.
David Carmargo, Madame X e Jorge Timm
“Blerghhh!!!” foi lançado no final de 1996 e, no ano seguinte, causou um transtorno com a Sociedade Brasileira de Artes Fantásticas quando foi retirado da programação da terceira HorrorCon que acontecia na Gibiteca Henfil (São Paulo/SP) porque, na minha falta de maturidade, não topei a censura de 18 anos que queriam colocar no filme. Não achava que os poucos peitinhos que aparecem no filme eram motivo para tal censura, mas na época eu ainda não tinha o jogo de cintura que adquiri com o passar dos anos de produções polêmicas e submundo exploitation.
Júlio Freitas tirando molde da cabeça de ator para construção da cabeça decepada.
Atualmente “Blerghhh!!!” é um filme pouco lembrado – porque ficou bastante datado – mas acredito que foi um filme importante para o gênero fantástico brasileiro que, naqueles já longínquos anos de 1990, ainda nem sonhava com o florescer que teria após 2013 com o surgimento de toda uma nova geração de cineastas.
Para conhecer o filme clique no nome: “BLERGHHH!!!” (O filme que você vai ver neste arquivo é a re-edição de 2008). Divirta-se!
Dando prosseguimento aos filmes que estou colocando para download, segue hoje a produção “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997, 118 min.).
“Super Chacrinha…” foi uma pausa nos filmes extremos que eu vinha fazendo naquela época. Não tem ligação nenhuma com os goremovies anteriores que tinha feito – como “O Monstro Legume do Espaço” (1995), “Eles Comem Sua Carne” (1996) ou “Blerghhh!!!” (1996) – , nem com os posteriores que foram ainda mais radicais ao misturar gore com pornografia – como “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997), “Boi Bom” (1998), “Gore Gore Gays” (1998) ou “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998).
“Super Chacrinha…” tem forte inspiração do filme “Abismu” (1977) do Rogério Sganzerla, entre outras produções experimentais (a citar algumas: “Matou a Família e Foi ao Cinema” (1970) de Júlio Bressane, “Cabeças Cortadas” (1970) de Glauber Rocha, “Meteorango Kid: O Herói Intergalático” (1969) de André Luiz de Oliveira e “Bang Bang” (1971) de Andrea Tonacci). Não ficou tão bacana quanto estes clássicos que o inspiraram, lógico,mas é um filme que gostei muito de realizar. Acredito que os envolvidos na produção se divertiram muito mais do que o público vá se divertir. Impossível saber quem pode gostar deste filme (já tive espectador me confidenciando que adorou cada momento do filme e espectador versando sobre o quanto é medíocre).
As filmagens aconteceram em 4 meses durante o ano de 1997, com um roteiro que eu ia elaborando a cada dia durante a produção. Funcionava mais ou menos assim: Eu chegava num cenário com a equipe e bolava as cenas na hora. Inicialmente o filme teria 4 horas, mas quando estava editando, com ajuda de Carli Bortolanza, optamos por deixá-lo com a metade da duração originalmente planejada. O filme é uma espécie de road-movie marginal, foi filmado em uns 12 municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, incluindo a cidade de Gramado onde acontecia o vigésimo quinto Festival de Gramado e, em sistema de guerrilha completo, entramos nas comemorações com nossas câmeras e filmamos algumas pontas de globais pro filme (não lembro de cabeça, mas acho que aparecem no filme, além do Ivan Cardoso, Marcos Palmeiras, Hugo Carvana, José Lewgoy e a mãe de Glauber Rocha). Todo o dinheiro arrecadado com bilheterias dos meus filmes anteriores sumiu realizando o “Super Chacrinha…”. Foi divertido para quem integrou a equipe desta produção (se não me falha a memória, Jorge Timm, Claudio Baiestorf, Carli Bortolanza, E.B. Toniolli e José Salles foram as pessoas que me acompanharam durante toda a produção).
Em 2015 fui convidado para realizar um dos episódios do longa-metragem coletivo “13 Histórias Estranhas”. No mesmo dia comecei a pesquisar projetos abandonados do cinema mudo e me deparei com um projeto de curta que iria adaptar o conto “The Colour Out of Space” de H.P. Lovecraft no ano de 1928. O roteiro de tal projeto era escrito pelo próprio Lovecraft adaptando seu conto escrito no ano interior. Achei que seria uma boa tentar fazer uma versão baiestorfiana daquela ideia e assim comecei a pré-produção do episódio “A Cor que caiu do Espaço”.
Como estava completamente sem dinheiro por aquelas épocas (por conta da produção de “Zombio 2:Chimarrão Zombies“), apresentei o projeto para minha amiga Shunna (que foi uma das investidoras de “Zombio 2”) e ela disponibilizou o dinheiro necessário para levantar a produção e pagar atores/técnicos envolvidos no projeto. Filmamos tudo em uma madrugada com uma equipe bem pequena (se não me falha memória, no set estavam comigo apenas Leyla Buk, Carli Bortolanza e os atores Coffin Souza, Elio Copini, Jessy Ferran e o Airton “Chibamar” Bratz) e depois editei com o E.B. Toniolli em mais uns dois dias de trabalhos no intuito de sujar as imagens (hoje me arrependo de não ter sujado ainda mais).
Com “A Cor que caiu do Espaço” tentei realizar um mix entre cinema experimental, sci-fi e cinema marginal, que são três de minhas paixões. O resultado é este curtinha que vocês podem baixar aqui: A COR QUE CAIU DO ESPAÇO.
Quanto ao longa-metragem coletivo “13 Histórias Estranhas”, não faço ideia de quando será lançado oficialmente.
Em 2006 eu estava com a idéia fixa de refilmar o clássico “The Incredible Melting Man” (1978) de William Sachs. Comecei a escrever um roteiro chamado “Meleca” que abandonei e, chamando Coffin Souza prá me ajudar, re-organizei as idéias em um roteiro re-intitulado “Meleca Carne Líquida”. Quando começamos a filmar me toquei que estava ficando clichê demais e resolvi re-escrever o roteiro a mão mesmo (veja no final do post, scanner do roteiro escrito a mão), já com novo título de “A Curtição do Avacalho” e depois escrevi um roteiro mais detalhado (que posto scanner dele também porque perdi o word dele). Publicando aqui as quatro versões do roteiro que de refilmagem de filme gore se transmutou numa pequena peça de experimentação marginal autoral de política anarquista.
“A Curtição do Avacalho” produzi sem nenhum puto no bolso. Reuni amigos, algumas pessoas que me pediam para participar dos filmes e iniciamos as filmagens de final de semana (foram uns 5 finais de semana de gravações, o que deu uns 10 dias). Não paguei ninguém. Este longa-metragem foi finalizado em 5 técnicos/atores (eu, Elio Copini, Claudio Baiestorf, Ivan Pohl e Everson Schütz) se revezando nas funções (a cena final filmamos com a câmera no tripé e absolutamente ninguém por trás dela). Foi neste filme que fiz um de meus erros técnicos mais célebres. Meio desanimados (no último final de semana das filmagens), eu e os técnicos que restaram, começamos a encher a cara durante as filmagens (a parte final do filme foi toda filmada conosco bêbados) e acabei filmando duas vezes uma mesma seqüência sem perceber, mesmo com Everson Schütz dizendo “A gente filmou isso ontem!” e eu rebatendo irritado: “Não filmou não, fica atento!”. Editando o filme, eu e Gurcius já cansados e dormindo na mesa de edição, montamos errado a seqüência onde Kika derrete, assumimos este erro e o deixamos no filme. É gostoso demais errar!
Depois de pronto “A Curtição do Avacalho” foi exibido em algumas poucas mostras de cinema experimental e nunca encontrou seu público (por, talvez, não existir público pro cinema anarquista).
música: “Brazuzan – Taller Than A Hill” (TUATHA De DANANN) (?)
Santiago Segura Pinto, homem, solteiro, adulto, 23 anos + -, viciado em Coca-Cola.
Em casa abre uma latinha de coca-cola e bebe em sua sala.
Opções: * garrafa clássica sendo bebida ao pôr do sol na sacada.
* garrafa de plástico 600ml sendo bebida na cozinha.
* garrafa plástica 2 litros sendo bebida na privada durante evacuações.
* garrafa fresca-festiva sendo bebida na sala assistindo TV alienante.
Seq. 02 – Oficina Copini/dia
música: repete.
Repetição das opções de garrafas em locais do serviço. Seu companheiro de serviço sempre bebendo uns goles também. Bebe sempre, inclusive durante o serviço.
Opções: * copos plásticos da Coca-Cola.
* Bonés,camisas,calendários, etc… com a marca Coca-Cola.
Seq. 03 – Locais de lazer/dia
música: repete.
Repetições de opções de garrafas agora em locais de lazer da personagem.
OpÇões: * praça CNEC.
* Bar montado no prédio Apollo.
* praça central de Palmitos.
* piscinas da ilha redonda.
Seq. 04 – Casa Baiestorf/dia
música:
Close numa latinha de Coca-Cola sendo aberta. Santiago dá um gole sentado no sofá na frente da TV que exibia o filme “The Incredible Melting Man”.
Sente uma pústula de pus na cara (maquiadores definam o local), vermelha, irritada. Santiago começa coça-la. Quando sua empregada-faxineira lhe traz nova lata de Coca-cola.
EMPREGADA: É melhor o senhor não coçar isso aí, vai que vira em ferida!
SANTIAGO S.P. :Vou passar alguma coisa!
Levanta-se e sai fora, carregando a latinha de Coca-Cola.
Seq. 05 – Casa Baiestorf/dia
música:
Santiago entra no banheiro, bebe um gole de coca-cola e mexe com os dedos na pústula.
Aperta pensando ser uma espinha e faz a meleca interior respinga para longe.
Fica surpresso com o buraco pútrido que fica em sua testa.
Percebe novas pústulas em seu corpo.
De sua testa continua vazando gosmas malcheirosas.
Pega curativos e sai do banheiro.
Seq. 06 – Casa Baiestorf/dia
música:
Na cozinha a empregada lavava louça.
Santiago chega com curativos na mão.
SANTIAGO S.P.: Acho que é um berne!
EMPREGADA:Que coisa nojenta seu Santiago!… Vou fazer o curativo, mas não sou paga prá essas nojeiras!
Faz o curativo enquando seu braço fica próximo ao nariz de Santiago, que o cheira e num impulso primata lambe-o.
A empregada olha prá ele.
EMPREGADA: Seu Santiago… Hoje não tô a fim de sacanagens!!!
Santiago lambe e pega-a pela mão e morde furiosamente.
Sangue respingando no chão. Grito da empregada. Tombo da empregada. Facada no peito da empregada que tem suas miudezas retiradas de seu peito diretamente à boca de Santiago.
Gore básico.
Seq. 07 – créditos iniciais.
música:
CANIBAL FILMES
apresenta
um filme de Petter Baiestorf.
Seq. 08 – animação por computador.
música: repete.
Cara bebendo uma Coca-Cola, após bebe-la derrete formando o título do filme:
MELECA
Seq. 09 – créditos iniciais.
música: repete.
Elenco:
Equipe-Técnica principal.
Seq. 10 – Ruas do interior de Palmitos que vai para Linha do Sr. Andrade/dia.
música: “número 19” (The Fugs) (?)
Rapaz está fugindo, já ferido com pústulas de pus iguais as de Santiago S.P., de João Travado (sujeito adulto, de óculos escuro, terno, barba por fazer) que leva em suas mãos um revólver.
Pelas plantações o rapaz em fuga ia tropeçando.
João Travado para ao lado da estrada, fica olhando-o correr.
Rapaz fugitivo entra na mata e após alguns minutos correndo para perto de arbustos, d’onde surge um ser quase mutante chamado FREAKY (mão esquerda possuí um facão, barba estilo caipiras americanos, roupa portando um colete de latas de coca-cola) que o sufoca com as mãos.
Rapaz cai ao chão morto.
João travado chega e descarrega seu revólver no morto. Depois pega um pedaço de pau e bate mais sobre o morto enquanto Freaky pica-o com sua mão facão. Depois uma motoserra e picam o defunto (vísceras animais espalhadas por todos os lados), depois pegam um moedor de carne e moem toda a carne do infeliz fazendo um amontoado pegajoso, depois jogam gasolina sobre o defunto capturado e tacam fogo.
Enquanto o infeliz queima os dois gargalham de prazer.
Pegam as cinzas numa latinha de cerveja que Freaky bebeu durante o fogo.
Seq. 11 – casa Baiestorf/dia
música:
Santiago Segura Pinto terminando de comer as vísceras da empregada. Closes em seus dentes mordendo as vísceras.
Ao que percebe o que estava fazendo.
Nota que suas mãos estavam gelatinosas.
Levanta-se e vai ao banheiro.
Seq. 12 – casa baiestorf/banheiro/dia
música:
Em frente ao espelho da pia percebe sua carne gelatinosa.
Enfaixa suas mãos e rosto e, após colocar uma jaqueta, sai do banheiro.
Câmera acompanhando-o sair do banheiro, passando pela sala, saindo pela porta, tomando um elevador,
Porta se fecha e a câmera fica registrando os números dos andares até chegar ao térreo.
Seq. 13 – Auto peças Bola/escritório/dia
música:
Os agentes entram em seu escritório.
Depositam as cinzas num cofre onde haviam outros recipientes com cinzas.
Sobre a mesa estava uma fita VHS. Colocam a fita num vídeo. Close da VHS dentro do vídeo funcionando.
Palestra do Dr. Marins começa na tela da TV.
< Dr. Marins falando >
< montar isto depois >
Na fita, uma voz anuncia que dentro de dez segundos a fita se destruirá. Os agentes ficam afobados, retiram-na com presa de dentro do vídeo cassete e com um martelo Freaky quebra-a histericamente.
Desligam a TV e sentam em seus sofás e cadeiras.
FREAKY:É bom que continue dando efeitos colaterais, assim teremos nosso emprego assegurado por um bom tempo TRAVADO:Isso mesmo… E com licença para matarmos!!!
FREAKY: Manter a ordem e os bons costumes, este é meu lema!
Seq. 14 – Rua/externa do Posto de Saúde/dia
música:
Câmera rente ao chão segue uma trilha de gosma pingada (podemos incluir uma orelha ?) até levantar e revelar que Santiago Segura Pinto estava caminhando pela rua entre meio aos pedestres.
Se dirige ao Posto de Saúde.
Seq. 15 – Consultório de Gabriel/dia
música:
Sala de espera abarrotada de pacientes.
Santiago entra e precisa esperar por algum tempo.
Além das vítimas habituais colocar um personagem com fratura exposta (braço quebrado com osso aparecendo) que conta para Santiago que foi atacado por um monstro verde do espaço.
PERSONAGEM 01: Sei lá o que aconteceu… Só sei que fui atacado por trás por um monstro verde, era um monstro legume…Ou vegetal…Ou algo assim do tipo hortaliças e o puto me arrebentou o braço…
Nisso a enfermeira chama Santiago. Que levanta-se e entra no consultório.
Seq. 16 – Auto-peças do Bola/dia
música: Han Bennink And ICP Orchestra (número 8)
Agentes descansando.
Freaky faz um casaquinho de lã usando um óculos para melhor enxergar, com as mangas de sua camisa arregaçadas revelando uma estranhas feridas.
Travado fumava um baseado, tira sua camisa revelando várias feridas em suas costas.
FREAKY:Tem algo estranho com estes caras derretidos… Acho que eles são radioativos!!!
TRAVADO: É… Também tô achando isso… (depois de um tempinho)… O que é radioativo???
Seq. 17 – Consultório Gabriel/dia
música:
Médico examina Santiago. Não fala muito, apenas resmunga consigo próprio.
MÉDICO: Acomode-o num quarto!!!
Após a enfermeira sair com Santiago Segura Pinto, o médico pega o telefone e liga para os agentes.
MÉDICO:Alô… Freaky???… Encontrei mais um viciado… Gostaria de tê-los por perto enquanto realizo alguns testes neste rapaz… Ele me pareceu mais consciente do que os outros… Certo!!! Certo… Tchau!!!
E desliga o telefone. Fica sentado em sua mesa pensativo.
Até que faz uma carreira de cocaína e dá uma fungadinha, sabe como é, pro dia ser mais hilário…
Seq. 18 – Auto-peças Bola/dia
Música: Julius Fucik (número 18 – grandes clássicos) “Marcha De Florencia”
Os agentes se vestem por vários ângulos, ajeitam suas armas, pareciam cansados com sua atividade, mas o dever os chamava pela milésima vez naquele mês.
Seq. 19 – quarto do hospital/dia
música:
Numa cama Santiago estava deitado, totalmente enfaixado (como no Incrível Homem Que Derreteu), com soro no braço.
Seq. 20 – Consultório Gabriel/dia
Música:
Médico conversando com os agentes.
MÉDICO:Este viciado me parece diferente dos outros, vou testar uma nova vacina nele para tentar reverter a situação… Qualquer progresso eu chamarei vocês, ok?
FREAKY: Certo Doutor… Só me responda uma pergunta: Estes caras derretidos são radioativos, certo?
MÉDICO: Sim Freaky… Você e Travado estão tendo contato direto com radiação celular que se expande juntamente das gosmas carnículas desprendidas do corpo dos viciados…
Close nos rostos dos três personagens. Alguns segundos de silêncio.
FREAKY:Nós… Nós vamos morrer?
MÉDICO:Não fale bobagem Freaky, você está ficando sentimental… O que foi?… arranjou uma namorada nova?
FREAKY: Não, só que sou muito novo para morrer!!!
MÉDICO:Não se preocupe tanto, este tipo de radiação que se expande juntamente das gosmas carnículas tem cura, não é um câncer qualquer… (e o médico pega um pacote de hóstias dentro da gaveta) … Basta comerem três vezes ao dia estas hóstias sagradas pelo santo padre de roma para que os sintomas desapareçam ao final desta missão…
FREAKY:Obrigado Doutor!!!
MÉDICO:Não precisa me agradecer, agora vão que os chamarei quando for necessário!!!
Seq. 21 – Rua/externa do posto de saúde/noite
música:
Ângulo externo do posto de saúde a noite.
Seq. 22 – Quarto de hospital/noite
música:
Santiago se levanta e se olha num espelho. Fica revoltado ao retirar as bandagens e perceber que estava começando a derreter.
A enfermeira entra e ao vê-lo deixar cair sua bandeja com apetrechos hospitalares e sai correndo.
Santiago vai atrás dela.
Seq. 23 – Corredor de algo parecido com hospital/noite.
Música:
Enfermeira correndo em câmera lenta.
Visão do Santiago com suas mãos derretidas em primeiro plano.
Enfermeira arrebenta uma porta (?) e corre no estacionamento, onde é mutilada por Santiago, que a mutila com as mãos, remexendo seu estômago, arrebentando um de seus braços e abrindo-a para devorar seus deliciosos órgãos vitais internos.
Closes de tela cheia nas vísceras.
Closes de tela cheia em Santiago devorando os órgãos sangrentos.
Closes em melecas que caem ao chão.
Vísceras pisadas pelo Santiago.
Após se banquetear com a carne da enfermeira, Santiago pega o braço decepado e num único golpe enfia-o no rabo dela.
Caminhar com câmera num travelling humorístico se afastando do cadáver da enfermeira com o braço hilário saindo do rabo da enfermeira, como se fosse uma fina flor nascendo num estacionamento perdido num deserto de vazios existênciais.
(tranformar em uma mutilação completamente absurda e exagerada).
SEGUNDO ROTEIRO:
MELECA
roteiro de Petter Baiestorf
baseado em argumento de
Petter Baiestorf & Coffin Souza.
CANIBAL FILMES
apresenta
01- noite
Sangue respinga contra algo meio branco.
Close numa cabeça detonada com sangue jorrando e algumas tripas vazando do estômago.
As tripas borbulhavam num vermelho escuro macabro de tão aproximado que está na tela.
Plano aberto revelando dois agentes. Seguram armas estranhas e possuem figurino fodão.
COFFIN: Será que ele está morto?
SÃO FODAS: Certifique-se disso!!!
Coffin mutila o corpo já morto fazendo tripas e mais sangue respingar para todos os lados, num banho de sangue repleto de ângulos tortuosos de câmera não parada, sempre na mão, ângulo com filmadora rente ao chão com tripas caindo contra ela até obstruir por completo a visão.
Fazer com a filmadora permaneça ali parada com uma montanha de tripas em tela cheia, para ouvir o diálogo:
COFFIN: Será que ele está morto?
SÃO FODAS: Acho que sim !!!
COFFIN: Então vamos… Hoje tem o último capítulo da novela das oito e não quero perder…
Passos são escutados, por detrás das tripas o espectador percebe que os agentes estão se afastando.
02 – dia. (rio Uruguai-rancho baiestorf).
Close em na boca de Schütz que está bebendo uma garrafa de 2 litros de coca-cola, câmera se afasta revelando sua sede por alimentos industrializados.
Schütz estava fazendo um piquenique com sua noiva que ainda não aparece.
De sua testa estava vertendo algo parecido com uma meleca pustulenta. Vai até o espelho de seu carro e aperta a ferida fazendo respingar uma gosma contra o espelho de modo exagerado. Verte gosmeira prá tudo que é lado, inclusive sobre uma fatia de pão que estava sobre uma toalha xadrez de pik nik no banco do carroneiro.
Schütz se levanta e sai em direção ao rio.
SCHÜTZ: Bela, Bela… Tira essa espinha nojenta da minha testa!!!
Bela sai de bikini das águas poluídas do Rio Uruguai. Caminha até Schütz e olha com nojo prá ferida melequenta. Espreme a ferida e respinga contra seu corpo, em jorros generosos e melequentos.
BELA: Aí, que nojo!!!… Você é um porco!!!
E dá-lhe um tapa na cara.
BELA: E acabou tudo entre a gente, não vou ficar saindo com um leproso sem educação…
SCHÜTZ: Mas o que é que eu fiz?
Fica parado com meleca vertendo de sua testa.
Bela senta-se no carro onde coloca uma camiseta branca (fica de bikini por baixo) e pega a fatia de pão levando-a boca e mastigando-a de maneira gulosa.
BELA: E vou embora de a pé… Adeus!!!
E sai caminhando determinada a ir embora.
Close em Schütz com sua cara surpresa, com meleca escorrendo por entre seu rosto.
Pega um pacote de Doritos da Elma Chips e come tristemente, bebericando mais coca-cola, diz;
SCHÜTZ: Sorte que tenho vocês que não me abandonam!!!
E abraça seus amiguinhos alimentícios industrializados numa demonstração de amor.
Respinga gosma contra a lente da filmadora ao se aproximar do rosto de Schütz.
03- dia
Agentes estão numa sala mal iluminada onde vemos seu chefe na penumbra, sem revelar nada de seu físico.
MASTER: Coffin, você e São Fodas deverão ir atrás de Schütz, outro elemento que começou a derreter… (entregando um envelope)… Aqui tem uma foto dele e de sua adorável noivinha…
COFFIN: Sim Master, Deixe essa divertida missão conosco, traremos os restos mortais deste viciado em alimentos industrializados para vosso delicioso projeto gastronômico intergaláctico magistral…
E os três gargalham de maneira clichê, tipo “dominarei o mundo”, após isso os dois agentes saem dali.
04- dia
Na floresta dos cogumelos saltitantes, Bela estava perdida.
BELA: Mas que merda, onde está aquela trilha… Schütz… Schütz… (chama por seu amado gritando).
Uma mão decomposta entra no plano da filmadora sendo colocada na árvore que está em primeiro plano no canto esquerdo da tela, com Bela ao fundo em segundo plano.
Bela se vira de frente para a filmadora e detrás da árvore surge Schütz derretido em boa parte de seu corpo visível.
Pega em Bela que se vira gritando e ao perceber que era ele, dá-lhe um tapa no rosto e grita:
BELA: Não me assuste mais, seu idiota!!!
Schütz desnorteado fica olhando-a e aí tenta mordê-la, leva um novo tapa no rosto.
BELA: O que é que tu tá fazendo, palhaço!!!
SCHÜTZ: Não sei… O cheiro da tua carne é delicioso, tenho vontade de comê-la… (e aí morde a BELA, arrancando um naco de carne)…
Ela empurra-o e ele rasga sua camiseta banca. Ela sai correndo e ele atrás.
05 – Dia – frente a sub-estação.
Garotona caminha em frente a sub-estação de Palmitos. Música estúpida com ângulos engraçados.
Revelar Coffin & São Fodas olhando para uma foto de Schütz.
COFFIN: Acho que é nosso infectadado… (diz isso com um sorriso debochado no rosto).
SÃO FODAS: É, sem sombra de dúvida é ele!!!
E os dois vão até lá e matam a mulher com requintes de crueldade. Preparar baldes e baldes de sangue e vísceras.
Após detonarem a vítima, Coffin mexe nos bolsos da vítima (antes retiram relógio de pulso, corrente, dinheiro, etc…) e pegando a carteira olha os documentos.
COFFIN: Nossa, não é ela…
SÃO FODAS: Que droga né, isso quer dizer que temos que nos livrar do corpo…
Ambos se entre-olham e cada um pega um naco de carne da gorda e começam a come-la alucinados. Câmera nervosa, closes nos dentes, gosmas ensangüentadas, etc…
06- Dia
Schütz perseguindo sua noiva, que cai num barranco e é morta por estacas pontiagudas, várias delas que respingam sangue por todos os lados.
Schütz morde-lhe o pescoço arrancando um pedaço de carne, mas ao mastigar percebe o que está fazendo e começa a chorar se lamentando de ter matado-a.
Retira-a dali e sai carregando o corpo de sua noiva.
07- Dia
Coffin & São Fodas terminavam de devorar o cadáver da mulher, quando um colono carregando uma enchada chega até eles.
COLONO: O que vocês estão fazendo aqui?
São Fodas atira no colono abrindo-lhe um buraco no peito. O Colono cai morto.
Ambos vão até no corpo e mexem nos bolsos, tirando as coisas de valor.
COFFIN: E esse cara também não é o Schütz!!!
SÃO FODAS: É, não é não!!!
COFFIN: (após olhar as horas no relógio do colono) … São seis da tarde, acabou o expediente porque logo vai escurecer e não gosto de fazer horas extras, amanhã a gente continua as buscas ao viciadinho em comida industrial…
08- Noite – frente a casa no rancho baiestorf.
Close nos olhos melequentos de Schütz.
De cima de um andaime revelar um cenário surreal com uma cama de solteiro, em volta dela pequenas árvores secas e fumaça.
Sobre a cama estava o corpo de Bela, morto, sem vida, mas com feridas brilhantes cortesia dos pedaços de galhos pontiagudos malvados matadores de menininhas que fogem pela mata.
Schütz entra no ângulo (filmado de cima do andaime) e caminha até perto da cama.
Deita-se ao lado de sua noiva morta.
Fumaça. Ângulos entre os galhos secos, close em Schütz, em seus olhos que ainda permaneciam um pouco humanos.
THE FLASHBACK:
09- (praça).
Schütz vestido de mendigo remexendo lixo numa praça pública, quando chega Bela. Olhares clichês do tipo “eu te amo para sempre neste filme” e ambos saem abraçados tipo “encontrei meu amor eterno”.
(casa baiestorf – cozinha)
Em casa, Schütz ainda vestido de mendigo, com uma banana saindo das calças, Bela agarra-a e sorri para ele que sorri de prazer.
(casa baiestorf – sacada da sala)
Schütz de banho tomado, cabelo penteado, comendo uma torta que Bela lhe dava com colherzinha.
(casa baiestorf – cama rick)
Bela deitada com Schütz tirando o chinelo dela e beijando as pernas, do pé em direção a coxa.
Pedir para Kika trazer várias roupas sexys para estes takes.
10 – Noite – frente a casa do rancho baiestorf
Fim do flashback.
Rosto de Schütz coladinho ao de Bela, ao afastar sua face da dela, uma gosmeira fica no lindo rostinho.
Câmera do alto do andaime revelando o cenário estranho.
Schütz beija sua noiva morta na boca.
Câmera na mão andando em volta da cama enquanto Schütz beija-a.
11- Dia – SALA CASA Baiestorf (tela dividida com seq. 12 – edição)
Close numa tela de TV que exibia cenas XXX.
Rapaz batia uma punheta em frente o televisor.
Vários ângulos para ter material para edição.
Ainda batendo punheta, Rapaz caminha até a sacada de sua casa onde tem um orgasmo com a cidade de fundo.
* Durante esta seqüência, deixar apenas gemidos de vagabas XXX).
12- rua einloff 38 (editar com tela dividida)
Diabo, Ivan, Com sua vestimenta bizarra e uma estrela de xerife (ou distintivo) no peito, olhando para cima, quando uma estranha gosma cai em seu rosto.
Segue caminhando (de baixo para cima) até virar a esquina…
13- subestação
Diabo, Ivan, caminhando perto da estação onde outros 2 detetives engravatados olhavam os corpos mutilados da mulher e do colono.
Diabo ergue o pano que cobria o rosto do colono.
Depois o pano que cobria a mulher e ao vê-la ele se levanta estranho.
DIABO: É minha irmazinha…
Close na mulher. Câmera se aproxima de Diabo, o detetive pohlinizado.
DIABO: … Vou matar todos os suspeitos que cruzarem meu caminho, o caos tomará conta do mundo, nada mais será como antes… (e gargalha sadicamente, tipo cientista louco) e sai dali caminhando em frente, para dentro do mato.
Os dois detetives se entreolham.
DETETIVE 01: O Diabo tá chapado… Ele nem tem irmã !!!
DETETIVE 02: Será que ele tem um baseado… (ao falar isso os dois saem atrás dele)…
E a Câmera desce até dentro das vísceras de uma das vítimas.
*** Dentro das vísceras colocar um papel onde se lê em letras garrafais:
CANIBAL FILMES
– apresenta –
14- créditos iniciais
M E L E C A
15- Dia – pátio do rancho baiestorf
*** Coffin e São Fodas estão parados (PM deles). Coffin bate palmas, igual quando se mata um mosquito com as mãos.
Close nas palmas das mãos de Coffin se abrindo, onde se lia num papel:
um filme de
PETTER BAIESTORF
Revelar que estão em frente a noiva de Schütz morta, mutilada e tal.
Coffin atende um celular…
Enquanto Coffin fica dizendo coisas do tipo “Sim, sim… Claro Master… Sim, entendido…Sim, tudo sob controle, etc…” … São Fodas Prepara uma dose de heroína e se injeta no pescoço (ou dentro da boca, embaixo da língua, decidir com técnicos de fx).
Coffin desliga.
COFFIN: Schütz foi para o norte, o Master está rasteando-o com a ajuda dos militares de Brasília… Só temos um problema: Diablo, aquele policial louco da Federal se meteu no caso… Temos que tentar fazer aquela mula nos ajudar sem que perceba nada !!!
Câmera se aproxima dos dois, roda ao redor dos dois e baixa até os restos mortais de Bela dando seu adeus ao tão belo cadáver putrefacto.
16- Dia
Schütz encontra uma garota vendendo uma árvore de natal, mata-a (elaborar a forma com técnicos FX).
Árvore cai ao chão enquanto sangue e vísceras a decoram de forma fantasticamente gore-splatter.
Diabo chega ao local deste assassinato dando o flagrante.
Schütz e Diabo lutam e Schütz detona Diabo enfiando-lhe a árvore de Natal no rabo.
Schütz se manda sem devorar ninguém.
Diabo se levanta capengando com a árvore enfiada no rabo, sangue denso vertia das nádegas com alguns pedaços de tripas que ficavam penduradas pelas pernas.
17- Dia
Coffin e São Fodas encontram diabo ferido com a árvore enfiada na bunda. Arrancam-na de sua bunda fazendo com que respingue um absurdo muito grande de sangue.
DIABO: Mataram minha irmã… Preciso de vocês para pegar este tarado!!!
COFFIN: Claro, também estamos atrás desta aberração… Vamos unir forças e extermina-lo!!!
Diabo vai seguindo em frente, Coffin cochicha baixinho para seu colega:
COFFIN: Vamos nos aproveitar deste maluco!!!
18- Dia/ mato
Schütz ataca os dois detetives que bebiam coca-cola no meio do mato. Elaborar uma sangueira de primeira grandeza (ver com fx man).
Após mata-los, devora alguns pedaços de carne humana com generosos goles de coca-cola.
19- dia/ Mato
Schütz se empanturrava com a carne dos detetives quando Coffin, São Fodas e Diabo aparecem por trás.
Montar um clima de faroeste italiano em tom de farsa. Enriquecer com vários closes e uma montagem dinâmica e música hipnótica para duelos fakes. Schütz pega uma arma dos detetives, lógico!!!
CLIMA, CLIMA, CLIMA…
Silêncio, nervosismo…
Sem diálogos…
São Fodas Saca um baseado e acende neste clima todo. E traga prazeirosamente.
O duelo é feito ao modo antigo.
E o resultado ? … O RESULTADO: Coffin é morto com um balaço na cabeça ! Diabo cai ao chão baleado quase que mortalmente no Saco Escrotal ! E São Fodas nada percebe, pois a maconha era da boa !!!
Schütz se aproxima do grupo pós o duelo e São Fodas lhe alcança o baseado que ele pega e traga majestosamente com um prazer gotejante. Diabo fuçava em sua ferida no saco para retirar a bala.
Schütz vai embora com o baseado,
São Fodas acende outro baseado,
Diabo arranca a bala do saco se contorcendo de dor.
20 – dia/ Pátio de festas do Rancho.
Close em um balde de tinta com as mãos de um artista de vanguarda se sujando todo de tinta, totalmente colorido. Ao fazer o plano aberto, revelar um artista se sujando de tinta defronte à um pano branco estendido no chão com vários outros sentando a sua volta tocando violão e bongôs.
Ele se atira sobre o pano branco criando arte. ARTE NÃO COMERCIAL!!!
E todos festejam de modo histérico uma volta a condição de primatas não pensantes.
O quadro fica pronto e é levado pelos festeiros até perto de umas árvores.
Câmera correndo junto deles, entre meio, loucura, sons, barulhos…
Junto a mesa, o artista discursa:
VANGUARDEIRO: A arte escapa do meu inconsciente como um peido alado que escapa de meu cu!!!
VANGUARDEIRO: A arte está acabada… Morte à arte antes que seja tarde demais!!!
E gritando como índios estendem o pano e o encharcam de gasolina e tacam fogo. Tudo se queima. Quem guardou a obra na cabeça preencheu um pouco do seu vazio existencial, já quem não memorizou não perdeu nada.
VANGUARDEIROS: Mate a arte antes que o curador apareça com um cheque polpudo!!!
VANGUARDEIROS: Vamos comer a arte comercial!!!
VANGUARDEIROS: Canibalizar, Canibalizar, Canibalizar a arte!!!
E servem um banquete com DVD’s comerciais (filmes de Hollywood), fitas VHS de grandes filmes, livros de grandes autores de best-sellers, revistas estúpidas, CD’s, etc…
Mostrar os artistas comendo tudo, devorrando a arte que devorra nossos cérebros…
21- dia
Vanguardeiros estavam fazendo a sesta, alguns bebiam chimarrão, alguns dormiam em redes, alguns bebiam vinho do gargalo da garrafa, alguns escreviam poemas em pedaços de papel usado, etc…
Schütz aparece para eles no horizonte.
VANGUARDEIRO: Pelo amor do acaso, este homem é uma criatura derretida, olhem as formas dadaístas orgânicas dele…
Todos se levantam cercando Schütz admirados com sua forma derretida.
Schütz num gesto amistoso alcança o baseado para um artista que pega-o e fuma.
VANGUARDEIRO: Estamos diante da evolução humana, quando as mãos do artista conseguirão domar a podridão da carne para criar novas formas para o corpo humano…
VANGUARDEIRO: Conte-nos o segredo mestre do sonho amorfo…
VANGUARDEIRO: Mostre-nos o caminho sagrado ao cogumelo perfeito que revelará para nós os métodos de criação sem limites formais e morais…
E um vanguardeiro trás um corpo podre sobre uma mesa.
Câmera se aproxima do corpo podre, autopsiado, putrefacto e uma cruz cristã se levanta de seu interior… E depois mais outra e mais outra e mais outra criando um jardim cristão putrefacto que todos olham admirados e gritam:
VANGUARDEIROS: Mostre-nos o caminho mestre!!! (e ficam repetindo isso enquanto a câmera se afasta).
22- anoitecer
São Fodas e diabo sentados num local deserto com o sol se pondo às suas costas. Carregavam suas armas.
São Fodas espalha uma carreira de cocaína e cheira. Diabo também faz uso da substância.
Se levantam fazendo pose de atores de filmes de ação pronto para matar todos os seres do planeta…
23- noite/ Rancho/ Trovões e chuva.
Artistas bebiam com Schütz na chuva, estavam festejando a chegada do messias dadaísta…
VANGUARDEIROS: Com a chegada do Mestre, Messias do Caos, a criatura iluminada, sentimos que é o momento de criarmos a zona autônoma de Kanibaru onde todos serão iguais e criarão obras-primas que durarão segundos…
Close numa espingarda que dispara.
O vanguardeiro que falava tem sua cabeça arrebentada e cai morto.
Cria-se o caos com gente para todos os lados, tiroteio, mortos ensanguentados, perdendo tripas com simples tiros e chuva e raios e trovões e cãmera nervosa no meio de todos…
Todos vão sendo mortos, Diabo leva uns balaços e cai morto, sendo mutilado por um vaguardeiro de facão numa cena gore extrema…
Schütz ataca São Fodas que também é arrebentado, revelando seu sangue de cor VERDE ESCURO.
Todos os Vanguardeiros estão mortos, a verdadeira arte nem teve tempo de nascer.
Barros e lama, alguns se arrastando pelo chão, Schütz caminha embora,etc…
Bolar muita coisa de improvisso na hora. COMBINAR os fxs possíveis antes…
24- Dia/ rancho
Galinhas comendo entre meio aos cadáveres sujos de sangue e vísceras exageradas. São Fodas se levanta e sai cambaleante.
Escolher uma música tocante climatica.
E ele caminha em direção a cidade (revelar a cidade ao fundo, filmar num dos morros perto de palmitos)
25- dia/
São Fodas entra numa sacristia onde um padre lhe abençoa. Eram conhecidos um do outro. O padre lhe aplica uma dose de heroína na veia e bebe uisque da garrafa rotando como o verdadeiro porco que sua profissão lhe obrigava a ser.
São Fodas fica melhor com a dose de heroína.
SÃO FODAS: Preciso ir até o Master!!!
PADRE: Sim, eu sei… O Master está te esperando…
26- dia (filmar a noite pelo clima)/oficina Copini.
São Fodas e o padre entram numa sala onde o Master estava sentado na penumbra (revelava somente metade de seu corpo) junto de engravatados, fumava um charuto que cada pouco se acendia no escuro, uma grande ponta vermelha.
MASTER: Sentem-se…
São Fodas e o padre sentam-se.
MASTER: Logo localizaremos o Schütz, o exército já está cuidando disso… O mais importante é que fechei negócios com mais fábricas de comida industrializada para infectarmos os humanos e com isso teremos papinha de terráqueos para nossos bebês por muito tempo… Nosso negócio de papinhas para bebês alienígenas se tornará um monopólio imperial em todos os cantos do sistema solar… Sucesso absoluto do capitalismo neo-liberal…
Todos os engravatados aplaudem…
Um militar entra na sala.
MILITAR: Senhor Master, localizamos o Schütz no quadrante Souza…
MASTER: Ótimo, eu mesmo comandarei essa caçada, afinal, eu também quero me divertir…
Ao falar isso ele se levanta.
Música do THE CRAMPS – “Mojo Man From Mars” no áudio.
Câmera sobe até perto do peito, corte.
Câmera faz travelling da direita para esquerda até o peito, corte.
Câmera faz travelling da esquerda para direita até o peito, corte.
Câmera sobe da cintura até no rosto ainda na escuridão, aí Master dá um passo para a frente e revelar se um Monstro Legume de óculos escuro, que gargalha cafajestemente.
São Fodas se levanta também e retira sua máscara humana se revelando também um monstro legume do espaço sideral.
Ambos caminham contra a Câmera.
27- dia/escombros de pesagem em Maravilha.
Schütz estava derretendo nos escombros de uma construção sob sol forte perto da cidade de Maravilha.
Levanta-se derretendo e sai caminhando naquele labirinto de escombros, revelando um mosaico caótico.
Sai para fora da construção após caminhar pelos escombros internos revelando o solão insuportável.
Um carro para perto dele e os dois Monstros legumes saem do carro.
Novo duelo em homenagem ao cinema western spaghetti. Criar todo clima clichês, desta vez com Schütz derrendo, pingando líquidos, etc…
Tiros…
Schütz cai morto.
28- dia/ pesagem Maravilha
Monstro colocam a carne de Schütz (que ainda derretia) numa lata com uma pazinha. Após isso vão embora deixando para trás partes impuras e roupas de Schütz (idéias FX Man ???).
Câmera rente ao chão, em primeiro plano os restos derretidos de Schütz, ao fundo o carro se afstando…
Fade-out???
29- Oficina copini
Carregando latas de carne derretida.
Master fiscalizando tudo.
Elaborar algo que talvez lembre uma porta de Espaçonave. Isopor, cola e criatividade…
30- ???
Espaçonave levando tudo ao planeta ML.
Elaborar ela saindo do planeta terra, etc…
Talvez com uma sequencia do punheteiro vendo a nave partir de sua sacada no Apolo???
Elaborar algo deste gênero.
31- dia/ Sala Baiestorf apollo.
Numa sala os ML + padre + engravatados + militar estavam assistindo Mojica falar sobre o quanto Coca-cola faz mal prá saúde.
Um publicitário entra na sala com uma fita VHS na mão. Diz ser o novo comercial que incentiva os humanos a comer mais o consumo de comida industrializada.
Fita no Vídeo. Close interno nas engrenagens dele funcionando.
32-
Sobre imagem de inúmeros rótulos de produtos multinacionais (principalmente comida e bebida) colocar um texto (bolar ainda) incentivando a comer estes produtos, como se fosse importante para sua sobrevivência.
33- Créditos gerais finais…
Música:
34- Rodar aqui mais um pedaço do filme, utilizando mais uma aventura do Monstro Legume, elaborar algo bem divertido e trasheira anos 50, tipo filme de MONSTERS. Filmar após concluir as filmagens anteriores do “Meleca”, para depois revelar que o filme não acabou com os créditos finais.
Fazer várias ligações complicadas com personagens que achamos estarem mortos, como Diablo (que não morreu) e outras supressas que revelarei no sermão da colina.
Bem que eu disse para todos que o fim dos tempos seria o Caos. No meu caso, o Caos já teve seu início com o estranho “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha (ou Ainda bem que Jimi Hendrix Morreu)” e sua estética da falta de estética caótica anti-globalizada, onde mostro 118 minutos de Caos que se apossou (ou decidiu por se libertar) de meu cérebro.
Caos e estranheza para meus poucos amigos, já que considero-o meu filme mais pessoal e com uma narrativa boçal que não se permite o luxo de ser compreendida e apreciada pela pessoas de bom gosto (e senso) cinematográfico/videorgiástico.
Um filme único para meu público invisível.
Carli Bortolanza, o indivíduo que me acompanhou de perto nessa viagem repleta de estranhezas, que o diga. Filma!!! Filma!!! Filma!!! Menos teoria e mais Filmes!!! Mais quantidade e menos qualidade!!! Shitsu Yori Ryou!!!… Ou algo nesta linha!!! Mas só quis mostrar o Caos que se esboçava no mundo dos anos 90 e lançar a discussão na forma de um filme insuportável que discutia sobre os insuportáveis conglomerados indústriais do neo-mondo-global.
Apesar de nunca ter sentido atração pelo folclore sertanejo, o fim dos tempos fez com que eu sentisse atração pela estética sertaneja. Pela ignorância dos sertanejos. Pela burrice dos sertanejos e suas modas violas. Super Viola – o Violeiro – e Marcírio fizeram eu compreender um pouquinho as coisas sertanejas, junto daquela canção do disco-voador, antiguinha, carregada com toda a ingenuidade dos sertanejos. Ritmo sertanejo alojado em minhas velhas obsessões. Todas as variantes da chamada cultura alternativa underground, udigrudi, onde tive meu nascimento. Ou ainda, o vigor dos sertanejos perdido entre as perversidades que os curtas da Caos mostram. Ou seja na magnitude intelectual de “Deus – O Matador de Sementinhas” ou ainda nas bolhas cerebrais derretidas dos tempos de lisergia pesada de “O Homem-Cu Comedor de Bolinhas Coloridas” e também, só para finalizar essa punhetagem ególatra, na selvageria primitivista de “Boi Bom”, minha visão sobre os humanos superiores que parasitam no planeta Terra, carnívoros pela comodidade!!!
Mas nada como não precisar (ou sofrer pressões para) explicar minha nova obra de 14 anos atrás. Minha mente finalmente liberta depois deste alegre filme ruim. Quem conseguiu me acompanhar está sentado no chão bebericando de suas vidas gulosas por novidades e viagens (desta vez não lisérgicas) cada vez mais estranhas, mas nunca iguais a nada antes já explorado. Ou não. Ou sim. Quem não acompanhou, simplesmente não perdeu nada. Ou não. Ou sim.
Trilha sonora mais densa, extinção do profissionalismo, fidelidade à liberdade individual e cá (ou lá) deslizamos rumo ao esquecimento na saleta dos malditos felizes livres, algo que vocês poderão experimentar com uma picadinha de leve nas agulhas do “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997, 118 min.), disponível pelo e-mail baiestorf@yahoo.com.br pela ridícula importância de R$ 10 reais (já com correio incluído).
Petter Baiestorf, noite de neve no mês maio de 2011.
Em 1998 eu fui numa feijoada entre amigos que era a despedida de uma amiga minha que ia morar em São Paulo. Como tinha várias pessoas nesta feijoada que não se bicavam, resolvi levar uma filmadora junto e o meu colaborador na Caos Filmes, Carli Bortolanza.
Caos Filmes, para quem não sabe, foi um nome que Bortolanza e eu usamos para fazer uns curtas extremamente pessoais (nesta época Canibal Filmes era mais conhecida por fazer filmes de horror Gore e eu, na minha inocência da juventude, não queria misturar as coisas).
O resultado desta experiência de levar a filmadora junto nesta feijoada foi o curta “A Despedida de Susana – Olhos & Bocas”, uma tentativa de fazer um vídeo poema ao estilo Caos Filmes de ser. Foi uma tentativa de mostrar a falsidade humana através de closes em olhos e bocas. Não é o melhor filme do mundo, mas já que foi feito, vamos divulgar!!!!!
Esse curta foi lançado somente naquela coletânea (ainda em VHS) de curta-metragens malucos que Bortolanza, Coffin Souza e eu tínhamos feito durante os anos de 1995-1998, a coletânea se chamava “Festival Psicotrônico” e tinha 13 curta nossos. Na época que foi lançado ninguém gostou muito deste curtinha.
abaixo, fotinho dos envolvidos na produção deste curta: