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Super Chacrinha e seu amigo Ultra-Shit em crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha

Posted in Cinema, download, Fan Film, Manifesto Canibal, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 24, 2016 by canibuk

Dando prosseguimento aos filmes que estou colocando para download, segue hoje a produção “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997, 118 min.).

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“Super Chacrinha…” foi uma pausa nos filmes extremos que eu vinha fazendo naquela época. Não tem ligação nenhuma com os goremovies anteriores que tinha feito – como “O Monstro Legume do Espaço” (1995), “Eles Comem Sua Carne” (1996) ou “Blerghhh!!!” (1996) – , nem com os posteriores que foram ainda mais radicais ao misturar gore com pornografia – como “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997), “Boi Bom” (1998), “Gore Gore Gays” (1998) ou “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998).

“Super Chacrinha…” tem forte inspiração do filme “Abismu” (1977) do Rogério Sganzerla, entre outras produções experimentais (a citar algumas: “Matou a Família e Foi ao Cinema” (1970) de Júlio Bressane, “Cabeças Cortadas” (1970) de Glauber Rocha, “Meteorango Kid: O Herói Intergalático” (1969) de André Luiz de Oliveira e “Bang Bang” (1971) de Andrea Tonacci). Não ficou tão bacana quanto estes clássicos que o inspiraram, lógico,mas é um filme que gostei muito de realizar. Acredito que os envolvidos na produção se divertiram muito mais do que o público vá se divertir. Impossível saber quem pode gostar deste filme (já tive espectador me confidenciando que adorou cada momento do filme e espectador versando sobre o quanto é medíocre).

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As filmagens aconteceram em 4 meses durante o ano de 1997, com um roteiro que eu ia elaborando a cada dia durante a produção. Funcionava mais ou menos assim: Eu chegava num cenário com a equipe e bolava as cenas na hora. Inicialmente o filme teria 4 horas, mas quando estava editando, com ajuda de Carli Bortolanza, optamos por deixá-lo com a metade da duração originalmente planejada. O filme é uma espécie de road-movie marginal, foi filmado em uns 12 municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, incluindo a cidade de Gramado onde acontecia o vigésimo quinto Festival de Gramado e, em sistema de guerrilha completo, entramos nas comemorações com nossas câmeras e filmamos algumas pontas de globais pro filme (não lembro de cabeça, mas acho que aparecem no filme, além do Ivan Cardoso, Marcos Palmeiras, Hugo Carvana, José Lewgoy e a mãe de Glauber Rocha). Todo o dinheiro arrecadado com bilheterias dos meus filmes anteriores sumiu realizando o “Super Chacrinha…”. Foi divertido para quem integrou a equipe desta produção (se não me falha a memória, Jorge Timm, Claudio Baiestorf, Carli Bortolanza, E.B. Toniolli e José Salles foram as pessoas que me acompanharam durante toda a produção).

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Para baixar o filme e assisti-lo é só clicar no nome dele: SUPER CHACRINHA E SEU AMIGO ULTRA-SHIT EM CRISE VS. DEUS E O DIABO NA TERRA DE GLAUBER ROCHA.

abaixo vídeo com Ivan Cardoso durante o Festival de Gramado de 1997 (essa entrevista foi realizada enquanto estávamos filmando o “Super Chacrinha…”).

A Vós, que Compreendeis o Absurdo da Vida!

Posted in Livro, Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 6, 2012 by canibuk

Se você fosse filha de um casal de família tradicional e casada com o homem mais rico do Brasil, o que você faria? Continuaria sendo um bibelô social ou deixaria tudo para trás para perseguir seu sonho? Maysa Monjardim, depois Matarazzo ao se casar com André, herdeiro do império Matarazzo, escolheu o segundo, e mais difícil – embora gratificante – caminho!

“Maysa – Só numa Multidão de Amores” (395 páginas, editora Globo), escrito pelo jornalista cearense Lira Neto, conta a história real da cantora Maysa e nos faz saber em saborosos detalhes como ela abandonou uma vida de contos de fadas para se tornar uma polêmica estrela da MPB, sendo uma precursora de tendências e estilos, do feminismo, da independência da mulher. Sem medo de errar, Maysa é a primeira personalidade punk (muitos anos antes do movimento punk surgir) da música brasileira, e motivos para afirmar isso há de sobra no livro de Lira Neto: Seus porres alucinados só a metiam em confusões; sua personalidade forte resultava sempre em frases de efeito que ofendiam a tradicional sociedade brasileira da década de 1960; mandou uma vida de regalias à merda para se tornar independente e poder ser dona de suas próprias escolhas; não assinava contratos de exclusividade com as gravadoras; mais de uma vez entrou em falência por investir todo seu dinheiro em projetos fadados ao fracasso; em 1972 abriu um dos primeiros brechós do Brasil, “Malé Lixo”, onde vendia roupas e objetos usados por ela e amigos (isso décadas antes dos brechós serem moda); se re-inventava das cinzas de tempos em tempos e muitas outras atitudes que provavam que era uma mulher de fibra, talentosa, independente e à frente de seu tempo.

Um ponto interessante da biografia é o relacionamento de Maysa, carregado de conflitos hilários, com seus colegas de profissão da época. O livro de Lira Neto compõe um panorama bem definido de como o artista brasileiro (principalmente cantores de sucesso) são umas “divas” cafonas, provincianas, cheios de preconceitos e verdades prontas. Outra constatação deliciosa é averiguar o quanto nossa imprensa “especializada” não passa de macaquinhos amestrados que não fazem a mínima idéia do que estão escrevendo e só se preocupam em divulgar o que seus donos aprovam (seja na TV, jornais ou grandes revistas de circulação nacional). Mesmo com vários conflitos com a imprensa brasileira, em 1970 Maysa se tornou jornalista na TV Record e ganhou um inventivo programa de entrevistas chamado “Dia D”, à frente dele Maysa conseguiu um grande furo do jornalismo na época: Foi a única repórter brasileira a cobrir o julgamento de Charles Manson.

Achei um errinho grotesco no livro de Lira Neto, mais culpa do revisor do que do autor. Na página 283 Lira escreve sobre a novela “O Cafona” (que teve Maysa como atriz) e credita Rogério Sganzerla como diretor do filme “Matou a Família e foi ao Cinema”, mas todos sabemos que o diretor deste maravilhoso clássico de nosso cinema é Júlio Bressane.

Mesmo sem gostar da música de Maysa (eu mesmo não sou fã dela como cantora, mas avisado pela Leyla Buk de que essa biografia era interessante, li e virei fã da personalidade única de Maysa), sugiro uma lidinha nesta ótima pesquisa sobre a vida desta artista inclassificável que é Maysa e que Abelardo Barbosa, o Chacrinha, tão bem definiu em sua coluna no “Última Hora”, quando afirmou: “Vai ser boa assim no inferno, sua danada!”.

por Petter Baiestorf.

O Caos de um Videasta

Posted in Nossa Arte, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , on maio 22, 2011 by canibuk

Bem que eu disse para todos que o fim dos tempos seria o Caos. No meu caso, o Caos já teve seu início com o estranho “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha (ou Ainda bem que Jimi Hendrix Morreu)” e sua estética da falta de estética caótica anti-globalizada, onde mostro 118 minutos de Caos que se apossou (ou decidiu por se libertar) de meu cérebro.

Caos e estranheza para meus poucos amigos, já que considero-o meu filme mais pessoal e com uma narrativa boçal que não se permite o luxo de ser compreendida e apreciada pela pessoas de bom gosto (e senso) cinematográfico/videorgiástico.

Um filme único para meu público invisível.

Carli Bortolanza, o indivíduo que me acompanhou de perto nessa viagem repleta de estranhezas, que o diga. Filma!!! Filma!!! Filma!!! Menos teoria e mais Filmes!!! Mais quantidade e menos qualidade!!! Shitsu Yori Ryou!!!… Ou algo nesta linha!!! Mas só quis mostrar o Caos que se esboçava no mundo dos anos 90 e lançar a discussão na forma de um filme insuportável que discutia sobre os insuportáveis conglomerados indústriais do neo-mondo-global.

Apesar de nunca ter sentido atração pelo folclore sertanejo, o fim dos tempos fez com que eu sentisse atração pela estética sertaneja. Pela ignorância dos sertanejos. Pela burrice dos sertanejos e suas modas violas. Super Viola – o Violeiro – e Marcírio fizeram eu compreender um pouquinho as coisas sertanejas, junto daquela canção do disco-voador, antiguinha, carregada com toda a ingenuidade dos sertanejos. Ritmo sertanejo alojado em minhas velhas obsessões. Todas as variantes da chamada cultura alternativa underground, udigrudi, onde tive meu nascimento. Ou ainda, o vigor dos sertanejos perdido entre as perversidades que os curtas da Caos mostram. Ou seja na magnitude intelectual de “Deus – O Matador de Sementinhas” ou ainda nas bolhas cerebrais derretidas dos tempos de lisergia pesada de “O Homem-Cu Comedor de Bolinhas Coloridas” e também, só para finalizar essa punhetagem ególatra, na selvageria primitivista de “Boi Bom”, minha visão sobre os humanos superiores que parasitam no planeta Terra, carnívoros pela comodidade!!!

Mas nada como não precisar (ou sofrer pressões para) explicar minha nova obra de 14 anos atrás. Minha mente finalmente liberta depois deste alegre filme ruim. Quem conseguiu me acompanhar está sentado no chão bebericando de suas vidas gulosas por novidades e viagens (desta vez não lisérgicas) cada vez mais estranhas, mas nunca iguais a nada antes já explorado. Ou não. Ou sim. Quem não acompanhou, simplesmente não perdeu nada. Ou não. Ou sim.

Trilha sonora mais densa, extinção do profissionalismo, fidelidade à liberdade individual e cá (ou lá) deslizamos rumo ao esquecimento na saleta dos malditos felizes livres, algo que vocês poderão experimentar com uma picadinha de leve nas agulhas do “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997, 118 min.), disponível pelo e-mail baiestorf@yahoo.com.br pela ridícula importância de R$ 10 reais (já com correio incluído).

Petter Baiestorf, noite de neve no mês maio de 2011.