“Decoder” (1984, 87 min.) de Muscha (e Klaus Maeck). Com: F.M. Einheit, William Rice, Christiane Felscherinow, William Burroughs e Genesis P-Orridge.
Decoder é a história de um jovem músico que experimenta sons em seu estúdio caseiro. Depois que ele cria um decoder, passa a criar músicas subliminares que instigam a população à revolta. Cansado de músicas de ambiente dos restaurantes fast-foods, o jovem começa a sabotar o sistema de som de todas as redes fast-food de Berlim e protestos tomam conta das ruas enquanto ele é caçado por um agente. As imagens de revolta popular que se vê no filme são reais, são tumultos que aconteceram em Berlim nos anos de 1980, quando o presidente americano Reagan visitou os alemães.
O visual do filme (cortesia da diretora de fotografia Johanna Heer) com seus tons azulados que conferem ao filme uma frieza tétrica, aliados aos cenários e figurinos espertos e à potente trilha sonora (composta por Dave Ball, F.M. Einheit e a banda Soft Cell), deixam “Decoder” com uma cara própria, inventiva, um visual de cinema Beat trepando animalescamente e seu maiores cuidados com o cinema Cyber Punk. “Decoder” segue a tradição de cineastas undergrounds como Anthony Balch, Ron Rice, Jack Smith e japoneses como Sogo Ishii (Gakuryu Ishii) e Shinya Tsukamoto que veio depois. Em tempo, a ótima trilha sonora do filme se encontra na net para download.
No elenco, temos F.M. Einheit (que foi percussionista na Einstürzende Neubauten) no papel do jovem músico, a junkye Christiane F. (aqui creditada com seu impronunciável sobrenome real) como uma stripper e o ator Bill Rice se destacando no papel do agente secreto que tenta achar o jovem músico. Há, também, a participação especial de William Burroughs (em rápida, mas marcante participação) e do lendário Genesis P-Orridge (no papel de um padre), um músico que antecipou o indústrial nos anos de 1960 e depois ficaria conhecido com a banda Psychic TV).
“Decoder” é uma alegoria orwelliana, uma crítica ao consumismo, à produção em massa, à idiotização que atingiu os jovens do século XXI. Se antes os jovens se escondiam consumindo drogas, hoje os jovens se escondem atrás da tecnologia. O Ópio agora é High Tech.
O filme está no youtube: