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Kiss me Quick!

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 14, 2016 by canibuk

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Kiss Me Quick! (1964, 66 min.) de Peter Perry Jr. Com: Max Gardens, Frank A. Coe, Jackie De Witt, Claudia Banks, Althea Currier e Pat Hall.

Kiss me Quick5.jpgEste nudie cutie clássico sintetiza tudo que o fã de filmes obscuros busca: é alucinado, é nonsense, é bobo e, por isso mesmo, é diversão despretensiosa o tempo todo (algo em voga naqueles anos de 1960 com lindezas do porte de “Nude on the Moon” (1961) de Doris Wishman ou “House on Bare Mountain” (1962) de Robert Lee Frost). Neste “Kiss Me Quick!” temos um tiquinho de história que é mero pretexto para que lindas garotas terráqueas fiquem peladas. Sterilox (Frank A. Coe) é o assexuado embaixador de um distante planeta que chega à Terra em busca de fêmeas para reprodução e cai nas mãos de um cientista louco (Max Gardens) que faz um tratamento no alienígena frígido com deliciosas robôs sexys que dançam sem parar ao redor do estranho visitante espacial acompanhadas do Drácula e do Monstro de Frankenstein (entre as garotas peladas está Althea Currier que trabalhou com Russ Meyer no Clássico “Lorna”, produção do mesmo ano).

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Harry H. Novak

A fama de “Kiss Me Quick!” veio da distribuição certeira que o lendário (recém entrando no mercado de distribuição) Harry H. Novak conseguiu para o filme nos drive-ins e pulgueiros exibidores (as grindhouses originais). Novak, que havia iniciado sua carreira trabalhando no escritório do estúdio da RKO e sabia da importância de um bom título chamativo para o sucesso de uma obra exploitation, pegou o “Dr. Breedlove or How I Learned to Stop Worrying and Love” (que tentava capitalizar no “Dr, Strangelove” (1963) de Stanley Kubrick) e mudou seu título para “Kiss Me Quick!” para aproveitar o sucesso do recém lançado “Kiss Me, Stupid/Beija-me, Idiota” (1964) de Billy Wilder e, assim, lotou as salas que exibiam a vagabundagem de Perry Jr. Novak, sempre com bons contatos no mundo do cinema, foi o responsável direto pelo sucesso no circuito exibidor americano de obras como “The Agony of Love” (1965) de William Rotsler, com Pat Barrington no elenco; “My Body Hungers” (1967) de Joe Sarno e “Fandango” (1969) de John Hayes. Também foi o produtor de inúmeros roughies que marcaram época, porém, antes de entrar de cabeça no sexploitation explorou outros temas. “Mondo Mod” (1967) de Peter Perry Jr., por exemplo, se tornou obra de culto por trazer os primeiros vislumbres do surf e subculturas bikers do kiss1sul da Califórnia. Outros sucessos produzidos por Novak foram “The Toy Box” (1971) de Ronald Víctor Garcia, sobre algumas pessoas participantes de uma festa bizarra; “The Pig Keeper’s Daughter” (1972) de Bethel Buckalew; “Please Don’t Eat My Mother!” (1973) de Carl Monson, sátira pornô tardia para o clássico “The Little Shop of Horrors/A Pequena Loja dos Horrores” (1960) de Roger Corman e “Wham! Bam! Thank You, Spaceman!” (1975) de William A. Levey, diversão sobre dois aliens que vem ao planeta Terra com a missão de engravidar o maior número possível de terráqueas. Novak, quando necessário, chegou a dirigir partes de suas produções. Quando “A Scream in the Streets” (1973) de Carl Monson empacou, ele mesmo dirigiu algumas cenas enquanto Dwayne Avery e Bethel Buckalew filmavam o resto. E na década de 1980, usando o pseudônimo de H. Hershey, dirigiu em parceria com Joe Sherman, kiss3dois pornôs: “Inspirations” (1983) e “Moments of Love” (1984), ambos estrelados pelo lendário Ron Jeremy. Para saber mais sobre este magnífico homem do cinema americano veja os documentários “Sultan of Sexploitation, King of camp” (1999), produção da distribuidora Blue Underground, e o obrigatório “Schlock! The Secret History of American Movies” (2001) de Ray Greene que, além de Novak, traz artistas como Vampira, Samuel Z. Arkoff, Dick Miller, Roger Corman, Forrest J. Ackerman, David F. Friedman, Doris Wishman, H. G. Lewis, Russ Meyer, Gene Corman, entre muitos outros, falando sobre a época de ouro do cinema americano.

Saiba mais sobre o exploitation americano assistindo o documentário abaixo:

 

kiss-me-quick4Como curiosidade “Kiss Me Quick!” traz Frank A. Coe atuando, que depois do filme se especializou em efeitos sonoros de produções classe Z (trabalhou com Ray Dennis Steckler em “Lemon Grove Kids Meets the Monsters” de 1965 e “Blood Shack”, de 1971) e pornôs (“SexWorld”, 1978, de Anthony Spinelli, teve o som feito por ele). E o diretor de fotografia László Kovács, que aprendeu tudo que sabia em produções vagabundas do porte de “Kiss Me Quick!”, passou para o primeiro time de Hollywood após trabalhar em “Easy Rider/Sem Destino” (1969) de Dennis Hopper e assinou a fotografia de filmes como “Ghost Busters/Os Caça-Fantasmas” (1984) de Ivan Reitman; “Free Willy 2” (1995) de Dwight H. Little e “Miss Congeniality/Miss Simpatia” (2000) de Donald Petrie, bomba estrelada pela sebosa Sandra Bullock. Kovács é mais um exemplo de que a criatividade e talento estão nas produções bagaceiras e os grandes estúdios estão apenas aguardando o momento certo para apagar a criatividade destes geniais técnicos. Azar de quem cai nas garras de Hollywood.

Por Petter Baiestorf.

Veja o trailer de Kiss me Quick! aqui:

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O Primeiro Homem Incrivelmente Derretido pelo Espaço Sideral

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 8, 2016 by canibuk

The First Man Into Space (“O Primeiro Homem no Espaço”, 1959, 77 min.) de Robert Day. Com: Marshall Thompson, Marla Landi e Bill Edwards.

first-man-into-spaceO arrogante astronauta Dan Prescott (Bill Edwards) é o primeiro homem a viajar para o espaço em uma série de voos experimentais. Já em seu primeiro voo desobedece a seu comandante – e irmão – Charles Prescott (Marshall Thompson) e cria uma tensão desnecessária na missão espacial. Alguns dias depois, já em novo voo, Dan novamente desobedece ao comando espacial e acaba exposto à raios cósmicos desconhecidos que o contaminam com uma estranha substância que faz com que sua carne fique meio derretida. Após conseguir pousar no planeta Terra Dan passa a perambular deformado por fazendas em busca de sangue fresco de animais, o precioso líquido vital é sua alimentação nesta nova forma monstruosa. Como sua sede por sangue só aumenta, acaba atraído a um banco de sangue humano onde, acidentalmente, mata uma enfermeira (e nós, público, temos um primeiro vislumbre da ótima make up criada para a criatura). first-man-into-space_frame1Paralelo aos ataques do astronauta derretido (com destaque a cena onde ele mata dois policiais em plena luz do dia e podemos ver seu corpo inteiro infectado numa visão que deve ter aterrorizado as audiências da época), seu irmão Charles conduz uma investigação para tentar localizá-lo para um possível tratamento. O final deste delicioso Cult é bem atípico para as produções da época, ao invés da carnificina desenfreada o astronauta infectado, consciente de sua condição, é guiado para uma câmera atmosférica onde tentarão reverter sua estranha maldição cósmica.

Veja o trailer de “First Man Into Space” aqui:

first-man-into-space_frame2Fruto típico da época em que foi concebido (o comandante da missão, por exemplo, mexe em todas as provas contaminadas sem o uso de luvas), “First Man Into Space” é uma boa produção de baixo orçamento que conta com alguns deslizes (como o foguete que caí no planeta Terra, mas que foi largado pela produção do filme entre meio a árvores e arbustos de uma maneira que parece que ali está a muitos anos) e muitos acertos, a começar pela ótima maquiagem do astronauta derretido criado pelo artista Michael Morris, que depois viria a trabalhar nos clássicos “Quatermass and the Pit/Sepultura Para a Eternidade” (1967) de Roy Ward Baker; “The Elephant Man/O Homem Elefante” (1980) de David Lynch e “Lifeforce/Força Sinistra” (1985) de Tobe Hooper, um de seus últimos trabalhos. Para dar vida a repugnante criatura de “First Man Into Space” Morris criou um traje de corpo inteiro, com pequenos orifícios para a visão, que só permitia filmar por curtos períodos de tempo já que era muito quente e tornava a respiração do ator Bill Edwards (sim, é ele dentro do traje) extremamente difícil.

first-man-into-space1Por pouco “First Man Into Space” não teria existido. Originalmente seu roteiro se chamava “Satellite of Blood” e tinha sido rejeitado pela produtora A.I.P. da dupla Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson. Após a recusa Alex Gordon (que trabalhava na A.I.P. produzindo os primeiros filmes de Roger Corman, como “Apache Woman” (1955), “Day The World Ended” (1955), “The Oklahoma Woman” (1956), entre outros, incluindo também muitos filmes com direção de Edward L. Cahn) enviou o roteiro para seu irmão Richard que, junto de Charles Vetter, havia fundado a Amalgamated Productions e, após re-escrito (bebendo da influência de “The Quatermass Xperiment” (1959), um grande sucesso da Hammer Film dirigido por Val Guest), a produção do filme decolou rumo ao sempre incerto mercado do cinema vagabundo. Como a Amalgamated Productions já havia chamado atenção com dois lucrativos filmes, “Fiend Without a Face” (1958), de Arthur Crabtree, e “The Haunted Strangler” (1958, também conhecido pelo título “Grip of the Strangler”) de Robert Day e estrelado por Boris Karloff, a dupla de produtores conseguiu para “First Man Into Space” um acordo de distribuição com a MGM, fato que garantiu um orçamento mais polpudo a produção (e a bilheteria do filme não fez feio, sendo um dos filmes mais lucrativos da produtora).

first-man-into-space_cardsRichard Gordon foi produtor de inúmeras produções de baixo orçamento, com destaque para filmes como “L’Ultima Preda Del Vampiro/The Playgirls and the Vampire” (1960) de Piero Regnoli; “Curse of the Voodoo” (1965) de Lindsay Shonteff; “The Projected Man” (1966) de Ian Curteis; o genial “Island of Terror” (1966), do sempre competente Terence Fisher; “Secrets of Sex” (1970) e “Horror Hospital” (1973), ambos com direção do rebelde Antony Balch (um homem que nunca andava de carro preferindo utilizar somente motocicletas e que, durante a produção deste último filme, foi convencido pelo produtores a circular apenas em limusines); The Cat and the Canary” (1978), do ótimo diretor pornô Radley Metzger se ariscando em outro gênero, e o Cult de sci-fi/horror “Inseminoid” (1981) de Norman J. Warren. Gordon fundou, na década de 1950, a Amalgamated Productions com Charles F. Vetter que, sob pseudônimo de Lance Z. Hargreavers, escreveu roteiros de filmes como “First Man Into Space”, “Devil Doll” (1964) de Lindsay Shonteff e “Battle Beneath the Earth” (1976) de Montgomery Tully. John Croydon, um produtor já veterano do cinema britânico (ele foi produtor associado no clássico “Dead of Night/Na Solidão da Noite”, de 1945, que trazia o brasileiro Alberto Cavalcanti entre os diretores), foi chamado para organizar o set do filme e trazer paz para o diretor Robert Day, um diretor eficiente, rápido e barato que já havia trabalhado com a produtora antes dirigindo o sucesso “The Haunted Strangler” e o interessantíssimo “Corridors of Blood” (1958), um bonito drama de horror sobre os primórdios da medicina moderna estrelado por Boris Karloff e Christopher Lee. Robert Day acabou migrando para a televisão onde dirigiu vários filmes com a personagem Tarzan e outras séries de TV.

first-man-into-space2“First Man Into Space tem trilha sonora assinada por Buxton Orr, o compositor habitual da Amalgamated. Orr foi o responsável pela trilha sonora de produções como “Doctor Blood’s Coffin/O Esquife do Morto-Vivo” (1961), com direção do então jovem Sidney J. Furie e roteiro de Nathan Juran, e “The Eyes of Annie Jones” (1964) de Reginald Le Borg (outro diretor especialista em produções vagabundas que anos antes realizou o clássico “The Black Sleep/A Torre dos Monstros” (1956) com Basil Rathbone, Lon Chaney Jr., John Carradine, Bela Lugosi e Tor Johnson no elenco). O ator Marshall Thompson, que interpreta o irmão do astronauta derretido, é um habitual contratado de produções capengas, ele está no elenco de maravilhas como “Cult of the Cobra/Maldição da Serpente” (1955) de Francis D. Lyon, “Fiend Without a Face” (1958) e “It! The Terror From Beyond Space” (1958) de Edward L. Cahn.

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Para muitos, e me incluo nestes muitos, “The Incredible Melting Man/O Incrível Homen Que Derreteu” é tido como uma refilmagem de “First Man Into Space”. Todos os elementos estão lá intactos: o astronauta contaminado por algo desconhecido no espaço que volta ao planeta Terra em uma busca desesperada por comida para aplacar sua dor e, diante da incompreensão humana para com acontecimentos fantásticos, é caçado sem dó nem piedade, sendo relegado à margem da sociedade que prefere ignorar o diferente que ameaça a normalidade do belo.

Assista o trailer de “The Incredible Melting Man” aqui:

“First Man Into Space” permanece inédito em nosso mercado de vídeo, na minha opinião seria um ótimo filme para estar incluído no box “Clássicos Sci-Fi Vol. 3” da distribuidora Versátil.

Por Petter Baiestorf para seu livro “Arrepios Divertidos”.

Assista “First Man Into Space” aqui:

Six She’s And A He em Agonia na Ilha Sangrenta da Deusa do Amor

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 19, 2014 by canibuk

Six She’s and A He (“Love Goddesses of Blood Island”/”Kiss Me Bloody”, 1963, 46 minutos) de Richard S. Flink. Com: Laura Hodges, Bill Rogers, Liz Burton, Carol Wintress, Dawn Meredith, Laura Wood e Ingrid Albert.

Six She's and A HeUm astronauta cai numa ilha habitada por seis amazonas e é mantido como escravo, tanto para trabalhos manuais como arar a terra, quanto para satisfazer as taras sexuais das seis estranhas garotas. Entre alguns números de dança temos o flashback da tortura de um soldado nazista, o escravo sexual anterior, que é explicitamente eviscerado e decepado em efeitos ultra-sangrentos mais bem elaborados do que no clássico “Blood Feast” (1963) de H.G. Lewis, com inúmeros closes valorizando as tripas ensanguentadas que são arrancadas do estômago do pobre soldado. Exausto de tanto sexo e trabalhos forçados na lavoura das garotas, o astronauta Rogers e uma das meninas se apaixonam e resolvem fugir juntos, iniciando uma luta sangrenta que envolve cabeças esmagadas à pedradas e corpos trespassados por lanças pontiagudas.

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six shes and a he pressbook“Six She’s and A He”, originalmente filmado sob o título de “Love Goddesses of Blood Island”, é uma espécie de mistura entre os filmes de H.G. Lewis e os Nudies dançantes que surgiram no final da década de 1950. Trazendo maquiagens extremamente violentas para a época em que foi produzido, o filme tem um tom de farsa como nas produções de H. G. Lewis (talvez o filme gore mais violento e perturbador do início do subgênero gore no cinema seja mesmo o japonês “Jigoku” (1960), de Nobuo Nakagawa, que era uma realização séria, plasticamente bem executada e trazia torturas sangrentas em um inferno colorido meia década antes do nosso José Mojica Marins). Na época do lançamento de “Six She’s and A He” uma meia dúzia de cópias do filme circularam apenas pela região de Miami para logo sumir do mercado e permanecer por mais de 30 anos como um filme perdido, até que a distribuidora Something Weird conseguiu achar uma cópia de 46 minutos do clássico e o relançou no mercado de home vídeo (o IMDB aponta que a duração do filme é de 72 minutos, mas até o momento a versão que circula pelo mundo é essa da Something Weird). De qualquer modo, é um filme que precisa ser resgatado/descoberto pelas novas gerações de fãs do cinema gore e, se possível, uma cópia completa precisa ser descoberta para um futuro (e digno) lançamento deste trabalho tão importante.
Six She's and A He2O filme foi a primeira produção/direção do empreiteiro de Miami Richard S. Flink, que assinou o filme com o pseudônimo de Gordon H. Heaver. Construindo casas durante o dia e administrando um drive-in de sucesso durante a noite, o Sr. Flink se sentiu seguro para entrar na produção de cinema independente. Embora “Six She’s and A He” tenha sido visto por poucas pessoas e tenha passado desapercebido, foi o suficiente para que ele produzisse ainda, pela sua recém formada produtora Thunderbird International, o trashão “Sting of Death” (1965) com direção de William Grefe, uma deliciosa mistura de sci-fi e horror realizada pelo homem que anos mais tarde faria o imperdível “Mako: The Jaws of Death/Mako, O Tubarão Assassino” (1976). Depois destes filmes Richard S. Flink desapareceu do mercado cinematográfico e seu paradeiro (e história) permanecem desconhecidos até hoje.
Six She's and A He3Tido como a primeira imitação do cinema gore da dupla Lewis-Friedman, “Six She’s and A He” não deixa de ter relação direta com os filmes do mestre do gore já que seu roteirista é o ator William Kerwin e seu irmão, Harry Kerwin, o responsável pelos repulsivos efeitos especiais do filme. William nasceu em 1927 (tendo falecido em 1989) e atuou em mais de 130 filmes, se tornando conhecido principalmente por estar no elenco de inúmeros filmes dirigidos por H.G. Lewis, incluindo os clássicos “Blood Feast”, onde conheceu e se casou com a atriz Connie Mason, “Two Thousand Maniacs!/Maníacos” (1964) e “A Taste of Blood” (1967) onde atuava, geralmente, sob o pseudônimo de Thomas Wood. Outros filmes da dupla Lewis-Friedman onde trabalhou foram “Living Venus” (1961); “The Adventures of Lucky Pierre” (1961); “Boin-n-g” (1963); “Goldilocks and the Three Bares” (1963); “Bell, Bare and Beautiful” (1963); “Scum of the Earth” (1963); “Jimmy, The Boy Wonder” (1966) e “Suburban Roulette” (1968). Como curiosidade, em 1983 ele interpretou a personagem Boa Man no “Porky’s 2” de Bob Clark, creditado no filme com o pseudônimo de Rooney Kerwin. Já seu irmão Harry Kerwin, a mente doentia por trás das ótimas maquiagens gore de “Six She’s and A He”, era diretor de séries para a TV. Harry nasceu em 1930 e faleceu precocemente de câncer em 1979, com apenas 48 anos de idade. Seu filme mais famoso é justamente o último de sua carreira, “Barracuda” (1978) com co-direção de Wayne Crawford, uma produção de horror que tentava lucrar com o sucesso de “Jaws” de Steven Spielberg. Harry amava o cinema e se aventurou como ator em alguns filmes como o horror “Flesh Feast” (1970) de Brad F. Grinter, sobre um grupo de nazistas que quer reanimar o corpo de Adolf Hitler para dominar o mundo. Também produziu, escreveu, montou e trabalhou no departamento elétrico de outras produções de baixo orçamento como “Campus Heat” (1969) de Tom Rich e “Scream Baby Scream” (1969) de Joseph Adler (que contava com roteiro de Larry Cohen).
Six She's and A He1Do grupo de atores presentes neste curioso filme obscuro, vale apontar que Bill Rogers, o astronauta, fez poucos filmes mas aparece em curiosidades como “Santo Vs. Las Mujeres Vampiro” (1962), de Alfonso Corona Blake, no papel do professor Orloff (não creditado); “Adam Lost His Apple” (1965), uma comédia assinada por Earl Wainwright; “Shanty Tramp” (1967) de Joseph P. Mawra e “A Taste of Blood” (1967) de H.G. Lewis. E das garotas no elenco apenas Laura Wood tentou seguir carreira tendo aparecido em alguns outros filmes, em sua maioria participações em episódios de séries de TV como “Star Trek”.
Six She's and A He_CoverÉ interessante observar que o assistente de direção de Richard S. Flink foi o também diretor Joseph P. Mawra (creditado no filme como José Prieto). Mawra é mais conhecido por ter sido o diretor da série de filmes com a personagem Olga do produtor George Weiss, para quem realizou “Olga’s House of Shame” (1964); “White Slaves of Chinatown” (1964); “Olga’s Girls” (1964); “Chained Girls” (1965) e “Mme. Olga’s Massage Parlor” (1965).
“Six She’s and A He” é uma produção barata, tecnicamente capenga e com atuações amadoras, mas tem um lugar garantido na história do cinema por ter sido realizado no momento em que os produtores de cinema estavam explorando e testando todos os limites do bom gosto e a audiência clamava por obras que fugissem do lugar comum. Pode ser um filme vagabundo sem a importância de um “Blood Feast”, mas ver aquele bando de sorridentes atores desconhecidos, dançando e sangrando alegremente numa história cheia de momentos absurdos, faz o dia bem melhor.

escrito por Petter Baiestorf para seu livro “Arrepios Divertidos”.

Veja aqui um dos efeitos ultra gore de “Six She’s And A He” (1963):

Carnival of Souls

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , on julho 23, 2012 by canibuk

“Carnival of Souls” (1962, 78 min.) de Herk Harvey. Com: Candace Hilligoss, Frances Feist e Sidney Berger.

Produzido em 1962, “Carnival of Souls” é um destes pequenos tesouros revelados somente em Home Video na década de 1980. Filme barato (U$ 30.000,00) rodado em preto e branco na pequena Lawrence no Kansas, USA, depois de redescoberto foi considerado um dos mais atmosféricos e originais filme de horror da sua época.

Escrito por John Clifford, produzido e dirigido por Herk Harvey, “Carnival” começa como vários filmes vagabundos dos anos 50/60: dois carros lotados de jovens apostam uma corrida em uma estrada qualquer. Sobre uma ponte o carro que conduzia três garotas perde o controle e mergulha nas águas barrentas de um rio. Algum tempo depois, Mary (Candace Hilligoss) emerge como a única sovrevivente do acidente num estranho estado de choque. Sem consciência do que lhe aconteceu ela segue seu caminho e arranja um emprego de organista em uma igreja da cidade. Logo passa a ser perseguida por um homem de aparência cadavérica (o próprio diretor) e se sente atraída por um pavilhão abandonado nos arredores da cidade. Ninguém além dela vê a estranha figura e, além disso, Mary mergulha as vezes numa outra “dimensão” onde ela não é vista nem ouvida pelos outros. Apavorada decide deixar a cidade e se vê num ônibus lotado de passageiros com cara de mortos-vivos. A resposta para seu drama macabro parece estar no velho pavilhão onde vai presenciar um estranho baile fantasmagórico.

Influência confessa de George Romero para seu “The Night of the Living Dead” (1968), “Carnival of Souls” foi pobremente distribuido na época e muito pouco visto. Henk Harvey nunca mais teve chance de dirigir um longa apesar de demonstrar segurança e imaginação em seu debut. Além de uma presença em cena como líder fantasmagórico com rosto pálido, cabelos esbranquiçados, grandes olheiras e roupa preta. Profissionalmente Harvey dirigia curtas industriais e educativos para uma empresa de sua cidade, onde encontrou o roteirista Cliford, seu parceiro na criação deste pequeno clássico. Também merece um destaque especial o diretor de fotografia Maurice Prather com seu trabalho em preto e branco brilhante e com um maravilhoso jogo claro-escuro evocando uma constante atmosfera surreal.

“Carnival of Souls” é a prova de que não basta se fazer algo realmente bom e original para ser descoberto e admirado. Herk Harvey padeceu anos de obscuridade e má distribuição até seu trabalho receber a fama e o reconhecimento que merece. Relançado nos cinemas e depois em vídeo 20 anos depois, passou a ser cult e merecer destaque em encontros e convenções de horror, inclusive com a presença da ilustre e ainda desconhecida equipe. Em 1998 Wes Craven produziu uma refilmagem chinelona à cores e com um palhaço sinistro na trama. Prefira o original ou o fantasma pálido de Herk vai te perseguir…

por Coffin Souza.

Assista “Carnival of Souls” aqui: