Arquivo para clássico da ruindade

The Werewolf of Washington

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on maio 30, 2012 by canibuk

“The Werewolf of Washington” (“O Lobisomem de Washington”, 1973, 90 min.) de Milton Moses Ginsberg. Com: Dead Stockwell, Katalin Kallay e Biff McGuire.

Todos que acompanham diariamente o Canibuk sabem de minha paixão por filmes trash (sou um defensor e divulgador do “gênero”), eis que finalmente tirei tempo para assistir “The Werewolf of Washington”, simplesmente um dos piores filmes que já vi, no patamar de produções pavorosas como “Zombie Brigade/A Terrível Noite do Espanto” (1986) de Carmelo Musca e Barrie Pattison ou “The Lost Platoon/Pelotão Vampiro” (1991) de David A. Prior. A história do lobisomem de Washington começa (mal iluminado) na Hungria onde nosso jornalista herói (Dean Stockwell) é atacado por um lobisomem que lhe passa a maldição dos peludos. De volta aos USA descobrimos que o jornalista é assessor de imprensa do presidente americano. Apartir daí o roteiro vai ficando cada vez mais cômico, mostrando o lobisomem letrado atacando desafetos do presidente em cenas do mais completo absurdo, como quando estripa a esposa bêbada de um senador que foi embora de uma festa na Casa Branca caminhando (ora bolas, que esposa de senador iria embora caminhando e, ainda por cima, sozinha?). Aliás, cenas ridículas em tom de comédia pastelão dão o rumo desta ruindade cinematográfica: Numa cena o lobisomem pega carona no teto do carro de sua vítima; noutra cenas os dedos do lobisomem incham dentro dos buracos de uma bola de boliche e ele não consegue se livrar da bola nem com ajuda do presidente da nação mais poderosa da Terra; pouco depois, na sala de reuniões da Casa Branca, o jornalista começa a se transformar diante de militares e políticos e sai correndo da sala sem que ninguém perceba o que está acontecendo; nums das correrias do lobisomem ele encontra um cientista anão que claramente mantêm um projeto secreto com monstros no porão da Casa Branca (percebam os pés do Frankenstein em cena); o jornalista amarrado numa cadeira com inúmeras correntes cadeadas enquanto fala com a filha do presidente, sua paquera, é genial e sua transformação fajuta dentro do helicóptero presidencial (o que leva o filme à um final ótimo) é um grande momento da sétima arte que somente a cabeça de jerico de cineastas bagaceiros poderiam conceber.

Essa diversão em forma de película foi realizada por Milton Moses Ginsberg, novaioquino de 1943, cujo primeiro trabalho de direção foi o cult “Coming Apart” (1969), drama estrelado por Rip Torn no papel do psiquiatra que filma seus encontros com as mulheres que o visitam. “The Werewolf of Washington” meio que sepultou sua carreira de diretor por conta da ruindade técnica do filme, apenas em 1999 ele voltou à direção com “The City Below the Line”, seguido pelo também curta “The Haloed Bird” (2001) e “Kron” (2011), um média-metragem. A biografia de Ginsberg diz que ele se retirou da indústria cinematográfica após ter sido diagnosticado de um linfoma em 1975, mas sua carreira como montador de filmes como montador de filmes que seguiu em paralelo à doença me fazem pensar que seu Lobisomem de Washington teve alguma coisa haver com o afastamento. Uma pena, já que seu filme de lobisomem é uma curiosa sátira política que brincava com a era Nixon, com o fascismo policial dos anos 70 anti-hippies e o escândalo Watergate.

Dead Stockwell foi ator mirim em filmes como “The Green Years” (1946) de Victor Saville, “The Boy With Green Hair/O Menino dos Cabelos Verdes” (1948) de Joseph Losey e “The Secret Garden/O Jardim Secreto” (1949) com direção de Fred M. Wilcox, responsável também pela direção do clássico sci-fi “Forbidden Planet/O Planeta Proibido” (1956). No início dos anos 60 desistiu da carreira e se tornou hippie. Nos anos 80 trabalhou em alguns cults como “Paris, Texas” (1984) de Wim Wenders e “Blue Velvet (1986) de David Lynch. O Produtor associado de “The Werewolf of Washington” é Stephen A. Miller, que anos depois escreveu (em parceria com John Beaird) o clássico slasher “My Bloody Valentine/Dia dos Namorados Macabro” (1981) de George Mihalka.

Aqui no Brasil “The Werewolf of Washington” foi lançado em DVD pela distribuidora/editora digital Showtime com “Seddok, L’Erede di Satana/Atom Age Vampire/O Vampiro da Era Atômica” (1960) de Anton Giulio Majano e “Grave of the Vampire/O Túmulo do Vampiro” (1974) de John Hayes no mesmo DVD. A qualidade dos filmes é péssima, mas o valor de R$ 7.90 que paguei pelo DVD compensa.

por Petter Baiestorf.

Assista este clássico bagaceiro agora:

Alguns momentos hilários de “The Werewolf of Washington”:

Invasion of the Star Creatures Vs. os Dois Patetas do Exército Americano

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 26, 2011 by canibuk

“Invasion of the Star Creatures” (1962, 70 min.) de Bruno VeSota. Roteiro de Jonathan Haze. Com: Robert Ball, Frankie Ray, Gloria Victor e Dolores Reed.

Se você acha que já viu o pior filme já feito é porque ainda não viu este “Invasion of the Star Creatures” que eleva a um novo patamar as ruindades cinematográficas. Aqui dois recrutas do exército americano são enviados numa unidade para missão de reconhecimento de uma caverna recém descoberta. Dentro da caverna os soldados são atacados por estranhas criaturas alienígenas (um dos piores design de monstro que já vi) e os dois recrutas patetas (que dormiam durante o ataque) são levados para uma espaçonave ocupada por uma raça de mulheres gostosas do espaço que estão no planeta Terra com o objetivo, lógico, de dominar o planeta. Acidentalmente os recrutas descobrem que beijos deixam as gostosas cósmicas impotentes e após uma sessão de beijos eles conseguem escapar da espaçonave para se encontrarem com uma hostil tribo de índios que ainda estão revoltados contra o general Custer (este encontro entre os recrutas e os índios tem piadas dignas de uma Zorra Total, juro!).

“Invasion of the Star Creatures” foi realizado por colaboradores habituais de Roger Corman. Foi escrito por Jonathan Haze (protagonista do clássico “The Little Shop of Horrors“, 1960, de Corman), dirigido pelo ator canastrão Bruno VeSota (que nesta época aparecia em tudo que é filme do Corman e, além deste filme, dirigiu mais 2 filmes: “Female Jungle” – 1955 – e “The Brain Eaters” – 1958) e produzido pela dupla Berj Hagopian (que, segundo o IMDB, só produziu ainda outro filme, “Code of Silence” (1960) de Mel Welles) e Samuel Z. Arkoff (da A.I.P. que não está creditado no filme mas foi um dos facilitadores da produção) e é estrelado pelo ator de último escalão Robert Ball (ator no péssimo “The Brain Eaters” (1958) e, à título de curiosidade, Ball também faz parte do elenco do clássico “Easy Rider” (“Sem Destino”, 1969) de Dennis Hopper e participou uma uma infinidade de episódios de séries da TV americana nos anos de 1960).

“Invasion of the Star Creatures” tem um roteiro muito ruim, as piadas não funcionam em momento algum e fica a eterna pergunta se não teria sido um filme melhor se a dupla de recrutas patetas tivesse sido interpretada pela dupla Jonathan Haze e Dick Miller (outro ator que aparecia em tudo que é filme do Roger Corman neste período e que na década de 1980 virou figurinha cult do cinema americano tendo aparecido em vários filmes bacanas como “Piranha” (1978) de Joe Dante, “Rock’n’Roll High School” (1979) de Allan Arkush e estrelado pela banda Ramones, “Gremlins” (1984) também de Joe Dante (aliás, Miller aparece em praticamente todos os filmes do Dante), “The Terminator” (“O Exterminador do Futuro”, 1984) de James Cameron, “Night of the Creeps” (“A Noite dos Arrepios”, 1986) de Fred Dekker, e muitas outras produções prá lá de divertidas da última década “cool” do cinema comercial mundial).

Quando “Invasion of the Star Creatures” estreiou nos cinemas a revista Box Office trazia a frase: “Que monte de bobagens, que desperdício de tempo e energia!!!”, se referindo a comédia de sci-fi de Bruno VeSota. Já o historiador Bill Warren chamou o filme de “surpreendentemente ruim… tão ruim que é quase impossível assistí-lo por inteiro!”. Mas o fato é que, mesmo com as piadas que não funcionam, mesmo com seus atores canastrões, sua falta de direção, seus cenários horríveis e figurinos piores ainda, “Invasion of the Star Creatures” merece uma conferida por ser uma tranqueira trash das mais autênticas e que é sincero em sua falta de talento que fazem dele um dos piores filmes já produzidos na história do cinema. Um grande clássico da ruindade que celebra de maneira grandiosa a falta de talento! No mundo atual, onde que aprendemos que temos que ser um “vencedor” (seja lá o que isso signifique), este filme ganha ares de obra revolucionária, uma bandeira dos “loosers” sem talentos que produzem mais do que os talentosos perfeccionistas reclamões intocáveis.

por Petter Baiestorf.