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A HQ “Bludgeon Funnies” foi pensada por Robert Williams na década de 1960, inspirada nos protestos de rua por direitos civis que ainda hoje continua atual (principalmente no Brasil de agora).
Robert Williams nasceu em Albuquerque, Novo México, e era um arruaceiro exemplar (a base que todo bom artista precisa). No início da década de 1960 se mudou para Los Angeles onde fez aulas de arte. Em seguida juntou-se ao pessoal que editava a “Zap Comix”, revista de quadrinhos contracultura que o deixou famoso no underground artístico.
Neste ano foi lançado o documentário “Robert Williams Mr. Bitchin”, dirigido pelo grupo Mary C. Reese, Doug Blake, Nancye Ferguson, Michael LaFetra e Stephen Nemeth, que faz um apanhado da carreira de Williams.
Segue a HQ “Bludgeon Funnies” que digitalizei do álbum “Zap Comix” lançado no Brasil alguns anos atrás pela Conrad Editora. “E lembre-se… A violência sempre se justifica, se você for o vencedor!”.
Osugi Sakae foi um anarquista radical japonês, filho de um militar linha dura, aprendeu sozinho várias línguas (italiano, Esperanto, Russo, Francês, Inglês e Alemão) enquanto esteve preso e, graças a isso, foi tradutor de vários autores anarquistas ocidentais (principalmente Bakunin e Kropotkin) para o japonês em panfletos políticos que ele editava. Sakae pregava o amor livre, teve 3 mulheres ao mesmo tempo. Em 1923 ele, uma de suas mulheres e um sobrinho de seis anos de idade foram espancados por militares até a morte.
Apesar de ser pouco conhecido aqui no Brasil, foi lançado um livro e um filme inspirados na vida dele.
O livro se chama “Memórias de um Anarquista Japonês” (editora Conrad, 180 páginas) e foi escrito pelo próprio Osugi Sakae. Conta a infância dele, sua relação conturbada com seu pai, sua vida de desobediência na escola, até ser preso e com isso começar a militar no anarquismo e a desenvolver suas teorias de amor livre.
Já o filme se chama “Erosu Purasu Gyakusatsu” (“Eros + Massacre”, 1969, 210 min., Platina Filmes) com direção de Yoshishige Yoshida e é um clássico em preto e branco do cinema político. Com influências de Alain Resnais e Michelangelo Antonioni, Yoshida fez um filme que será melhor compreendido por quem já leu o livro autobiográfico de Sakae. Há cenas belíssimas, os atores fazem um trabalho fantástico e o simbolismo de algumas cenas é perfeito (como na cena envolvendo símbolos católicos, no começo dos anos 10, no Japão, ser católico era uma afronta radical aos costumes da sociedade e Sakae flertou com o catolicismo). O filme é mais centrado na sua relação amorosa com suas três mulheres do que em suas idéias políticas, mas mesmo assim mete o dedo nas feridas da sociedade japonesa (qualquer sociedade com líderes tem corrupção, sofrimento e povo faminto).
Em tempo, a qualidade do DVD lançado aqui no Brasil pela Platina Filmes é aceitável, recomendo uma busca por sites de venda de filmes (ou visitinha numa locadora) para assistir um bom filme político cheio de cenas criativas e uso genial do preto e branco.