Arquivo para deus

Por um Punhado de Downloads

Posted in Cinema, Música, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 14, 2016 by canibuk

Atenção, muita atenção!

logo-canibal-001Você está penetrando no Mondo Trasho da Canibal Filmes, clicando em qualquer um destes links abaixo disponibilizados você adentrará num universo onde o mal feito é glorificado como o mais valioso dos objetos sagrados, onde a falta de talento é incentivada, onde até mesmo o faxineiro de um grande estúdio conseguiria virar diretor de uma produção. Aqui ninguém é excluído do sonhos de virar uma estrela de cinema. Todas a produções abaixo disponibilizadas foram realizada nos anos de 1990, quando ainda não existiam bons equipamentos de filmagem que fossem baratos e a edição era feita se utilizando de dois vídeo cassetes, o que torna estes filmes ainda mais mongoloides. Estejam avisados, estes links contem o pior do pior, se você acha que possuí bom gosto, clique somente no link da Cadaverous Cloacous Regurgitous. Os links para download estão nos títulos em letras maiúsculas.

Cadaverous Cloacous Regurgitous (1993)

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Demo-Tape

Antes de fazer um filme eu era fanático-radical por noise grind e, junto de meu amigo Toniolli, planejamos montar a banda mais suja do mundo, ou algo assim, afinal éramos apenas uns guris sem nada pra fazer. Eis que nas férias escolares de 1993 fomos para a casa dos pais de Toniolli e gravamos e mixamos a demo-tape “Ópera Indústrial” e intitulamos nossa banda de noise com o belo nome de “CADAVEROUS CLOACOUS REGURGITOUS“. Além de instrumentos tradicionais, também usamos folhas de zinco, motosserras, uma guitarra quebrada com uma corda e, no vocal, uma gravação que Toniolli tinha feito meses antes de porcos sendo castrados. Não satisfeito com essa primeira experiência envolvendo música, em 1999 – desta vez ajudado por meu amigo Carli Bortolanza – gravamos a demo-tape “Anna Falchi”, colocando pra funcionar um projeto de industrial harsh intitulado “Smelling Little Girl’s Pussy” que está junto no zip. “Smelling” não utilizou nenhum instrumento musical, todo o som é produzido com microfonias que criamos com estática de rádio, sujeira sonora e gravamos nos utilizando de uma ilha de edição de vídeo, muitos dos barulhos estranhos captados são oriundos de uma câmera de VHS apontando pra uma tela de TV.

 

Açougueiros (1994)

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Petter Baiestorf em 1994

Logo após finalizar e lançar “Criaturas Hediondas” (1993), oficialmente minha primeira tentativa de fazer um filme, reunimos a mesma turma e fomos para uma casa abandonada (que depois foi reutilizada como cenário para as filmagens de “Eles Comem Sua Carne”) passar dois dias, tempo em que filmamos o “AÇOUGUEIROS“, sendo atacados por terríveis aranhas assassinas durante as madrugadas. Já na primeira noite percebemos que as aranhas era inteligentes e estavam a nossa espreita. Deitávamos em nossos colchonetes e, ligando as lanternas contra o chão, víamos as aranhas se aproximando de nossos corpos com suas oito patas famintas por carne humana. Não dormimos. No dia seguinte filmamos quase todas as cenas do “Açougueiros”, já montando o filme na própria câmera. Anoiteceu novamente. Com medo da volta das aranhas assassinas, todos da equipe dormimos em cima de uma mesa de sinuca. Tão logo desligamos as lanternas, já começamos a escutar os cochichos das malditas aranhas. A madrugada foi louca, com a gente correndo das aranhas pela casa e as eliminando sempre que possível. Lá pelas tantas as aranhas se tornaram mutantes com asas e vinham voando famintas contra a gente. O cozinheiro da produção foi o primeiro a tombar morto diante da fúria das aranhas malignas, tendo convulsões até desfalecer completamente sem vida. Sim, as aranhas haviam se organizado e queriam um banquete… E o banquete era nossa equipe!

 

Criaturas Hediondas 2 (1994)

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Crianças Hediondas

Imediatamente após as filmagens de “Açougueiros”, resolvemos fazer uma continuação do primeiro filme e “CRIATURAS HEDIONDAS 2” tomou forma. As filmagens desta produção aconteceram no sítio de Walter Schilke, que entre outros, foi diretor de produção em “A Dama do Lotação” e de vários filmes de Os Trapalhões. Essas filmagens foram completamente sossegadas, com tudo dando certo e novos colaboradores aparecendo para ajudar o grupo. Após cada dia de filmagens todos retornávamos aos trailers da produção, ganhávamos massagens terapêuticas e participávamos de jantares de gala enquanto uma orquestra de querubins tocava sucessos de Beethoven. Depois de pronto foi exibido, no ano seguinte, na I HorrorCon em São Paulo com relativo sucesso. Neste mesmo ano explodiu a moda Trash no Brasil e ficamos bilionários fazendo filmes ruins.

 

2000 Anos Para Isso? (1996)

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Toniolli em banho de sangue

Sabe-se lá porque, até 1995 eu só pensava em fazer longas-metragens (devia ser algum problema de ego). Mas em 1995 fiz uma experiência em curta-metragem e realizei “Detritos” (curta que atualmente está perdido, mas que continuo tentando achar uma cópia para disponibilizar), gostando bastante da simplificação dos problemas que uma filmagem sempre tem. Então, logo no início de 1996 filmamos “Eles Comem Sua Carne” e um festival de curtas gore da Espanha, tendo assistido “O Monstro Legume do Espaço”, me escreveu solicitando um curta para incluir no festival. Como “Detritos” não era gore, resolvi montar algumas cenas do “Eles Comem Sua Carne” no formato de curta e, assim, surgiu este “2000 ANOS PARA ISSO?“, meu primeiro flerte com cinema experimental.

 

Assista “O Monstro Legume do Espaço” aqui:

Bondage 2 – Amarre-me, Gordo Escroto!!! (1997)

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Denise e Souza

Após as filmagens de “Blerghhh!!!” (1996), tive uma ideia fantástica que rendeu um belo punhado de reais: Fazer um filme de putaria assinado por uma diretora, então combinei com a atriz principal de “Blerghhh!!!”, Madame X, que ela iria assinar nosso próximo filme. Com orçamento mínimo escrevi um roteiro fácil de filmar (sob pseudônimo de Lady Fuck e Carla N. Toscan, afinal, melhor que uma mulher tarada, só três, não?). Fomos pra casa do Jorge Timm, nos trancamos lá durante uns quatro dias e cometemos “BONDAGE 2: AMARRE-ME, GORDO ESCROTO!!!“, com climão de filme de Boca do Lixo final dos anos 70. É uma produção extremamente simples, mas na época do lançamento alardeamos tanto que era escrito e dirigido por mulheres que todo mundo quis assistir.

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José Mojica Marins e seu livro preferido.

 

Fase 98 (1997-98)

Ácido (1997) – este curta filmamos durante as gravações de “Blerghhh!!!” e só montamos um ano depois. Os efeitos de cores sobre as imagens captadas foram inseridas via uma ilha de efeitos analógicos. Acredito que foi meu primeiro vídeo arte, a concepção deste vídeo foi desenvolvida em parceria com o Coffin Souza.

Deus – O Matador de Sementinhas (1997) – No ano de 1997 Carli Bortolanza e eu cuidávamos do castelo da Canibal Filmes, local onde todo o equipamento de filmagem, maquiagens, iluminação e figurinos estavam guardados. Como o tempo de tédio era muito enquanto montávamos guarda para que ninguém invadisse nosso estúdio para roubar ideias e bens materiais, começamos a filmar vários curtas experimentais inspirados em Andy Warhol e Paul Morrissey e, assim, surgiram pequenas brincadeiras como “Crise Existencial”, “O Homem Cu Comedor de Bolinhas Coloridas”, “A Despedida de Susana – Olhos e Bocas” (1998), “9.9 (nove.nove)” e este “Deus – O Matador de Sementinhas”.

“Boi Bom” (1998) – Possivelmente meu filme mais polêmico. Antes de me tornar vegetariano realizei este brutal filme sobre a figura do homem se valendo de assassinato para se alimentar em pleno século XX. Em uma bebedeira falei com Jorge Timm e Carli Bortolanza sobre minha intenção de rodar algo extremamente brutal sobre alimentação envolvendo a matança de animais, mas a ideia ficou ali. Alguns meses depois o Jorge Timm apareceu com tudo combinado, ele já tinha encontrado um abatedouro clandestino que iria nos deixar filmar desde que não identificássemos o local. Chamei o Bortolanza e o Claudio Baiestorf e fomos até o abatedouro filmar. Em tempo: a carne deste boi que aparece no filme foi vendida pra um restaurante – pelo abatedouro, não pela gente – após as filmagens, só vindo a reforçar o que acho da alimentação envolvendo assassinatos. Hoje eu não faria outro filme com este teor, mas não renego o curta, está feito, faz parte de uma fase que eu me preocupava mais em chocar. PACK ÁCIDO+DEUS+BOIBOM.

Assista “A Despedida de Susana – Olhos e Bocas” aqui:

Mantenha-se Demente!!! (2000)

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Bortolanza aplicando fx em Loures

Logo após lançar “Zombio” (1999) escrevi o roteiro insano de “Mantenha-se Demente!!!”, um longa gore que misturava a cultura da região oeste de SC com os delírios japoneses envolvendo putaria com tentáculos. Levantei uma parte do dinheiro necessário para as filmagens e chegamos até a rodar algumas cenas do filme. Mas tudo estava tão capenga e caótico que acabei abandonando o projeto para rodar o “Raiva” (2001). O material filmado acabou por se tornar o curta-metragem “FRAGMENTOS DE UMA VIDA“, montado em 2002. Particularmente, gosto bastante do resultado de surrealismo gore alcançado neste cura improvisado, o que sempre me faz pensar que poderia voltar, hora dessas, a realizar experiências nesta linha.

 

Entrevista com Petter Baiestorf no Set de Zombio 2 (2013)

Acabei de encontrar essa ENTREVISTA que o Andye Iore realizou comigo durante as filmagens de “Zombio 2” (2013). Estou visivelmente cansado mas até que bem lúcido falando sobre o caos que foram os primeiros 12 dias de filmagens de “Zombio 2”. Estou compartilhando com vocês essa entrevista de 17 minutos mais como uma curiosidade mesmo, ela deveria estar nos extras de “Zombio 2” mas por um estranho motivo foi esquecida durante a autoração do DVD oficial de “Zombio 2“. Enfim, palhaçadas de uma produtora de cinema completamente atrapalhada.

Memórias em tom de realismo fantástico de Petter Baiestorf.

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Super Chacrinha e seu amigo Ultra-Shit em crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha

Posted in Cinema, download, Fan Film, Manifesto Canibal, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 24, 2016 by canibuk

Dando prosseguimento aos filmes que estou colocando para download, segue hoje a produção “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em Crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997, 118 min.).

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“Super Chacrinha…” foi uma pausa nos filmes extremos que eu vinha fazendo naquela época. Não tem ligação nenhuma com os goremovies anteriores que tinha feito – como “O Monstro Legume do Espaço” (1995), “Eles Comem Sua Carne” (1996) ou “Blerghhh!!!” (1996) – , nem com os posteriores que foram ainda mais radicais ao misturar gore com pornografia – como “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997), “Boi Bom” (1998), “Gore Gore Gays” (1998) ou “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos” (1998).

“Super Chacrinha…” tem forte inspiração do filme “Abismu” (1977) do Rogério Sganzerla, entre outras produções experimentais (a citar algumas: “Matou a Família e Foi ao Cinema” (1970) de Júlio Bressane, “Cabeças Cortadas” (1970) de Glauber Rocha, “Meteorango Kid: O Herói Intergalático” (1969) de André Luiz de Oliveira e “Bang Bang” (1971) de Andrea Tonacci). Não ficou tão bacana quanto estes clássicos que o inspiraram, lógico,mas é um filme que gostei muito de realizar. Acredito que os envolvidos na produção se divertiram muito mais do que o público vá se divertir. Impossível saber quem pode gostar deste filme (já tive espectador me confidenciando que adorou cada momento do filme e espectador versando sobre o quanto é medíocre).

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As filmagens aconteceram em 4 meses durante o ano de 1997, com um roteiro que eu ia elaborando a cada dia durante a produção. Funcionava mais ou menos assim: Eu chegava num cenário com a equipe e bolava as cenas na hora. Inicialmente o filme teria 4 horas, mas quando estava editando, com ajuda de Carli Bortolanza, optamos por deixá-lo com a metade da duração originalmente planejada. O filme é uma espécie de road-movie marginal, foi filmado em uns 12 municípios de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, incluindo a cidade de Gramado onde acontecia o vigésimo quinto Festival de Gramado e, em sistema de guerrilha completo, entramos nas comemorações com nossas câmeras e filmamos algumas pontas de globais pro filme (não lembro de cabeça, mas acho que aparecem no filme, além do Ivan Cardoso, Marcos Palmeiras, Hugo Carvana, José Lewgoy e a mãe de Glauber Rocha). Todo o dinheiro arrecadado com bilheterias dos meus filmes anteriores sumiu realizando o “Super Chacrinha…”. Foi divertido para quem integrou a equipe desta produção (se não me falha a memória, Jorge Timm, Claudio Baiestorf, Carli Bortolanza, E.B. Toniolli e José Salles foram as pessoas que me acompanharam durante toda a produção).

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Para baixar o filme e assisti-lo é só clicar no nome dele: SUPER CHACRINHA E SEU AMIGO ULTRA-SHIT EM CRISE VS. DEUS E O DIABO NA TERRA DE GLAUBER ROCHA.

abaixo vídeo com Ivan Cardoso durante o Festival de Gramado de 1997 (essa entrevista foi realizada enquanto estávamos filmando o “Super Chacrinha…”).

Ateu Graças A Deus

Posted in ateísmo, Literatura with tags , , , , , , , , , , , , , , on setembro 5, 2013 by canibuk

O acaso é o grande senhor de todas as coisas. A necessidade só vem depois. Não tem a mesma pureza. Se entre meus filmes tenho uma ternura particular por Le Fantôme de la Liberté, é talvez porque ele aborda esse tema inabordável.

O roteiro ideal, com o qual sonhei muitas vezes, procederia de um ponto de partida anódino, banal. Por exemplo: um mendigo atravessa uma rua. Vê uma mão que se estende pela janela aberta de um carro de luxo e joga no chão a metade de um charuto. O mendigo para bruscamente para pegar o charuto. Outro carro o atropela e mata.

A partir desse acidente pode ser feita uma série infinita de perguntas. Por que o mendigo e o charuto se encontraram? Que fazia o mendigo àquela hora na rua? Por que o homem que fumava o charuto o jogou fora naquele momento? Cada resposta dada a essas perguntas gerará outras perguntas, cada vez mais numerosas. Nós nos encontraremos diante de encruzilhadas cada vez mais complexas, levando a outras encruzilhadas, a labirintos fantásticos, onde teremos que escolher nosso caminho. Assim, seguindo causas aparentes que na realidade são apenas uma série, uma profusão ilimitada de acasos, poderíamos remontar cada vez mais longe no tempo, vertiginosamente, sem uma interrupção, através da história, através de todas as civilizações, até os protozoários originais.

Claro está que é possível tomar o roteiro pelo outro sentido e ver que o fato de jogar um charuto pela janela de um carro, provocando a morte de um mendigo, pode mudar totalmente o curso da história e conduzir ao fim do mundo.

Encontro um magnífico exemplo desse acaso histórico num livro claro e denso que representa para mim a quintessência de uma determinada cultura francesa, Ponce Pilate de Roger Caillois. Pôncio Pilatos, conta-nos Caillois, tem todas as razões para lavar suas mãos e deixar que Cristo seja condenado. É essa a opinião de seu conselheiro político, que teme perturbações na Judéia. É esse também o pedido de Judas, para que se realizem os desígnios de Deus. É essa até a opinião de Marduk, o profeta da Caldéia, que imagina a longa sequência de acontecimentos que ocorrerão depois da morte do Messias, acontecimentos que já existem, uma vez que ele os vê e é profeta.

A todos os argumentos Pilatos só pode opor sua honestidade, seu desejo de justiça. Após uma noite de insônia, toma sua decisão e liberta Cristo. Este é recebido com alegria por seus discípulos. Continua sua vida, seu ensinamento e morre bastante idoso, considerado um homem muito santo. A seu túmulo, durante um ou dois séculos, acorrerão peregrinos. Depois será esquecido.

E a história do mundo, naturalmente, será inteiramente diferente.

Esse livro me fez meditar durante muito tempo. Sei bem tudo o que podem dizer-me sobre o determinismo histórico ou sobre a vontade todo-poderosa de Deus, que levaram Pilatos a lavar suas mãos. Recusando a pia e a água, ele mudaria toda a sequência dos tempos.

Quis o acaso que lavasse as mãos. Não vejo, como Caillois, nenhuma necessidade nesse gesto.

Claro está, se nosso nascimento é totalmente fortuito, devido ao encontro acidental de um óvulo com um espermatozoide (por que exatamente este entre milhões?), o papel do acaso desaparece quando se constroem as sociedades humanas, quando o feto e depois a criança se acham submetidos a essas leis. E assim ocorre com todas as espécies. As leis, os costumes, as condições históricas e sociais de uma determinada evolução, de um determinado progresso, tudo o que pretende contribuir para o estabelecimento, o avanço, a estabilidade de uma civilização à qual pertencemos pela boa ou má sorte de nosso nascimento, tudo isso surge como uma luta quotidiana e tenaz contra o acaso. Nunca totalmente aniquilado, vigoroso e surpreendente, ele tenta conformar-se à necessidade social.

Mas creio que é preciso evitar ver, nessas leis necessárias que nos permitem viver juntos, uma necessidade fundamental, primordial. Parece-me, na realidade, que não é necessário que este mundo exista, que não é necessário que estejamos aqui vivendo e morrendo. Já que somos apenas os filhos do acaso, a terra e o universo poderiam ter continuado sem nós, até à consumação dos séculos. Imagem inimaginável, a de um universo vazio e infinito, teoricamente inútil, que nenhuma inteligência poderia contemplar, que existiria sozinho, caos duradouro, abismo inexplicavelmente privado de vida. Talvez outros mundos, que não conhecemos, sigam assim seu curso inconcebível. Atração pelo caos que às vezes sentimos profundamente em nós mesmos.

Alguns sonham com um universo infinito, outros o apresentam a nós como finito no espaço e no tempo. Eis-me entre dois mistérios, um e outro igualmente impenetráveis. De um lado a imagem de um universo infinito é inconcebível. Do outro, a idéia de um universo finito, que um dia já não existirá, torna a mergulhar-me num Nada impensável, que me fascina e me horroriza. Perambulo de um a outro. Nada sei.

Imaginemos que o acaso não existe e que toda a história do mundo, bruscamente tornada lógica e previsível, possa resumir-se em algumas fórmulas matemáticas. Nesse caso, seria necessário acreditar em Deus, supor, como inevitável, a existência ativa de um grande relojoeiro, de um ser supremo organizador.

Mas Deus, que tudo pode, não teria podido criar, por capricho, um mundo entregue ao acaso? Não, respondem-nos os filósofos. O acaso não pode ser uma criação de Deus, já que ele é a negação de Deus. Esses dois termos são antinômicos. Excluem-se mutuamente.

Não tendo fé (e persuadido de que a fé, como todas as coisas, nasce frequentemente do acaso), não vejo como sair desse círculo. É por isso que não penetro nele.

A consequência que disso extraio, para uso próprio, é muito simples: crer e não crer dá no mesmo. Se me provassem, neste instante, a luminosa existência de Deus, isso não modificaria rigorosamente em nada meu comportamento. Não posso crer que Deus me vigie permanentemente, que se ocupe de minha saúde, de meus desejos, de meus erros. Não posso crer, e de toda maneira não aceito isso, que ele pudesse punir-me por toda a eternidade.

Que sou eu para ele? Nada, um vestígio de lama. Minha passagem é tão rápida que não deixa marca alguma. Sou um pobre mortal, não conto nem no espaço nem no tempo. Deus não se ocupa de nós. Se existe, é como se não existisse.

Raciocínio que resumi no passado nesta fórmula: “Sou ateu, graças a Deus.” Uma fórmula que só aparentemente é contraditória.

Luis Buñuel, retirado de seu livro “Mon Dernier Soupir”.

Buñuel.

Buñuel.

Dark Star

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 12, 2012 by canibuk

“Dark Star” (1974, 83 min.) de John Carpenter. Roteiro de Dan O’Bannon e John Carpenter. Produção capenga de Jack H. Harris. Com: Dan O’Bannon, Brian Narelle, Cal Kuniholm, Dre Pahich e a voz de John Carpenter.

No século XXII a humanidade está colonizando o Universo e uma espaçonave chamada Dark Star realiza a missão de destruir os planetas instáveis com a utilização de bombas inteligentes chamadas “Thermostellar Triggering Devices”. Como a missão já dura quase 20 anos, a tripulação da Dark Star se encontra mergulhada no tédio. Para piorar a situação, seu comandante foi morto em um bizarro acidente e se encontra congelado. Com a nave cada vez mais cheia de defeitos, os tripulantes ficam inventando distrações para aguentar o marasmo espacial (um gosta de ficar na cúpula de observação da Dark Star vendo o Universo passar diante de seus olhos, outro fica fazendo piadas bestas com o resto da tripulação, outro fuma charutos sem parar e pratica tiro ao alvo com uma arma laser dentro da espaçonave e assim por diante). Logo “Beachball”, um travesso alien em formato de uma bola de praia adotado por Pinback (interpretado pelo roteirista Dan O’Bannon), escapa e começa a aprontar inúmeras confusões com Pinback perseguindo-o pela espaçonave. Perto do final do filme, a Dark Star e sua desinteressada tripulação chega à Veil Nebula onde precisam explodir um planeta instável. Acionam a Bomb #20 que, numa crise existencial, se recusa a executar sua missão obrigando o tripulante Doolittle (Brian Narelle) a ter uma engraçadíssima conversa filosófica com a bomba inteligente com o intuíto de convencê-la a concluir a missão. Como Doolittle se sai mal ao ensinar a dúvida cartesiana à bomba, tudo se explode quando a bomba afirma ser Deus. No final a imagem de Doolittle surfando pelo espaço fica na mente de forma poderosa, deve ser a maior curtição surfar no espaço sideral.

Com o padrão de qualidade Jack Harris, “Dark Star” é uma maravilhosa comédia sci-fi de humor negro que marca a estréia profissional de dois mestres do cinema americano moderno: John Carpenter e Dan O’Bannon. Com um orçamento de apenas 60 mil dólares, a dupla teve que fazer a nave Dark Star do zero. O elevador da espaçonave era um poço de elevador real, os painéis da nave eram bandeijas furadas com luzes coloridas por trás, pedaços de televisores, embalagens styrofoam, papelões, isopor, plataformas de metal, restos de ferro-velho, tudo servia como material para a construção do interior da nave espacial. E o alien do filme realmente é uma grande bola de praia. O tom de farsa dá o ritmo á este belo cult movie que, anos depois, foi re-escrito por Dan O’Bannon e se tornou o clássico “Alien” (1979) de Ridley Scott. Aliás, O’Bannon além de escrever e atuar, ainda foi o grande responsável pela maioria dos efeitos especiais do filme. John Carpenter faz, além da direção e co-roteirização, a voz da personagem Talby e assina a trilha sonora e a produção. Apesar de todas as deficiências técnicas da produção, “Dark Star” é um dos meus filmes preferidos do Carpenter.

Antes de dirigir o longa “Dark Star”, John Carpenter havia dirigido vários curta-metragens de horror e sci-fi como “Revenge of the Colossal Beasts” (1962), “Terror From Space” (1963), “Gorgo Vs. Godzilla” (1969), “Gorgon – The Space Monster” (1969), “Sorceror From Outer Space” (1969), “Warrior and the Demon” (1969), a maioria destes curtas são produções caseiras em super-8 onde Carpenter exercitava sua narrativa e dava vazão a sua criatividade. Ao cursar cinema na USC teve a oportunidade de dirigir “Captain Voyeur” (1969), que possuia vários elementos que reapareceram anos depois em “Halloween”. No ano seguinte escreveu o curta de faroeste “The Resurrection of Broncho Billy”, com direção de James R. Rokos, que ganhou o Oscar de melhor curta-metragem. “Dark Star” foi seu primeiro “grande” filme como diretor, mesmo não tendo sido um sucesso de público abriu inúmeras portas para Carpenter na indústria cinematográfica (e para O’Bannon também, após “Dark Star” ele seria contratado por George Lucas para fazer um trabalho com efeitos para “Star Wars“). Seu próximo longa foi “Assault on Precinct 13/Assalto à Décima Terceira DP” (1976) sobre um grupo de policiais que é atacado em sua própria delegacia por uma gang de marginais; na seqüência fez o mega-sucesso “Halloween” (1978) que detonou a onda de slashers que assombrou a década seguinte e lhe garantiu um lugar de destaque nos grandes estúdios americanos. Imediatamente após “Halloween”, Carpenter ainda fez dois filmes fraquinhos para a televisão americana: “Someone’s Watching Me!/Alguém me Vigia” (1978), um suspense estrelado por Lauren Hutton e “Elvis” (1979), cine-biografia de Elvis Presley que o colocou em contato com o ator Kurt Russell.

A década de 1980 trouxe John Carpenter no auge de sua criatividade e o transformou num mestre do cinema de horror e sci-fi. “The Fog/A Bruma Assassina” (1980) trazia fantasmas-zumbis em busca de vingança numa cidade de pescadores da California e um clima dos quadrinhos da E.C. Comics; “Escape From New York/Fuga de New York” (1981) tinha Kurt Russell na pele de Snake Plissken e contava a história do bandido que é enviado à uma Manhattan transformada em prissão de segurança máxima para resgatar o presidente americano que foi feito refém após seu avião cair lá. Com um elenco de primeira que incluia atores como Lee Van Cleef, Ernest Borgnine e Donald Pleasence, “Escape From New York” logo se tornou um cult movie; Com o sucesso de seu filme anterior Carpenter se viu na privilegiada posição de poder escolher seu novo projeto e legou ao mundo seu melhor trabalho, “The Thing/O Enigma de Outro Mundo” (1982), novamente estrelado por Kurt Russell, que atualizava o clássico da sci-fi “The Thing From Another World/O Monstro do Ártico” (1951) de Christian Nyby. Essa versão de Carpenter era mais fiel ao conto “Who Goes There?” (1938) de John W. Campbell, no qual ambos os filmes são inspirados, foi um banho de sangue e vísceras que pegou a platéia desprevenida e contou com os inovadores efeitos especiais de Rob Bottin em sua melhor forma. Após seu grande clássico sangrento, Carpenter foi pressionado pelos produtores a ser mais suave e fez quatro filmes menores: “Christine/O Carro Assassino” (1983), baseado em Stephen King, um suspense sem grandes momentos; “Starman/O Homem das Estrelas” (1984), chatice sobre um alien perdido no planeta Terra; “Big Trouble in Little China/Os Aventureiros do Bairro Proibido” (1986), deliciosa aventura com Kurt Russell na pele de um camioneiro resolvendo um conflito místico em Chinatown; e “Prince of Darkness/O Príncipe das Sombras” (1987), divertido suspense com o roqueiro Alice Cooper fazendo uma participação especial. Após estes filmes medianos, Carpenter fechou a década com chave de ouro. “They Live/Eles Vivem” (1988) contava a história de uma invasão alienígena silenciosa e criticava o modo de vida americana, sugerindo que muito dos ricos e endinheirados eram aliens.

Nos anos de 1990 Carpenter começou o declínio de sua carreira. “Memoirs of a Invisible Man/Memórias de um Homem Invisível” (1992) era um tropeço imperdoável estrelado por Chevy Chase, antes desta bomba sem graça era preferível que ele tivesse dirigido seu roteiro “El Diablo” (1990), divertido western com John Glover que tinha sido dirigido por Peter Markle dois anos antes; “Body Bags/Trilogia do Terror” (1993) era uma produção para a televisão que ele dirigiu (e estrelou) em parceria com Tobe Hooper, mas é um filme em episódios que só empolga no segmento final; “In the Mouth of Madness/À Beira da Loucura” (1994) mostrava que Carpenter ainda podia fazer filmaços; “Village of the Madness/A Cidade dos Amaldiçoados” (1995) era uma refilmagem do clássico homônimo de 1960 dirigido por Wolf Rilla que não chegava nem aos pés do original; “Escape From L.A./Fuga de Los Angeles” (1996), com Russell revivendo sua personagem Snake Plissken, era divertido, mas um péssimo filme quando comparado ao original; e “Vampires/Vampiros” (1998), sobre um grupo de caçadores de vampiros patrocinados pelo Vaticano, tinha um bom ponto de partida e decepcionava com seu final fraquinho.

Se a década de 1990 dava mostras de que a carreira de Carpenter não era mais genial, o novo século tirou as dúvidas. “Ghosts of Mars/Fantasmas de Marte” (2001) foi uma bomba completa mal conduzida e com elenco desperdiçado em correrias histéricas prá lugar nenhum, na minha opinião o pior filme disparado de Carpenter, e “The Ward/Aterrorizada” (2010) é uma chatice sem fim que nem parece ter sido dirigido pelo fenomenal cineasta de “The Thing”. Mas em 2005, para a série “Masters of Horror”, Carpenter realizou o maravilhoso episódio “Cigarette Burns” que é digno do grande cineatsa que ele é. “Pro-Life” (2006), que ele realizou para a segunda temporada de “Masters of Terror” nao chegou a ser tão empolgante quanto sua primeira contribuição para a série.

Dan O’Bannon (1946-2009) começou sua carreira como ator, roteirista e técnico de efeitos especiais e logo, em decisão acertada, passou a se dedicar à construção de roteiros que deram origem à grandes clássicos do horror e sci-fi dos anos 80/90. Após “Dark Star” esteve por alguns anos envolvido no projeto “Duna” de Alejandro Jodorowsky. Seus melhores trabalhos são os roteiros para filmes como “Alien” (1979) de Ridley Scott, que desenvolve de maneira mais séria idéias de “Dark Star”; “Lifeforce” (1985) de Tobe Hooper, um banho de sangue gostoso e quentinho que misturava sci-fi e horror de maneira sublime; “Total Recall/O Vingador do Futuro” (1990) de Paul Verhoeven e “Screamers” (1995) de Christian Duguay, ambos inspirados em contos de Philip K. Dick; e “Bleeders” (1997) de Peter Svatek, sobre uns monstrengos. Em 1985 Dan escreveu e dirigiu um dos maiores clássicos cults da filmografia zumbi, “The Return of the Living Dead/A Volta dos Mortos-Vivos”, onde contava uma alucinada história de punks enfrentando zumbis que gerou, até agora, quatro seqüências. Na época do lançamento o filme foi um grande sucesso de público que se maravilhou com seu ritmo non stop e senso de humor negro cretino. Em 1992 Dan voltou a dirigir uma produção, “The Resurrected”, suspense apenas correto que se baseava em conto de H.P. Lovecraft e que teve vários problemas enquanto era feito.

O produtor executivo de “Dark Star” foi o lendário Jack H. Harris, famoso por produções de baixo orçamento. Na verdade Harris viu “Dark Star” com 45 minutos (inicialmente o filme era uma produção de estudantes de cinema) e comprou os direitos de distribuição e ficou enchendo o saco de Carpenter e O’Bannon para que o transformassem em um longa. O texto que se vê numa tela de computador no decorrer do filme, onde se lê “Fuck You Harris”, foi uma vingança de Carpenter pelas aporrinhações do produtor. Sua carreira começou com o cult movie “The Blob/A Bolha” (1958) de Irvin S. Yeaworth Jr. estrelado por Steve McQueen. Na seqüência manteve a parceria com Yeaworth e escreveu e produziu “4D Man” (1959) e “Dinosaurus!” (1960). Paralelo a parceria com o diretor de “The Blob”, distribuiu os filmes “Obras Maestras del Terror” (1960) e “Master of Horror” (1965), ambos filmes de Henrique Carreras baseados em contos de Edgar Allan Poe. Se achando apto para dirigir, Harris escreve, produz e conduz “Unkissed Bride” (1966), comédia tosca sobre um psiquiatra que usa LSD no tratamento de uma noiva com fobia do casamento. Na década de 1970 produz “Equinox” (1970), horror dirigido por Jack Woods e dá aos fãs do trash a maravilhosa continuação ultra vagabunda de “The Blob”, intitulada agora de “Beware! The Blob” (1972) e dirigida pelo ator Larry Hagman. Nesta mesma década aposta em filmes de jovens talentos como “Schlock” (1973) de John Landis, o já citado “Dark Star” e “Eyes of Laura Mars” (1978) de Irvin Kershner. Nos anos 80 produziu “Prison Ship” (1986) de Fred Olen Ray, a refilmagem de “The Blob” (1988) de Chuck Russell e a comédia “Blobermouth” (1991) de Kent Skov.

Assista aqui “Dark Star”:

“Dark Star” foi lançado no Brasil em VHS pela distribuidora Polevídeo e deve ter irritado muitos fãs de ficção com suas deficiências técnicas. Nunca conheci fanáticos por este filme, mas na minha opinião essa produção já dava sinais do brilhante cineasta que John carpenter viria à se tornar. “Dark Star” é imperdível por seu valor histórico.

por Petter baiestorf.

Deus – O Matador de Sementinhas & Poesia Visceral

Posted in Nossa Arte, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on abril 15, 2012 by canibuk

Gurcius Gewdner acabou de colocar no Vimeo dois curtas antigos onde tenho participações, “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997), que co-dirigi em parceria com C.B. Rot e “Poesia Visceral”, uma palhaçada coletiva de 2004 que eu nem lembrava mais que tinha participado!

“Deus – O Matador de Sementinhas” (1997, 3 min.) de Petter Baiestorf e C.B. Rot foi um curtinha sobre religião que parecia pedir prá sair de nossas cabeças. Ateus, Rot e eu, resolvemos, por um pequeno momento, imaginar se Deus existia e como ele escutaria e se comportaria ouvindo as preces e pedidos dos desesperados humanos. Na época destas filmagens estávamos rodando o longa-metragem “Super Chacrinha e seu Amigo Ultra-Shit em crise Vs. Deus e o Diabo na Terra de Glauber Rocha” (1997) e testando inúmeras possibilidades de chocar espectadores (depois deste curta bolamos ainda o trio de filmes escrotos “Boi Bom”, “Gore Gore Gays” e “Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos”, todos feitos e lançados em 1998). Este curta-metragem foi lançado em Porto Alegre/RS durante o festival de música Made in China (organizado pelo Marcelo Birck e Plato Divorak, se não me falha a memória) e já na primeira exibição deu problemas. Depois disso conseguimos exibí-lo em poucos botecos e virou extra em VHSs/DVDs que lançamos. Assista logo porque tenho a impressão de que não vai durar muito tempo no Vimeo.

“Poesia Visceral” (2004, 6 min.) de Canibais Etílicos é um curta muito ruim feito entre o pessoal que andava comigo no ano de 2004, que foi um dos piores anos da produtora, com toda nossa produção na época parada por falta de condições de trabalho. Para este “Poesia Visceral”, onde nada foi pensado ou planejado antes, realizamos um churrasco (numa época em que eu ainda comia animais mortos), botamos gasolina na cerveja do Ivan Pohl e ficamos incentivando ele a vomitar gostoso. A trilha sonora eu escolhi de acordo com o que escutávamos na época e a edição tosca, se não me falha a memória, fui eu quem fez. Este curta nunca teve lançamento, nem exibições públicas porque antes de ser um filme, é uma bagunça besta entre bêbados. Também não pretendo colocar este curta de extra em nenhum futuro lançamento em DVD.

Sei que estes dois curtas não são o melhor cartão de visitas para as produções que realizei via Canibal Filmes, mas se você curte filmes gores, sexploitations e roteiros sem noção, pode comprar os filmes que estamos sempre lançando, basta pedir informações via e-mail baiestorf@yahoo.com.br

Temos disponível os seguintes títulos:

– O Monstro Legume do Espaço (partes 1 e 2 e vários extras): R$ 10,00 + R$ 5,00 de despesas postais.
– Eles Comem Sua Carne/Zombio (double feature e vários extras): R$ 10,00 + R$ 5,00 de despesas postais.
– A Curtição do Avacalho (com o documentário “Baiestorf – Filmes de Mulher Pelada e Sangueira” de extra): R$ 10,00 + R$ 5,00 de despesas postais.
Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!! (com vários extras): R$ 10,00 + R$ 5,00 de despesas postais.
Vadias do Sexo Sangrento (DVD duplo com vários extras): R$ 15,00 + R$ 5,00 de despesas postais.