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Miooooloosss!!!!

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“The Return of the Living Dead” (“A Volta dos Mortos Vivos”, 1985, 91 min.) de Dan O’Bannon. Com: Clu Gulager, James Karen, Don Calfa, Linnea Quigley e Jewel Shepard. Roteiro de Dan O’Bannon, com ajuda de Rudy Ricci e Russell Streiner, baseado em livro de John Russo. Efeitos e Maquiagens de Allan A. Apone e Tony Gardner.

Este talvez seja, ao lado do trio “Re-Animator” (1985, Stuart Gordon), “Evil Dead 2” (1987, Sam Raimi) e “Braindead/Fome Animal” (1993, Peter Jackson), o mais famoso splatstick do cinema mundial. Mas o que é um splatstick? Splatstick é uma palavra derivada de splatter (para sangue) e splastick (para comédia física), ou seja, splatstick é um filme gore com altas doses de comédia pastelão. Aqui no Brasil o principal representante dos splatstick talvez seja eu mesmo e minha Canibal Filmes, várias de minhas produções tentam combinar violência explícita com comédia sem noção, como “Eles Comem Sua Carne” (1996), “Blerghhh!!!” (1996) ou “Zombio” (1999). Outros representantes do sub-gênero no Brasil são os cineastas Fernando Rick, dos ótimos “Rubão – O Canibal” (2002) e “Feto Morto” (2003) e Felipe Guerra de filmes como “Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado” (2001) e “Canibais e Solidão” (2008).

“The Return of the Living Dead” já nasceu clássico. A História começa com um punk conseguindo emprego num armazém de abastecimento de produtos médicos onde Frank (James Karen) tenta impressioná-lo mostrando cilindros que estão no porão do armazém e que conteriam os mortos-vivos que teriam dado origem ao filme “The Night of the Living Dead/A Noite dos Mortos Vivos” (1968) de George A. Romero. Claro que ao mexer no cilindro a dupla libera o gás e reanima um corpo morto (e borboletas empalhadas e um meio-cachorro também) que eles não conseguem matar nem com uma picaretada no cérebro. Burt (Clu Gulager) conhece Ernie (Don Calfa), o agente funerário que trabalha no cemitério ao lado, e resolvem picar o corpo do morto-vivo para queimá-lo no forno crematório e isso faz com que o gás, através da fumaça, se misture as nuvens de uma tempestade que cria uma chuva ácida que levanta todos os mortos do cemitério. Um grupo de punks se junta ao grupo do necrotério em sua luta contra os zumbis – mais espertos que os vivos – e está reunido os ingredientes para um splatstick genial.

Em “The Return of the Living Dead” tudo funciona maravilhosamente bem. Figurinos, cenários, maquiagens, trilha sonora, atores, piadas e a direção de O’Bannon concilia tudo de uma maneira a deixar o filme um perfeito passatempo para os jovens da minha idade (não faço idéia do que essa geração apática de agora pode achar deste filme, certamente dirão: “É podre!!!”, sem conseguir esboçar mais palavras sobre a produção). Aqui os zumbis são mais inteligentes do que os vivos, em uma cena um morto vivo pega o rádio da ambulância e chama mais médicos para o suprimento de cérebros continuar fresquinho! Os zumbis aqui também são mais ágeis do que os mortos vivos do Romero e quando a Trash (Linnea Quigley) é transformada em zumbi, para nosso deleite, a temos peladinha em busca de cérebros. Impensável para o puritano cinema de horror dos dias de hoje.

Inicialmente “The Return of the Living Dead” era para ter sido dirigido por Tobe Hooper (que acabou abandonando o projeto para se dedicar ao “Lifeforce/Força Sinistra”, também com roteiro de Dan O’Bannon). Sem diretor para seu filme o produtor Tom Fox ofereceu a função ao roteirista O’Bannon que aceitou com a condição de que poderia diferenciá-lo dos filmes de George A. Romero. Como a essa altura o autor original, John Russo, já havia caído fora do projeto, Dan adicionou humor e nudez, uma combinação que sempre deixa os filmes violentos melhores e finalizou seu filme em tempo de lançá-lo junto da produção “Day of the Dead/Dia dos Mortos” (1985) de George A. Romero. O splatstick alucinado de O’Bannon fez muito sucesso, deixando o sombrio filme de Romero sem público, que naquele período dos anos de 1980 estava mais interessado em produções carregadas de humor incorreto e nudez. O filme teve quatro seqüências desnecessárias até agora: “Return of the Living Dead 2” (1988) de Ken Wiederhorn; “Return of the Living Dead 3” (1993) de Brian Yuzna; “Return of the Living Dead: Necropolis” (2005) e “Return of the Living Dead: Rave to the Grave” (2005), estes dois últimos filmados simultaneamente por Ellory Elkayem. Como curiosidade: A personagem de James Karen era para ter se tornado um zumbi e se juntado a multidão de mortos-vivos, mas James não queria filmar na chuva fria e sugeriu que sua personagem se matasse antes da transformação ser concluída. Como O’Bannon adorou a sugestão a incluiu no roteiro e criou um dos mais belos momentos do filme, tudo embalado com a canção “Burn the Flames” de Roky Erickson.

Aliás, a trilha sonora de “The Return of the Living Dead” é um achado. Além da música de Roky Erickson, trazia ainda bandas maravilhosas como The Cramps, 45 Grave, TSOL, The Fleshtones, The Damned, Tall Boys, The Jet Black Berries e SSQ, numa mistura de punk rock com deathrocks que foram a cara dos anos de 1980. Assisti este filme em 1988 quando tinha 14 anos e foi delírio puro. Punkrock, gostosa pelada dançando sobre túmulos, zumbis podrões com senso de humor parecido com meu próprio senso de humor, sangue jorrando, corpos desmembrados, diálogos hilários e um final provocadoramente anárquico. Era puro rock’n’roll! A música original do filme foi composta por Matt Clifford que trabalhou mais em teatro do que cinema. Clifford também foi responsável pela música do curta “The Basket Case” (2007) de Owen O’Neill (não confundir com “Basket Case” de Frank Henenlotter).

John Russo, para quem não sabe, foi o roteirista de “The Night of the Living Dead” e viveu a sombra deste trabalho. Logo após o lançamento do grande clássico do cinema zumbi, em 1968, a dupla Romero-Russo se separou (Russo ainda produziu “There’s Always Vanilla”, 1971, de Romero) com Romero tendo os direitos de produzir as seqüências do filme original e Russo ficou detentor do título “Living Dead” (por isso os filmes de Romero nunca puderam usar “Living Dead” em seus títulos). Russo produziu filmes como “Night of the Living Dead” (1990) de Tom Savini e “Children of the Living Dead” (2001) de Tor Ramsey; escreveu coisas como “The Majorettes/Retratos da Morte” (1987) de S. William Hinzman (que em 1968 foi um zumbi no clássico “The Night of the Living Dead”, usando o nome de Bill Heinzman), “Voodoo Dawn” (1991) de Steven Fierberg, “Night of the Living Dead 3D” (2006) de Jeff Broadstreet e “Another Night of the Living Dead” (2011) de Alan Smithee (provavelmente o nome Alan Smithee está sendo usado aqui para evitar brigas com Romero) e dirigiu tranqueiras como a comédia “The Booby Hatch” (1976) com co-direção de Rudy Ricci, “Midnight” (1982), “Heartstopper” (1991), “Santa Claws” (1996) e agora cuida da pré-produção de “Escape of the Living Dead”, ainda sem previsão de lançamento. John Russo é um picareta do cinema americano e parece possuir um senso de humor bem peculiar já que está sempre se auto-parodiando com seus intermináveis filmes de “living deads”.

Dan O’Bannon se revelou uma escolha perfeita para a direção de “The Return of the Living Dead”. Nascido em 1946 O’Bannon estreou no cinema ao lado de John Carpenter no divertido trash-movie “Dark Star”. Roteirista de sci-fi e horror, O’Bannon escreveu grandes filmes como “Alien” (1979) de Ridley Scott; “Dead and Buried” (1981) de Gary Sherman; alguns segmentos de “Heavy Metal” (1981) de Gerald Potterton; “Blue Thunder” (1983) de John Badham; “Invaders From Mars/Invasores de Marte” (1986) de Tobe Hopper; “Total Recall/O Vingador do Futuro” (1990) de Paul Verhoeven; “Screamers” (1995) de Christian Duguay; “Bleeders” (1997) de Peter Svatek; além dos já citados “The Return of the Living Dead” e “Lifeforce”, ambos de 1985. Também dirigiu “The Resurrected” (1992), baseado em H.P. Lovecraft, uma produção repleta de problemas oriundos de seu baixo orçamento. Dan O’Bannon morreu em 2009 deixando milhares de fãs de sci-fi/horror sem suas ótimas histórias que sempre tentavam fugir do lugar comum do gênero.

“The Return of the Living Dead” lançou a carreira do técnico em animatrônicos Tony Gardner, que foi o responsável pela criação do “meio-zumbi” que explica aos heróis do filme porque os mortos precisam comer cérebros. Depois trabalhou em filmes como “The Blob/A Bolha Assassina” (1988) de Chuck Russell; “Nightbreed” (1990) de Clive Barker; “Darkman” (1990) de Sam Raimi; “Blood Salvage/Mad Jake” (1990) de Tucker Johnston; “Army of Darkness/Uma Noite Alucinante 3” (1992) de Sam Raimi; “Freaked/Freaklândia” (1993) de Tom Stern e Alex Winter e “A Dirty Shame/Clube dos Pervertidos” (2004) de John Waters. O filme também trazia as maquiagens gore de Allan A. Apone que estreou trabalhando no falso documentário “Faces of Death/As Faces da Morte” (1978) de John Alan Schwartz. Depois trabalhou em divertidas produções como “Evilspeak/O Mensageiro de Satanás” (1981) de Eric Weston; “Galaxy of Terror” (1981) de Bruce D. Clark; “Parasite” (1982) de Charles Band, que trazia uma jovem Demi Moore no elenco; “Hospital Massacre” (1982) de Boaz Davidson; “Friday the 13th part 3/Sexta-Feira 13 – Parte 3” (1982) de Steve Miner; “Wacko” (1982) de Greydon Clark; “Return to Horror High/De Volta à Escola de Horrores” (1987) de Bill Froehlich. Na década de 1990 começou a trabalhar em grandes produções de Hollywood, geralmente super-produções sem nenhum atrativo para trashmaníacos.

Os atores escolhidos para viver as tresloucadas personagens de “The Returno f the Living Dead” estão perfeitos. Vale a pena destacar a participação dos veteranos Clu Gulager, Don Calfa e James Karen. Clu Gulager (1928) trabalhou na TV e cinema americano. Com sangue Cherokee correndo em suas veias, Clu serviu na marinha americana e logo após a Segunda Guerra Mundial estreou na série “The United States Steel Hour”. Ainda trabalhando na TV, foi em 1962 personagem no episódio “Final Vow”, com direção de Norman Lloyd, na série “The Alfred Hitchcock Hour”. Estreou no cinema pelas mãos do genial Don Siegel em “The Killers/Os Assassinos” (1964), onde contracenou com Lee Marvin, John Cassavetes e o futuro presidente Ronald Reagan. Outros filmes em que Clu Gulager trabalhou são “The Last Picture Show/A Última Sessão de Cinema” (1971) de Peter Bogdanovich; “McQ” (1974) de John Sturges; “A Force of One/Força Destruidora” (1979) de Paul Aaron, estrelado por Chuck Norris e “A Nightmare on Elm Street 2: Freddy’s Revenge/A Hora do Pesadelo 2” (1985) de Jack Sholder. Em 2012 pode ser visto no filme “Piranha 3DD/Piranha 2”, com direção de seu filho John Gulager. Don Calfa (1939) nasceu em New York e seu papel mais conhecido é o do agente funerário em “The Return of the Living Dead”. Calfa se especializou em comédias e deu as caras em vários filmes divertidos como “Shanks” (1974) do lendário Willian Castle; “New York, New York” (1977) de Martin Scorsese; “10/Mulher Nota 10” (1979) de Blake Edwards; “1941” (1979) de Steven Spielberg; “Treasure of the Moon Goddess/O Tesouro da Deusa Lua” (1987) de José Luis García Agraz, estrelado por Linnea Quigley; “Weekend at Bernie’s/Um Morto Muito Louco” (1989) de Ted Kotcheff e “Necronomicon” (1993) de Christophe Gans, Shûsuke Kaneko e Brian Yuzna. James Karen (1923) começou trabalhando no teatro, depois passou a trabalhar em séries de TV. Em 1965 foi ator, ao lado do genial comediante Buster Keaton, no curta de 20 minutos “Film” de Alan Schneider. No mesmo ano estrelou o impagável “Frankenstein Meets the Spacemonster” de Robert Gaffney e tomou gosto por filmes vagabundos, alternando-os com participações em filmes importantes. Está no elenco de coisas como “Hercules in New York” (1969) de Arthur Allan Seidelman, estrelado por um jovem Arnold Schwarzenegger em seu filme de estréia; “All the President’s Men/Todos os homens do Presidente” (1976) de Alan J. Pakula; “Capricorn One” (1977) de Peter Hyams; “The China Syndrome” (1979) de James Bridges; “Poltergeist” (1982) e “Invaders From Mars” (1986), ambos de Tobe Hooper; “Return of the Living Dead 2” (1988), entre vários outros. E atente para as participações de Linnea Quigley no papel da punk pelada e Jewel Shepard, atriz que já trabalhou em filmes adultos como “Hollywood Hot Tubs/Banhos Ardentes (1984) de Chuck Vincent e “Christina y La Reconversión Sexual” (1984) de Francisco Lara Polop.

Nos USA foi lançado em 2007 uma edição de colecionador de “The Return of the Living Dead”, com muito material extra e entrevistas com o elenco. Aqui no Brasil foi lançado em VHS pela Globo Vídeo e acabou de sair em DVD, sem extras e com qualidade de imagem meia boca, pela distribuidora Flashstar. Realmente o mercado brasileiro não sabe como tratar um clássico do splatstick cinematográfico mundial.

por Petter Baiestorf.

Assista “The Return of the Living Dead” aqui:

Nos Domínios do Amor Perverso

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 5, 2012 by canibuk

“Twice-Told Tales” (“Nos Domínios do Terror”, 1963, 120 min.) de Sidney Salkow. Com: Vincent Price, Joyce Taylor, Sebastian Cabot e Beverly Garland.

Este filme deveria se chamar “Nos Domínios do Amor Perverso”. Com três histórias baseadas em contos do escritor Nathaniel Hawthorne, “Twice-Told Tales” é um filme em episódios que explora o sadismo do amor relacionando-o ao macabro e a ciência. Roteirizado e produzido por Robert E. Kent, somos introduzidos no universo amoroso-tétrico de Hawthorne. No primeiro segmento, intitulado “A Experiência do Dr. Heidigger”, somos apresentados a dois amigos idosos que estão bebendo e relembrando o passado enquanto uma pesada tempestade castiga a noite. Ao fim da tempestade eles percebem que a tumba onde está enterrada Sylvia há 30 anos está aberta e resolvem ir lá ver se a tempestade não causou danos. Assim os dois velhos amigos descobrem que a morta está perfeitamente conservada no caixão e o ex-noivo, agora um renomado médico, desconfia que a água que pinga sobre o cadáver seja o responsável pela conservação do corpo. Após rápidos testes, onde a dupla reanima uma rosa seca, ambos bebem o precioso líquido coletado na tumba e voltam a ser jovens. Animados com o líquido milagroso, injetam no corpo da defunta que volta a vida revelando detalhes sórdidos, macabros e sujos de um triângulo amoroso mortal.

No segundo segmento, “A Filha de Rappaccini”, um pai mantém sua filha prisioneira em seu jardim, até o dia em que um jovem vizinho da casa ao lado se apaixona pela moça e descobre que ela foi vítima de experimentos de seu pai, um renomado cientista que no passado foi traído pela esposa libidinosa, e que transformou sua bela filha numa criatura radioativa que não pode encostar em nada vivo sem matá-lo horrivelmente queimado. Perdidamente apaixonado pela mortal beldade o vizinho tenta de tudo para salvar sua amada da loucura paterna (seu pai fez o que fez para evitar que a filha seguisse os passos pecadores da mãe). Ludibriado pelo cientista o jovem apaixonado é transformado em uma criatura radioativa tal como sua amada (assim nenhum dos jovens poderia trair o parceiro com relacionamentos extra-casamento) e um final explosivo, nos moldes de “Romeu e Julieta” só que mais atômico, acontece na melhor história do longa.

O terceiro segmento, e mais fracos, é “A Casa dos Sete Telhados”, sobre um picareta que volta à casa assombrada de sua família em busca de um cofre maldito que teria o dinheiro necessário para ele pagar suas dívidas de jogo. Sua esposa, que nada sabe, parece ser a resposta para a assombração que persegue aquela maldita casa à gerações. Aos poucos o expectador fica sabendo detalhes da história de amor por traz da maldição da casa dos sete telhados e de como a família do viciado em jogos conseguiu ficar com a casa (através de denúncias de bruxaria, onde o patriarca da família teria “roubado” a propriedade, traçando paralelos com a vida pessoal do escritor Hawthorne). Não sou chegado em historinhas espíritas de fantasminhas, talvez por isso eu não tenha curtido tanto este episódio final.

Vincent Price faz o papel principal (e a narração) em todos os episódios e nos lega interpretações fantásticas, se revelando em grande forma. Filmado no início dos anos de 1960, “Twice-Told Tales” tem aquele climão gótico dos filmes que Roger Corman fez baseado em contos de Edgar Allan Poe para a AIP, e assim como todos estes filmes de Corman, “Twice-Told Tales” faz excelente uso dos cenários belíssimos que são explorados de maneira bem criativa (cada episódio se passa num único cenário), aliados aos efeitos especiais, atuações, roteiro e figurinos que funcionam de modo colaborativo para que o filme seja uma grande diversão macabra do mais alto nível. O título de trabalho do filme foi “The Corpse Makers”, depois alterado para “Twice-Told Tales”, título de um livro coletânea de contos de Hawthorne (que trazia em suas páginas apenas o conto “A Experiência do Dr. Heidigger”). Nos USA o filme foi lançado em um DVD double feature com o clássico “Tales of Terror” (1962) de Roger Corman, verdadeiro objeto de orgasmo aos fãs fanáticos de Vincent Price.

Nathaniel Hawthorne (1804-1864) foi um romancista/contista descendente de John Hathorne (sem o “w”), único juiz envolvido nos julgamentos das bruxas de Salem que nunca se arrependeu de suas ações. Bom material para o escritor Hawthorne, que acrescentou o “w” em seu nome a fim de ocultar essa relação. Seu livro mais famoso, “The Scarlet Letter/A Letra Escarlate” foi publicado em 1850 depois de alguns livros que não fizeram sucesso. “A Letra Escarlate” foi um dos primeiros livros produzidos em massa nos USA e, nos primeiros dez dias após o lançamento, vendeu mais de 2500 cópias. O sucesso deu estabilidade à carreira de escritor e Hawthorne pode se dedicar a literatura, lançando na seqüência os livros “The House of the Seven Gables/A Casa dos Sete Telhados” (1851), que serviu de inspiração para o terceiro segmento de “Twice-Told Tales”, e “The Blithedale Romance” (1852), além de livros coletâneas de contos. No início da Guerra Civil Americana conheceu Abraham Lincoln e usou essas experiências políticas para compor o ensaio “Principalmente Sobre Assuntos da Guerra”, publicado em 1862. “Twice-Told Tales”, que empresta seu nome para este filme, foi lançado em 1837. Hawthorne faleceu enquanto dormia em 1864.

O diretor Sidney Salkow (1909-1998) dirigiu mais de 70 filmes e era pau prá toda obra, bem ao estilo dos diretores clássicos de Hollywood. Durante a Segunda Guerra Mundial Salkow chegou ao posto de major na marinha americana e assim que deu baixa do exército voltou a trabalhar como diretor, alternando filmes B com séries de TV. Seu primeiro filme foi o suspense “Four Days’ Wonder” (1936), seguido de vários outros filmes sem grande importância. Em 1952 chamou atenção com sua direção no filme “The Golden Hawk”, aventura estrelada por Sterling Hayden, e em 1954 dirigiu o ótimo western “Sitting Bull/Touro Sentado”. Depois de trabalhar em muitas séries de TV (coisas como “Lassie”, “Maverick” e “77 Sunset Strip”), foi contratado para dirigir “Twice-Told Tales”, um de seus melhores trabalhos. Ficou amigo de Vincent Price e o co-dirigiu novamente, em parceria com Ubaldo Ragona, no clássico “The Last Man on Earth/Mortos que Andam” (1964), com base no livro “I Am Legend” de Richard Matheson (embora o nome de Sidney Salkow não apareça creditado nas versões em italiano do filme). Depois destes dois grandes filmes do cinema fantástico Salkow realizou mais alguns westerns e se aposentou com apenas 59 anos e passou a viver de cursos de cinema que ministrava em faculdades da California.

O produtor e roteirista Robert E. Kent começou trabalhando para o lendário Sam Katzman na Columbia Pictures, até que formou, em parceria com Audie Murphy, a Admiral Productions e passou a produzir seus próprios filmes. Kent produziu alguns clássicos do horror e sci-fi como “It! The Terror from Beyonf Space” (1958), que mostrava uma expedição a Marte que era atacada por uma estranha forma de vida; “Curse of The Faceless Man” (1958), sobre uma curiosa maldição de um monstro de pedra; “Invisible Invaders” (1959), sobre aliens reanimando mortos humanos; “Beauty and the Beast” (1962), inspirado em “A Bela e a Fera”, este quatro filmes dirigidos por Edward L. Cahn, verdadeiro especialista em criar bons filmes de baixo orçamento; “Jack the Giant Killer/Jack – O Matador de Gigantes” (1962) de Nathan Juran, fantasia envolvendo dragões e princesas; “Diary of a Madman” (1963) de Reginald Le Borg, horror inspirado em história de Guy de Maupassant e estrelado por Vincent Price. Seu último filme foi “The Christine Jorgensen Story” (1970) de Irving Rapper, drama que contava a história de troca de sexo de Jorgensen (para quem não lembra, Christine Jorgensen foi a inspiração para Ed Wood escrever, produzir, dirigir e atuar em “Glen or Glenda?“).

“Twice-Told Tales” foi lançado em DVD no Brasil com o título “Nos Domínios do Terror” pela distribuidora Flashstar, a qualidade de imagem está ótima.

por Petter Baiestorf.

Veja “Twice-Told Tales” aqui:

Classic Collection da Flashstar

Posted in Cinema with tags , , , , , , on janeiro 22, 2011 by canibuk

Ontem fiquei sabendo de uma notícia que ao mesmo tempo me fez ficar imensamente feliz e meio revoltado pelo Brasil ter péssimas distribuidoras de filmes. Flashstar (que é uma distribuidora de vídeo que consegue deixar as cópias de seus filmes escuros ou com a imagem péssima) abriu pré-venda de 3 filmes de sua coleção Classic Colletion que vai lançar em DVD no Brasil clásssicos da bagaceirada cinematográfica mundial, os filmes são: “Reefer Madness/A Erva do Diabo” (clássico dos anos 30 sobre os males da maconha), “The Killer Shrews” (sobre ataques de ratos gigantes bagaceiros de 1959) e “The Giant Gila Monster/O Gigante Monstro Gila” (sobre um hilário lagarto atacando, com muita má vontade, humanos canastrões de 1959).

O foda é que a flashstar já destruiu as imagens de vários filmes, por exemplo, não muito tempo atrás comprei a série bagaceira do “Hellraiser” (as primeiras 4 partes foram lançadas por eles numa prometida box que não veio junto) e a imagem dos filmes estava horrível, então o que pensar de filmes que eles podem ter catado em qualquer lugar prá lançar aqui, já que, só prá citar, nos USA “The Killer Shrews” e “The Giant Gila Monster” tinham sido lançados num mesmo DVD.

Encomendei os 3 filmes desta Classic Collection da Flashstar (como encomendei também o “Matinee”, de Joe Dante, que também abriu a pré-venda através deles) para minha coleção e rolou ainda 15% de desconto (por ter pegado todos os títulos) e cada filme ficou custando uns R$ 15,00, mas o preço normal dos filmes nas lojas deverá ser por volta de R$ 23.90). A entrega será dia 26/02/2011, quando deverei voltar a falar sobre a qualidade deles aqui no blog. Minha esperança é que a Flashstar não desista destes lançamentos (acredito que venderá pouquíssima cópias), mesmo porque já prometem para Fevereiro a pré-venda de “The Last Man on Earth/Mortos que Matam” com Vincent Price (que no Brasil é comercializado pela Continental com o absurdo valor de R$ 41.90) e “The Devil Bat/O Morcego Diabólico” com Bela Lugosi.