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Cani Arrabbiati

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 30, 2012 by canibuk

“Cani Arrabbiati” (1974, 96 min.) de Mario Bava. Com: George Eastman, Riccardo Cucciolla, Lea Lander e Don Backy. Também conhecido como “Semaforo Rosso” ou “Kidnapped”.

Se tem um filme em que você deve confiar na indicação sem maiores perguntas e sem se informar muito, é este clássico “Cani Arrabbiati”, mais conhecido como “Rabid Dogs”, do fantástico diretor italiano Mario Bava. Na minha opinião o melhor trabalho de Bava em uma carreira repleta de grandes momentos. O mais incrível é que este filmaço, na época em que foi finalizado, não teve distribuição nos cinemas porque a produtora responsável por ele entrou em falência e foi impedida, legalmente, de lança-lo. Somente no ano de 1995 (alguns dizem 1998, não lembro direito e pesquisando achei informações desencontradas, mas vi ele em 1999 em cópia pirata conseguida pelo colecionador Thómaz Albornoz) que o filme ganhou distribuição por insistência de Lea Lander, atriz do filme (que em algumas produções assinava com o nome de Lea Kruger para lucrar com a fama de seu primo Hardy Krüger, ator em clássicos como “Barry Lyndon” (1975, Warner) de Stanley Kubrick, “A Bridge too Far/Uma Ponte Longe Demais” (1977) de Richard Attenborough ou “The Wild Geese/Selvagens Cães de Guerra” (1978) de Andrew V. McLaglen).

O que você deve saber da trama é o seguinte: Quatro ladrões tentam assaltar um carro blindado. Um deles é morto durante o assalto e os três restantes precisam fugir pegando duas mulheres de reféns (uma logo é morta) e roubando um carro que estava parado num semáforo (o motorista, Richard, diz desesperado que está levando seu filho doente ao hospital, mas não consegue sensibilizar os bandidos). Logo o trio de maníacos começa a torturar psicologicamente seus reféns (a ação do filme se desenvolve, com maestria, dentro de um carro), com um dos ladrões querendo estuprar a mulher, Maria (Lea Lander), a todo custo. Saber mais do que isso estraga as ótimas surpresas que o roteiro nos proporciona. Posso assegurar que você vai se deparar com um dos melhores finais da história do cinema (dependendo de qual versão do filme você estiver vendo, pois existem pelo menos seis cortes de “Cani Arrabbiati” circulando no mercado mundial).

Com base numa história de Ellery Queen (pseudônimo usado pelos primos de origem judaica, Frederic Dannay e Manfred Bennigton Lee) publicada pela Arnoldo Mondadori Editore através da série policial “Il Giallo Mondadori”, os roteiristas Alessandro Parenzo e Cesare Frugoni, com algumas intervenções de Mario Bava, criaram uma tensa peça sobre o sadismo humano e sua capacidade de maldades em nome de lucro fácil, com um final extremamente niilista. Mario Bava nunca esteve tão a vontade e sarcástico em um filme, dá prá sentir ele se divertindo enquanto fazia o filme. “Cani Arrabbiati” era seu filme preferido dos que fez.

Mario Bava (1914-1980) foi técnico de efeitos, diretor de fotografia, roteirista e diretor, filho do escultor Eugenio Bava, um dos pioneiros do cinema italiano, responsável por trucagens e direção de fotografia de inúmeros filmes mudos. Mario, em 1956, foi contratado pelo diretor Riccardo Freda para fazer a fotografia de “I Vampiri”, filme que Freda abandonou no meio da produção deixando a oportunidade para Bava finalizá-lo. Seu primeiro filme solo é o clássico “La Maschera del Demonio/Black Sunday/A Maldição do Demônio” (1960, London Films) com Barbara Steele no elenco. Em seguida dirigiu uma série de filmes bastante influentes como “Sei Donne per L’Assassino/Blood and Black Lace” (1964) sobre modelos assassinadas; “Terrore Nello Spazio/Planet of the Vampires” (1965) que mostra astronautas lutando contra criaturas em planeta hostil, que serviu de inspiração para “Alien” (1979) de Ridley Scott e foi plagiado por “Pitch Black/Eclipse Mortal” (2000) de David Twohy; “Operazione Paura/Kill, Baby, Kill” (1966), horror gótico bastante imitado; “Diabolik” (1968), uma adaptação adulta inspirada em histórias em quadrinhos, dando uma nova perspectiva ao gênero e “Reazione a Catena/A Bay of Blood/A Mansão da Morte” (1971, também conhecido como “Twitch of the Death Nerve” ou “Ecologia del Delitto”), slasher exemplar que, alguns anos depois, foi descaradamente copiado em “Sexta-Feira 13 – Parte 2”. Decepcionado com a distribuição de seus últimos filmes como “Lisa e il Diavolo” (1974) e “Cani Arrabbiati”, Bava realizou ainda “Schock” (1977) e se aposentou. Lamberto Bava é seu filho e seguiu a tradição familiar, sem grande destaque, na produção de filmes.

Um dos atores do filme é Luigi Montefiori (George Eastman) que se tornou conhecido por sua longa parceria com Joe D’Amato. Trabalhou com vários grandes diretores italianos como Enzo G. Castellari, Enzo Barboni, Umberto Lenzi e até Federico fellini (ele está no elenco de “Satyricon” (1969), clássico felliniano imperdível). Foi ator e produtor do clássico “Antropophagus” (1980) dirigido por seu amigo D’Amato. Outro ator de destaque no elenco é Riccardo Cucciolla, um dublador (também diretor de dublagens) que eventualmente trabalhava como ator. Cucciolla também está no elenco de “Sacco e Vanzetti” (1970) de Giuliano Montaldo, um dos mais belos filmes políticos dos anos 70.

“Cani Arrabbiati” nunca teve um lançamento no Brasil. Espero que saia uma versão nacional com material extra como um clássico destes pede (e que não seja lançado pela Continental, lógico!). A título de curiosidade: escrevi o roteiro de “Raiva” (2000) inspirado em “Cani Arrabbiati”.

por Petter Baiestorf.

Veja “Cani Arrabbiati/Rabid Dogs” aqui:

Tranqueiras de Mestre: Joe D’Amato

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 19, 2012 by canibuk

Michael Wotruba, John Shadow, Peter Newton, O.J. Clarke, David Hills, Kevin Mancuso, Dario Donati, Robert Vip, Chana Lee Sun, Pierre Bernard, Jeiro Alvarez, Steve Benson, James Burke e Joe D’Amato… Você sabe o que todos estes nomes tem em comum? São todos pseudônimos da mesma pessoa: Aristide Massaccesi (1936-1999), diretor, produtor, eletricista, montador, diretor de fotografia, roteirista e câmera (ufa!) italiano. Mais conhecido como Joe D’Amato, principalmente pelos filmes pornôs-históricos de alto nível (de produção e sacanagem) que dirigiu nos últimos anos. No começo o jovem Aristide seguiu os passos de seu pai e foi “pau-prá-toda-obra” em centenas de produções italianas. Ao começar a dirigir aventurou-se por todos os gêneros comerciais possíveis, sendo figura cult no cinema de horror-gore-trash, além do pornô. “Buio Omega”, “Antropophagous 1 e 2”, “Emanuelle e Gli Ultimi Cannibali”, “Ator”, “Calígula 2”, “Anno 2020”, “Chinese Kamasutra”, “The Untold Story of Marco Polo”, etc e etc… D’Amato foi um dos primeiro (e poucos) a se aventurar num gênero até hoje tabu: o Pornô-Terror. O público alvo dos filmes gore parece não curtir a presença de paus-bucetas-cus em ação no meio das podreiras e os pornófilos parecem broxar ao verem umas tripas expostas em meio às trepadas. D’Amato poderia ter mudado este pensamento se não fosse tão relaxado na maior parte de seu trabalho.

Em 1979 ele e uma pequena equipe viajaram para a pequena ilha de San Domingo (no Caribe) para rodar um filme de terror e um erótico. Quando conheceu as paradisíacas locações e seu elenco fixo se mostrou disposto, o esperto Joe resolveu misturar tudo e fez “Porno Holocaust” e “La Notte Erotichi dei Morti Viventi”. O primeiro, escrito por seu ator e colaborador habitual George Eastman (Luigi Montefiori, 1942), mostra um grupo de cientistas (?!) chamado ao Caribe para investigar as mortes sangrentas de mulheres próximas a uma ilha que servira para testes atômicos secretos. Apesar de mais interessados em transar entre eles e com nativos, o grupo não tem dificuldades para seguir a pista do zumbi-mutante-bem-dotado que estupra e mata com seu esperma radioativo (interpretado por um nativo do Caribe usando roupas em farrapos e pedaços de látex retorcidos colados em seu rosto). Vários personagens são mortos, alguns fodidos até padecer, menos Eastman (o roteirista) que é estrangulado. No final o herói (Mark Shannon ou Manlio Cerosino) mata o monstro e salva a mocinha (a bela mulata Ann Goren). “Porn Holocaust” foi definido exageradamente por Todd Tjersland, autor do livro “Sex, Shocks and Sadism!”, como “… a mais pútrida peça de pornografia jamais cometida em celulóide…”

Já “La Notte Erotiche dei Morti Viventi” começa com o mesmo George Eastman internado muito doidão em um hospício. Entre seus acessos de fúria e trepadas furiosas e selvagens com uma enfermeira, ficamos sabendo de sua aventura com um grupo de turistas (entre eles Shanon e Goren novamente) em uma ilha tropical onde uma linda nativa (Laura Gemser) através de um pequeno ídolo d epedras parece comandar uma horda de zumbis putrefactos e canibais. Entre várias transas e cenas como a da dançarina negra que se masturba com uma garrafa de champanhe, conseguindo abri-lá com seus lábios (vaginais, é claro!) e outras seqüências imprescindíveis à trama, vemos vários mortos-vivos atacando com fúria.Um deles, por exemplo, totalmente coberto de vermes dilacera o pescoço de um legista apavorado. No final tudo pode ser loucura ou trauma da cabeça de Eastman como no clássico “O Gabinete do Dr. Caligari” (1919). Em ambos filmes de D’Amato, as cenas de sexo ainda não mostravam a técnica que fariam Joe famoso (ele ainda estava treinando) e o horror, principalmente pela total falta de dinheiro para bons efeitos e maquiagens, não assusta. Mas afinal, os filmes são bons? Que diferença isto faz? Com estes elementos pioneiramente reunidos e o clima bagaceiro generalizado, divertem muito como trash. Ainda estou esperando uma produção fodona com sexo, tripas, bundas, muco, peitos, dilacerações e porra! Nestes dias de correções políticas em que vivemos, não sei não…

LAURA GEMSER É UMA BELEZA MORENA DE LONGAS E BEM TORNEADAS PERNAS, ROSTO LINDO E EXÓTICO E BUNDA E SEIOS PERFEITOS. Nascida em 1951 na ilha de Java (Indonésia) seu nome é Laurette Marcia Gemser ou, ainda, Moira Chen. Foi a musa (e dizem, amante) de Joe D’Amato com quem rodou a longa e conhecida série com a personagem erótica Black Emanuelle (“Black Emanuelle 2”, “Emanuelle and the Last Cannibals”, “Emanuelle in America”, “Emanuelle in Egypt”, “Emanuelle Around the World”, “Emanuelle and the White Slave Trade”, “Confessions of Emanuelle”, “Emanuelle in Africa”, “Emanuelle in Bangkok” e “Emanuelle’s Daughter”), além de enfeitar com suas formas “Eva Nera” (1978), “Ator” (1983), “Calígula 2” (1983), “Endgame” (1984) e o já citado “La Notte Erotiche dei Morti Viventi”. Casada desde o final dos anos de 1970 com o veterano ator italiano Gabrielle Tinti, depois da morte de seu marido e de seu diretor favorito ter se dedicado exclusivamente ao Hardcore (Gemser só fazia cenas de sexo simulado), retirou-se da indústria, deixando saudades nos punheteiros de todo o mundo que, assim como os últimos canibais do filme de 1977, queriam come-la a todo custo!

escrito por Coffin Souza.