Arquivo para hammer

2592 Posters de Horror & Sci-Fi para Download

Posted in Arte e Cultura, Cinema, download, Ilustração, Posters with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 28, 2018 by canibuk

Alguns meses atrás o poster da primeira sessão de cinema da história foi leiloado em Londres por 40 mil libras (mais ou menos 200 mil reais). Este primeiro poster (reprodução abaixo) foi desenhado por Henri Brispot para uma exibição especial dos primeiros curtas dos irmãos Lumière, em dezembro de 1895.

Originalmente criados para uso exclusivo dos cinemas, não demorou muito para que os posters logo virassem item de colecionadores, principalmente artes criadas para filmes exploitations, sempre com cartazes muito mais criativos do que os próprios filmes, e, também, as artes produzidas para a divulgação de produções de horror e ficção científica. Inclusive, o preço record já pago por um único cartaz pertence à sci-fi Metropolis (1926), de Fritz Lang, negociado por 690 mil dólares.

Inicialmente os posters eram feitos no tamanho dos cartazes usados para a divulgação dos shows de Vaudeville. Quem definiu o tamanho padrão foi Thomas Edison, com as medidas de 27″x41″, em folha única fixada nas fachadas e paredes dos cinemas.

Para comemorar os posters de cinema, upei um arquivo com 2.592 cartazes de cinema nos gêneros horror e Sci-Fi, a maioria com artes belíssimas e dignas de serem festejadas como pequenas obras-primas da criatividade humana.

Para fazer o download, clique em BAIXAR POSTERS.

Abaixo alguns posters que integram o arquivo disponibilizado para download:

 

 

Necrohorror Magazine

Posted in Fanzines, revistas independentes brasileiras with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 24, 2012 by canibuk

Alguns dias atrás publiquei dica sobre o fanzine sueco “Horrophobic” e, praticamente na seqüência, tomei conhecimento do fanzine brasileito  “Necrohorror”, que também é confeccionado em gráfica no formato de revista. Jonathan Alves da Silva, editor e faz tudo do fanzine, explica: “A estética da revista Necrohorror tem como objetivo resgatar as antigas em quadrinhos brasileiras da década de 60, 70 ou 80, que marcaram época para muitas pessoas, com conteúdo fabricado em papel jornal e capa em papel envernizado de ótima qualidade”. “Necrohorror” é imperdível, seja para os colecionadores de revistas independentes brasileiras, seja para os fanáticos pelo estúdio britânico da Hammer Films. “Inicialmente nosso conteúdo é de fácil leitura, visando despertar o interesse das novas gerações nos filmes que fizeram história”, nos conta o editor para em seguida dar pistas sobre a segunda edição, “Na próxima edição, que sairá em janeiro, teremos conteúdo tanto para os iniciantes no terror, quanto para os já iniciados no assunto”.

Neste primeiro número de “Necrohorror”, com 48 páginas, traz em suas páginas um ótimo apanhado sobre as produções do estúdio Hammer, com resenhas sobre filmes clássicos do estúdio como “The Curse of Frankenstein”, “Revenge of Frankenstein”, “The Evil of Frankenstein”, “Frankenstein Created Woman”, “Frankenstein Must Be Destroyed”, “Frankenstein and the Monster from Hell”, “Horror of Dracula”, “The Devil Rides Out”, “The Plague of the Zombies”, “The Reptile”, “The Curse of the Werewolf”, “The Gorgon”, The Phantom of the Opera”, “Dr. Jekyll and Sister Hyde” e pequenos artigos sobre as séries de filmes com Drácula, de múmias e de vampiras carnudas e gostosas (Karnstein). A revista fecha com uma pequena matéria sobre o maquiador Roy Ashton, outro intitulado “O Fim daEra de Ouro da Hammer Films” e uma deliciosa série de fotos das irmãs Collinson bem a vontade. E de brinde vem um poster de “Twins of Evil”, digno de se pendurar na parede da sala de casa.

“Necrohorror” já nasce imperdível por ser editada no Brasil, país sem tradição alguma na edição de revistas que falem de cinema de horror (dá prá contar nos dedos as revistas que tiveram, como “Set Terror & Ficção”, “Psicovídeo”, “Horrorshow”, “Cine Monstro” e talvez alguma que eu tenha esquecido). Aliás, no Brasil o gênero horror nunca teve o devido respeito porque brasileiro tem aquele pensamento medíocre de que cultura é algo para ser consumido de graça. Brasileiro é capaz de achar que ver uma partida de futebol seja algo cultural! Lamentável!

Se você ficou interessado em adquirir um exemplar, entre em contato via facebook com o Jonathan e encomende a sua, a revista sai por uns R$ 18.00 com correio incluído.

* Peço desculpas aos leitores do Canibuk por estar postando apenas dicas nesta semana, mas estou escrevendo o roteiro do longa-metragem “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, meu novo filme a ser lançado em 2013, e simplesmente não estou tendo tempo para escrever artigos maiores aqui no blog. Provavelmente a próxima semana será neste ritmo também, mas saibam que é por uma boa causa!

Petter Baiestorf.

Fiend Without a Face

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 12, 2012 by canibuk

“Fiend Without a Face” (“O Horror Vem do Espaço”, 1958, 74 min.) de Arthur Crabtree. Com: Marshall Thompson, Kim Parker e Kynaston Reeves.

Este filme é uma delícia. Na história, que se passa no Canadá, mortes misteriosas começam a acontecer e as pessoas de uma pequena vila culpam uma base americana que estava realizando experimentos nucleares. Todas as vítimas possuem perfurações no pescoço e, após autópsias, descobre-se que o cérebro e a medula espinhal dos mortos estão faltando. Depois de investigações ficamos sabendo que as mortes não foram causadas somente pelos experimentos nucleares, mas sim por uma combinação entre radiação e telecinese que era testada na localidade por um professor aposentado. Com o aumento da força nuclear as criaturas, antes invisíveis, se tornam visíveis e revelam sua grotesca forma: São cérebros humanos com antenas e a medula espinhal servindo como cauda. No ato final do filme um grupo de humanos fica preso numa casa isolada e precisa se defender destas estranhas criaturas.

Considerado um clássico do gênero, “Fiend Without a Face” ganha força quando revela a forma das criaturas que, para ganhar vida e parecerem perigosas, foram animadas com a técnica do stop motion pela dupla Flo Nordhoff e Karl-Ludwig Ruppel, algou pouco usado em filmes de baixo orçamento dos anos 50 e que se revelou extremamente convincente. O filme causou enorme alvoroço quando foi lançado na Inglaterra, com os censores britânicos exigindo uma série de cortes por estarem horrorizados com os aterrorizantes, e bem crus, efeitos especiais. E tudo funciona perfeitamente até os dias de hoje, seu clima soturno foi influência para muitos filmes e arrisco afirmar aqui que os últimos 20 minutos do filme serviram de influência para George A. Romero quando elaborou “The Night of the Livind Dead” em 1968. Vejamos: Climão em preto e branco com um grupo de humanos confinados dentro de uma casa isolada por criaturas além de sua compreensão tentando entrar e que somente poderiam ser exterminadas com um tiro no cérebro. Romero foi bem esperto ao tornar essa ameaça ainda mais apavorante quando trocou as criaturas por mortos-vivos canibais. Melhor prá nós que ganhamos dois clássicos!

O filme era para ter sido dirigido pelo roteirista americano Herbert J. Leder (1922-1983), mas os produtores britânicos não conseguiram autorização de trabalho do sindicato dos diretores a tempo e, assim, Arthur Crabtree foi chamado para assumir a função e tornar realidade o ótimo roteiro do americano. Leder estreiou na função de diretor em 1960 com o drama “Pretty Boy Floyd”. Dirigiu ainda alguns outros filmes não muito famosos, como “The Frozen Dead” (1966), sci-fi de horror onde um cientista louco planeja reviver líderes nazistas congelados e “It!” (1967), outra sci-fi de horror onde Leder filmou ao estilo da Hammer uma variação da lenda do Golem. Leder também foi professor universitário e dirigiu alguns outros filmes sem importância.

Arthur Crabtree (1900-1975) era um destes diretores de aluguel, ou seja, fazia qualquer tipo de filme desde que fosse pago. Começou dirigindo dramas nos anos de 1940 com “Madonna of the Seven Moons” (1945). Dirigiu episódios de séries de TV como “The Adventures of Sir Lancelot” (1956) e “The Adventures of Robin Hood” (1956). É conhecido pela direção dos cult-movies “Fiend Without a Face” (1958) e “Horrors of the Black Museum” (1959), sobre um museu de instrumentos de tortura com climão dos contos de Marquês de Sade.

“Fiend Without a Face” foi lançado em DVD no Brasil pela distribuidora Magnus Opus (que é um dos nomes usados pela Continental) como parte de um box chamado “Sci-fi Vol. 1 – Invasores” (que vem junto, ainda, os DVDs de “Invasion of the Body Snatchers/Vampiros de Almas” (1956) de Don Siegel e “The Blob/A Bolha” (1958) de Irvin S. Yeaworth Jr.). O preço deste box, lógico, é altíssimo (como todos os lançamentos toscos da Continental).

por Petter Baiestorf.

Veja “Fiend Without a Face” aqui:

Island of Terror

Posted in Cinema, Entrevista with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 4, 2012 by canibuk

“Island of Terror” (1966, 89 min.) de Terence Fisher. Com: Peter Cushing, Edward Judd e Carole Gray.

Numa ilha isolada desaparece um fazendeiro, sua esposa chama a polícia e as buscas revelam que ele foi morto numa caverna e está sem um único osso em seu corpo. Diante de tal mistério, o médico da ilha vai atrás de um especialista em doenças ósseas para lhe ajudar a elucidar o problema. Os médicos sabem que nesta mesma ilha um grupo de oncologia está pesquisando a cura do câncer e vão até o castelo onde o grupo faz experimentos para ter a opinião dos cientistas. No castelo descobrem todos os pesquisadores mortos, sem um único osso em seus corpos, e uma nova forma de vida é encontrada ali (um monstrengo que parece uma estranha cruza entre arraia e tartaruga). Logo nossos heróis chegam a conclusão de que os pesquisadores criaram as criaturas por acidente apartir do átomo silício e que estas desajeitadas criaturas se alimentam de ossos. As criaturas são apelidadas de “Silicatos” (por causa do silício, nada mais lógico!) e os médicos preparam a resistência armada contra a nova e faminta espécie, envolvendo todos os moradores da ilha numa batalha pela sobrevivência.

Com um clima bem sério característico do cinema de horror britânico, “Island of Terror” é uma deliciosa bobagem envolvente onde Peter Cushing parece se divertir o tempo todo em seu papel. Lançado em 1966 pela Planet Film Productions (e no ano seguinte distribuido nos USA pela Universal Studios em programa duplo com “The Projected Man” (1967) de Ian Curteis), é uma produção de baixo orçamento e grande aproveitamento, nunca ficando chato ou parado em sua sucessão de acontecimentos macabros e efeitos especiais simples, mas bem elaborados e executados. Inspirado em “The Night the Silicates Came”, de Gerry Fernback, a ameaça do desconhecido é eliminada bem nos moldes dos anos 1960: “Se não compreendo, mato e destruo!”.

O diretor, Terence Fisher, se tornou um grande artesão do cinema de horror britânico graças às suas produções para a Hammer. Nascido em 1904 (e morto em 1980), estreiou como diretor em 1948 com o drama “A Song for Tomorrow”. Com o sci-fi romantico “Four Sided Triangle” (1953), estrelado por Barbara Payton (recém saída do cult “Bride of the Gorilla”), se tornou conhecido como um ótimo diretor de filmes de baixo orçamento. No mesmo ano fez ainda a sci-fi “Spaceways” e o thriller “Blood Orange”. Se alternando entre produções de todos os gêneros para o cinema e TV, Fisher foi escalado para dirigir “The Curse of Frankenstein/A Maldição de Frankenstein” (1957, warner home video), horror à cores bancado pela Hammer com Peter Cushing, Christopher Lee e Hazel Court no elenco. Daí em diante se tornou especialista em construir filmes sombrios e realizou filmaços como “Dracula/Horror of Dracula” (1958, warner home video), também com Cushing e Lee no elenco; “The Revenge of Frankenstein” (1958); “The Hound of the Baskervilles/O Cão dos Baskervilles” (1959), horror e mistério com Cushing no papel de Sherlock Holmes; “The Mummy” (1959), versão da Hammer para a história de maldições de múmias; “The Brides of Dracula/As Noivas de Drácula” (1960), sempre com Cushing no papel de Van Helsing; “The Two Faces of Dr. Jekyll/O Monstro de Duas Caras” (1960), sua contribuição para o romance “O Médico e o Monstro”; “The Curse of the Werewolf” (1961), sobre lobisomens na Espanha; “The Phantom of the Opera” (1962), com Herbert Lom no papel do atormentado professor de música; “The Gorgon” (1964), grande clássico da Hammer, também estrelado pela dupla Cushing-Lee; “The Earth Dies Screaming” (1964), pequeno clássico de sci-fi sobre o planeta Terra sendo invadido por aliens; “Dracula: Prince of Darkness” (1964) com Christopher Lee repetindo o papel de Drácula e mais três filmes lindos com Frankenstein: “Frankenstein Created Woman/Frankenstein Criou a Mulher” (1967, London Films); “Frankenstein Must Be Destroyed/Frankenstein Tem Que Ser Destruído” (1969, Warner Home Video) e “Frankenstein and the Monster From Hell” (1974), todos estrelados por Peter Cushing. Os filmes de Terence Fischer são imperdíveis.

Peter Cushing é a cara definitiva do Barão Frankenstein, de Van Helsing, de Sherlock Holmes, do Dr. Who. Nascido em 1913 (morto em 1994), logo começou a trabalhar no teatro e em 1939 se mandou para Hollywood onde trabalhou em “The Man in the Iron Mask” de James Whale. De volta à Inglaterra sobreviveu trabalhando como figurante em filmes até fazer TV ao vivo, onde ficou conhecido e foi chamado para viver o Barão Victor Frankenstein em “The Curse of Frankenstein” (1957), iniciando uma longa parceria com o diretor Terence Fisher e o ator Christopher Lee, de quem logo virou um de seus melhores amigos. Devia ser uma diversão ver essa dupla bebendo cervejas em algum pub londrino. Em 1971 tentou o suicídio na noite em que sua esposa morreu, para sorte de todos os fãs de filmes de horror ele sobreviveu. Poucos anos depois apareceu no “Star Wars” (1977) de George Lucas, onde interpretou sua personagem usando sempre chinelos, pois as botas que sua personagem era para usar apertavam seus pés. Com uma filmografia que ultrapassa mais de 130 filmes, Cushing se tornou uma grande lenda do cinema de horror mundial.

“Island of Terror” é um grande momento do cinema de horror britânico, com aquele clima nostálgico das velhas produções onde atores com rosto de pessoas comuns (e adultos, sem a presença dos insuportáveis adolescentes dos filmes de horror de hoje) tinham que combater uma força desconhecida. Continua inédito em DVD no Brasil.

por Petter Baiestorf.

Veja “Island of Terror” aqui:

Segue abaixo alguns momentos da entrevista que o fanzine “Quatermass” publicou com Peter Cushing, quem quiser ler a entrevista na íntegra deve procurar o “Quatermass” número 2 (de outubro de 1995), extraordinário fanzine espanhol.

Quatermass: Como você compôs o Barão Frankenstein quando o representou pela primeira vez em “The Curse of Frankenstein”?

Peter Cushing: Todos os papéis se abordam da mesma maneira, buscando-se todos os dados criados pelo autor em sua criação e, quando necessário, trazendo novos elementos para a personagem, enriquecendo-a! Para o Barão Frankenstein me inspirei muito na vida real do anatomista Dr. Robert Knox. Não concordo que Frankenstein seja um homem malvado, mas como muitos gênios da vida real é mal compreendido.

Quatermass: Os filmes da Hammer foram bastante criticados por suas altas doses de sangue e violência. O que pensas sobre isso?

Cushing: A maioria dos filmes refletem a época em que foram feitos. Para mim filmes como “The Goodfather/O Poderoso Chefão” são filmes de horror, por mais charmosos que sejam. Um homem numa mesa de massagem que recebe um tiro e lhe saltam os olhos é muito mais violento do que Drácula sendo empalado por uma estaca de madeira.

Quatermass: No livro de Bram Stoker, Van Helsing é um velho professor alemão. Você teve, em algum momento, intenção de interpretá-lo nesta linha?

Cushing: Tivemos uma reunião sobre este assunto porque me preocupava muito. Eu disse: “Olhem, aqui está a descrição: um pequeno velho que fala de maneira absurda. Porque estão me dando este papel?”. Mas naquela época eu era bastante popular neste estilo de filmes e me responderam: “Cremos, do ponto de vista comercial, que deve interpretá-lo como tu és, ficará grotesco te maquiar como um velho!”. Foi isso que aconteceu e concordei com a decisão. Eles poderiam ter contratado algum ator mais velho, mas não o fizeram.

Quatermass: Interpretando um Van Helsing mais jovem você pode deixar a personagem com mais energia e vigor.

Cushing: A cena final de “Drácula” tem bons efeitos e muita ação, teria sido lamentável não fazê-lo assim, porque sempre penso que um filme precisa de emoção e impacto. Me lembro dos filmes de Errol Flynn, onde sempre acontece algo excitante, e creio que isso tem grande importância para o público.

Quatermass: Como foi aparecer em programas de Tv na década de 1950?

Cushing: Naquele tempo era tudo ao vivo. Ensaiávamos durante três semanas, que era mais ou menos o mesmo tempo que no teatro. Foi Horrível! Fiz aquilo durante dez anos. Essa é a razão por meus nervos estarem destroçados hoje. Mas, com certeza, foi a época que o público britânico ficou conhecendo meu nome.

Quatermass: E o declínio da Hammer?

Cushing: Quando James Carreras se retirou da Hammer, seu filho Michael ficou encarregado da produtora e ele acreditava que o tempo dos filmes de horror já haviam passado. Tentou fazer coisas diferentes, mas não se saiu bem. Hammer tinha uma reputação e seu público não queria ver outros tipos de filmes.

Dois Velhos Inimigos Mortais, Vampiros Dourados do Kung Fu Porreta e o Fim da Hammer

Posted in Cinema, Museu Coffin Souza with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 14, 2011 by canibuk

Fundada nos anos 30 por Enrique Carreras e William Hinds, a produtora inglesa Hammer Films transformou-se a partir do final dos anos 50 na maior provedora de filmes de horror e suspense do mundo. Renovando os monstros clássicos (Drácula, Frankenstein, a múmia, etc) imortalizados pela Universal Pictures nas décadas de 30/40, os espertos empresários e seus contratados, acrescentaram cores, sangue e sensualidade no gênero, sem descuidar do clima gótico necessário. Foram revelados grandes diretores como Terence Fisher, Freddie Francis (posteriormente um premiado diretor de fotografia), Roy Ward Baker e uma dupla icônica de astros de terror de grande classe: Peter Cushing e Christopher Lee.

No começo dos anos 70, a produtora já havia experimentado quase todas as variações e novidades para manter o interesse do público em suas criações, e acrescentar mais violência e mais garotas peladas já não fazia diferença nas bilheterias. Procurando desesperadamente se adequar aos gostos e interesses de novos tempos, jovens executivos do estúdio tentaram então trazer um dos seus personagens de maior sucesso, o rei dos vampiros, Conde Drácula, para os dias atuais. “Dracula A.D. 1972” (“Drácula no Mundo da Minissaia”, 1972) de Alan Gibson, com roteiro de Don Hougton, trazia o vampiro de volta, em plena efervescência hippie londrina, ressuscitado por um descendente chamado Johnny Alucard e encontrando um neto de seu eterno inimigo Van Helsing (Peter Cushing). Divertido e estilizado, mesmo assim não fez sucesso e ainda foi uma afronta aos fãs mais radicais de Drácula (e ao próprio ator Christopher Lee) com suas gírias, rock psicodélico (da banda Stoneground) e roupas coloridas. A publicidade também é uma pérola: “O Conde Drácula é o Maior Sarro da Paróquia!”; “Essas quatro menininhas incrementadas fundem ainda mais a cuca do pobre conde.”

Sua continuação “The Satanic Rites of Dracula” (“Os Ritos Satânicos de Drácula”, 1973, lançado em DVD no Brasil pela London Films) da mesma dupla Gibson-Houghton, misturava horror, ação, espionagem e um plano de Drácula para destruir o mundo com uma bactéria mortal. O conde se esconde por trás da identidade de um poderoso industrial, é protegido por uma gang de motociclistas, e a Scotland Yard chama o especialista em cultos satânicos Lorrimer Van Helsing (Cushig) para dar uma mãozinha. Uma “salada de frutas” que foi divulgado primeiro com o incrível título de “Dracula is Dead and Well and Living in London” e demorou cinco nos para ser lançado na América do Norte (aonde é conhecido como “Dracula and his Vampire brides”). Algumas frases sugeridas para a publicidade nos cinemas: “Drácula está de volta com uma guarda de mulheres-vampiro!”, “O príncipe das trevas numa hedionda trama de horror!” e “Rituais de magia negra como nunca o cinema mostrou!”. O mal gera o mal no Sabá dos mortos-vivos!

Encontraram, então, no emergente gênero de filmes de artes marciais (sucesso mundial graças ao ídolo Bruce Lee) a “fórmula perfeita”: terror com Kung-Fu! (ou como diz a publicidade nacional da época “O Primeiro Filme de Caratê e Vampiro!”). A associação natural foi feita com os estúdios dos lendários Shaw Brothers, maiores produtores do gênero pancadaria de Hong Kong. “The Legend of the 7 Golden Vampires” (“ A Lenda dos Sete Vampiros”, 1974) de Roy Ward Baker, com roteiro do agora também co-produtor Don Houghton, colocava o Professor Van Helsing original (novamente e pela última vez vivido por Peter Cushing) combatendo seu nêmesis Drácula em solo oriental nos primeiros anos do século XX. Um dos problemas é que Christopher Lee, depois de ter vivido o vampiro sete vezes para a Hammer (e também em filmes espanhóis e italianos), estava muito descontente com a forma que sua criação clássica estava sendo utilizada e não queria mais vestir a capa preta e os caninos pontiagudos novamente. Foi então escalado o ator John Forbes-Robertson, ligeiramente parecido com Lee e com larga experiência teatral para assumir o posto. Na história, o monge chinês Kah (Chan Chen) faz uma longa viagem até uma parte remota da Europa para pedir ajuda ao poderoso Conde Drácula para restabelecer a força mística de seu templo maligno. Tempos depois, o velho professor Van Helsing é convidado por uma universidade chinesa para uma conferência sobre sua especialidade: o vampirismo. Um monge do bem (um dos veteranos astros do estúdio, David Chiang) convence o professor e seu filho Leyland a viajar para o interior do país, onde uma vila estaria sendo ameaçada por horrendas e putrefatas criaturas que ressurgem das tumbas. Estes mortos-vivos são escravos dos lendários Sete Vampiros Dourados, que andam a cavalo, e usam máscaras e espadas de ouro. Logo começam os embates entre os desmortos e o grupo de sete irmãos guerreiros escalados para proteger os Helsing e a linda Vanessa (Julie Ege) que os acompanha na aventura. Os heróis lutam Kung-Fu, é claro, e destroem as criaturas arrancando o coração de seus corpos apodrecidos. O que Van Helsing descobre é que seu velho inimigo Drácula está por trás de tudo, e incorporado no corpo do monge maligno, está associado com os vampiros chineses. Certamente uma das razões do conde passar grande parte do tempo sendo vivido por um ator chinês é que o Drácula de Forbes-Robertson, com sua maquiagem esverdeada e maneiras afetadas, é uma das piores encarnações do personagem na década. Os vampiros chineses e seus ajudantes zumbis são assustadores e as cenas de lutas (coreografadas por Liu Chia-Liang) bastante efetivas. Mas a direção de Roy Ward Baker perde a mão ao não conseguir misturar o estilo gótico da Hammer com a agitada ação coreografada típica dos irmãos Shaw. Além do roteiro preguiçoso de Houghton, soma-se o fato que grande parte do elenco e equipe técnica não entendia inglês (a maioria das cenas apenas com o elenco oriental foram dirigidas por Chia-Liang, que depois se revelaria um ótimo diretor de filmes de Kung-Fu legítimos), e o filme foi rodado sem som e dublado e re-dublado posteriormente. A Hammer chegou a lançar um disco de vinil com a narração da história por Peter Cushing com a trilha sonora de James Bernard, lançado como “The first Kung Fu horror sound track álbum”. Tudo em vão, pois apesar de ser um sucesso no oriente, a mistura original não foi bem recebida pela distribuidora Warner Brothers que só lançou o filme nos Estados Unidos seis anos depois, com vinte minutos a menos e com o título de “The Seven Brothers Meet Dracula”.

O produtor Michael Carreras pretendia rodar também no oriente um thriller policial moderno e uma nova aventura do Van Helsing de Cushing que se chamaria “Kali: Devil Bride of Dracula” (projeto bastante divulgado na época), mas o fracasso da produção cancelou a associação. David Chiang voltou a trabalhar com sua própria produtora de artes marciais; os Shaw Brothers continuaram com suas aventuras e, em busca de um sucessor de Bruce Lee, acertaram com seu primeiro terror genuinamente oriental , o gore e clássico “Black Magic” (“Magia Negra Oriental”, 1974) de Ho Meng-Hua . A Hammer tentaria uma nova abordagem e mirando no sucesso internacional de “O Exorcista” (1974) cometeriam “To the Devil a Daughter” (“Uma Filha para o Diabo”, 1976, lançado em DVD no Brasil pela Cult Classic) de Peter Sykes com Chistopher Lee e a linda e jovem Nastassja Kinski. Sendo que a única cena que é lembrada deste filme até hoje é um rápido strip tease da ninfeta vestida de freira, não é de estranhar que seria o último filme para o cinema da famosa “Casa do Horror” inglesa.

Escrito por Coffin Souza.

Material de divulgação que as distribuidoras enviavam para os cinemas:

Dracula AD 1972 (página 2).

Dracula AD 1972 (página 3).

Dracula AD 1972 (página 4).

Black Magic (página 2).

The Satanic Rites of Dracula (página 2).

The Satanic Rites of Dracula (página 3).

The Satanic Rites of Dracula (página 4).

Entrevista Exclusiva com Christopher Lee

Posted in Cinema, Entrevista with tags , , , , , , , , on julho 28, 2011 by canibuk

O britânico Christopher Frank Carandini Lee, nascido em 27 de maio de 1922, se tornou mundialmente famoso ao interpretar, primeiro, o monstro de Frankenstein no filme “The Curse of Frankenstein” (1957) e, em seguida, o Conde Drácula no filme “Dracula” (também conhecido como “Horror of Dracula”, 1958), ambos produzidos pelos lendários estúdios da Hammer.

Em 2000 publiquei uma rápida entrevista no fanzine “Arghhh” número 29 que o Ivan Cardoso realizou com a lenda viva Christopher Lee, onde o ator explica suas inspirações para criar/interpretar o Conde Drácula.

Ivan Cardoso: Você sente saudades do Conde Drácula?

Christopher Lee: Gostaria muito de voltar a interpretar o papel do Conde Drácula pois este personagem será sempre imortal, embora já o tenha recusado várias vezes. Hoje penso que o público me identifica com o personagem e se recusei foi por medo de passar a minha vida a só fazer esses papéis, como aconteceu ao infeliz Bela Lugosi. No entanto gostaria de voltar a fazer com a condição de que a produção e o argumento me interessem. Posso afirmar que não tenho a intenção de voltar à interpreta-lo apenas para obter publicidade fácil ou para ganhar dinheiro de produtores que não sabem apreciar o poder e o estilo clássico desse grande tema. É um papel que deve ser encarado com respeito e dignidade. O papel do Conde Drácula foi uma das maiores oportunidades da minha vida, um dos mais célebres e fantásticos personagens. Nenhum ator poderá pedir mais!

Cardoso: Drácula é um personagem muito díficil de interpretar?

Lee: A interpretação desse personagem compreende também um problema de ordem sexual: O sangue, símbolo da virilidade e a atração sexual que a ele se liga, esses dois aspectos sempre estiveram estreitamente ligados ao tema do vampirismo. Tentei sugerir isto sem destruir o mito, mas carregando nesta tecla. Aliás, não podemos esquecer que o Conde Drácula era um gentleman, um nobre, e na sua primeira encarnação um grande soldado e condutor de homens. Claro que era impossível, num só filme, mostrar tudo isto, mas é sempre possível, pela interpretação, sugerir fatos do passado sem os mostrar!

Cardoso: Como você compôs o seu Conde Drácula?

Lee: A minha idéia de interpretação do Conde Drácula baseava-se no romance que reli inúmeras vezes. A própria neta de Stocker veio me ver representar, assegurando-me que estava muito bem e que o seu avô teria gostado muito de me ver. Claro que do argumento para o filme existiam diferenças em relação a história original, mas sempre tentei por em evidência a solidão do mal e, particularmente, mostrar que por mais terríveis que fossem as ações do Drácula, elas eram impulsionadas por uma força oculta que não podia controlar. Era o diabo que o possuia, obrigando-o a cometer crimes horríveis, desde tempos imemoriais. No entanto a sua alma subsistia no invólucro carnal, era imortal e não podia ser destruída. Tudo isto é para explicar a grande tristeza com que tentei impregnar a minha interpretação.

Cardoso: Porquê Drácula é o mais popular personagem de terror?

Lee: Ele é muito romântico, muito poético, um grande herói, muito forte, iressistível para as mulheres, poderoso com os homens e imortal! Talvez sejam estas as razões, eu não sei. É o livro mais famoso e lido no mundo inteiro. É o lado negro, satânico e desconhecido, por isso mesmo muito interessante.

Cardoso: Obrigado Conde Lee…

Lee: Gostaria de enviar um abraço à todos meus fãs brasileiros, certo Ivan?