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Trailer de Zombio 2: Chimarrão Zombies

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 30, 2013 by canibuk

Nos últimos 10 meses estive envolvido na produção do longa-metragem “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, não tendo conseguido arranjar tempo livre pra atualizar o Canibuk de modo satisfatório.  Ainda tem todo um trampo de tentar lançar o filme independente mesmo, mas o trabalho mais pesado já está feito e o filme já está por aí rodando (dia 16 de outubro, às 19:30, rola no Festival de Sitges, um dos maiores festivais do cinema fantástico do mundo e dia 23 de outubro abre o recém criado Festival FantasNor, na região Nordeste do Brasil).

Segue o trailer do filme para que todos tenham um gostinho do trabalho que realizamos (e abaixo a equipe técnica do filme, sem a ajuda e empenho de todos vocês este filme nunca teria sido realizado):

Equipe-técnica:

Este filme é uma produção independente que contou com o apoio financeiro das empresas

GlobalVilla, Shunna, Visual Serigrafia, Hotel Brasil, Mostra do Filme Livre.

canibal filmes em parceria com el  Reno fitas, camarão filmes e idéias caóticas, bulhorgia produções, sui generis filmes e com o apoio de fábulas negras produções artísticas, necrófilos produções artísticas, projeto zombilly e gosma

orgulhosamente apresentam

ZOMBIO 2: CHIMARRÃO ZOMBIES

Roteiro, Produção e Direção

Petter Baiestorf

Musa Inspiradora

Leyla Buk

Produção Executiva

Petter Baiestorf

Leo Pyrata

Sanzio Machado

Produtores Associados

Gurcius Gewdner

Leyla Buk

Airton Bratz

Elio Copini

Alexandre Brunoro

Flávio C. Von Sperling

Gisele Ferran

Cofin Souza

Diretor de Produção

CB Rot Bortolanza

Assistentes de Direção

CB Rot Bortolanza

Gabriel Zumbi

Estrelando:

Airton Bratz como Chibamar Bronx

Elio Copini como Américo Giallo

Gisele Ferran como Nilda Furacão

Coffin Souza como Klaus

PC como Suicide

Gurcius Gewdner como Pastor Davi

Raíssa Vitral como Amélia dos Santos

Adriano de Freitas Trindade como Rigão

Flamingo como o Cafetão de Nilda

Cristian Verardi como o Cheirador Alegre

Douglas Domingues como o Cheirador Bem Fodidinho

Jorge Timm como o Bodegueiro do sonho de Klaus

André Luiz como o Malandrão

Felipe M. Guerra como o Bispo

Miyuki Tachibana como Yoko

E.B. Toniolli como Técnico das Empresas Cronenberg 1

Marcel Mars como Técnico das Empresas Cronenberg 2

Alexandre Brunoro como o Colono 1

Sanzio Machado como o Colono 2

A produção deste filme só foi possível com a ajuda e paciência da zumbizada amiga que interpretou os zumbis podres:

Marcel Mars

Andye Iore

Gurcius Gewdner

Douglas Domingues

Raíssa Vitral

CB Rot Bortolanza

Felipe M. Guerra

Adriano de Freitas Trindade

Paulo Blob

Cristian Verardi

Minuano

Juliana Schiffrin

Charles Knaak

Alan Cassol

André Luiz

Leo Pyrata

Gabriel Zumbi

Gisele Ferran

Elio Copini

Marivan Lottermann

Jéssica Silva

Mary Hermes

Coffin Souza

Adriana Cigognini

José Pignat

Barbi Cauzzi

Marcos Perin

Milena Mergen

e os zumbis raivosos:

CB Rot Bortolanza

Marcel Mars

Sanzio Machado

Alexandre Brunoro

Gabriel Zumbi

Christian Schaefer

Rafael Picolotto

Alan Cassol

Juliana Schiffrin

Loures Jahnke

Andye Iore

Raimundo Lago

Técnica:

Direção de Fotografia:

Flávio C. Von Sperling

Leo Pyrata

Iluminação:

Flávio C. Von Sperling

Assistentes de Fotografia:

Sanzio Machado

Gabriel Zumbi

Rebatedor de Luz:

Leyla Buk

André Luiz

Gabriel Zumbi

Raimundo Lago

Cristian Verardi

Charles Knaack

Elio Copini

Adriano de Freitas Trindade

Maquiagens:

Alexandre Brunoro

Equipe de FX:

Alexandre Brunoro

Leyla Buk

CB Rot Bortolanza

Coffin Souza

Concepção dos Zumbis Raivosos:

Leyla Buk

Concepção dos Zumbis Podres:

Alexandre Brunoro

Próteses:

Rodrigo Aragão

Ricardo Ghiorzi

Luciano Irrthum

Maquilagem Facial:

Leyla Buk

Assistentes de FX:

Gisele Ferran

Marisa

Jessica Silva

Direção de Arte:

Uzi Uschi

Figurinos:

Gisele Ferran

Storyboards:

Leyla Buk

Locações:

Petter Baiestorf

Still:

Andye Iore

Alimentação:

Roberto Timm

Assistentes de Produção:

Iara B. Padilha Dreher

Leyla Buk

Douglas Domingues

Gabriel Zumbi

Gisele Ferran

Coffin Souza

Marcel Mars

Raimundo Lago

Adriano de Freitas Trindade

Líbera Oliveira

Elio Copini

Operadores de Som:

Leyla Buk

Flávio C. Von Sperling

Leo Pyrata

E.B. Toniolli

Douglas Domingues

Gabriel Zumbi

Cofin Souza

Cristian Verardi

Alexandre Brunoro

Edição:

Gurcius Gewdner

Assistente de Edição:

Mini-Mulamba

Consultores de Edição:

Elói Mattar

Leo Pyrata

Christian Caselli

Seleção Musical:

Petter Baiestorf

Música Original:

Erro

Concepção da Cerveja Lambidinha:

Petter Baiestorf

Executado por Gurcius Gewdner

Concepção da Empresa Cronenberg:

Petter Baiestorf

Executado por Ivandro Godoy

Concepção da Erva-Mate Cronenberg:

Petter Baiestorf

Executado por Gurcius Gewdner

Motoristas:

Airton Bratz

PC

Inácio Drescher

Felipe M. Guerra

CB Rot Bortolanza

Charles Knaak

Roberto Timm

Marivan Lottermann

Carpinteiros:

Raimundo Lago

PC

Alexandre Ribeiro

Marisa

Eletricistas:

Adriano de Freitas Trindade

Alexandre Ribeiro

Raimundo Lago

Continuista:

Uzi Uschi

Material Gráfico:

Gurcius Gewdner

Ivandro Godoy

Andye Iore

Contra-Regras:

Uzi Uschi

Sonho do Klaus:

Diretor de Fotografia e Iluminação:

Daniel Yencken

Pastor na TV:

Diretor de Fotografia e Iluminação:

Pablo Pablo

Zombio 2 foi produzido com o apoio financeiro de

GlobalVilla

Iara Magalhães

Shunna

Hotel Brasil

Visual Serigrafia

Fábula Negras Produções Artísticas

Mostra do Filme Livre

Mauro Mackedanz

Awildgarden

Diógenes Carvalho

Rubens Mello

Família Ferran

Diogo Cunha

Adnilson Rafael Telles (Art)

André Bozzeto Jr.

Aristides Rudnick Jr.

Laura Canepa

Thiago Macedo de Abreu Hortêncio

Ricardo Ghiorzi

Diogo Hayashi

Agradecimentos:

Monstro

Rodrigo Aragão

Mônica Perin

Ivandro Godoy

Rafael Araújo

Silvio Merk

Roberto Timm

Wilson Hoehne

Marivan Lottermann

FantasPoa

Mostra do Filme Livre

Mostra Cinema de Bordas

Mostra A Vingança dos Filmes B

Ricardo Ghiorzi

Guilherme Whitaker

Christian Caselli

Priscilla Menezes

Ivan Cardoso

Comunidade de Vila Ilha Redonda/SC

Central Lanches

Fazenda do Canelo

Cerveja Cretina

Canibal Vídeo Locadora

Mostra Cine Terror na Praia

Katásia

Flexstudio

Zé Nariz

Elói Mattar

Peter Gossweiller

Amêxa

Yama

Garganta

Maiara Pires

Zombio 2: Chimarrão Zombies é uma co-produção independente entre os estados de

Santa Catarina

Minas Gerais

Rio de Janeiro

Pernambuco

São Paulo

Rio Grande do Sul

Paraná

Espírito Santo

Filmado na Zona Autônoma de Canibal City

Canibal Filmes

El Reno Fitas

Camarrão Filmes e Idéias Caóticas

Bulhorgia Produções

Sui Generis Filmes

Com apoio de

Fábulas Negras Produções Artísticas

Necrófilos Produções Artísticas

Projeto Zombilly

Gosma

2013

Corroendo Pelas Beiradas

Posted in Arte e Cultura, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on junho 18, 2013 by canibuk

Mais um protesto na avenida Paulista marcado para essa semana: Cineastas independentes ganham vitrine para seus filmes na mostra Cinema de Bordas que vai acontecer entre os dias de 20 a 23 de junho no Itaú Cultural (Av. Paulista 149), com a exibição de 28 produções que não contam com dinheiro público em seus orçamentos.

Zombio 2_Católicos ZumbisNo Brasil existem inúmeros cineastas independentes que não se utilizam do dinheiro público para produzirem seus filmes. Estes cineastas criaram seus próprios mecanismos de produção e distribuição e tentam evoluir de filme para filme. A produção do cinema independente é um ato político onde cineastas amadores e profissionais se negam a usar dinheiro público para empregar na realização de filmes populares. Os cineastas independentes tem o privilégio de dizer um grande não às possibilidades de trabalhar com as esmolas do governo e criar, dentro de suas próprias condições, obras que o povão entende e aplaude.

Entre os 28 filmes que serão exibidos está meu novo longa-metragem, “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, produzido nun sistema de cooperativa que reuniu as produtoras Canibal Filmes, El Reno Fitas, Camarão Filmes e Idéias Caóticas, Bulhorgia Filmes, Sui Generis Filmes, Projeto Zumbilly, Necrófilos Produções, Fábulas Negras, Gosma e mais uns 50 colaboradores, cada um ajudando a fazer o muito com o pouco que podia ajudar.

A mostra Cinema de Bordas vai exibir o primeiro corte de “Zombio 2” (ainda falta mexer no som, efeitos sonoros, trilha sonora e cores do filme) no dia 23 de junho às 18 horas, no encerramento da mostra que prima por exibir o cinema mais autoral (e livre) produzido atualmente no Brasil.

Confira a programação aqui: Cinema de Bordas.

Petter Baiestorf.

Não deixa de acompanhar a mostra Cinema de Bordas

Não deixa de acompanhar a mostra Cinema de Bordas

Zombio 2_Américo Giallo

Zombio 2_Zumbis Podres em Festa 2

Storyboard de uma cena de Zombio 2: Chimarrão Zombies

Posted in Nossa Arte, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 21, 2012 by canibuk

Em primeiro lugar quero pedir desculpas aos leitores do Canibuk pela falta de atualizações (colaborações de qualidade são bem vindas e serão publicadas), mas como todos sabem estou trabalhando na pré-produção do meu novo longa-metragem e o tempo livre pro blog tem sido nulo. Acho que após abril (que é quando quero editar o filme com o Gurcius Gewdner) tudo voltará ao normal aqui. Mesmo assim, em breve, publicarei pequenos artigos sobre filmes independentes (filmes como “Psicofaca – O Maníaco das Facas”, filmado em Iraí/RS, “Punhos em Ação” e “No Rastro da Gang”, de José Sawlo, cineasta de Queimadas/PB) e algumas HQs, como “Transação Macabra”, a pedidos).

Chibamar Bronx.

Chibamar Bronx.

A pré-produção do “Zombio 2: Chimarrão Zombies” segue com Coffin Souza elaborando os efeitos de maquiagens gores (nas filmagens contaremos com o maquiador Alexandre Brunoro, do “Confinópolis“, nos ajudando), Leyla Buk desenhando os figurinos e storyboard de algumas seqüências do filme e eu, Gisele Ferran e Elio Copini correndo atrás de outros detalhes.

Yoko.

Yoko.

A produção de “Zombio 2” é um pouco maior do que dos meus filmes anteriores, estou atrás de dinheiro que nos ajude a fazer este filme com maiores cuidados, se você tem interesse em nos ajudar, leia “Como Investir no Zombio 2” e entre em contato comigo no e-mail baiestorf@yahoo.com.br

Klaus.

Klaus.

As possibilidades de se fazer um filme ultra gore, divertido e cheio de referências a cultura underground são infinitas e “Zombio 2” vai seguir nesta linha! Para o elenco já temos confirmado Airton Bratz repetindo o papel do detetive Chibamar Bronx, Miyuki Tachibana no papel da viúva negra Yoko, Coffin Souza no papel do mendigo debochado Klaus, Elio Copini no papel do faconeiro Américo Giallo e Gisele Ferran no papel da sexy Nilda Furacão. Como diretor de fotografia teremos o genial Leo Pyrata que já fez inúmeros filmes de arte lindos. E o filme contará ainda com inúmeras participações especiais que vou divulgando em postagens futuras.

Nilda Furacão.

Nilda Furacão.

Segue o storyboard da seqüência 24 desenhado pela Leyla Buk, ansioso por começar as filmagens de mais este pequeno filme de guerrilha repleto de vísceras, humor cafajeste e nudez gratuita para as comemorações de 20 anos de produções da Canibal Filmes.

Por Petter Baiestorf.
Ilustrações e Storyboard de Leyla Buk.

Seq. 24_1

Seq. 24_2

Seq. 24_3

Seq. 24_4

Estado de Sítio

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 27, 2012 by canibuk

“Estado de Sítio” (2011, 91 min.) de André Novais Oliveira, Gabriel Martins, Flávio C. Von Sperling, João Toledo, Leonardo Amaral, Leo Pyrata, Maurílio Martins e Samuel Marotta. Com: Ana Lavigne, Juliana Abreu, Tamira Montavani, Luana Baeta e os diretores.

Em 2010, um OVNI tomou de assalto o circuito dos festivais brasileiros, ganhando uma inesperada recepção: o cearense “Estrada Para Ythaca”. Esse filme apontou para a viabilidade de um novo processo de produção: um filme de ficção realizado de forma coletiva por quatro autores, organizando-se em todas as funções de realização, sem hierarquia previamente definida, feito “na raça”, sem nenhum recurso público. Para além desse modo de produção, “Ythaca” acabou sendo visto sobretudo como uma espécie de um manifesto de uma geração, uma terna odisséia em culto à amizade, em ver o cinema essencialmente como vocação, e não como profissão. Esse espírito parece ter contagiado um grupo de autores curiosos de Belo Horizonte, que já vinham percorrendo os festivais no Brasil primeiro como críticos, escrevendo para o site da Filmes Polvo, e depois como realizadores, fazendo curtas inventivos, com grana própria. De um lado, “Estado de Sítio” dá continuidade a um caminho desse grupo (em torno da crítica da Filmes Polvo, e de duas produtoras informais, a Filmes de Plástico e a Sorvete Filmes). De outro, pode ser entendido como uma espécie de busca por novos rumos do cinema mineiro, contrapondo-se ao cinema de grande rigor visual e de refinamento plástico, sintetizado nos filmes da Teia. Em geral, são filmes radicais, descontínuos, com uma ironia cáustica, um certo escracho. Todos esses elementos estão nesse primeiro longa de oito diretores. É como se enquanto “Ythaca” é um road movie pelo interior do Ceará na busca dos rastros de um amigo morto, “Estado de Sítio” na verdade fosse um road movie dentro de uma colônia de férias em busca de nada mais que um passatempo. A ingenuidade e a superficialidade desse encontro expressam, de forma bastante clara, a beleza e as limitações do processo desse grupo. É como se “Estado de Sítio” avançasse por um flanco que “Ythaca” abriu mas que o filme posterior do coletivo cearense, “Os Monstros”, mostrou que na verdade não era exatamente esse. De qualquer modo, o encanto de “Estado de Sítio” é a possibilidade de estar juntos: um filme sobre a leveza da aventura de con-viver. Além disso, “Estado de Sítio” é um filme de juventude: não só sobre jovens, mas essencialmente uma forma jovem de encenar. Esse tom inconseqüente e debochado é no entanto retratado através de uma mise-en-scène sóbria, com planos longos, vários deles com uma câmera parada que explora a profundidade de campo, mostrando a movimentação dos diversos atores-autores ao longo do quadro como se fosse um imenso tableaux. Refinamento de uma encenação que aponta pouco para si mas que deixa transbordar esse esfuziante sentimento de uma alegria pouco presente no cinema contemporâneo brasileiro. Elegância no meio da fuleragem.

por Marcelo Ikeda.

Veja “Estado de Sítio” aqui:

Entrevista com Leo Pyrata:

Petter Baiestorf: Dê uma geral do cinema mineiro atual:

Leo Pyrata: Acho muito complexo falar do cinema mineiro principalmente por ser o estado que tem mais municípios. De modo que eu me sinto desautorizado a comentar num recorte tão grande porque vira e mexe você descobre filmes surgindo dos mais diferentes lugares. Acho que posso falar um pouco sobre o que eu vejo com mais proximidade. Em Belo Horizonte existe uma certa tradição numa aproximação do cinema com artes plásticas pelo pessoal da videoarte e mais recentemente nos últimos dez anos, um estreitamento com o documentário também. Evidente que existem outras linhas e caminhos  escolhidos, mas o ponto de partida pra entender essa tradição da experimentação de BH passa por esse hidridismo. Não vou citar muitos nomes nessa resposta pois sei que provavelmente esqueceria alguém  e também porque a tendência é que invariavelmente se transformaria a resposta  numa lista gigantesca. Não deixarei de frisar que teve um filme que eu tenho como marco pra mim em todos os aspectos. “Fantasmas” de André Novais Oliveira.

Baiestorf: Como surgiu a idéia de produzir um longa com direção coletiva?

Pyrata: Eu já tinha passado por experiência parecida com os curtas da 30conto filmes. Tive a idéia de fazer isso numa duração maior depois de assistir o “Estrada para Ythaca”.

Baiestorf: As filmagens de “Estado de Sítio” foram tranqüilas? Conte como foi construir um filme livre onde as idéias iam surgindo de maneira coletiva. Ouve muitas discussões ou brigas para a defesa de pontos de vista diferentes?

Pyrata: Antes de chegar no filme propriamente dito  eu preciso dizer que a idéia era antes de mais nada uma vivência de passar 5, 6 dias respirando e fazendo cinema  sem muitas amarras e abolindo qualquer sinal de hierarquia. Eu cheguei com o argumento e ficamos trabalhando sobre as situações que aconteceriam  e escrevendo anotações sobre os personagens ao longo de dois meses nos botecos de BH. Teve uma briga sim, mas acho que veio mais do estresse e da frustração de não conseguir iluminar um ambiente como queríamos e na busca de soluções possíveis para isso rolou um embate mais enérgico. A real é que quando esta todo mundo  pensando plano, captando som e atuando não existe muito espaço pra egos gigantes. E essa turma foi pensada por afinidade, amizade e muitos já tinham trabalhado juntos em outros filmes. Fora a cinefilia compartilhada nas cervejas pós sessões do cine Humberto Mauro.

Baiestorf: “Estado de Sítio” está sendo considerado como um exemplar do “Cinema de Garagem”. Você não acha que estes rótulos todos (como cinema de garagem, cinema de bordas, cinema alternativo, cinema marginal, etc…) não limitam o interesse do público em conhecer as obras? Tenho bastante medo de que estes rótulos estéticos limitem a criatividade/liberdade dos jovens cineastas brasileiros.

Pyrata: Creio que os rótulos fazem parte da necessidade do jornalismo cultural pra dar conta de informar o público quando existe alguma movimentação anormal e dissonante  com aquilo que as pessoas estão acostumadas, tanto em questão de forma, conteúdo quanto no que diz respeito as formas de produção e distribuição também. Eu acho que um rótulo, assim como um premio, só consegue limitar um artista se ele se sente satisfeito com aquilo. Mas ai a culpa não está no rótulo ou no premio, mas no artista que acha que está num porto seguro, numa torre de marfim. Eu acho que a sua filmografia mesmo prova que quando o artista quer ninguém consegue rotular ele. Filmes lindamente dispares entre si: “Que Buceta do Caralho, Pobre só se Fode!!!”, “Palhaço Triste”, “Ninguem Deve Morrer”, “A Curtição do Avacalho”, “Arrombada”, “Super Chacrinha…”, “Zombio”, mostram que quando o artista não se acomoda numa zona de conforto e se propõe a enfrentar novos desafios e novas questões não existe rotulo que o amordace.

Baiestorf: Qual é o público de “Estado de Sítio”? Existe um cinema anarquista brasileiro?

Pyrata: Cara, sinceramente eu não sei. Num primeiro momento posso dizer que era quem ia nos festivais ver filmes. Mas a primeira exibição dele em BH no Indie tinha um publico muito maior de amigos que propriamente pessoas que freqüentam festivais e estamos chegando a incrível marca de 1000 exibições em uma semana do filme inteiro no youtube. Não chegamos ainda pois  falta que mais 145 caboclos vejam o filme até amanhã e claro que a gente não tem certeza que todo mundo que viu até agora viu inteiro  mas o mesmo vale pra exibição no cinema. Ninguém que faz filme tem controle se o público viu tudo, se não cochilou na sessão etc, etc. Mas pra forçar as pessoas a verem no youtube a gente tem postado no facebook que se rolarem 1000 views na primeira semana a gente sobe o final alternativo do filme e assim vamos divulgando. Claro que não vamos acabar com todo o material de extras nessa brincadeira porque senão ficamos sem ter o que vender depois no DVD.

Baiestorf: Como está sendo a distribuição do filme? Algo no sentido de ser lançado em DVD ou em algum canal de TV? Como o público pode fazer para ter o filme em casa?

Pyrata:Existia a idéia de fazer um DVD autorado cheio de extras pra vender mas isso por enquanto está em modo de espera por conta dos outros projetos que estão rolando. Por hora as pessoas podem ver no youtube e baixar usando os softwares apropriados. Em breve pinta um torrent com isso e algum dos extras, mas o DVD completão, Canibal style, com faixa de comentários e tal só sai depois de finalizarmos outros projetos que já estão no processo.

Baiestorf: O cinema Marginal brasileiro foi uma das inspirações para a composição de “Estado de Sítio”? Qual foi o orçamento do filme e as filmagens foram em quantos dias?

Pyrata: O cinema marginal é uma referencia muito forte e gostamos que ele tenha surgido de uma forma orgânica no filme sem parecer que fomos na botique cinema marginal e inserimos meia dúzia de acessórios. O próprio lance de poucas locações vem daquele lance dos primeiros filmes do Bressane. O filme foi produzido em 7 dias, montado em seis meses e teve um custo final de cinco mil reais com a cópia em hdcam e o trabalho de tratamento e correção dos nossos vacilos no som  feitos lindamente pelo Bernardo Uzeda. O custo principal do filme foi com comida, bebidas e gasolina. Usamos a minha câmera e outra igual da faculdade que também forneceu todo material de iluminação pro filme.

Baiestorf: “Estado de Sítio” chegou a ser exibido em alguma mostra que visa um público não intelectualizado? Se foi, qual a reação deste público?

Pyrata: Uma vez o Samuel exibiu o filme num desses ônibus de viagens que tem aparelho de DVD numa viagem dele pra Juiz de Fora. Parece que o povo gostou bastante.

Baiestorf: Há planos para novos longas com direção/roteiros coletivos?

Pyrata: Estamos finalizando o “Os anjicos e a Semana Santa” do Leo Amaral e do Samuel Marotta, que é o primeiro longa da produtora EL Reno Fitas que formamos depois do “Estado de Sítio”. Mês que vem começa a filmagem de outro longa chamado “Jubileu” dirigido pelos dois também e lá pra abril eu e o Flavio C Von Sperling devemos dirigir um Terrir inspirado em Russ Meyer pra zoar com aquele filme bundão de rave do sócio daquele cara que faz filme enaltecendo policia fascista.

Baiestorf: Como fazer para que o cinema volte a ser uma arma política que influencie o cidadão comum a pensar por si próprio? Aliás, como chegar até a mente de um povo imbecilizado pelo cinema comercial de Hollywood, um povo que não tem a mínima idéia de que o cinema brasileiro está produzindo grandes obras subterrâneas?

Pyrata: Eu acho que a arma está antes de tudo no caráter subversivo do humor porque ele aproxima e desarma as pessoas do preconceito. E com ele a gente consegue chegar em questões importantes usando um viés não tão amargo. E principalmente porque o nosso cinemão mesmo anda fazendo um humor tão merda tipo cilada.com/e ai comeu? que nossas piadas e gags acabam soando ainda melhores. É isso e usar a internet pra divulgar os filmes pra não ficar preso apenas no espaço dos festivais de cinema.

Quarto

Posted in Cinema, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , on março 5, 2012 by canibuk

“Quarto” (2012, 6 min.) de Leo Pyrata.

A sinopse deste curta de Leo Pyrata é a seguinte: “Quarto (abreviado 4to) é um livro ou folheto produzido a partir de ‘blanksheets’, cada uma das quais é impresso com oito páginas de texto, de quatro de um lado, em seguida, dobrada duas vezes para produzir quatro folhas (isto é, oito páginas de livro). Cada página imprensa se apresenta agora como um quarto do tamanho do ‘blanksheet’ completa”.

“Quarto” é uma experimentação de imagens e edição que reforça na gente nossas convicções pela arte independente e nos faz voltar a ter vontade de ser editor de fanzines. “Quarto” é nossa mente querendo extravasar, querendo vomitar/cuspir idéias no formato de criações visuais pulsantes/delirantes. Pulso-delírio!!! “Quarto” é uma folha em branco preenchida com nossos pensamentos e idéias!

Leo Pyrata já realizou algumas curiosas experimentações em vídeo, como os curtas “Élégie à Rimbaud” (2010), co-escrito com Rimbaud psicografado de livros mofos e “Pornografizme” (2010), algo sobre a política dos afetos em tempos de banda larga. Também trabalhou no longa com direção coletiva “Estado de Sítio” (2011, 91 min.) que mostra um grupo de amigos que, diante da iminência do fim do mundo, segue para um sítio onde passam seus momentos finais em confraternização orgiástica-cinéfila.

Os filmes de Leo Pyrata me lembram as experimentações com imagens e ruídos que o videomaker Anderson Dino realizava nos anos de 1990 utilizando-se de uma câmera de VHS e trilhas sonoras compostas por ele mesmo através de seu projeto de industrial harsh W/W? e que tentei distribuir na época das fitas VHS (as vendas foram quase nulas na época, mas acabei enviando de presente os filmes prá várias pessoas). Acho importante que cada vez mais estejam surgindo jovens produtores com vontade de quebrar padrões estéticos e as regrinhas pré-determinadas da indústria do cinema. Hoje os produtores não dependem mais dos meios de distribuição de antigamente para que seus filmes sejam vistos e curtidos pelos espectadores, então, porque não ousar mais?

Veja também o vídeo clip que ele realizou para sua banda Grupo Porco de Grindcore Interpretativo que a MTV já avisou que não vai passar mas que o Canibuk linka aqui para todos se emocionarem com essa linda peça do romantismo grind.

Nas fotos eu batendo papo com Leo Pyrata (de vermelho) e Flávio C. Von Sperling (de boné) numa pausa da Master Class que rolou em 2011 quando Lloyd Kaufman esteve no Brasil.