Arquivo para lovecraft

As Lendas Folclóricas de Ikarow

Posted in Entrevista, Quadrinhos, revistas independentes brasileiras with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 17, 2018 by canibuk

Ikarow é autor e ilustrador independente de Brasília que tem se especializado em “mobile digital art”. Não só isso, Ikarow é um pesquisador do folclore brasileiro e tem criado quadrinhos inspirados em lendas e mitos indígenas que são essenciais para quem quiser conhecer um pouco mais do riquíssimo universo de lendas nacionais.

No momento o quadrinista está divulgando o catarse de O Monstro, levantando o dinheiro necessário para a publicação de seu quadrinho inspirado na lenda do Mapinguary.

Abaixo uma entrevista que realizei com ele e o endereço do catarse de O Monstro, onde você que nos lê pode se tornar um colaborador financeiro. Nestes tempos obscuros do Brasil, onde cultura e arte estão abandonadas, os artistas agradecem.

Petter Baiestorf: Gostaria que você apresentasse seu trabalho, suas influências e seus lançamentos.

Ikarow: Eu sou o Ikarow quadrinista independente de Brasília, apaixonado pelo folclore brasileiro e por histórias de terror. Sempre viu no folclore brasileiro estes personagens mágicos, como a Cuca, Saci ou o Curupira, criaturas que desafiam a lógica e os limites da realidade. Monstros, Sereias, duendes das florestas que, de acordo com crenças populares, ainda habitam este mundo, isolados no último refúgio dos mitos, a inóspita Floresta Amazônica. Assim, tento colocar em todos os seus quadrinhos um pouco dessa visão misturada ao clima dos contos de horror lovecraftianos. Não poderia também deixar de citar a influência de Alan Moore, Neil Gaiman, Warren Ellis, Grant Morrinson entre outros, que sempre me inspiraram a escrever e produzir meus quadrinhos. Até agora já lancei são 4 títulos, todos inspirados em elementos reais ou não explicados, com ligações aos mitos ancestrais do Brasil.

Em Rio Negro, por exemplo, o leitor descobre que, em 1997, uma pesquisadora do INPA (o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) encontrou um único exemplar de uma nova espécie de peixe. Diferente de tudo que já foi visto, foi chamado de “Peixe Misterioso”. Você vai acompanhar a viagem de uma das expedições que tentava encontrar mais espécimes dessa criatura sem saber que os perigos da Amazônia vão muito além dos reais. Os antigos mitos ainda habitam no Rio Negro. O “peixe misterioso” só foi registrado em 2017, 30 anos após sua descoberta, com a publicação do artigo científico do INPA. Rio Negro Vol. 01 já foi publicado na revista húngara de horror The Black Aether. Recentemente, teve sua segunda edição 113% financiada pelo Catarse e tem recebido elogios por quem lê, como no vídeo do Alexandre Callari, do Pipoca e Nanquim.

Já em A Bruxa, um quadrinho em 2 lados, é revelada a verdade por trás da triste e inocente canção da Cuca, musa eterna do folclore brasileiro. O único quadrinho a já revelar a origem dessa personagem. Agora, na CCXP 18, Ikarow lançará um novo quadrinho, O Monstro, inspirado nas lendas amazônicas dos antigos povos e de acordo com testemunho dos sobreviventes aos ataques da criatura, o Mapinguari, o titã da Amazônia. Saiba mais em: www.facebook.com/rionegrohq

Baiestorf: Como é produzir cultura no Brasil?

Ikarow: Olha, eu particularmente acho bem Difícil. Primeiro porque boa parte do material que consulto sobre folclore é derivado de material acadêmico, de forma a dar mais credibilidade as fontes da pesquisa. Muito desse material, por mais incrível que pareça, é encontrado em inglês. Muitos dos livros que registram a cultura oral dos indígenas são republicações antigas de edições escritas pelos padres jesuítas e encontram-se fora de catálogo. Sorte que a internet mantém alguns arquivos online. Mas o pior é que a cada dia tenho impressão de que as pessoas não tem interesse no folclore brasileiro, ou mesmo na literatura, ou qualquer tipo de leitura na verdade. Mas no que tange a cultura brasileira essa tem sido dizimada. Poucas publicações ou editoras tem investido na replicação do nossa cultura. Livrarias e editoras estão fechando simplesmente porque as pessoas não leem. Especificamente dentro do segmento dos quadrinhos, existem também outros fatores, como a concorrência dos quadrinhos americanos de super heróis com enormes tiragens que inviabiliza ao autor independente, concorrência em termos de preço final/ tiragem/alcance/publicidade e divulgação. As pessoas conhecem Thor, Zeus, Horus, Anubis e até mesmo entidades do folclore asiático e ignoram que os povos que viveram nessa terra, também cultuavam personagens incríveis e poderosos como o Jurupari, Jaci, Guaraci entre outros. Eu sinto que a cultura brasileira é menosprezada, mas é como uma mina de criatividade esperando para ser explorada. Em breve deverá sair uma produção americana inspirada na lenda do Saci. Espero que isso ajude o brasileiro a perceber a riqueza da cultura e folclore brasileiro.

Baiestorf: Você está tendo incentivos para a produção de seu trabalho? Como?

Ikarow: Não. Incentivos mesmo só dos apoiadores e dos amigos. Meu trabalho é totalmente independente e os 2 primeiros títulos foram 100% financiados por mim mesmo. Recentemente fiz meu primeiro catarse que para mim significou uma grande vitória.

Baiestorf: E a distribuição? Há espaços? Como o leitor do Canibuk pode fazer para comprar sua produção?

Ikarow: Como autor independente não existe distribuição exceto em contato direto com o autor. Eu tenho uma loja virtual https://ikarow.lojaintegrada.com.br/ (mas que se encontra pausada em função da campanha de O Monstro, no catarse www.catarse.me/monstro) mas a partir de dezembro, deverá ser reativada.

O Monstro

Baiestorf: Mas elas não ficam somente no folclore nacional, certo? Rio Negro mistura com elementos lovecraftiano. Como é isso?

Ikarow: Na verdade, desde que conheci os mitos lovecraftianos, vi nelas uma grande similaridade com as entidades criadas por Lovecraft. Na mitologia indígena nos encontramos entidades de poder inimaginável e criaturas que o homem moderno não tem capacidade de visualizar sem um alto preço pela sua sanidade. A partir desses pontos foi fácil fazer a adequação dos mitos lovecraftianos com os mitos indígenas brasileiros.

Baiestorf: Sobre o que é seu novo projeto?

Ikarow: O Monstro é um quadrinho sobre uma das lendas mais impressionantes da Amazônia. Não somente pela criatura em si, mas pelos testemunhos e documentos que defendem sua existência. No final do sec. 19, a criatura foi chamada de “fóssil vivo” pelo paleontólogo argentino Florentino Armeghinoe, que defendeu a tese de que o monstro seria a ligação viva com um passado pré histórico. As populações da região do rio Badajóso chamam de Isnashi (fera que grita), Owjo (comedor de gente) ou Kida (coisa da cara preta), mas entre as populações urbanas do norte do país ele é conhecido como o Mapinguary, o monstro ciclópico e selvagem com a boca na barriga capaz de devorar homens. O monstro é inspirado nos relatos dos sobreviventes do primeiro encontro com essa lenda viva. Um quadrinho diferente com dois lados da história, em um, a versão do monstro, do outro, do homem. Ao final você vai encontra as páginas negras que revelam o que há de fatos sobre o misterioso Mapinguary.

Andamento nos trabalhos de O Monstro

Baiestorf: Como fazer para colaborar com este projeto?

Ikarow: Visite o site www.catarse.me/monstro e escolha sua recompensa. A campanha estará no ar até 05 de novembro.

O Monstro

Baiestorf: Obrigado pela entrevista, o espaço é seu.

Ikarow: Eu que agradeço a oportunidade. Aproveito também para divulgar a fanpage do projeto Rio Negro, quadrinho inspirado na lenda do Jurupari, que é uma das recompensas da campanha, www.facebook.com/rionegrohq e a minha página pessoal www.facebook.com/Ikarow.

2592 Posters de Horror & Sci-Fi para Download

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Alguns meses atrás o poster da primeira sessão de cinema da história foi leiloado em Londres por 40 mil libras (mais ou menos 200 mil reais). Este primeiro poster (reprodução abaixo) foi desenhado por Henri Brispot para uma exibição especial dos primeiros curtas dos irmãos Lumière, em dezembro de 1895.

Originalmente criados para uso exclusivo dos cinemas, não demorou muito para que os posters logo virassem item de colecionadores, principalmente artes criadas para filmes exploitations, sempre com cartazes muito mais criativos do que os próprios filmes, e, também, as artes produzidas para a divulgação de produções de horror e ficção científica. Inclusive, o preço record já pago por um único cartaz pertence à sci-fi Metropolis (1926), de Fritz Lang, negociado por 690 mil dólares.

Inicialmente os posters eram feitos no tamanho dos cartazes usados para a divulgação dos shows de Vaudeville. Quem definiu o tamanho padrão foi Thomas Edison, com as medidas de 27″x41″, em folha única fixada nas fachadas e paredes dos cinemas.

Para comemorar os posters de cinema, upei um arquivo com 2.592 cartazes de cinema nos gêneros horror e Sci-Fi, a maioria com artes belíssimas e dignas de serem festejadas como pequenas obras-primas da criatividade humana.

Para fazer o download, clique em BAIXAR POSTERS.

Abaixo alguns posters que integram o arquivo disponibilizado para download:

 

 

Viradão de Cinema Fantástico no Festival de Cinema de Vitória

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O cinema fantástico nacional está na moda e está ganhando visibilidade em inúmeras mostras de cinema que não tem tradição na exibição de produções neste gênero. Em 2014 já havia ganho a “Mostra Bendita” na Mostra de Cinema de Tiradentes com a exibição do longa “As Fábulas Negras” de José Mojica Marins, Rodrigo Aragão, Joel Caetano e Petter Baiestorf e a produção “Noite” de Paula Gaitán. Leia a história do Cinema Fantástico Brasileiro aqui no Canibuk.

Agora é a vez do Festival de Cinema de Vitória incluir em sua programação uma pequena mostra, intitulada “Viradão Novo Cinema de Horror“, na sua programação, atestando que finalmente os grandes festivais de cinema estão percebendo que o Cinema Fantástico brasileiro tem um grande apelo junto ao público.

No dia 19 de novembro, um sábado, com início à 01 hora da madrugada no Teatro Carlos Gomes, com previsão de acabar somente às 07 da manhã do mesmo sábado, o viradão promete uma divertida noitada aos cinéfilos que se aventurarem pelos domínios do gênero fantástico brasileiro. Acompanhe as novidades do Festival pelo site oficial: http://festivaldevitoria.com.br/23fv/

Os seguintes filmes estão programados no Viradão:

“13 Histórias Estranhas” (Ficção, 90′, SC, 2015), de Fernando Mantelli, Ricardo Ghiorzi, Cláudia Borba, Petter Baiestorf, Marcio Toson, Cesar Coffin Souza, Rafael Duarte, Taísa Ennes Marques, Gustavo Fogaça, Renato Souza, Leo Dias de los Muertos, Paulo Biscaia Filho, Felipe M. Guerra, Filipe Ferreira, Cristian Verardi. Filme coletânea. São 13 histórias curtas, onde o numeral é a base do roteiro.
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“A Casa de Cecília” (Ficção, 102′, RJ, 2015), de Clarissa Alpett. Cecília tem 14 anos e está sozinha em casa há duas semanas. Após dias intercalados de solidão e euforia, Lorena, uma adolescente misteriosa, surge em sua casa. Apesar da nova companhia, a casa parece ficar cada vez mais vazia e os eventos, cada vez mais peculiares.
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“Encontro Às Cegas” (Ficção, 10′, RJ, 2016), de Isabela Costa. Quando um vampiro cego, em pleno 2016, atrai suas vítimas por meio de aplicativos de celular, uma surpreendente chegada muda o rumo da noite.
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“O Diabo Mora Aqui” (Ficção, 80′, SP, 2015), de Dante Vescio e Rodrigo Gasparini. Jovens numa casa assombrada.
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“O Duplo” (Ficção, 25′, SP, 2012), de Juliana Rojas. Silvia é uma jovem professora em uma escola de ensino fundamental.  Certo dia, sua aula é interrompida quando um dos alunos vê um duplo da professora andando no outro lado da rua. Silvia tenta ignorar a aparição, mas este evento perturbador passa a impregnar seu cotidiano e alterar sua personalidade.
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“O Segredo da Família Urso” (Ficção, 20′ SC, 2014), de Cíntia Domitt Bittar. 1970, ditadura militar brasileira. Geórgia, uma menina de 8 anos, é proibida de entrar no porão de sua casa, onde costumava brincar. Longe dos olhos dos pais e da velha babá, Geórgia encontra a porta destrancada: há alguém lá dentro.
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Quem estiver em Vitória/ES nesta data, fica aqui a dica para aproveitar o viradão. O fantástico brasileiro é o gênero cinematográfico nacional que mais tem conseguido, por conta própria, espaço em importantes festivais pelo mundo. “Zombio 2” (Petter Baiestorf), “Mar Negro” (Rodrigo Aragão), “Cabrito” (Luciano de Azevedo), “Encosto” (Joel Caetano), “Bom Dia, Carlos!” (Gurcius Gewdner), “FantastiCozzi” (Felipe M. Guerra), “Nervo Craniano Zero” (Paulo Biscaia) são apenas alguns dos filmes brasileiros que tem sido exibidos em vários festivais importantes do gênero fantástico por todas as partes do mundo. E é muito bom ver o gênero sendo reconhecido, também, em festivais de cinema brasileiro.
Bom Viradão à todos e obrigado por prestigiarem o cinema fantástico nacional!
Assista o documentário que o Canal Brasil produziu sobre o cinema fantástico brasileiro:
https://www.youtube.com/watch?v=XiSl3sb0MTY

 

 

A Cor que caiu do Espaço

Posted in Cinema, download, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 23, 2016 by canibuk

Em 2015 fui convidado para realizar um dos episódios do longa-metragem coletivo “13 Histórias Estranhas”. No mesmo dia comecei a pesquisar projetos abandonados do cinema mudo e me deparei com um projeto de curta que iria adaptar o conto “The Colour Out of Space” de H.P. Lovecraft no ano de 1928. O roteiro de tal projeto era escrito pelo próprio Lovecraft adaptando seu conto escrito no ano interior. Achei que seria uma boa tentar fazer uma versão baiestorfiana daquela ideia e assim comecei a pré-produção do episódio “A Cor que caiu do Espaço”.

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Como estava completamente sem dinheiro por aquelas épocas (por conta da produção de “Zombio 2: Chimarrão Zombies“), apresentei o projeto para minha amiga Shunna (que foi uma das investidoras de “Zombio 2”) e ela disponibilizou o dinheiro necessário para levantar a produção e pagar atores/técnicos envolvidos no projeto. Filmamos tudo em uma madrugada com uma equipe bem pequena (se não me falha memória, no set estavam comigo apenas Leyla Buk, Carli Bortolanza e os atores Coffin Souza, Elio Copini, Jessy Ferran e o Airton “Chibamar” Bratz) e depois editei com o E.B. Toniolli em mais uns dois dias de trabalhos no intuito de sujar as imagens (hoje me arrependo de não ter sujado ainda mais).

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Com “A Cor que caiu do Espaço” tentei realizar um mix entre cinema experimental, sci-fi e cinema marginal, que são três de minhas paixões. O resultado é este curtinha que vocês podem baixar aqui: A COR QUE CAIU DO ESPAÇO.

Quanto ao longa-metragem coletivo “13 Histórias Estranhas”, não faço ideia de quando será lançado oficialmente.

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Canecos de Cerveja

Posted in Literatura with tags , , , , , , , , , on maio 5, 2012 by canibuk

Venham para cá, meus amigos, com seus canecos de cerveja

E vamos beber ao dia antes que ele nos abandone

Abarrotem suas travessas com uma montanha de carne

Pois comer e beber é o que nos traz alívio

Então encham seus copos

Pois a vida vai passar logo

Quando estiverem mortos nunca vão poder brindar ao seu rei

Ou às suas garotas!

.

Anacreonte tinha um nariz vermelho, é o que dizem

Mas o que é um nariz vermelho se você é feliz e se diverte?

Que uma talhadeira me parta ao meio!

Prefiro ser vermelho enquanto estou aqui,

Do que branco como uma flor-de-lis – e morto daqui a meio ano!

Então Betty, minha garota,

Venha me dar um beijo

No inferno não há uma filha de hospedeiro assim!

.

O jovem Harry se aprumou como pôde

Logo vai perder a peruca e cair para baixo da mesa

Mas encham seus copos e passem eles adiante,

Melhor debaixo da mesa do que debaixo da terra!

Então divirtam-se e brinquem

E tomem um longo trago

Pois embaixo de dois metros de barro é mais difícil de rir!

.

O diabo me deixou torto! Mal consigo caminhar,

E maldito seja se consigo ficar de pé ou conversar!

Aqui, patrão, diga para Betty pegar uma cadeira

Eu vou demorar um pouco para chegar em casa,

Pois minha mulher não está lá!

Então me dê uma mão

Pois não consigo ficar de pé

Mas estou feliz enquanto seguir em cima da terra!

Poesia de H.P. Lovecraft, extraída de “A Tumba e Outras Histórias”, editora L&PM.