Arquivo para Monty Python

O Vingador Tóxico e sua Tromette Cega

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“The Toxic Avenger” (“O Vingador Tóxico”, 1984, 87 min.) de Lloyd Kaufman e Michael Herz. Com: Mitch Cohen, Mark Torgl, Andree Maranda e Marisa Tomei.

Tem alguns filmes que se tornam produções de estimação para nós. Não lembro exatamente quando assisti ao desbotado VHS com “The Toxic Avenger” (gravado em EP), mas quando botei meus olhos neste filme eu já era um trashmaníaco profissional e lembro que delirei com as aventuras do monstro tóxico herói que matava traficantes, bandidos filhos da puta, policiais corruptos (aqui no Brasil ele teria trabalho prá caralho) e namorava uma menina cega (interpretada pela gata Andree Maranda que, infelizmente, não seguiu carreira no cinema). Nas décadas de 1980, até meados de 1990, era muito difícil conseguir as produções da Troma aqui no Brasil. Na época já tinha ouvido falar da produtora nova iorquina (através de fanzines, lógico, porque nossa imprensa oficial é aquela piada desde sempre) e estava atrás de filmes deles como um doido. Logo consegui cópia de produções como “The Toxic Avenger”; “Monster in the Closet/O Monstro do Armário” (1986) de Bob Dahlin, com produção de Lloyd Kaufman e Michael Herz e “Street Trash” (1986) de Jim Muro (este somente distribuido pela Troma) e estes filmes eram o tipo de cinema pelo qual eu procurava: violentos, carregados no humor negro, debochavam do sistema e, além de divertidos, eram produções com muito sangue e gosmas diversas, sujos e alucinados, como o bom cinema precisa sempre ser.

Um pequeno grande clássico do cinema de baixo orçamento, “The Toxic Avenger” conta a história de Melvin (Mark Torgl) que trabalha como zelador no Health Club da fictícia Tromaville. Os jovens “saúde” que frequentam o clube (que são uma espécie de saradões fascistas) odeiam o feioso Melvin e resolvem pregar uma peça no nerd loser, que ao ser flagrado beijando uma ovelha sai correndo e se atira por uma janela pousando dentro de um tambor de lixo tóxico que estava por ali (num caminhão cujo motorista havia parado para dar umas cheiradinhas de pó). Melvin pega fogo e se transforma em Toxie (Mitch Cohen), um monstrengo nuclear deformado extremamente forte e de bom coração. Uma das primeiras ações de Toxie é salvar um policial honesto que estava a ponto de ser linchado por uma gangue de traficantes. Logo camisas com o rosto do bondoso monstro aparecem entre as crianças de Tromaville e o herói faz o trabalho da inapta polícia, mais ou menos como um Charles Bronson do clássico “Death Wish“, só que com voz de galã. O prefeito (Pat Ryan Jr.) da pequena cidade, chefão dos criminosos locais, chama a guarda nacional americana para ajudá-lo a exterminar o monstro herói e o exército aparece com seus tanques de guerra e vão até a barraca de Toxie para matá-lo, em um hilário final envolvendo centenas de extras recrutados no bairro onde está sediada a Troma Entertainment.

Eu & Lloyd Kaufman perdidos em São Paulo em busca de comida vegetariana.

Antes de “The Toxic Avenger”, Lloyd Kaufman e seu sócio Michael Herz produziam/distribuiam comédias sexuais. Lloyd Kaufman (1945) se formou na Universidade de Yale (entre seus colegas estavam gentinhas como Oliver Stone e George W. Bush). Influenciado por cineastas como Kenji Mizoguchi, Lubitsch, Stan Brakhage e o grupo Monty Python, em 1969 lançou seu primeiro filme, a comédia “The Girl Who Returned”, produção de baixo orçamento que trazia seu futuro sócio Herz no elenco. Kaufman acabou conhecendo John G. Avildsen (“Rocky”) e trabalhou em alguns de seus filmes, como “Joe” (1970) e “Cry Uncle!” (1971), ambas comédias, onde atuou de gerente de produção. Muitas vezes usando os pseudônimos Samuel Weil, Louis Su ou H.V. Spider, trabalhou em inúmeras produções, incluíndo os pornôs “Exploring Young Girls” (1977) de David Stitt, estrelado por Vanessa Del Rio, Sharon Mitchell e Erica Havens e “The Secret Dreams of Mona Q.” (1977) de Charles Kaufman (diretor de “Mother’s Day”, 1980), onde fez a direção de fotografia. Suas direções neste período incluiam comédias de mau gosto como “The Battle of Love’s Return” (1971) e os pornôs “The New Comers” (1973), com Harry Reems; “Sweet and Sour” (1974) e “The Divine Obsession” (1976), estrelado por Terri Hall. Em 1974 Kaufman e Herz fundaram a Troma Entertainment filmando lucrativas comédias de baixo orçamento como “Squeeze Play” (1979), e, agora com os dois sócios repartindo a função da direção, “Waitress!” (1981), comédia sobre garçonetes; “Stuck on You!” (1982), hilária comédia escatológica sobre um casal briguento que chegou a ser lançada no Brasil em VHS pela Look Vídeo; e “The First Turn-On!!” (1983), sobre as primeiras experiências sexuais de uma turma de praia. Aí rodaram “The Toxic Avenger”, visão pessoal de Kaufman sobre como realizar um filme de horror, e a Troma moderna, mais alucinada e debochada, teve início.

Lloyd Kaufman, eu e Gurcius Gewdner em almoço patrocinado pelo lendário Fernando Rick.

O primeiro filme pós “The Toxic Avenger” foi o cult “Class of Nuke’Em High” (1986), de Lloyd Kaufman, co-dirigido por Richard W. Haines (editor de “The Toxic Avenger”), sobre os alunos de uma escola que fica próxima a uma usina nuclear que começam a se comportar estranhamente; seguido do fracasso de bilheteria, possivelmente por causa dos cortes que sofreu pela MPAA, “Troma’s War” (1988), novamente com co-direção de Michael Herz, divertida e violenta paródia aos filmes de guerra estrelados por Chuck Norris e outros brucutus bobocas dos anos de 1980. Precisando de uma grana a dupla realizou simultaneamente “The Toxic Avenger 2” (1989) e “The Toxic Avenger 3: The Last Temptation of Toxie” (1989), continuações da saga heróica de Toxie. Como a Troma sempre foi bastante popular no Japão, em 1990 filmaram “Sgt. Kabukiman N.Y.P.D.”, hilária aventura do policial de New York que é possuído pelo espírito de um mestre kabuki. Em 1996 lançaram o grande clássico “Tromeu and Juliet”, uma avacalhada adaptação punk do chato “Romeu and Juliet” do ultra-gay Shakespeare, filme que foi lançado em VHS aqui no Brasil pela distribuidora Reserva Especial, o que fez com que a Troma ficasse um pouco mais conhecida por aqui. Na seqüência Kaufman dirigiu outro clássico insuperável, “Terror Firmer” (1999), sobre um psicopata fã de cinemão que ataca o pessoal da Troma comandada pelo diretor cego Larry Benjamin (interpretado pelo próprio Kaufman). Para marcar sua entrada no novo milênio, nada como lançar “Citizen Toxie: The Toxic Avenger 4” (2000), outro filmaço com o vingador tóxico e o capítulo mais alucinado e incorreto da série. Uma quinta parte de “The Toxic Avenger” chegou a ser anunciada, mas acho que não entrou em produção ainda. Depois de uma série de documentários produzidos em vídeo, Kaufman lançou o espetacular “Poultrygeist: Night of the Chicken Dead” (2006), onde galinhas zumbis atacam uma lanchonete e caras como Ron Jeremy e o próprio Lloyd Kaufman parecem se divertir horrores com cenas envolvendo merda, tripas e até dedadas no cu de figurantes. Genial!!! Após mais uma série de documentários picaretas em vídeo, coisas como “Direct Your Own Damn Movie!” (2009); “Diary-Ahh of a Mad Independent Filmmaker” (2009) e “Produce Your Own Damn Movie!” (2011), deve ser lançado em 2013 “Return to the Class of Nuke’Em High”, atualmente em pós-produção. Conheci Lloyd Kaufman em São Paulo alguns anos atrás e foi divertido demais, ele é exatamente igual quando aparece em seus filmes, ou seja, hiperativo, um alucinado debochado dono de uma energia fantástica.

Eu, esposa de Lloyd Kaufman e o debochado criador de Toxie.

Michael Herz conheceu Lloyd Kaufman na Universidade de Yale e parece que não se davam muito bem. Herz se tornou advogado, mas secretamente nutria o desejo de se tornar roteirista. A namorada (e futura esposa) de Herz era amiga de Kaufman e fez com que os dois se re-aproximassem e, juntos, acabaram fundando a Troma Entertainment e criando os clássicos que tanto admiramos. Em 1980 os dois produziram o pequeno clássico “Mother’s Day” (1980) de Charles Kaufman e uma série de comédias idiotas co-dirigidas por ambos. Em 1984 produziram “Combat Shock” de Buddy Giovinazzo, sobre um veterano do Vietnã perturbado que também se tornou clássico. Outras produções da dupla são filmes como “The Dark Side of Midnight” (1984) de Wes Olsen, sobre uma pequena cidade aterrorizada por um maníaco; “Screamplay” (1985) de Rufus Butler Seder, sobre um detetive investigando assassinatos descritos por um roteirista em seu script, estrelado pela lenda underground George Kuchar; “Igor and the Lunatics” (1985) de W.J. Parolini, sobre um lunático e sua gangue se vingando de uma cidadezinha, entre outras produções que foram mantendo a Troma em evidência no underground do cinema americano por toda a década de 1980. O último longa de Herz como co-diretor foi o clássico “Sgt. Kabukiman N.Y.P.D.” (se excluirmos o curta-metragem “The Troma System” que ele co-dirigiu em 1993). Desde então tem cuidado dos negócios burocráticos da Troma, deixando que o carismático Lloyd Kaufman seja o rosto público da produtora. Quando Herz precisa fazer alguma aparição pública ele sempre manda em seu lugar o ator de 200 quilos Joe Fleishaker.

O roteirista de “The Toxic Avenger” é Joe Ritter, um técnico mais conhecido por seu trabalho no departamento elétrico e como operador de steadicam em grandes produções como “Barton Fink/Delírios de Hollywood” (1991) de Joel e Eathan Coen; “Dracula” (1992) de Francis Ford Coppola; “Wayne’s World 2/Quanto Mais Idiota Melhor 2” (1993) de Stephen Surjik; “Pulp Fiction/Tempo de Violência” (1994) de Quentin Tarantino ou “Starship Troopers/Tropas Estelares” (1997) de Paul Verhoeven. Ritter dirigiu alguns filmes de baixo orçamento como “The New Gladiators” (1988), sobre gangues de rua numa Los Angeles pós-holocausto nuclear do anos 2010 e “Beach Balls” (1988), sobre um mané que sonha se tornar rockstar, ambos filmados simultaneamente com produção do lendário Roger Corman. O drama “Hero, Lover, Fool” (1996), com Ron Jeremy no elenco, também tem direção sua. Melvin, o nerd que se torna Toxie, é interpretado pelo ator Mark Torgl que já estava no elenco da comédia juvenil “The First Turn-On!!” (1983), filme anterior da dupla Kaufman-Herz. Em “Citizen Toxie: The Toxic Avenger 4” (2000) Mark voltou a participar da série no papel de Evil Melvin. Em 2005 apareceu no vídeo de horror “Beast” de Gary T. Levinson, mas na realidade ele ganha a vida como editor de seriados para a TV americana trabalhando em coisas como “World’s Most Amazing Videos” e “Inspector America”. Mitch Cohen é o ator que interpreta Toxie e também retornou na parte 4 da série (no papel de Lucifer). Em 1994 Mitch fez um pequeno papel no filme de estréia de Kevin Smith, “Clerks/O Balconista”, e, em 1995, produziu o curta-metragem “The Fan” de Brent Carpenter. O gorducho Pat Ryan Jr., que interpreta o corrupto prefeito de Tromaville, fez participações em filmes como “Birdy/Asas da Liberdade” (1984) de Alan Parker; “Invasion USA” (1985) de Joseph Zito e estrelado por Chuck Norris; “Street Trash” (1986) de Jim Muro e “Eat and Run/O Comilão de Outro Mundo” (1987) de Christopher Hart. Ryan morreu de ataque cardíaco em 1991, aos 44 anos. Como curiosidade, “The Toxic Avenger” é o primeiro filme onde a oscarizada Marisa Tomei deu as caras, ela faz parte dos figurantes do Health Club, não tendo sido creditada no filme.

Lloyd Kaufman e o emocionado fã brasileiro Gabriel Zumbi, muito a vontade com a lenda do cinema underground.

“The Toxic Avenger” foi lançado em VHS no Brasil pela distribuidora Play Filmes e continua inédito em DVD/Blu-Ray. Um remake versão família e censura livre deve ser lançado em breve deste primeiro filme. Em 2011 Lloyd Kaufman esteve aqui no Brasil realizando sua hilária “Master Class” onde ensinou como realizar filmes independentes. Quem perdeu é um mané!!!

por Petter Baiestorf.

Capa do meu VHS de “Stuck on You!” devidamente autografado por Lloyd Kaufman que fico impressionado ao ver alguém com este filme aqui no Brasil.

Schlock: O Terror do Bananal

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 17, 2012 by canibuk

“Schlock” (1973, 80 min.) de John Landis. Com: John Landis, Saul Kahan e Joseph Piantadosi.

No cinema muitos dos grandes diretores começaram pequenos em produções de baixo orçamento, mas que transbordavam vontade de (se) divertir. John Landis, diretor responsável por inúmeros filmes com um humor prá lá de incorreto da década de 1980, começou sua carreira de diretor com um pequeno trash-movie intitulado “Schlock”, que contava a história de um homem macaco (John Landis) que se apaixona por uma adolescente cega (uma década antes de Toxie da Troma se apaixonar por outra cega) e aterroriza um subúrbio do sul da Califórnia. Landis, um apaixonado por sketches de humor maluco, estruturou seu roteiro em um punhado de situações absurdas que dialogavam com clássicos do cinema como “King Kong” (1933) de Merian C. Cooper e Ernest B. Schoedsack, deixando tudo mais frenético-histérico como a cartilha do cinema dos anos de 1970 pedia. “Schlock”, o macaco apaixonado, toca piano, dá entrevistas para a TV e luta contra o exército americano enquanto a menina cega acha que ele é um cachorro gigante. Impossível não gostar de uma trama imbecil destas.

“Schlock” é o primeiro longa-metragem de Landis onde, apesar da produção capenga, já percebemos seu típico jeito de contar histórias cômicas cheias de situações absurdas. O orçamento do filme foi de 60 mil dólares, o que levou Landis a discutir com Rick Baker, em um de seus trabalhos iniciais, sobre os custos (500 dólares) do traje do macaco (que no filme é interpretado pelo próprio John Landis revelando todo seu amor pelos símios já que naquele mesmo ano também atuou em “Battle for the Planet of the Apes/Batalha do Planeta dos Macacos” de J. Lee Thompson). O baixo orçamento do filme, aliado ao seu senso de humor alucinadamente cretino, fez de “Schlock” uma maravilhosa paródia-homenagem aos filmes da década de 1950.

John Landis (1950) desde garoto sempre foi apaixonado pelo cinema. Em 1969 se destacou trabalhando como assistente de direção de Brian G. Hutton no filme “Kelly’s Heroes”, comédia de guerra filmada na Iuguslávia e estrelada por Clint Eastwood e Telly Savalas. Depois disso se associou ao produtor picareta Jack H. Harris e conseguiu tornar realidade “Schlock”, que filmou com apenas 21 anos de idade. Como seu primeiro filme foi um fracasso de público, Landis ficou alguns anos sem conseguir dirigir nada, até que, inspirado pelo grupo de humor Monty Python, em 1977 conseguiu levantar a produção de “Kentucky Fried Movie” (com roteiro do trio David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker, o ZAZ que nos anos de 1980 criou inúmeros clássicos da comédia como “Top Secret!”, “Apertem os Cintos… O Piloto Sumiu” e “Corra que a Polícia Vem aí!”). Foi o suficiente para ser contratado pela Universal Studio para dirigir “Animal House/O Clube dos Cafajestes” (1978) com base em material da National Lampoon e o colocar em contato com gente talentosa como John Belushi e Harold Ramis. “Animal House” foi um sucesso mundial e abriu as portas para Landis filmar “The Blues Brothers/Os Irmãos Cara de Pau” (1980), novamente estrelado por Belushi, ao lado do roteirista Dan Aykroyd, e com participações especiais de músicos como James Brown, Aretha Franklin, Ray Charles e John Lee Hooker, numa produção que marcou época e preparou terreno para o grande clássico de John Landis: “An American Werewolf in London/Um Lobisomem Americano em Londres” (1981), onde seu amigo Rick Baker finalmente pode mostrar do que era capaz com um orçamento decente em mãos. O filme, que dosava magistralmente humor e horror, foi sucesso mundial. Mas as vezes sucesso demais faz mal e a partir daí Landis começou uma parceria com Eddie Murphy em comédia inofensivas como “Trading Places/Trocando as Bolas” (1983), “Coming to America/Um Príncipe em Nova York” (1988) e “Beverly Hills Cop 3/Um Tira da Pesada 3” (1994). Seus outros grandes momentos são filmes como “Three Amigos!/Três Amigos!” (1986), western cômico estrelado pelo impagável trio de humoristas formado por Steve Martin, Chevy Chase e Martin Short (e o diretor de cinema Alfonso Arau no papel do vilão Em Guapo) e “Amazon Women on the Moon/As Amazonas na Lua” (1987), filme em episódios que Landis co-dirigiu em parceria com Joe Dante, Carl Gottlieb, Peter Horton e Robert K. Weiss, que trazia em seu elenco gente talentosa como Russ Meyer, Paul Bartel, Monique Gabrielle, Forrest J. Ackerman, Sybil Danning, B.B. King, Henry Silva, Rip Taylor, Dick Miller, Lyle Talbot e até Bela Lugosi com ajuda de cenas de arquivo. Outro grande momento da carreira de John Landis foi quando ele dirigiu o curta-vídeo clip “Thriller” do lendário Michael Jackson, talvez o clip mais famoso de todos os tempos.

“Schlock” é um dos primeiros trabalhos do maquiador Rick Baker (que havia estreado no cinema em 1972 com o filme “Bone” de Larry Cohen e repetido a parceria no ano seguinte em “Black Caesar”). Nascido em 1950, ainda adolescente começou criando maquiagens caseiras na cozinha da casa de seus pais. Trabalhou no clássico “Squirm” (1976) de Jeff Lieberman, “King Kong” (1976) de John Guillermin e “Star Wars/Guerra nas Estrelas” (1977) de George Lucas, sempre nas equipes de segunda unidade. Em 1977 foi responsável pelos incríveis efeitos de derretimento em “The Incredible Melting Man/O Incrível Homem Que Derreteu” de William Sachs e chamou atenção para seu talento. Por seu trabalho em “Um Lobisomem Americano em Londres” recebeu o primeiro Oscar de muitos e não parou mais de surpreender com maquiagens cada vez mais realistas. Alguns outros grandes momentos de Rick Baker: “The Funhouse” (1981) de Tobe Hooper, “Videodrome” (1983) de David Cronenberg, “Greystoke” (1984) de Hugh Hudson, “Ed Wood” (1994) e “Planet of the Apes” (2001), este dois últimos de Tim Burton.

Em “Schlock” encontramos também a participação especial de duas figurinhas da indústria cinematográfica americana: Jack H. Harris, produtor do filme, no papel do homem lendo uma revista de horror e Forrest J. Ackerman, lendário colecionador de livros e memorabilia do cinema de horror e sci-fi americano, no papel do homem no cinema. O produtor executivo de “Schlock” é George Folsey Jr. que continuou trabalhando com Landis nos anos de 1980. Infelizmente este filme permanece inédito em DVD no Brasil.

por Petter Baiestorf.

Veja o trailer de “Schlock” aqui:

The Cube

Posted in Cinema, Televisão with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on março 18, 2012 by canibuk

“The Cube” (1969, 54 min.) de Jim Henson. Com: Richard Schaal.

É engraçado ver como alguns cineastas reciclam idéias e as filmam como se fossem suas sem o menor constrangimento. E o público, por falta de conhecimento das obras antigas, acha que está vendo algo original.

“The Cube” é um média-metragem produzido e dirigido por Jim Henson (antes de se dedicar exclusivamente ao “The Muppets”) que foi ao ar pela NBC TV num programa chamado “NBC Experiment in Television”, com roteiro do próprio Henson, em parceria com Herry Juhl, possivelmente baseado no conto “The Squirrel Cage” de Thomas M. Disch, publicado em 1967.

Aqui somos jogados, com um homem cujo nome nunca é revelado (interpretado por Richard Schaal), dentro de um quarto cúbico branco de onde não podemos sair. Somos os cúmplices na agônia do homem que vai ficando cada vez mais desesperado dentro desta caixa/quarto. No decorrer do média-metragem o “The Man” (como passa a ser chamado) é submetido à uma série de frustrantes encontros com uma variedade de tipos humanos em situações surrealistas. E assim Henson encontra meios de criticar a própria televisão emburrecedora de homens, quando um professor explica ao personagem agoniado que ele está em “um jogo de televisão”. Somos os espectadores aprisionados pelas vontades dos patrocinadores dos programas?… Mas claro que “The Cube” não termina assim, a insanidade proposta por Jim Henson vai criando uma sucessão alucinada de situações absurdas que lembram, e muito, o grupo de humor britãnico Monty Python. É uma rara peça de inteligência da televisão mundial. Este filme foi ao ar duas vezes apenas, a primeira em 23 de fevereiro de 1969, com reprise em 1970. Consegui uma cópia dele uns dois anos atrás através de download, mas infelizmente não lembro mais qual era o link.

Jim Henson (1936-1990) foi o criador dos “The Muppets”. Trabalhou em programas de TV como “Sesame Street” (“Vila Sésamo”) e dirigiu longas como “The Muppet Movie” (1979), primeiro de uma série de live-actions estrelados pelos Muppets e produções como “Labyrinth” (1986), com roteiro do Python Terry Jones e, no elenco, participação de David Bowie.

Em 1997 Vincenzo Natali pegou o visual do filme de Henson e re-criou “The Cube” com uma história que excluía o humor surrealista do original e incluía umas mortezinhas xaropes. Virou puro aborrecimento!!!

por Petter Baiestorf.

Bonzo Dog Doo-Dah Band

Posted in Música, Televisão with tags , , , , , , on novembro 11, 2010 by canibuk

Bonzo Dog Doo-Dah Band, também conhecida como “The Bonzo Dog Band, The Bonzo Dog Dada Band And” ou, simplesmente, “The Bonzos”. Foi uma banda britânica dos anos 60 que combinava jazz, rock psicodélico e arte de vanguarda, se tornando popular quando foram contratados pelo programa de humor infantil “Do Not Adjust Your Set” (onde atuavam os futuros Pythons Eric Idle, Terry Jones, Michael Palin e Terry Gilliam). Os músicos da banda The Beatles eram fãs assumidos da banda, seu single “I’m the Urban Spaceman”, de 1968, foi produzido por Paul McCartney e Gus Dudgeon usando o pseudônimo coletivo “Apollo C. Vermouth”. O auge da banda ocorreu quando “os Bonzos” excursionou pelos USA abrindo os shows da banda The Who. Logo depois, em 1970, o grupo se desfez. THE END.

At Last the 1948 Show & Do Not Adjust Your Set

Posted in Televisão with tags , , , , , , on novembro 10, 2010 by canibuk

Quem é fanático pelo Monty Python se ligue que hoje foi entregue nas lojas o DVD triplo com as séries “At Last the 1948 Show” (“Finalmente o Show de 1948” com John Cleese, Graham Chapman e Marty Feldman no elenco) e “Do Not Adjust Your Set” (“Não Sintonize Sua TV” com Eric Idle, Terry Jones e Michael Palin no elenco). No disco um temos os episódios da “At Last the 1948 Show” e nos outros dois discos a série “Do Not Adjust Your Set”. O DVD, um lançamento da Focus Filmes aqui para o Brasil, promete ainda “novas entrevistas com membros do elenco original”. Já tô com meu DVD aqui em casa mas, pela correria dos últimos dias, não consegui assistir ainda (são 377 minutos de pré-Monty Python), foram essas duas séries que deram origem ao grupo.

Fiquem de olho nas lojas que é um lançamento obrigatório na coleção de qualquer fanático pelos Pythons. Tá custando, por enquanto, R$ 69.90, mas com certeza o preço baixará daqui uns meses (eu pego os lançamento que envolvem os membros do Monty Python na pré-venda dos DVDs porque tenho medo de ficar sem).

Monty Python’s Flying Circus

Posted in Televisão with tags , , , , , , , , on outubro 18, 2010 by canibuk

Sou fanático pelo grupo de humoristas britânico Monty Python e em 2008 foi lançado aqui no Brasil em DVDs a temporada completa do programa deles que era exibido na BBC1. Sairam 4 DVDs (as três primeiras temporadas em DVDs duplos e a quarta temporada em DVD simples), totalizando os 45 episódios que foram ao ar. Ficou faltando de extra os dois programas especiais feitos para o canal alemão Westdeuscher Rundfunk, em 1972, que atendia pelo nome de “Monty Python’s Fliegender Zirkus” (que poderiam estar, na minha opinião de fã fanático, num segundo DVD junto da quarta temporada).

O primeiro episódio foi ao ar dia 05 de outubro de 1969 e foi o nascimento de um programa clássico da TV mundial (tanto que foram copiados por humoristas do mundo inteiro, e ainda hoje são copiados, por exemplo, aquelas velhas batendo palmas que as vezes aparecem no programa “Pânico na TV” é tirado do programa do Monty Python e, durante as olimpíadas de 2008, vi este mesmo programa copiar uma Sketch inteira – aquela onde um cara luta contra si próprio).

“Monty Python’s Flying Circus” era anárquico, ousado e surreal até a medula, não poupava ninguém (seus alvos preferidos eram militares, políticos, nobreza, religiosos e a própria BBC). Os pythons foram reunidos pelo produtor de comédias da BBC, Barry Took. Antes disso eles já trabalhavam em duplas: John Cleese e Graham Chapman trabalhavam no programa de TV “The Frost Report” onde muitas vezes davam as caras Michael Palin e Terry Jones. Michael Palin também trabalhou no programa “Do Not Adjust Your Set” por onde transitavam Eric Idle e Terry Gilliam. Daí foi um pulo até um canal de TV resolver colocar todos eles num único programa. Diz a lenda que Barry Took (que também era roteirista em parceria com o comediante Marty Feldman que depois ficou conhecido atuando nos filmes do Mel Brooks) queria um programa com Cleese e Palin juntos, mas cada um deles exigiu a contratação de um colega e assim Chapman e Jones foram incorporados. Eric Idle era, além de roteirista, compositor e foi chamado e Gilliam, que chamava atenção com suas animações, também. Criou-se então o que viria a ser conhecido por Monty Python.

Fiz uma pequena seleção de sketches do grupo que estão disponíveis, com legendas em português, no youtube.

Not the Messiah

Posted in Cinema, Música with tags , , , , , , on setembro 30, 2010 by canibuk

Para comemorar os 40 anos do grupo de humor surreal nonsense inglês Monty Python, Eric Idle (que não é parente do cantor Billy Idol, piada que Eric faz para a platéia ao entrar no palco) e John Du Prez escreveram uma paródia em forma de ópera para clássico “Monty Python’s Life of Brian” (“A Vida de Brian”, 1979, direção de Terry Jones), sem esquecer as homenagens para o próprio programa de televisão que o grupo teve na TV inglesa durante quatro temporadas (entre 1969 e 1972), no meio do espetáculo rola a clássica canção do lenhador. Neste “Not the Messiah – He’s a very naughty boy” (2009, direção de Aubrey Powell) quatro tenores de ópera (cantores de ópera de verdade) fazem as personagens principais, William Fergunson é Brian, Shannon Mercer é Judith, Rosalind Plowright é Mandy e Christopher Purves é Reg (é engraçado ver nos extras esses tenores, todos sérios, explicando que estavam descontraídos para este espetáculo que foi algo completamente diferente na carreira deles). Eric Idle faz um quinto tenor na opereta e está muito bem, cada vez que ele abre a boca é gargalhada certa. O melhor de tudo no “Not the Messiah” é a participação especial de outros Pythons: Terry Jones, Michael Palin, Terry Gilliam e Carol Cleveland (aquela loirinha dos programas de TV que sempre fazia papel de meninas bobinhas) dão as caras em participações hilárias. Claro que nem tudo é festa, John Cleese não topou participar do espetáculo comemorativo (Cleese também não aparece na quarta temporada da série da TV porque tinha saído do grupo por achar que o programa já tinha dado o que tinha prá dar) e Graham Chapman se recusou à participar por estar morto, achei mesquinho da parte dele ter recusado participação por tão irrisório detalhe. Humpffff!!!

“Not the Messiah” é indicado aos fãs radicais dos Pythons (nos quais me incluo) e está disponível em DVD no Brasil numa edição com vários extras bacanas. Abaixo vou colar alguns link de vídeos de youtube onde vocês poderão ter uma idéia de o quanto foi luxuosa e majestosa e magnânima e insuperável esse espetáculo.

Trailer de “Not the Messiah”:

Eric Idle zuando com Bob Dylan:

Oh God you are so BIG:

Crucifixion?:

I’m a Lumberjack:

Always Look on the Bright Side of Life: