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Caquinha Superstar A Go Go

Posted in Cinema, download, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 30, 2016 by canibuk

caquinha-001Se eu tivesse que escolher o pior filme que já produzi , acredito que este “Caquinha Superstar a Go-Go” seria o escolhido (e olha que já produzi muita porcaria nestes meus 25 anos de produtor gorechanchadeiro). Tenho lembranças maravilhosas desta produção, mas simplesmente nada funciona com nada na tela. Não tem ritmo, não tem história, não tem produção. Mas assumo toda a culpa, ou pelo menos metade de toda a culpa, com certo orgulho. Metade porque o filme foi co-produzido pelo Coffin Souza e sei que ele também tem boas lembranças desta produção, já se gosta do filme nunca perguntei.

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Caquinha meditando

Em 1996 eu tinha produzido apenas o “Eles Comem Sua Carne” com o Souza dividindo a função (no “O Monstro Legume do Espaço” ele tinha sido apenas ator) e como o filme teve uma boa aceitação no mercado underground, resolvemos produzir o “Caquinha Superstar a Go-Go” que seria continuação simultânea do Monstro Legume e do Eles Comem (temos cenas filmadas com o Caquinha interagindo com as personagens do Eles Comem, mas resolvi não incluir no filme sei lá porque). E mais, na época também queríamos filmar mais rápido do que o Roger Corman, então tivemos a brilhante ideia de jerico de montar um cronograma de apenas duas noite e um dia de filmagens (até porque o orçamento disponível pro filme não teria permitido muitos dias a mais). Como se isso não bastasse, o filme ainda era um musical e eu não tinha experiência nenhuma com o gênero além de ser fã. E, também, havia discordâncias minhas com Souza de como filmar aquele roteiro ruim. Então o desastre já se anunciava muito antes das filmagens terem início.

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Caquinha e Tracy

Mas quando você tem um desastre anunciado na mão o que tu faz?… Vai com tudo de cabeça, certo?… E foi o que fizemos. Chamamos o E.B. Toniolli para interpretar o Caquinha, reunimos os outros desajustados que nos acompanhavam na época e filmamos na correria, sem cuidados técnicos, sem estrutura alguma e, o pior, discutindo o tempo inteiro. Foi uma experiência boa porque no filme seguinte que produzimos em parceria, “Blerghhh!!!” (também de 1996), Souza e eu nos acertamos quanto ao que cada um fazia na produção e tudo passou a funcionar melhor… Bem, melhor daquele jeito Canibal Filmes, lógico!

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Jorge Timm e Coffin Souza

Não existem muitas histórias divertidas durante os dois dias de filmagens, até porque a gente trabalhou essas 48 horas sem parar (não lembro de ter dormido durante estes dois dias). Talvez o fato mais divertido caótico era o descontentamento do elenco com a produção, agravado pelo fato de que escrevi o filme se passando no verão mas filmei em pleno inverno do sul do Brasil e naqueles dois dias a temperatura estava numa média de zero graus, tendo sido um dos invernos mais rigorosos que o sul já teve notícia. Naquelas cenas em que as meninas de bikini encontram Caquinha, quase no fim do filme, o frio era tão intenso que as meninas tremiam sem parar sob minhas ordens que incluíam a cada minuto a frase: “ânimo meninas, é verão! É Verãoooo!”. Para as cenas internas da casa de Caquinha (filmamos numa casa abandonada que não tinha nem energia elétrica, nosso eletricista – Claudio Baiestorf – realizou um “gato” na rede pública) o frio era tanto nas madrugadas que cortamos um latão e mantivemos carvões queimando o tempo todo para esquentar o ambiente.

cdtrilhasonoracaquinhaNa época o melhor produto relacionado ao filme foi a trilha sonora composta pela banda paulista Trap. Enquanto passávamos frio os paulistas estavam compondo músicas maravilhosas para o filme, até hoje lamento não ter conseguido fazer um filme à altura da fantástica trilha sonora que Johnny e companhia nos entregaram. Essa trilha sonora foi lançada em CD no ano seguinte, 1997, numa prensagem feita no Canadá e contrabandeada para dentro do Brasil para burlar os impostos. Não é fácil a vida de produtor vagabundo, tu acaba virando uma espécie de mafioso da cultura. Como este CD esgotou anos atrás, você pode ouvi-lo baixando no link a seguir: TRILHA SONORA DE CAQUINHA SUPERSTAR A GO-GO.

“Caquinha Superstar a Go-G0” teve seu lançamento feito num bar de Porto Alegre com direito a presença de toda a equipe, elenco e a banda Trap animando o público com a trilha sonora. Enquanto o filme era exibido botamos um ator fantasiado de gorila arrancando as roupas de algumas atrizes contratadas para o lançamento. O público delirava com o que via, era interação completa entre o filme e a plateia. É uma lei obrigatória para produtores de filmes vagabundos: Se você tem um filme ruim trate de animar o público de alguma maneira!

Você pode conhecer este adorável filme extremamente ruim baixando aqui: CAQUINHA SUPERSTAR A GO-GO.

Petter Baiestorf.

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A Dançante Versão Musical de Guerra dos Mundos

Posted in Livro, Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 9, 2012 by canibuk

Adriano Trindade me deu toque sobre a existência de uma versão musical do livro “The War of the Worlds” de H.G. Wells que eu desconhecia completamente. Gravado em 1978 por Jeff Wayne, é um álbum conceitual que conta, em forma de música, a invasão do planeta Terra por hordas de marcianos sedentos por sangue humano usando ótimas rimas e um instrumental que bebe da fonte do rock progressivo com uma batida disco que deixa o cara querendo dançar, penso que com alguns arranjos mais disco daria um lindo sci-fi musical blaxploitation, estrelado por atores negros, ambientado em 1976.

O musical foi composto por Jeff Wayne (um autor de jingles publicitários) com ajuda de Gary Osborne (ex-letrista de Elton John) criando as letras rimadas por onde os sentimentos de várias personagens são cantadas. A banda que Wayne conduz ficou conhecida pelo nome Black Smoke Band e o jornalista da história, principal narrador, é interpretado pelo ator Richard Burton.

“Forever Autumn” (que ficou no top 5 londrino), “The Eve of the War”, “Thunder Child” e “The Spirit of Man” são as canções mais conhecidas do álbum que já vendeu mais de dois milhões de cópias. Existem algumas versões do álbum em espanhol (uma com Anthony Quinn no papel do jornalista e outra com Teófilo Martinez na mesma função). Em 1980 foi lançado uma versão em alemão com Curd Jürgens, que foi ator no clássico “Et Dieu… Créa la Femme/… E Deus Criou a Mulher” (1956) de Roger Vadim, no papel do jornalista. Além disso, em 1984 o CRL Group PLC lançou um video game baseado no musical de Wayne. Existe também, ainda em produção, uma animação em CGI inspirada no álbum.

Não deixe de conferir “The Jeff Wayne’s Musical Version of War of the Worlds“.

No post original sobre “The War of the Worlds” não falei que em 30 de outubro de 1971 os funcionários da rádio e TV difusora de São Luís/MA repetiram, desta vez em português, a experiência de Orson Welles e transmitiram um programa de 45 minutos de duração baseado em “A Guerra dos Mundos”, assim como nos USA em 1938, a cidade de São Luís também acreditou que estava sendo invadida por marcianos e o pânico e o caos se instalaram. Após o término do programa o exército fechou a rádio e prendeu os responsáveis. Para saber mais sobre essa linda experiência do rádio brasileiro, consiga o livro “Outubro de 71 – Memórias Fantásticas da Guerra dos Mundos”.

Disco Dancer

Posted in Cinema, Música with tags , , , , , , , , , , , on setembro 26, 2011 by canibuk

“Disco Dancer” (1982, 135 min.) de Babbar Subhash. Com: Mithun Chakraborty, Rajesh Khanna e Kim.

Ontem assisti ao fantástico “Disco Dancer”, um Bollywood Movie por excelência, inspirado no “Saturday Night Fever” (“Os Embalos de Sábado à Noite”), só que infinitamente mais divertido.

“Disco Dancer” conta a história de Jimmy, um artista de rua acusado de ser ladrão quando criança, que tem sua grande chance no mundo da música quando Sam, o astro do momento, se recusa a fazer um show e Jimmy é colocado para substituí-lo por um esperto empresário. A nova carreira de Jimmy vai bem até que capangas contratados pelo pai de Sam (que, numa trama de dar inveja às novelas da Globo, é o mesmo homem que acusou Jimmy de ser ladrão quando criança) passam à persegui-lo. Numa cena engraçadíssima por seu exagero a la indianos, a mãe de Jimmy morre eletrocutada por uma guitarra na frente dele, fazendo-o desenvolver uma hilária doença chamada “guitarphobia” que pode destruir sua carreira de sucesso. Os primeiros 45 minutos do filme possuem um ritmo alucinante, com vários números musicais, um mais inspirado do que o outro, se atropelando. Inclusive, quem for assistir ao “Disco Dancer”, chamo atenção aqui para os inventivos movimentos de câmera no número musical que abre o filme, que são muito bem bolados (segue a cena no vídeo abaixo). Depois o filme dá uma pequena decaída porque, por um bom tempo, esquece os números musicais para se concentrar nos dramas de Jimmy (mas é drama indiano, ou seja, você vai dar muitas gargalhadas).

“Disco Dancer” foi um sucesso mundial na época do seu lançamento, sendo até hoje um dos filmes indianos com maior bilheteria na Rússia (Ex-União Soviética) e, na China, sua trilha sonora ganhou até prêmios. A produção foi dirigida por Babbar Subhash que se tornou uma lenda do cinema de Bollywood exatamente por este filme, e, realizou ainda outros filmes no estilo, como “Dance Dance” (1987). Mithun Chakraborty, que interpreta o dançante Jimmy, é um ator extremamente famoso e requisitado na indústria cinematográfica indiana, tendo em sua filmográfia mais de 350 títulos. Em 1988 o grupo americano Devo lançou uma música chamada “Disco Dancer”, inspirada na música “I am a Disco Dancer” da ótima trilha sonora de “Disco Dancer”, toda composta pelo músico Bappi Lahari, considerado o pioneiro no uso da música disco no cinema indiano.

capa do LP com soundtrack do Disco Dancer.

Se você procura uma diversão dramática musical cheia de cenas de ação, com lutas marciais e romance, “Disco Dancer” é seu filme!

Segue algumas cenas deste clássico de Bollywood: