Arquivo para o solitário ataque de vorgon

A Vingança dos Filmes B – Parte 2

Posted in Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 22, 2012 by canibuk

De 23 a 25 de novembro a Sala P. F. Gastal (3° andar da Usina do Gasômetro) recebe a segunda edição da mostra “A Vingança dos Filmes B”!

O termo “Filme B” surge durante os anos 1920 para classificar produções baratas de pequenos estúdios (westerns, suspenses, seriados de aventura), que serviam de complemento em sessões duplas para os filmes Classe A, ou seja, aqueles realizados pelos grandes estúdios com orçamentos milionários e grandes estrelas. Os “Filmes B” eram feitos a toque de corda, em poucos dias, com astros de terceira e orçamento irrisório. Existia uma área em Hollywood conhecida como Powerty Row (cinturão da pobreza), por reunir diversas produtoras independentes que forneciam filmes de baixo orçamento que eram comprados e distribuídos pelos grandes estúdios. Esse sistema funcionou até o final dos anos 1950, quando acaba a chamada “Era de Ouro de Hollywood”. Apesar da deturpação de seu contexto original, e das modificações na simbiose entre os grandes estúdios e os produtores independentes, o termo Filme B sobreviveu adquirindo conotações diferentes, mas ainda é uma boa definição para filmes de gênero realizados fora do sistema dos estúdios, com orçamento limitado, atores desconhecidos e temática fora dos padrões. Porém, hoje a tela dos cinemas é uma realidade distante para a maioria destas produções que lutam por um espaço público de exibição.

A mostra A Vingança dos Filmes B foi concebida para servir de vitrine para produções independentes que flertem com o cinema de gênero, funcionando como um espaço democrático onde coexistam os mais variados tipos de expressão cinematográfica, do horror à comédia, passando pelos filmes sci-fi e pelo cinema de ação, sem se importar com o orçamento investido (sejam produções rebuscadas ou de orçamento zero), ou com o suporte de realização. Produções em película, digital e VHS ocupando pacificamente o mesmo espaço. Um evento destinado ao resgate e a divulgação de filmes independentes, bizarros, engraçados ou assustadores, incentivando o público a dialogar com obras que dificilmente encontram espaço nas telas dos cinemas.

Chegou a hora dos independentes retomarem o seu espaço nas telas, mas não como meros coadjuvantes, e sim como atração principal! Está na hora da Vingança dos Filmes B-Parte 2!

escrito por Cristian Verardi, curador da Vingança dos Filmes B.

PROGRAMAÇÃO

A VINGANÇA DOS FILMES B – PARTE 2

(ENTRADA FRANCA / CLASSIFICAÇÃO: 16 ANOS)

 Sexta-Feira, 23 de Novembro.

19h30- Horror.Doc (72’), de Renata Heinz

(OBS: Após a sessão debate com Renata Heinz).

Sábado, 24 de novembro

15h- 20 Anos de Canibal Produções: Baiestorf – Filmes de Sangreira e Mulher Pelada (20’),Christian Caselli + Boi Bom (12’)  + Blerghhh!!! (50’). (Após a sessão debate com Petter Baiestorf)

17h30- Sessão Trash’O’Rama: Cachorro do Mato (15’), de Maurício Ribeiro + Amarga Hospedagem (60’), de Claúdio Guidugli. (OBS: Após a sessão debate com o realizador Cláudio Guidugli)

19h30- Sessão de Curtas I: O Solitário Ataque de Vorgon (6’), de Caio D’Andrea + Rango (6’), de Rodrigo Portela + Morte e Morte de Johnny Zombie (14’), de Gabriel Carneiro + Sangue e Goma (11’), de Renata Heinz + Vontade (10’), de Fabiana Servilha + Nove e Meia (20’), de Filipe Ferreira + Rigor Mortis (20’), de Fernando Mantelli e Marcello Lima. (OBS: Após a sessão debate com os realizadores)

(total: 87 minutos).

Domingo, 25 de Novembro

15h- A Noite do Chupacabras (95’), de Rodrigo Aragão

17h- Maldita Matiné: Testículos (15’), de Christian Caselli + Street Trash (1986)de Jim Muro (90’)

19h30- Sessão de Curtas II: Raquetadas Para a Glória (7’), de TV Quase + X-Paranóia (14’), de Cristian Cardoso e Felipe Moreira  + DR (10’),de Joel Caetano e Felipe Guerra + Confinópolis – A Terra dos Sem Chave (16’), de Raphael Araújo +  O Curinga (14’), de Irmãos Christofoli + Coleção de Humanos Mortos (20’), de Fernando Rick + Rackets in London- The Olympic Dream (7’), de TV Quase. (OBS: Após a sessão debate com os realizadores).

(Total: 89 minutos).

Para ler sobre os filmes que serão exibidos, acesse o blog de Verardi.

O Solitário Ataque de Vorgon

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , on outubro 27, 2011 by canibuk

“O Solitário Ataque de Vorgon” (2010, 6 min.) de Caio D’Andrea. Conceito e realização do monstro de Boris Ramalho.

O curta-metragem “O Solitário Ataque de Vorgon” começa com uma manchete de jornal que fala da luta dos monstros gigantes “Vorgon” e “Vorga” que teriam destruído a cidade durante o dia. A noite “Vorgon” volta à cidade sozinho. Ao olhar um coração desenhado num prédio (igual estes que jovens amantes desenham em árvores) onde se lê “Vorgon + Vorga”, ficamos sabendo que a luta da tarde tinha sido uma briga de amor. Neste desespero por ter brigado com sua namorada “Vorga”, nosso monstrengo herói chora lágrimas de ácido (que caem sobre um fusca que derrete entre fumaça e gritos dos cidadãos histéricos), derruba um prédio e come vários humanos como se fossem deliciosos petiscos para acalmar a terrível dor do amor. Mais eu não posso contar sob risco de estragar a diversão. Mas posso adiantar que o final do curta é hilário, senti muito orgulho em ver um filme-homenagem aos Kaiju Eiga terminar assim.

A produção deste curta de Caio D’Andrea é ótima, com takes planejados (acredito que ele deve ter seguido o storyboard fielmente, porque está com um ritmo muito bom), maquetes ótimas, soluções cenográficas bem elaboradas (a cena final dos helicópteros sendo sugeridos, com suas providênciais luzes, fica queimada no cérebro de quem assiste o filme) e o conceito e realização do monstro “Vorgon” é de encher os olhos. Se o monstrengo não funcionasse, não sei se o curta tinha dado tão certo quanto deu. “Vorgon” foi elaborado pelo jovem técnico de cinema Boris Ramalho, que fez poucos trabalhos por enquanto em curtas, mas que é bom ficar de olho nele. Outro aspecto técnico lindo do filme é sua trilha sonora, que conta com uma belíssima música de Márcio Greyck, que reforça o final fantástico do curta (sem a música de Greyck não teria o mesmo impacto). Márcio Greyck é um mineiro que fez bastante sucesso nos anos de 1960/1970 entre os apreciadores da Jovem Guarda e as adoráveis breguices que faziam parte do pacote todo.

O diretor do filme, Caio D’Andrea, eu conheci no FantasPoa 2011, que foi quando ele me deu uma cópia do “O Solitário Ataque de Vorgon” (mas que não consegui assistir logo por vários problemas alheios a minha vontade), também foi co-diretor no ótimo feijoada-western “Duas Vidas Para Antonio Espinosa” (2010) que resenharei nos próximos dias. Não pretendo perder de vista essa talentosa dupla por trás do “Vorgon”, os caras são batalhadores e seu trabalho merece ser conhecido.

E-mail para contato com o diretor Caio D’Andrea: caiofigo@gmail.com