Antevendo a alvorada, admiro archotes ardentes alumiando arcadas antigas, antecâmaras arqueológicas. Anfiteatro aonde ambiciosos atores-arlequins anêmicos atuam aritméticamente arrojados, aspirando ascender à amplitudes artísticas. Assisto atenciosamente alguém atarefado administrando alopéias alucinóginas à alguns anciões angustiados. Acadêmicos abastados achincalhando alunos analfabetos, apunhalando andarilhos andrajosos. Arquibancadas acomodadas aplaudindo automóveis atropelando assalariados asmáticos. Arcebispos atléticos açoitando altruístas autênticos, aniquilando atitudes avessas à avareza aristocrática ancestral. Adolecentes atônitos adorando arcanos arcaicos, amuletos alquímicos, altares absurdos, anjos ardilosos. Autênticas armadilhas autoritárias arquitetadas antigamente ansiando atrasar ações anarquistas. Asfixiante alienação… Ah! Ah! Ah!… Alegrias artificiais ameaçadoras, Assombrosas alucinações apoteóticamente apocalípticas.
.
Esquifes equilibristas… Espelhos enlouquecidos em ebulição… Epitáfeos etéreos entalhados em ébano… Escrevo estas esquisitices esperando esquece-la, enquanto elaboro equações estúpidas, elementos efêmeros, embustes ébrios.
Estou excitado, esgotado, efervecente, esquecido e esfomeado.
Entardece…
Estanco esta enxurrada experimental egocêntrica enxergando espirais explosivas, engrenagens esdrúxulas, esferas elementais esfarelando-se e escadarias estelares eqüidistantes…
Elucido este enigma: Esta erva estrangeira era excelente…
.
Isolado iniciei incontáveis indagações interiores.
Implacavelmente interpretei-me:
Incontrolavelmente impreciso, indigesto, incômodo, imaturo,
indiferente, incivilizado, incoerente, indefeso, infeliz.
Ideológicamente incrédulo, indignado, incendiário, impaciente,
impulsivo, incompatível, indiciplinado, inflexível, independente.
Intelectualmente ignorante, iletrado, ignóbil, inocente.
Industrialmente improdutível, imprestável, inapto, imprudente.
Indefensivelmente impopular, impontual, ilegal, impotente.
Impossivelmente imparcial, impassível, infalível, inponente!
Imperfeições indiscretas!
Interrompi-me, indignado inventei invólucros invisíveis,
insônias infinitas, intimidades irreais…
Internei-me… Inacessível… Incomunicável…
Infinita ironia imutável…
.
Ontem observei o orvalho outonal
ostentando organismos obtusos.
Obeliscos ofuscantes obstruíam o
oceano.
Odores odiosos originavam oxigênio ordinário,
orquídeas ofegantes.
óbitos.
Ouvi obscenidades:
Orgãos opressores, oficiais orgulhosos,
obuses, ogivas.
Ortodoxias onipresentes ornamentavam o oratório
ocidental opulento,
oportunamente ocioso.
O obreiro onisciente,
obscura obra ocasionando o ômega, o ocaso…
O opositor onírico,
Otimista? Obstinado? Ousado?
Obra-prima obscurantista:
Obstáculo obliterado
Obviamente oculto,
obedientemente omisso,
objetivamente obsoleto.
Ocasionais obsessões outorais…
.
Urbe: uma úlcera uterina umbilicalmente usufruída…
Uniformes urbanos, umbrais ufanistas, usinas urgentes!
Uivo ultrajado!
Uísque: ungüento único…
Urro!… Utilizando umas últimas utopias universais ultrapassadas.
Poesia de Coffin Souza (para “Urtiga”, folheto poético editado por Elio Copini e Petter Baiestorf, 2004-2005).
Leia mais textos de Coffin Souza clicando em “O Evangelista de Sodoma“, “Cultura: Vide Bula” e “Poesias de Coffin Souza“.

O poeta Coffin Souza.