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Astaroth: A Mulher Esquecida, A Identidade Negada, O Filme Independente!

Posted in Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 13, 2018 by canibuk

Acabei de assistir o longa Astaroth, de Larissa Anzoategui, que acompanho desde o início da carreira e admiro bastante suas produções independentes. Com inspiração nas produções de Heavy Metal Horror da década de 1980, Larissa e sua equipe criaram um pequeno clássico do Metal Horror, com direito à musa Monica Mattos no papel da demônia sexy que vem em busca de corpos humanos.

Larissa Anzoategui

Larissa lançou o longa numa edição em DVD caprichada e aproveitei o lançamento para entrevistá-la sobre Astaroth e indicar aos leitores do blog a compra para incrementar suas coleções com um SOV muito bem produzido pelo cinema independente brasileiro.

Petter Baiestorf: Como surgiu a ideia para a produção de Astaroth?

Larissa Anzoategui: Surgiu primeiro a ideia de produzir um longa no mesmo esquema independente que fizemos os nossos curtas. O Ramiro tinha um argumento e desenvolveu o roteiro para o que seria o nosso longa, o nome era Embrião Maldito. Fomos atrás das locações, convidamos alguns amigos para atuar, enfim, demos inicio à pré-produção e no meio desse processo sentimos que não iríamos conseguir algumas coisas e resolvemos mudar de plano. Para parte da equipe não se dispersar e perder o ânimo, o Ramiro em pouquíssimos dias escreveu o roteiro do Astaroth e corremos atrás da nova pré-produção.

Baiestorf: Percebe-se uma inspiração oitentista nele, quais foram os filmes que te influenciaram?

Larissa Anzoategui: Nossa equipe (eu, Ramiro Giroldo, Pedro Rosa e Renato Batarce) cresceu assistindo as produções oitentistas, inclusive aquelas que iam direto para a locadora. Quando resolvemos fazer um longa, a primeira coisa definida era: inspiração nos filmes da década de 80. Acho que essa inspiração já aparece em todos os nossos filmes. De uma maneira geral posso citar alguns diretores/produtores que são grandes influências para mim: Stuart Gordon, Brian Yuzna, Frank Henenlotter, John Carpenter, Lloyd Kaufman, Charles Band, David DeCoteau. Têm alguns filmes específicos também: Night of the Demons, A Volta dos Mortos Vivos, Natal Sangrento, A Hora do Pesadelo, Evil Dead, A Hora do Espanto, Phantasm. Mas a inspiração para o Astaroth foram os Heavy Metal Horror. Alguns dos que mais me marcaram: Hard Rock Zombies, Black Roses, Trick or Treat, The Gate. Também pensei nos filmes de ação, de artes marciais, como o Ninja III.

Baiestorf: O roteiro, escrito por Ramiro Giroldo, apresenta uma versão de Astaroth. Quais foram as fontes para a criação da história e personagens? Você poderia falar sobre Astaroth?

Larissa Anzoategui: Vou deixar essa aqui para o próprio Ramiro: “A entidade Astaroth vem, como é mencionado no filme, da divindade ‘pagã’ Astarte, que era feminina. Na Idade Média, a Igreja Católica e seus demonologistas transformaram essa figura em um demônio masculino. Achei isso curioso e tentei fazer a Astaroth essa mulher que foi esquecida, que teve sua identidade negada. Ela tenta voltar, nada contente com esse nosso mundo. Mas procurei deixar isso de fundo, priorizando a história que queria contar.”

Roteiro

Baiestorf:  O trio de atrizes principais está fantástico. Fale um pouco sobre Jacqueline Takara, que está perfeita no papel, Ju Calaf e a Monica Mattos.

Larissa Anzoategui: Essas três mulheres são a encarnação desse conceito tão usado nas redes sociais : mulherão da  porra. Donas de si, inteligentes, talentosas. Levam o trabalho a sério e no que puderem contribuir para que a produção fique o melhor possível, contribuem. A Ju esteve presente desde a primeira empreitada da Astaroth Produções (antes chamada Vade Retro Produções), o curta Limerence. Desde sempre foi muito parceira, estava na equipe como atriz, mas no que precisasse ela ajudava. Inclusive fez altos rangos maravilhosos em todos os filmes que participou.Ela é comprometida com o trabalho, atua muito bem, ajuda a levantar o astral no set. Só não está nas produções mais recentes por ter ido embora do Brasil.

Ju

A Jacque e a Monica entraram nas nossas vidas com o Red Hookers. E já foram mostrando também grande comprometimento. No primeiro dia de gravação a Jacqueline teve uma aula rápida de pole dance, o que foi suficiente para fazer a cena dançando como se fosse especialista em dança exótica. Foi surpreendente! Para o Astaroth ela encarou algumas aulas de Ninjtsu. A Monica também é super comprometida e tem a melhor noção de continuidade do Planeta Terra! Crio junto com elas, explico o que penso das personagens, elas dão o ponto de vista que formaram e a gente vai moldando.

Jacque

Baiestorf: Com a Monica você já havia trabalhado em Red Hookers, como é tê-la nas produções?

Larissa Anzoategui: É ótimo! Sempre foi muito tranquilo, apesar de ser tudo o que é – talentosa, poderosa, linda, inteligente, uma atriz premiada- ela é super de boa. Está sempre com as falas decoradas e tem bastante paciência com nosso esquema independente de produção. A considero uma ótima atriz. Hoje ela está trabalhando como tatuadora. É assim, determinada. Quer fazer, faz: acho que não tem algo impossível pra ela.

Monica

Veja o Making Off aqui:

Baiestorf: O Renato Batarce está muito divertido no papel do gordinho tímido. Vocês trabalham juntos há um bom tempo, como iniciou essa parceria?

Larissa Anzoategui: Conheci o Renato em São Paulo, em algum evento ligado ao terror, e a gente se reencontrava nas mostras e festivais que envolviam o gênero.  Fizemos o curso do Lloyd Kaufman How to make your own damn movie e acho que foi lá que começou essa conversa de produzir alguma coisa. Eu e o Pedro já estávamos há um tempo tentando desenvolver algum roteiro viável, meio na dica Robert Rodrigues: a gente vê o que tem disponível e pensa no que dá para filmar com aquilo. Nesse período eu li um texto da escritora Paula Febbe e já fui pedindo permissão para adaptar, ela foi mais generosa ainda e escreveu o roteiro de Limerence, indicou a atriz (Ju Calaf), participou da pré-produção e fez até uma ponta atuando. Com esse roteiro em mãos reuni o Pedro, o Renato, o Fábio Moreira e também o Magnum Borini. Gravamos em dois finais de semana e a partir daí o Renato quase sempre esteve presente nas produções, mas atrás das câmeras. Quando o convidei para fazer o Josias, a primeira resposta foi um “não sei” muito puxado para o “não”. Depois mudou de ideia, ainda bem! Ninguém seria melhor do que ele.

O gordinho tímido

Baiestorf: Eu gostaria de destacar o trabalho de maquiagens do filme, principalmente a caracterização da demônia Astaroth. Como foi este processo?

Larissa Anzoategui: São dois os responsáveis pela concepção da demônia: Daniel Shaman, designer. Ele criou a imagem da nossa Astaroth, fez os desenhos, a concepção final. Quem deu vida a essas ideias foi o Fritz Hyde. Os dois já tinham trabalhado com a gente no Red Hookers. Na hora de gravar mudamos um detalhe: a demônia teria um rabo, mas não ficou funcionou muito bem e aí desistimos dessa ideia.

Fritz & Criatura

Baiestorf: Outro destaque é a trilha sonora. Achei a escolha das bandas bastante interessante, principalmente porque reforçaram em muito o climão de Heavy Metal and Horror anos 80. Apresente as bandas da trilha e seus contatos.

Larissa Anzoategui: Vou começar com as bandas locais (Campo Grande –MS):

Hollywood Cowboys –Este ano estão comemorando 10 anos de formação, tocam hard rock. Começaram com covers e depois passaram a apresentar composições próprias. Em 2014 abriram o show do ex-vocalista do Iron Maiden, BlazeBailey.

https://www.facebook.com/HollywoodCowboysOfficial/

Labore Lunae – Atualmente estão dando um tempo, mas, se procurar no YouTube, tem vários vídeos da banda. Foram mais ou menos 15 anos se dedicando ao death/doom. Também começaram com covers e logo passaram a compor as músicas do repertório. Chegaram a gravar um álbum que está disponível online neste link: https://www.youtube.com/watch?v=bViNRxEL0SQ&t=630s

https://www.facebook.com/LaboreLunae/

Shadows Legacy: Fundada em 2016, a proposta do caras é tocar heavy metal tradicional. Também abriram para o Blaze Bailey, inclusive o vocalista faz participação em uma das faixas do disco  “You’re Going Straight To Hell”. Este mês lançam o segundo álbum chamado “Lost Humanity”. Gravamos já três videoclipes para eles.

https://www.facebook.com/shadowslegacy/

http://www.metalmedia.com.br/shadowslegacy/index.php

A trilha original foi composta pelo Aldo Carmine, um cara genial e muito sensível para criar o clima que o filme pedia. Ele é um grande fã de metal, inclusive teve várias bandas, mas compõe em qualquer estilo. Digo isso porque já escutei outras trilhas em que ele trabalhou.

Contato do Aldo: https://www.facebook.com/anubishomestudio/

Outra banda que colaborou com a trilha sonora foi o Disorder of Rage, de death/thrash. Com 18 anos de existência, a banda tem ep, cd e colaborações nas trilhas de outros filmes independentes como Era dos Mortos e Vadias do Sexo Sangrento.

https://disorderofrage.bandcamp.com/

https://www.facebook.com/disorderofrage/

Destaco também a inglesa Demon, banda clássica ainda em atividade com verdadeiro espírito underground. Formada em 1979, é um dos maiores nomes da New Wave of British Heavy Metal.

http://the-demon.com/

https://www.facebook.com/DemonBandOfficial/

Filmando Astaroth

Baiestorf: Também gostei muito do trabalho de som do filme. Gostaria de acrescentar algo sobre a captação, edição de som e efeitos sonoros de Astaroth?

Larissa Anzoategui: Muitas pessoas captaram o som nas gravações. Em torno de 5 pessoas diferentes, até o Batata (Renato) entrou nessa. Mas os dois principais responsáveis foram o Fábio Moreira de Carvalho e o Leonardo Copetti. A tarefa de costurar tudo, mixar e criar os efeitos sonoros ficaram também para o Leo. Maior trabalheira! Ele criou sons cortando/esmagando frutas e legumes, entre outros truques. Pensou em cada detalhe. Eu tinha uma lista de sons que estavam faltando e ele conseguiu “enxergar” vários outros.

Filmando Astaroth

Baiestorf: Quero histórias de bastidores:

Larissa Anzoategui: As gravações aconteceram em Sampa e em Campo Grande (MS), então ou eu e Ramiro íamos até São Paulo, ou o povo vinha em peso pra cá. Todas as gravações aconteceram em finais de semana espalhados, e muitos imprevistos aconteceram. O roteiro foi sendo adaptado para resolver tudo o que acontecia entre uma gravação e outra. Mas foi tudo bastante divertido, no final das contas, e todos saíram bastante satisfeitos com a experiência.

Equipe de Astaroth

Baiestorf: Como está sendo a carreira do filme por festivais e mostras?

Larissa Anzoategui: Está rolando. Até agora o filme foi selecionado, entre mostras e festivais, para ser exibido em 10 eventos, quatro deles internacionais.

Baiestorf: Fora do Brasil existe uma cena muito boa, e que valoriza as produções, para os SOVs de Horror. Como está sendo a divulgação/distribuição de seu filme fora do Brasil?

Larissa Anzoategui: Festivais e agora lançamos tanto o Astaroth quanto os outros filmes no VOD do Vimeo (https://vimeo.com/user14899326/vod_pages). O retorno está vindo de fora, a maioria do pessoal que aluga é dos Estados Unidos, Noruega e Alemanha. Os caras assistem um filme e já vão alugando os outros. Acho que é um bom sinal.

Larissa Anzoategui

Baiestorf: Preciso destacar a ótima edição em DVD de Astaroth. Quando recebi minha cópia fiquei bastante empolgado, pois é bom demais ter o filme em mídia física na coleção. Diga como foi elaborada essa edição e, também, como os leitores do Canibuk podem comprá-lo para suas coleções.

Larissa Anzoategui: A parte mais difícil na produção do DVD foi encontrar um lugar que fizesse as cópias no tal esquema prensado. Tive dor de cabeça com algumas cópias do Red Hookers que foi apenas duplicado, em um lugar profissional e tudo o mais, mesmo assim deu problema. Enfim, além de exigir que fossem DVDs prensados e dual layer para que todo o material ficasse bonitão na tela, também corremos atrás de um designer (parceiro costumeiro Daniel Shaman/Bermudas estúdio) para criar a arte da capa, da bolacha e dos menus. Falando assim, até parece que foi tudo fácil, mas demorou vários meses. Depois de ter a arte pronta, ter achado uma empresa que iria fazer as cópias, tive um perrengue com o programa de edição, não conseguia exportar um arquivo decente, no formato para DVD. Enfim, quem salvou minha vida foi uma mina que também trabalha com audiovisual aqui de Campo Grande, a Catia Santos. Obrigada, Catia!

Para adquirir o DVD: https://astarothproducoes.com.br/pt/loja/dvds/dvd-astaroth/

Caso o frete assuste (estou pesquisando um meio de adicionar uma opção mais viável) pode entrar em contato comigo e comprar por depósito bancário. Consigo enviar com um frete mais camarada. E-mail: larissa.anzo@gmail.com

Um dos demônios de Astaroth

Baiestorf: Como está a produção/edição de seu novo filme, Domina Nocturna?Pode contar um pouco dos bastidores e previsão de lançamento?

Larissa Anzoategui: Tem um primeiro corte e muitos detalhes para mexer ainda. Era para ser um curta chamado Pallidus Domina. Chamamos um amigo (Joni Lima) para montar o cenário na sala de casa, que ficou tão legal que inspirou o Ramiro a escrever outras três histórias. Quando a gente viu o projeto de curtinha virou um longa de antologia e até eu acabei atuando. Esse filme tem um clima expressionista, não há diálogos, a ação fica por conta da expressão corporal e do som (trilha, efeitos sonoros). Não vejo a hora de vê-lo finalizado, o que provavelmente  vai acontecer em algum mês de 2021.

Monica sendo transformada em Astaroth

Baiestorf: Projetos?

Larissa Anzoategui: Além do Domina Nocturna, temos outros filmes em pós-produção. No começo deste ano rolou um acampamento produtivo aqui em casa. Formamos uma equipe com pessoas daqui, de São Paulo, do Rio e de Brasília. A maioria era o pessoal que trabalhou no Astaroth, a novidade no elenco foi a multi talentosa Larissa Maxine. Em duas semanas gravamos um longa e quatro curtas. Um dos curtas está finalizado rodando os festivais: A Janela da Outra. Pretendo lançar mais um dos curtas ano que vem e o longa Abissal, em 2020. Outro projeto é lançar um DVD com os curtas: Limerence, Red Hookers e A Janela da Outra.

Ninja Girl

Baiestorf: Seus filmes são produções independentes, sem uso de dinheiro público. Como você vê as políticas para a cultura brasileira, que irão aniquilar a produção, anunciadas pelo novo governo que deverá assumir o país em 2019?

Larissa Anzoategui: Estou preocupada com os rumos que a arte e a cultura podem tomar.Talvez este governo venha ser o ápice da atitude conservadora que a gente viu aparecer no Queermuseu. Soma-se a isso a perspectiva de acabar com os fomentos e a possibilidade de censura. Boom! Será que vai tudo pelos ares? Eu sei que muita gente produz com a grana de editais, o que está certo. É um trabalho danado fazer uma produção artística! Fico revoltada com pessoas que chamam artista de vagabundo. Mas acho que a gente vai ter que dar nossos pulos para não deixar a produção morrer. Vai ter que ser produção como uma forma de resistência.

Astaroth

Baiestorf: Você é diretora de filmes de horror. Ou seja, mulher e aborda assuntos considerados satânicos pelos evangélicos. Está sofrendo algum tipo de preconceito com sua obra?

Larissa Anzoategui: Às vezes os jornais locais fazem uma nota, ou matéria sobre os filmes da Astaroth Produções. Em uma dessas, li uns comentários bem de fanático religioso, dizendo que o filme é do capeta, que só Jesus salva. Eu nem me senti ofendida, dei risada. Só que no fundo dá um certo desespero constatar a falta de conhecimento das pessoas. Parece que a Idade Média permanece. Os líderes religiosos se aproveitam dessa falta de conhecimento, ao invés de mostrar as possibilidades de interpretação da bíblia, falam só do que acham que é o certo ou do que querem convencer seus seguidores. Eu sou cristã, mas não vou em igreja nenhuma, não dá, não bate minhas ideias. Só pra começar: faz muito sentido pra mim as pessoas escolherem ser ateias. Acho que desviei o assunto… Quanto ao machismo, provavelmente tem gente que acha algum defeito nos filmes ou julgam qualquer certa incapacidade por eu ser mulher. Nunca vieram me falar nada, só que eu não duvido. O mundo é machista e ponto.O que já aconteceu foi outra mulher dizer que meu filme, no caso, o Red Hookers, é machista. Já falaram que meu olhar ali é masculino por sexualizar as mulheres. Sei lá, não posso colocar a arte em uma caixinha e dizer: – Não, esse filme é isso e só!- as pessoas trazem as reflexões e vivências delas. Mas posso me defender. Minhas influências cinematográficas são cheias de peitos femininos e eu considero o corpo da mulher algo muito poderoso, um poder que vai além dessa ideia de só objetificação. Confesso que esses comentários sobre o Red Hookers me fizeram ficar pensando nessa questão do nu e filmes de terror. Tanto que agora estou desenvolvendo uma pesquisa num programa de mestrado sobre o assunto.

Larissa conferindo a fotografia

Baiestorf: Obrigado pela entrevista Larissa e, também, por ter feito um filme tão divertido. O Espaço é seu para considerações finais:

Larissa Anzoategui: Eu que agradeço a oportunidade! Agradeço pelo apoio desde que fiz aquela bagaceira de Zumbis do Espaço de Lá. Vou deixar aqui alguns links para quem quiser saber mais sobre a Astaroth Produções, como o endereço do nosso site. Lá tem informações sobre os filmes, ensaios fotográficos lindíssimos e produtos à venda para a gente pegar essa grana e transformar em novos filmes.

https://www.facebook.com/astarothprod/

https://astarothproducoes.com.br

Invoque Astaroth

Mostra do Filme Livre 2012

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 3, 2012 by canibuk

Começou no dia primeiro de março a décima primeira edição da Mostra do Filme Livre (sem medo de afirmar, atualmente é a mostra de cinema mais divertida do Brasil). A mostra conta com patrocínio do Banco do Brasil e nesta edição bateu recorde de inscrições com 801 filmes, dos quais 180 filmes foram selecionados para exibição junto de outros 50 títulos convidados, mostrando um panorama do que de mais ousado é produzido pelos cineastas independentes brasileiros (meu filme “O Doce Avanço da Faca” está entre estes filmes convidados). As exibições dos filmes já estão acontecendo no CCBB carioca (Rua Primeiro de Março, 66, centro – fone: 21-3808-2020).

Criada e organizada pelo produtor Guilherme Whitaker, a MFL existe desde 2002 e sempre destaca a exibição de longas, médias e curtas que fujam do lugar comum. Whitaker diz: “A mostra tem por característica exibir filmes atuais, de baixo custo e que em sua grande maioria não tiveram qualquer tipo de apoio estatal”.

Neste ano o grande homenageado da MFL é o cineasta baiano Edgar Navarro, que exibrá toda sua obra e, também, o ainda inédito “O Homem que Não Dormia”. O evento carioca (MFL deste ano acontece também em São Paulo e Brasília) traz também a sessão “Curta Rio” (só com filmes da cidade), “Oficinando” (filmes produzidos nas oficinas da MFL) e a famosa e imperdível sessão “Invisível” (já fui nesta sessão, em outra edição da mostra, e é diversão pura), que é composta de filmes rejeitados pela curadoria da mostra e que passarão pelo julgamento popular (cada pessoa do público recebe um apito e se realmente acha o filme exibido pavoroso pode apitar e gritar a vontade). A maior novidade deste ano será a “Cabine Livre”, onde diversos filmes em looping serão projetados. Outro destaque é que, entre os filmes selecionados, está o fantástico “Leonora” (2011) de minha amiga Eliane Lima que é o último trabalho do genial George Kuchar, que faz parte do elenco do curta e merece ser conferido. “Ivan” (2011) de Fernando Rick, que é um dos melhores curtas nacionais que vi nos últimos anos, também está entre os selecionados.

"Leonora".

Nesta edição da MFL a oficina de vídeo será ministrada por Petter Baiestorf (este seu escriba aqui do Canibuk) e Christian Caselli e tem um sugestivo nome: “Oficina do Fim do Mundo”.

SERVIÇO

11ª Mostra do Filme Livre – MFL 2012

Cinema I – 102 lugares (espaço especial para cadeirantes)

Cinema II – 50 lugares (espaço especial para cadeirantes)

Data – 1º a 22 de março

Entrada franca – Com distribuição de senhas 1h antes de cada sessão

Local – CCBB RJ – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro (21) 3808.2020

http://www.bb.com.br/cultura e http://www.twitter.com/ccbb_rj

Mais informações:

http://www.mostradofilmelivre.com/12/

http://www.facebook.com/mostradofilmelivre

Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos

Posted in Arte e Cultura, Nossa Arte, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 5, 2011 by canibuk

1992 – 2012 e AVANTE!!!

Canibal Filmes agora em 2012 estará completando 20 anos de produções, então aproveitando isso estou lançando a idéia para uma série de Retrospectivas da obra vídeo-cinematográfica da produtora catarinense Canibal Filmes. Essa série de Retrospectivas tem como objetivo angariar fundos para a produção de novos filmes da Canibal Filmes para continuar sendo a mais antiga produtora independente nacional a produzir filmes com seu próprio dinheiro.

A idéia para a Retrospectiva Canibal Filmes está lançada. Se você é produtor e ficou interessado em levar as produções da Canibal Filmes para as pessoas de bom gosto de sua cidade ou região, entre em contato com Petter Baietorf pelo e-mail baiestorf@yahoo.com.br (se você é apenas um fã de cinema extremo, plante essa idéia da Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos na cabeça de algum produtor de sua cidade e ajude a espalhar essa idéia para todos os cantos do Brasil).

"Arrombada - Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!" (2007).

Histórico da Canibal Filmes

No ano de 1988, Petter Baiestorf começou a colaborar em fanzines (imprensa independente) com contos, roteiros de HQs e poesias. Em 1992 fundou a Canibal Filmes (que na época se chamava Canibal Produções) com a idéia de editar seus próprios fanzines e fazer filmes de longa-metragem usando qualquer suporte para o registro das imagens (isso uma década antes do suporte digital existir e se popularizar).

Seu primeiro longa-metragem, “Lixo Cerebral Vindo de Outro Espaço” (produzido e filmado ainda no ano de 1992), permaneceu incompleto, mas que serviu de base para a realização do longa “Criaturas Hediondas”, lançado comercialmente no ano seguinte, 1993. Já em 1995 a Canibal Filmes chamou atenção no cenário underground nacional com o longa-metragem “O Monstro Legume do Espaço” e, nas palavras do crítico Carlos Thomaz Albornoz, “Mais importante que o próprio filme é a influência dele, e sua atitude. A bitola que ele foi rodado, VHS, não era levada a sério pelos fãs. Até então o mínimo aceito para distribuição era 16mm, ou pelo menos Betacam (para pornô). Não nos esqueçamos, 1995 era quase meia década antes de A Bruxa de Blair, e a ‘turma’ ainda levaria algum tempo para ouvir falar do Dogma 95, que, por sinal, era num suporte mais amigável, vídeo digital. Com Baiestorf, essa bitola teve que ser levada a sério, e a partir daí quem quis falar de cinema independente brasileiro teve que ‘sujar as mãos’ com os VHSs vindos de Santa Catarina” (revista eletrônica Zingu, número 31). No decorrer dos anos de 1990 a Canibal Filmes foi responsável pela criação de vários clássicos undergrounds, como “Eles Comem Sua Carne” (1996, longa), “Blerghhh!!!” (1996, média, primeiro registro de um zumbi no cinema brasileiro), “Deus – O Matador de Sementinhas” (1997, curta), “Boi Bom” (1998, curta), “Gore Gore Gays” (1998, longa) e “Zombio” (1999, média, o Cult Movie mais lucrativo do cinema brasileiro).

Já no novo milênio, em 2001, Petter Baiestorf escreveu, produziu e dirigiu o longa “Raiva”, uma mistura de ação gore que apresentou uma incrível explosão de um carro, a primeira neste tipo de produções independentes. Em 2002, voltou sua atenção às teorias cinematográfica e, em parceria com Coffin Souza, escreveu o livro “Manifesto Canibal” (lançado comercialmente pela editora Achiamé, Rio de Janeiro, em 2004) que hoje se encontra fora de catálogo. Em 2004 o diretor carioca Christian Caselli realizou o documentário “Baiestorf: Filmes de Sangueira & Mulher Pelada”, onde passava a limpo a história da Canibal Filmes, ao mesmo tempo que a Canibal Filmes começava a ganhar espaço dentro de várias mostras de cinema, como a Mostra do Filme Livre (Rio de Janeiro/RJ, que realizou importante retrospectiva da obra da Canibal Filmes em 2009), Festival Cine Esquema Novo (Porto Alegre/RS), Trash de Goiânia (Goiânia/GO), Cinema de Garagem (Belo Horizonte/MG), Mostra Áudio Visual (Campinas/SP), Indie (Belo Horizonte/MG), RioFan (Rio de Janeiro/RJ), Cinema de Bordas (São Paulo/SP), FantasPoa (Porto Alegre/RS), Mostra Internacional de Curtas de Toledo (Toledo/PR), entre várias outras. No ano de 2005 a Canibal Filmes começou a filmar com equipamentos digitais, lançou o média “Palhaço Triste” e desde então colocou no mercado independente brasileiro obras que se destacaram por seu olhar transgressivo, produções como “A Curtição do Avacalho” (2006, longa), “Arrombada – Vou Mijar na Porra do Seu Túmulo!!!” (2007, média), “Que Buceta do Caralho, Pobre Só Se Fode!!!” (2007, curta), “Manifesto Canibal – O Filme” (2007, curta, baseado no livro “Manifesto Canibal” de Baiestorf & Souza de 2002), “Vadias do Sexo Sangrento” (2008, média), “Ninguém Deve Morrer” (2009, média, premiado como melhor produção, melhor direção e melhor montagem no festival Guarú Fantástico, em Guarulhos/SP) e “O Doce Avanço da Faca” (2010, média). No ano de 2008 o livro “Cinema de Bordas” (organizado por Gelson Santana) trás um capítulo escrito pelo historiador Lúcio Reis, “Eles Comem Sua Carne: O Filme Escatológico-Canibal de Petter Baiestorf”, onde teoriza sobre a Canibal Filmes e sua influência entre os jovens realizadores do cinema independente brasileiro. E, em 2011, foi lançado o livro “Cinema de Garagem”, de Dellani Lima e Marcelo Ikeda, onde eles apontam a Canibal Filmes como a mais antiga produtora independente de filmes brasileiros em atividade no Brasil.

"A Curtição do Avacalho" (2006).

A Importância da Canibal Filmes

A Canibal Filmes é uma das produtoras brasileiras que mais influência jovens cineastas a começar suas próprias produções em qualquer suporte inventado. Com seu livro “Manifesto Canibal”, foi a responsável por abrir as mentes de diversas pessoas para a possibilidade de se realizar filmes baratos e lucrativos, misturando cinema autoral com cinema de gênero, recriando estéticas, explorando todo tipo de linha narrativa e sempre tentando criar um mercado alternativo auto-sustentável com vendas de seus filmes pelo correio e/ou exibições de seus filmes em mostras, festivais, cinemas undergrounds, shows de bandas alternativas ou até em botecos sujos que tenham uma televisão na parede e cerveja barata gelada.

Canibal Filmes sempre abre espaço para jovens técnicos, atores iniciantes e qualquer pessoa interessada em mostrar seus talentos cinematográficos, criando oportunidades de trabalho em filmes que serão vistos e discutidos por um público, já que o principal objetivo da produtora é fazer com que suas produções sejam assistidas pelo maior número possível de pessoas, se tornando uma vitrine de jovens talentos.

"Eles Comem Sua Carne" (1996).

Finalidade da Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos

Homenagear a produtora independente com maior tempo de atividade no Brasil com a exibição de seus filmes. Proporcionar ao público a oportunidade de ter contato com palestras/debates sobre como realizar produções independentes.

Ajudar a produtora Canibal Filmes a levantar, com cachês para a exibição da retrospectiva e vendas de seus filmes, o dinheiro necessário para a produção de “O Monstro Legume do Espaço – remake”, seu novo longa-metragem que será um grande presente aos fãs que acompanham as produções. Ajudar a Canibal Filmes a se manter independente, produzindo seus novos filmes com dinheiro fruto de seu próprio trabalho.

livro "Manifesto Canibal" (2004).

Como contratar a Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos?

Entre em contato com Petter Baiestorf pelo e-mail baiestorf@yahoo.com.br para levar a Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos para a sua cidade.

Ainda há tempo para você elaborar um projeto e tentar a captação de recursos em editais culturais ou via patrocinadores, já prevendo todos os gastos do projeto com equipamentos, material de divulgação, valores com direitos de exibição dos filmes, cachê para palestras/debates com presença de Petter Baiestorf, transporte aéreo, estadia e alimentação.

Não esqueça que o produtor da Retrospectiva pode prever seu próprio cachê nesses editais de captação de recursos financeiros para a viabilização da Retrospectiva.

"O Monstro Legume do Espaço" (1995).

Valores da Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos

A Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos pode ter até a duração de até 15 dias (com várias sessões diárias de uma hora cada, mais debates com presença de Petter Baiestorf durante alguns dias à combinar) pelo valor sugerido de R$ 3.000,00 (três mil reais).

A Retrospectiva Canibal Filmes 20 Anos também pode ser exibida sem a presença de Petter Baiestorf, em várias sessões diárias de uma hora cada, pelo valor sugerido de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais).

XXX

Se você se interessou em levar a Retrospectiva Canibal Filmes prá sua cidade e região, entre em contato (sempre lembrando que como essa retrospectiva é prá levantar dinheiro para uma produção maior que vamos fazer em 2012/2013, ele não será realizada de graça porque perde o sentido de existência dela).

"Ninguém Deve Morrer" (2009).