Arquivo para quadrinhos independentes

As Lendas Folclóricas de Ikarow

Posted in Entrevista, Quadrinhos, revistas independentes brasileiras with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 17, 2018 by canibuk

Ikarow é autor e ilustrador independente de Brasília que tem se especializado em “mobile digital art”. Não só isso, Ikarow é um pesquisador do folclore brasileiro e tem criado quadrinhos inspirados em lendas e mitos indígenas que são essenciais para quem quiser conhecer um pouco mais do riquíssimo universo de lendas nacionais.

No momento o quadrinista está divulgando o catarse de O Monstro, levantando o dinheiro necessário para a publicação de seu quadrinho inspirado na lenda do Mapinguary.

Abaixo uma entrevista que realizei com ele e o endereço do catarse de O Monstro, onde você que nos lê pode se tornar um colaborador financeiro. Nestes tempos obscuros do Brasil, onde cultura e arte estão abandonadas, os artistas agradecem.

Petter Baiestorf: Gostaria que você apresentasse seu trabalho, suas influências e seus lançamentos.

Ikarow: Eu sou o Ikarow quadrinista independente de Brasília, apaixonado pelo folclore brasileiro e por histórias de terror. Sempre viu no folclore brasileiro estes personagens mágicos, como a Cuca, Saci ou o Curupira, criaturas que desafiam a lógica e os limites da realidade. Monstros, Sereias, duendes das florestas que, de acordo com crenças populares, ainda habitam este mundo, isolados no último refúgio dos mitos, a inóspita Floresta Amazônica. Assim, tento colocar em todos os seus quadrinhos um pouco dessa visão misturada ao clima dos contos de horror lovecraftianos. Não poderia também deixar de citar a influência de Alan Moore, Neil Gaiman, Warren Ellis, Grant Morrinson entre outros, que sempre me inspiraram a escrever e produzir meus quadrinhos. Até agora já lancei são 4 títulos, todos inspirados em elementos reais ou não explicados, com ligações aos mitos ancestrais do Brasil.

Em Rio Negro, por exemplo, o leitor descobre que, em 1997, uma pesquisadora do INPA (o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia) encontrou um único exemplar de uma nova espécie de peixe. Diferente de tudo que já foi visto, foi chamado de “Peixe Misterioso”. Você vai acompanhar a viagem de uma das expedições que tentava encontrar mais espécimes dessa criatura sem saber que os perigos da Amazônia vão muito além dos reais. Os antigos mitos ainda habitam no Rio Negro. O “peixe misterioso” só foi registrado em 2017, 30 anos após sua descoberta, com a publicação do artigo científico do INPA. Rio Negro Vol. 01 já foi publicado na revista húngara de horror The Black Aether. Recentemente, teve sua segunda edição 113% financiada pelo Catarse e tem recebido elogios por quem lê, como no vídeo do Alexandre Callari, do Pipoca e Nanquim.

Já em A Bruxa, um quadrinho em 2 lados, é revelada a verdade por trás da triste e inocente canção da Cuca, musa eterna do folclore brasileiro. O único quadrinho a já revelar a origem dessa personagem. Agora, na CCXP 18, Ikarow lançará um novo quadrinho, O Monstro, inspirado nas lendas amazônicas dos antigos povos e de acordo com testemunho dos sobreviventes aos ataques da criatura, o Mapinguari, o titã da Amazônia. Saiba mais em: www.facebook.com/rionegrohq

Baiestorf: Como é produzir cultura no Brasil?

Ikarow: Olha, eu particularmente acho bem Difícil. Primeiro porque boa parte do material que consulto sobre folclore é derivado de material acadêmico, de forma a dar mais credibilidade as fontes da pesquisa. Muito desse material, por mais incrível que pareça, é encontrado em inglês. Muitos dos livros que registram a cultura oral dos indígenas são republicações antigas de edições escritas pelos padres jesuítas e encontram-se fora de catálogo. Sorte que a internet mantém alguns arquivos online. Mas o pior é que a cada dia tenho impressão de que as pessoas não tem interesse no folclore brasileiro, ou mesmo na literatura, ou qualquer tipo de leitura na verdade. Mas no que tange a cultura brasileira essa tem sido dizimada. Poucas publicações ou editoras tem investido na replicação do nossa cultura. Livrarias e editoras estão fechando simplesmente porque as pessoas não leem. Especificamente dentro do segmento dos quadrinhos, existem também outros fatores, como a concorrência dos quadrinhos americanos de super heróis com enormes tiragens que inviabiliza ao autor independente, concorrência em termos de preço final/ tiragem/alcance/publicidade e divulgação. As pessoas conhecem Thor, Zeus, Horus, Anubis e até mesmo entidades do folclore asiático e ignoram que os povos que viveram nessa terra, também cultuavam personagens incríveis e poderosos como o Jurupari, Jaci, Guaraci entre outros. Eu sinto que a cultura brasileira é menosprezada, mas é como uma mina de criatividade esperando para ser explorada. Em breve deverá sair uma produção americana inspirada na lenda do Saci. Espero que isso ajude o brasileiro a perceber a riqueza da cultura e folclore brasileiro.

Baiestorf: Você está tendo incentivos para a produção de seu trabalho? Como?

Ikarow: Não. Incentivos mesmo só dos apoiadores e dos amigos. Meu trabalho é totalmente independente e os 2 primeiros títulos foram 100% financiados por mim mesmo. Recentemente fiz meu primeiro catarse que para mim significou uma grande vitória.

Baiestorf: E a distribuição? Há espaços? Como o leitor do Canibuk pode fazer para comprar sua produção?

Ikarow: Como autor independente não existe distribuição exceto em contato direto com o autor. Eu tenho uma loja virtual https://ikarow.lojaintegrada.com.br/ (mas que se encontra pausada em função da campanha de O Monstro, no catarse www.catarse.me/monstro) mas a partir de dezembro, deverá ser reativada.

O Monstro

Baiestorf: Mas elas não ficam somente no folclore nacional, certo? Rio Negro mistura com elementos lovecraftiano. Como é isso?

Ikarow: Na verdade, desde que conheci os mitos lovecraftianos, vi nelas uma grande similaridade com as entidades criadas por Lovecraft. Na mitologia indígena nos encontramos entidades de poder inimaginável e criaturas que o homem moderno não tem capacidade de visualizar sem um alto preço pela sua sanidade. A partir desses pontos foi fácil fazer a adequação dos mitos lovecraftianos com os mitos indígenas brasileiros.

Baiestorf: Sobre o que é seu novo projeto?

Ikarow: O Monstro é um quadrinho sobre uma das lendas mais impressionantes da Amazônia. Não somente pela criatura em si, mas pelos testemunhos e documentos que defendem sua existência. No final do sec. 19, a criatura foi chamada de “fóssil vivo” pelo paleontólogo argentino Florentino Armeghinoe, que defendeu a tese de que o monstro seria a ligação viva com um passado pré histórico. As populações da região do rio Badajóso chamam de Isnashi (fera que grita), Owjo (comedor de gente) ou Kida (coisa da cara preta), mas entre as populações urbanas do norte do país ele é conhecido como o Mapinguary, o monstro ciclópico e selvagem com a boca na barriga capaz de devorar homens. O monstro é inspirado nos relatos dos sobreviventes do primeiro encontro com essa lenda viva. Um quadrinho diferente com dois lados da história, em um, a versão do monstro, do outro, do homem. Ao final você vai encontra as páginas negras que revelam o que há de fatos sobre o misterioso Mapinguary.

Andamento nos trabalhos de O Monstro

Baiestorf: Como fazer para colaborar com este projeto?

Ikarow: Visite o site www.catarse.me/monstro e escolha sua recompensa. A campanha estará no ar até 05 de novembro.

O Monstro

Baiestorf: Obrigado pela entrevista, o espaço é seu.

Ikarow: Eu que agradeço a oportunidade. Aproveito também para divulgar a fanpage do projeto Rio Negro, quadrinho inspirado na lenda do Jurupari, que é uma das recompensas da campanha, www.facebook.com/rionegrohq e a minha página pessoal www.facebook.com/Ikarow.

Maldito Seja Henry Jaepelt e outros lançamentos da Ugra Press

Posted in Arte e Cultura, Fanzines, Livro, Quadrinhos, revistas independentes brasileiras with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on janeiro 2, 2014 by canibuk

2_Henry JaepeltA Ugra Press é um projeto experimental que visa a produção e pesquisa da cultura underground, principalmente focada nos quadrinhos independentes. Neste final de 2013 seu editor, Douglas Utescher, realizou o lançamento de três livros imperdíveis, principalmente para o pessoal que viveu o underground brasileiro dos fanzines editados nos anos de 1990 (e são livros obrigatórios para quem nasceu pós 1990).

1_Henry Jaepelt“Maldito Seja Henry Jaepelt” é um livro-antologia de trabalhos do catarinense Jaepelt (leia-se “iapelt”). São 80 páginas contendo uma mega-entrevista (com perguntas elaboradas por Denilson Reis, Douglas Utescher, Márcio Sno e eu) onde ficamos por dentro dos pensamentos do Jaepelt, sempre coerente e inteligente, um dos mais criativos desenhistas da atualidade. O livro também traz uma introdução de Denilson Reis e ótima seleção de trabalhos que foram realizados por Henry entre os anos de 1993 e 2005, tudo criado com papel e uma caneta nanquim, o que pode assustar a nova geração de artistas que não consegue criar sem o uso de máquinas, como atesta Jaepelt na entrevista: “Frequentemente me perguntam o que uso para desenhar e ficam surpresos quando digo que uso o habitual lápis, papel e nanquim. Que programa? O que? Até parece que isso é algo vergonhoso ou atrasado, só que posso fazer isso em qualquer lugar, até com uma vela acessa, sem energia, baterias ou conexões com isso ou aquilo”.

Segue uma das HQs resgatadas no livro:

Lupita_1Lupita_2Lupita_3

1_Law Tissot“Maldito Seja Law Tissot” é outro livro desta maravilhosa série de publicações da Ugra Press que resgatam grandes autores dos quadrinhos alternativos brasileiros. Nas 80 páginas deste você vai se deleitar com as criações de Law Tissot, um arte-educador, videomaker e quadrinista na ativa desde 1984. Os quadrinhos de Tissot tem uma pegada cyberpunk e o livro reúne trabalhos que ele realizou entre 1990 e 1999. O livro tem prefácio de Fábio Zimbres e uma mega-entrevista conduzida por Douglas Utescher.

Segue uma das HQs resgatadas no livro:

Ceu Liquido_1Ceu Liquido_2Ceu Liquido_3Ceu Liquido_4

“3ADFZPA – Terceiro Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas” é, a exemplo do “QI” de Edgard Guimarães, uma ótima porta de entrada ao universo das publicações independentes. Neste terceiro volume há uma infinidade de endereços de editores especializados em publicações que fogem do trivial explorado pela imprensa oficial e editores medíocres das grandes editoras.

As publicações da Ugra Press podem ser adquiridas pelo site (clique aqui) e você ainda pode acompanhar as novidades deles pelo blog (clique aqui).

dicas de Petter Baiestorf.

1_Anuário de zines

Transação Macabra

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 28, 2012 by canibuk

Spektro 9

Atendendo ao pedido do leitor Sílvio Baumhardt, segue o resgate da HQ “Transação Macabra” (argumento de Basílio de Almeida com desenhos de Itamar Gonçalves) que originalmente foi publicado na revista “Spektro” número 9 (Editora Vecchi) em março de 1979.

Transação Macabra1

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Spektro 9_verso

Samara!

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 18, 2012 by canibuk

Nos anos de 1980 o desenhista Rodolfo Zalla lançou a revista “Calafrio” que publicava, à exemplo da “Spektro” (e outras revistas da Editora Vecchi), quadrinhos nacional. Com uma gama de incríveis colaboradores brasileiros, “Calafrio” e sua irmã gêmea “Mestres do Terror”, faziam a pequena editora D-Arte ser notada. Resolvi resgatar a HQ “Samara!” com roteiro de Gedeone e arte de Eugenio Colonnese, essa HQ foi publicada na “Calafrio” número 2 (1981). Dois anos atrás, com benção do próprio Rodolfo Zalla, produtores de São Paulo ganharam os direitos de produzir um filme em episódios baseado nos quadrinhos da “Calafrio” (que seria dirigido pelo quarteto Rodrigo Aragão, Joel Caetano, Felipe Guerra e Petter Baiestorf). Infelizmente o projeto parece estar parado!

Aparício e a Boiada

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 14, 2012 by canibuk

A Editora Vecchi, lá pelo final dos anos de 1970 e primeira metade dos anos de 1980, se especializou em publicar HQs de horror de artistas brasileiros. Paralelo à títulos como “Spektro” e “Pesadelo”, a Vecchi publicou várias outras revistas, como a “Histórias do Além” que trazia quadrinhos nos moldes daqueles eternizados pela, principalmente, “Spektro”. Digitalizei a HQ “Aparício e a Boiada”, com texto de E.C. Cunha e desenhos de Roberto Portela, da “Histórias do Além” número 20 (de novembro de 1982).

A Morte de Anderson R.

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 21, 2012 by canibuk

Em março de 2006 a dupla de trombadinhas Paulo Gerloff e Luimar editaram e lançaram a revista de quadrinhos de humor “Banda Grossa” na cidade de Joinville/SC e resolvi resgatar aqui no Canibuk uma das HQs, “A Morte de Anderson R.” (de autoria de Gerloff), para apresentar aos leitores essa estupenda revista que, infelizmente (até onde sei), só teve seu primeiro número editado. Como no expediente da revista diz “Banda Grossa é uma publicação sem periodicidade da Esprito de Porco Quadrinhos” (sim, “Esprito” escrito assim mesmo, não é erro de digitação), espero que este post renove as energias da dupla de editores e que a número 2 saia logo pois nada impede que uma revista seja lançada de seis em seis anos, coisas de mercado brasileiro, lógico!

Como diz Luimar no editorial: “Não somos bons, ou do bem, ou bonitos (não, bonito eu sou), mas queria ter feito desenhos instantâneos que efetivassem todo o reconhecimento pela participação dos animados e inanimados nesta revista. Desde os seres unicelulares até a internet (esta é cria do capeta e ninhuém tasca). Desta feita: você que enxerga pode constatar que não rolou. Você que não enxerga pode passar o dedo no braille e sentir que necas. Você que não enxerga e é leproso ou não têm mãos mesmo, pede prá alguém ler e também confirmará que lhufas. Você que não enxerga, não têm mãos e não ouve, já sentiu o cheiro da revista e finalmente sacou o esprito da coisa. Então berre: esta revista é prá pessoas que tão a fim duma putaria!!! Como Você.”

Ou seja, senso de humor bizarro 100% catarina, o estado dos débeis, idiotas e imbecis! Sejam bem-vindos à “Banda Grossa”.

A Maldição dos Sapos

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , on agosto 19, 2012 by canibuk

Em 1971 o diretor José Mojica Marins teve a idéia de produzir “Os Sapos”, filme que contaria a história de uma pequena cidade que era inteiramente sustentada por uma indústria que preparava pernas de rãs para os restaurantes das grandes cidades, até o dia em que um sapo com estranhos poderes se rebelaria e lideraria o ataque de milhões de sapos e rãs contra a fábrica. Mas Mojica é um eterno azarado! Como todos sabem, naquele ano estreiou o filme americano “Frogs/O Ataque das Rãs” (1972) de George McCowan, estrelado por Ray Milland, que fez com que Mojica desistisse da produção, abandonando seus sapos figurantes pela cidade de Marília/SP, que rendeu as manchetes de jornais sensacionalistas que anunciavam: “Bilhões de Sapos invadem Marília!”.

Resgatando essa engraçada história da carreira de Mojica, o desenhista/roteirista Juscelino Neco (do ótimo blog “Massacre de Pelúcia“), recriou estes momentos da equivocada produção que não saiu do papel em curta, porém imperdível, história em quadrinhos que dá um gostinho da difícil (mas divertida) vida do artista brasileiro.

Se você gostou do trabalho de Juscelino Neco, entre em contato com ele.

Bicho Papão

Posted in Animações, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 3, 2012 by canibuk

“Bicho Papão” (2012, 5 min.) de Luciano Irrthum. Animação em stop motion.

O desenhista Luciano Irrthum parece estar se especializando em produções em stop motion, sua possibilidade real de trabalhar sozinho sem ter dores de cabeça com outras pessoas, como nos disse via e-mail: “Mexer com gente dá muita mão de obra. Falham nas filmagens, tem ressaca, não fazem algumas cenas, etc. Com bonecos eu acho melhor!”. Luciano Irrthum se tornou um dos mais cultuados desenhistas surgidos nos fanzines dos anos de 1990, lançou vários álbuns de quadrinhos geniais como a quadrinização do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe que saiu pela editora Peirópolis (não confundir com as duas outras versões quadrinizadas por ele nos anos 90 e editadas por mim em edições independentes que você pode conferir clicando em “O Corvo – Primeira versão” e “O Corvo – Segunda Versão“), começou a pintar quadros visualmente criativos/encantadores e, ainda, iniciou a produção de suas divertidas animações em stop motion como o hilário, e já clássico, “O Mingaú da Vovó“.

Paralelo aos seus trabalhos como desenhista (no momento Irrthum está ilustrando o livro “Baratão 66”, novo trabalho do ótimo escritor Bruno Azevedo, autor de “O Monstro Souza“), continua produzindo animações em stop motion, como seu novo curta “Bicho Papão” (não confundir com “Papão” de Edgar S. Franco) e finalmente finalizou um antigo projeto intitulado “Reciclados” (uma tentativa de filmar com pessoas reais), que estava parado a anos, e que você pode conferir agora no youtube:

Em “Bicho Papão” Luciano Irrthum brinca com os medos infantis ao nos contar a história que começa com um casal na sala de casa. O homem está pelado lendo jornal e sua esposa, também pelada, peida para chamar sua atenção. Quando ela ganha atenção dele, demonstra estar tarada, querendo sexo animalesco, e se agacha perto do pênis do marido para dar início a um delicioso boquete. Enquanto ela chupa o homem a flor, que fica num vaso em cima da mesa, dança feliz e excitada com a cena. Logo é a vez do homem se divertir chupando a mulher com sua língua procurando lubrificar o clitóris rosinha dela que se contorce de prazer inebriante. O ato sexual do casal tarado faz a casa tremer e, no quarto ao lado, o filho que dormia profundamente acorda apavorado com a porta de seu armário batendo fantasmagoricamente. O menino começa a gritar que há um monstro no armário e seu desespero broxante atrapalha a foda. Seu pai fica emputecido e vai até o quarto do moleque medroso para mostrar o que um monstro pode fazer e sua ação detona momentos hilariantes de extremo gore explícito e bestialismo sexual envolvendo sexo proibido como nunca antes mostrado em um curta brasileiro.

Com roteiro, fotografia, animação, bonecos, cenários, edição, sonorização e direção de Luciano Irrthum, ele prova de uma vez por todas que é possível fazer um excelente filme sozinho. “Bicho Papão” é um passo adiante nas experimentações de Irrthum com a técnica de stop motion e acredito que ele já está preparado para alçar vôos mais altos e complicados, talvez com um projeto de maior duração e roteiro mais complexo. Mas, por outro lado, dado a diversão de seu “Bicho Papão” que não tem receio de ser explícito, tanto no sexo quanto no gore, talvez Irrthum nem deva tentar vôos mais altos e sim continuar realizando bons curtinhas insanos e politicamente incorretos quanto este. Espero ver este fabuloso curta-metragem em inúmeros festivais de cinema brasileiro (cinema nacional é tão comportado que iniciativas insanas como essa de Irrthum são sempre bem-vindas).

por Petter Baiestorf.

Quadrinhos do Arquivo Arghhh

Posted in Fanzines, Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , on julho 21, 2012 by canibuk

Acho que os leitores aqui do blog já estão carecas de saber que nos anos 90 editei o zine “Arghhh” que publicava quadrinhos e uma infinidade de textos sobre cinema. Seguindo minha idéia de disponibilizar todas as histórias em quadrinhos que editei no zine, segue neste post trabalhos de Mário Labate, Rogério Velasco, Luciano Irrthum e Renato P. Coelho.

Sempre lembrando que o Canibuk está aceitando colaborações de poesias, textos, quadrinhos, material de bandas undergrounds e filmes independentes para divulgação, mande seu material pro e-mail baiestorf@yahoo.com.br para apreciação e se tiver haver com a linha editorial do Canibuk é certeza que publicaremos!

Pessoas Estranhas, arte e roteiro de Mário Labate, originalmente publicado no “Arghhh” número 9.

Mistérios Noturnos, arte e roteiro de Rogério Velasco, originalmente publicado no “Arghhh” número 15.

N… De Necrófilo, arte e roteiro de Renato P. Coelho e Luciano Irrthum, originalmente publicado no “Arghhh” número 19.

2ADFZPA

Posted in Fanzines with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 11, 2012 by canibuk

Acabei de receber o “Segundo Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas” editado por Douglas Utescher, com colaborações de peso, como Márcio Sno e Flávio Grão. O Anuário de Fanzines é uma publicação com um acabamento visual fantástico e muita qualidade (a capa leva uma encadernação vermelha em papel mais duro), que segue a linha do “QI” (“Quadrinhos Independentes”) de Edgard Guimarães, e tem o principal objetivo de divulgar a imprensa alternativa dos fanzines brasileiros e, também, da América Latina. Além de inúmeras resenhas (com endereços para contatos com os editores), o Anuário traz também várias mini-entrevistas (sempre de três perguntas) com editores como Wendell Sacramento, Edgar Franco, Daniel Linhares, Elydio dos Santos Neto, Denilson Rosa dos Reis, Eduardo Vomitotium, Debora Paula, Eduardo Delgado, Guido Imbroisi, Henrique Magalhães e vários outros. Além das resenhas, Márcio Sno assina um interessante texto, “Os Fanzineiros nas Bibliotecas e nas Telas”, com uma breve história dos fanzines. Para quem não sabe, Sno é o responsável pelo documentário “Os Fanzineiros do Século Passado”. Flávio Grão assina o texto “Os Fanzines Invadem as Universidades”, onde conta como o conceito dos zines está sendo introduzido em sala de aula.

Como diz Douglas no editorial, “Foi por necessidade que o fanzine nasceu. A grande imprensa, preocupada em dialogar com as massas, deixava abertas lacunas que eram preenchidas por seres apaixonados, ansiosos por conhecer e trocar informações com pessoas de interesses semelhantes”. E continua, “Acontece que a realidade neste início de século é bem diferente. As empresas estão cada vez mais atentas às demandas dos nichos específicos. Afinal, no mundo capitalista somos todos consumidores e nenhuma oportunidade pode ser desperdiçada”. E aí pergunta, “Então, porque se dar ao trabalho de pesquisar, editar, diagramar, imprimir, dobrar, grampear, distribuir e gastar dinheiro, se a informação pode ser disseminada com muito menos trabalho e seu custo algum?”. E ele mesmo se apressa em responder, “A resposta é simples e incrivelmente libertadora: Porque sim, oras!”.

O Segundo Anuário de Fanzines tem 62 páginas em tamanho grande, cheios de informações para aqueles que queiram tomar contato com os novos fanzines que surgiram (ou que nunca pararam de ser editados) deste novo milênio. Para ler, trocar, comprar, colaborar, incentivar toda uma nova geração de editores independentes. Fanzines é uma experiência bem diferente do que editar blog, por exemplo. Fanzine necessita da troca de informações entre leitores e editores para realmente ser um fanzine.

Para adquirir o “Segundo Anuário de Fanzines, Zines e Publicações Alternativas” mande e-mail para o editor, ugra.press@gmail.com; ou escreva para Douglas Utescher, Cx. Postal 777, São Paulo/SP, 01031-970; ou faça download da versão eletrônica pelo blog da Ugra Press.

Para adquirir o “QI” de Edgard Guimarães, que citei no texto, escreva para o e-mail edgard@ita.br ou Rua Capitão Gomes 168, Brasópolis/MG, 37530-000.

Veja aqui o trailer do “Os Fanzineiros do Século Passado”:

* Quem quiser ter seu fanzine, banda, filme – ou seja lá qual for o fantástico trabalho independente que você está realizando – divulgado no Canibuk, entre em contato pelo e-mail baiestorf@yahoo.com.br e teremos o maior prazer em ajudar para que seu trabalho chegue ao maior número possível de pessoas.