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Humanoides Tarados das Profundezas do Mar Azul

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , on fevereiro 6, 2015 by canibuk

Humanoids From the Deep (“Criaturas das Profundezas”, 1980, 80 min.) de Barbara Peeters. Com: Vic Morrow, Doug McClure, Ann Turkel e Rob Bottin como uma das criaturas.
POSTER - HUMANOIDS FROM THE DEEP (2) - BELGIANNuma pequena comunidade de pescadores o trabalho vai mal, aparentemente os peixes estão todos sumindo. A esperança de emprego para os pescadores parece ser uma fábrica de conservas que está sendo construída na comunidade e que, sem que ninguém saiba, estão realizando experiências com hormônios de crescimento – o que faz com que algumas criaturas das profundezas do oceano evoluam e se tornem humanoides em busca de fêmeas humanas para a procriação. Levantando o problema ecológico temos um índio que luta contra o dono da fábrica, desviando a atenção das criaturas num primeiro instante, até que homens começam a serem mutilados e as mulheres estupradas. E claro que, por ser um filme de baixo orçamento que tenta lucrar com o sucesso de produções como “Jaws/Tubarão” (1975) de Steven Spielberg e “Piranha” (1978) de Joe Dante, “Humanoids” nos reserva um festival (assim como nos dois filmes citados) para as cenas finais onde as criaturas das profundezas realizam seu banquete/orgia em um divertido ataque em massa aos humanos, o que nos leva ao perturbador final do filme com ecos de chupação de “Alien” (1979) de Ridley Scott.
Humanoids1“Humanoids from the Deep” tem tudo que faz a alegria de um fã de filme vagabundo: monstros, cientistas, peitinhos, ataques brutais, cidadezinha isolada, história ágil, putaria, depravação, bestialismo e um monte de cenas memoráveis. Uma cortesia de Roger Corman, que não contente com as cenas de violência filmadas pela diretora Barbara Peeters (originalmente Corman queria que Joe Dante dirigisse), chamou James Sbardellati (que depois realizou a trasheira “Deathstalker” em 1983 e foi assistente de direção em filmes como “The Island of Dr. Moreau/A Ilha do Dr. Moreau” (1996), uma bagunça cinematográfica da dupla Richard Stanley/John Frankenheimer) para filmar os estupros de uma maneira mais brutal/explícita, fato que fez com que muitos dos atores e técnicos do filme passassem a odiar a produção. Aliás, notem como “Humanoids from the Deep” se parece com “The Horror of Party Beach” (1964) de Del Tenney.
humanoids-3Roger Corman foi o produtor executivo de “Humanoids” e para falar da carreira deste mestre do cinema moderno seria preciso um adendo que daria um segundo post. Corman iniciou sua carreira dirigindo filmes para a American International Pictures dos sócios James H. Nicholson e Samuel Z. Arkoff, que são os responsáveis pelos filmes mais divertidos da história do cinema. Do western “Five Guns West/Cinco Revólveres Mercenários” (1955) até “Roger Corman’s Frankenstein Unbound/Frankenstein – O Monstro das Trevas” (1990) foram 56 filmes dirigidos. Corman é um dos produtores mais espertos do cinema mundial, sendo o responsável por mais de 400 produções, de “Highway Dragnet/Consciência Culpada” (1954), de Nathan Juran, até os dias de hoje (sim, Corman continua na ativa, tanto que em 2014 esteve em Curitiba, à convite da produtora Diana Moro, ministrando uma master class), com produções como “CobraGator” (2015) de Jim Wynorski. Corman foi o responsável pela primeira chance de milhares de cineastas americanos, o início de carreira de gente como Francis Ford Coppola, Martin Scorsese, Ron Howard, Peter Bogdanovich, Paul Bartel, Jonathan Demme, Joe Dante, James Cameron, John Sayles, Monte Hellman, entre muitos outros, foram em produções de Roger Corman.
Humanoids-from-the-Deep-FrLC1Barbara Peeters, a diretora de “Humanoids”, começou na indústria cinematográfica fazendo de tudo um pouco. Foi atriz em “The Gun Runner” (1969) e supervisora de roteiro no biker movie “Angels Die Hard/Motoqueiros Selvagens” (1970), ambos de Richard Compton; gerente de produção em “Night Call Nurses” (1972) de Jonathan Kaplan, e até coordenadora de dublês em “Moving Violation” (1976) de Charles S. Dubin. Estreou na direção em 1970 com o drama exploitation “The Dark Side of Tomorrow”, co-dirigido por Jack Deerson. Foi contratada por Roger Corman para realizar filmes pela New World Picture, o que fez com que sua carreira ganhasse um novo gás. “Humanoids from the Deep” (1980) foi seu último trabalho para Corman, logo após ele encomendar cenas de estupro mais brutais para o filme, Peeters pediu para que seu nome fosse retirado dos créditos, como Corman ignorou o apelo ela se demitiu e passou a dirigir produções para a televisão. Na década de 1990 fundou sua própria produtora, Silver Foxx Films, e desde então passou a realizar comerciais de televisão. Uma pena, já que seus filmes para o cinema sempre eram bem curiosos.
POSTER - HUMANOIDS FROM THE DEEPRob Bottin, o gênio da maquiagem por trás do clássico “The Thing/O Enigma de Outro Mundo” (1982) de John Carpenter, foi o responsável pela criação dos humanóides tarados deste filme (outras de suas criações inesquecíveis foram os lobisomens de “The Howling/Grito de Horror” (1981) de Joe Dante; o policial robô de “Robocop/O Policial do Futuro” (1987) de Paul Verhoeven, e o design dos lagartos em “Fear and Loathing in Las Vegas/Medo e Delírio” (1998) de Terry Gilliam). Em “Humanoids” Bottin interpretou uma das criaturas e foi ajudado pelos assistentes de maquiagens Steve Johnson (que depois fez as maquiagens em produções como “Big Trouble in Little China/Os Aventureiros do Bairro Proibido” (1986) de John Carpenter e “Night of the Demons/A Noite dos Demônios” (1988) de Kevin Tenney), Shawn McEnrou (que trabalhou em filmes como “Night of the Creeps/A Noite dos Arrepios” (1986) de Fred Dekker e “The Texas Chainsaw Massacre 2/O Massacre da Serra-Elétrica 2” (1986) de Tobe Hooper) e Kenny Myers (que fez as maquiagens no trashão “Metalstorm” (1983) de Charles Band e na comédia “Return of the Living Dead 2/A Volta dos Mortos-Vivos 2” (1988) de Ken Wiederhorn). Os efeitos especiais foram do veterano Roger George (que começou lá em 1959 em “Invisible Invaders/Invasores Invisíveis”, de Edward L. Cahn, e na década de 1980 comandou a função em filmes importantes como “The Terminator/O Exterminador do Futuro” (1984) de James Cameron) com ajuda do jovem Chris Wallas que, depois, se tornou diretor em “The Fly/A Mosca 2” (1989).

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Alguns dos técnicos que também trabalharam em “Humanoids” foram Jimmy T. Murakami, que dirigiu algumas cenas e, no mesmo ano, dirigiu o pequeno clássico “Battle Beyond the Stars/Mercenários das Galáxias”; Martin B. Cohen foi produtor/roteirista (ele foi diretor do biker movie “The Rebel Rousers” (1970), estrelado por Jack Nicholson, e produtor executivo do lixo Cult “Blood of Dracula’s Castle” (1969) do sempre ruim Al Adamson) ao lado de Hunt Lowry (que depois se tornou produtor dos filmes de comédia do amalucado trio David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker e, também, foi produtor executivo do Cult movie para jovens moderninhos “Donnie Darko” (2001) de Richard Kelly). Mark Goldblatt foi o editor (antes já havia montado o “Piranha” e depois montou “The Terminator”) e Gale Anne Hurd, que depois viria a se tornar uma das mais importantes produtoras das décadas de 1980/1990, foi assistente de produção neste pequeno clássico do Corman.
“Humanoids from the Deep”, que na Europa é conhecido pelo título “Monster” (não confundir com a produção de Kenneth Hartford, também de 1980), é uma exemplar sci-fi de horror típica de uma época em que o cinema tinha como obrigação ser despretensioso e muito eficiente na arte de, simplesmente, entreter o público.

por Petter Baiestorf para o livro “Arrepios Divertidos”.

veja o trailer de “Humanoids from the Deep” aqui:

Basket Case

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 16, 2012 by canibuk

“Basket Case” (1982, 91 min.) de Frank Henenlotter. Com: Kevin Van Hentenryck, Terri Susan Smith e Beverly Bonner.

Este cult movie, que marca a estréia de Frank Henenlotter como diretor de longas, conta a história de Duane Bradley (Kevin Van Hentenryck) que se hospeda em hotel fuleiro de New York cheio da grana e com um misterioso cesto sempre nas mãos. Logo ficamos sabendo que dentro do cesto está Belial, gêmeo siamês de Duane que nada mais é do que um monstruoso torso. Duane e Belial foram separados quando tinham uns 12 anos de idade via uma sangrenta e traumatizante operação realizada a pedido do pai deles que não aceitava o monstrengo Belial grudado em Duane. Matando um a um os médicos veterinários que realizaram a operação, Duane encontra tempo para tecer amizade com uma puta acabadaça que reside no hotel e se apaixonar por uma jovem secretária, loirinha e tontinha, cuja relação desperta os ciúmes de Belial que mutila e estupra a jovem numa bela e rápida cena de necrofilia gore, desencadeando uma luta mortal com seu irmão.

Com efeitos especiais de stop motion Henenlotter deu vida à Belial, o mais divertido psicopata deformado da história do cinema. Belial era um mix de fantoche com outro boneco em tamanho grande onde um ator era metido dentro para os closes de seus olhos vermelhos (e todas as vezes que aparece a mão de Belial, é o braço do próprio Henenlotter dentro da prótese). Para dar vida ao Belial o diretor chamou os técnicos John Caglione Jr. (que havia sido assistente de maquiagens em “Friday The 13th Part 2/Sexta-feira 13 – Parte 2” (1981) de Steve Miner), Kevin Haney e Ugis Nigals, que estreiaram profissionalmente em “Basket Case” (Haney viria a fazer os animatrônicos do clássico “C.H.U.D.” (1984) de Douglas Cheek). Mesmo com uma produção de orçamento extremamente baixo, Henenlotter era um profundo conhecedor do cinema vagabundo e soube contornar todos os problemas ao conceber um divertido filme que foi lançado nos cinemas de New York em sessões da meia-noite, passando meio desapercebido, até ser descoberto e cultuado quando lançado em VHS.

Frank Henenlotter (1950) é um diretor independente que começou a fazer cinema inspirado pelos exploitations que eram exibidos nos cinemas da 42nd Street (que eram as verdadeiras grindhouses, termo popularizado e banalizado após Tarantino/Rodrigues terem feito seu “Grindhouse“). Começou fazendo filmes em super 8 quando adolescente e seu primeiro curta em 16mm, “Slash of the Knife”, foi exibido em sessão com o cult “Pink Flamingos” de John Waters. Ainda fez outros curtas, como “Son of Psycho” e “Lurid Women”, antes de estrear profissionalmente com “Basket Case” em 1982. Em 1988 realizou outro clássico do cinema sleaze, o também cult “Brain Damage”, uma interessante alegoria sobre a dependência das drogas. Na seqüência filmou três novos filmes, “Basket Case 2” (1990), continuação ainda mais debochada de seu grande clássico, filmado simultaneamente com “Frankenhooker” (1990), versão podreira da história de Frankenstein que mostrava como um nerd reanima o corpo de sua noiva, despedaçada por um cortador de grama, utilizando-se de pedaços de corpos de prostitutas, e “Basket Case 3” (1992), encerrando assim a saga do simpático monstrengo Belial. Depois de anos sem filmar, em 2008 Henenlotter lançou “Bad Biology”, sobre um homem e uma mulher que procuram a satisfação sexual e quando se encontram sua ligação sexual se revelará uma explosiva experiência. Em 2010 co-dirigiu, com Jimmy Maslon, o documentário “Herschell Gordon Lewis: The Godfather of Gore” que, além de H.G. Lewis, trazia ainda depoimentos de gênios como David F. Friedman e John Waters. Aliás, como curiosidade, “Basket Case” é dedicado ao avacalhado Lewis.

Frank Henenlotter renega que faz filmes de horror, em suas palavras, “Faço exploitation movies que tem uma atitude que você não vai encontrar nas produções de Hollywood. Meus filmes são rudes, provocadores, eles falam sobre assuntos que as pessoas costumam ignorar!”. Henenlotter até pode filmar pouco, mas é louvável sua postura de se manter a margem da indústria cinematográfica americana. “Basket Case” foi lançado em VHS em Portugal com o título de “O Mistério do Cesto” e via essa fita VHS que pude assistí-lo pela primeira vez no início dos anos de 1990. Aqui no Brasil continua inédito.

por Petter Baiestorf.

Assista “Basket Case” aqui:

Capa do VHS lançado em Portugal.

Poppin Cherry – Omitto San Episode 2

Posted in Quadrinhos with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on junho 15, 2012 by canibuk

Dando seqüência a publicação da segunda parte de “Poppin Cherry – Omitto San”. Um pouquinho de putaria é sempre bem-vinda e sabemos que os leitores do Canibuk adoram uma boa sacanagem. Faça sexo gostoso, não consuma tanto e burle o imposto de renda fazendo sexo saudável/tarado. Sexo é de graça. Divirta-se sem sair de casa!

Para ler a primeira parte clique em “Poppin Cherry – Omitto San Episode 1“.

La Bestia Nello Spazio

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on junho 4, 2012 by canibuk

“La Bestia Nello Spazio” (“The Beast in Space”, 1980, 92 min.) de Alfonso Brescia. Com: Sirpa Lane, Vassili Karis, Lucio Rosato, Maria D’Alessandro e Marina Lotar.

“La Bête” (1975), dirigido pelo mestre do erotismo Walerian Borowczyk, sobre um casamento arranjado entre duas famílias burguesas onde a noiva, para que possa receber a herança de seu falecido pai, precisa se casar com um homem deformado que cria cavalos, foi um marco do cinema erótico com suas ousadas cenas de sexo entre uma mulher (Sirpa Lane) e um monstro (a título de curiosidade: A seqüência do sonho onde o monstro estupra/é estuprado pela mulher foi filmado para ser um dos seis episódios do filme “Contes Immoraux/Contos Imorais” (1974), obra anterior de Borowczyk, mas na edição ele e outro episódio ficaram no chão da sala de montagem e o diretor resolveu usa-lo em seu grande clássico). “La Bête” e a tradição da bela sendo estuprada pela fera, que vem do inconsciente branco-cristão europeu antes mesmo da invenção do cinema, serviram de inspiração para a produção de “La Bestia Nello Spazio” de Alfonso Brescia (não confundir com a dupla de diretores Brescia do Brasil).

“La Bestia Nello Spazio” é uma mistura entre “Star Wars” (apesar que produções sci-fi européias sempre ficam mais prá “Barbarella” do que para “Star Wars”) e “La Bête” que conta a história de um grupo de soldados espaciais que recebem a missão de ir ao planeta Lorigon obter Antalium (o elemento chave para a construção da bomba de neutron). Assim que a equipe começa a missão, Sondra (Sirpa Lane, do elenco de “La Bête”) começa a ter sonhos envolvendo sexo violento. Logo chegam ao seu destino e pousam no planeta (o pouso da espaçonave lembra os filme de sci-fi de 30 anos antes, de tão tosco e mal executado). Para poupar dinheiro com cenários, logo o grupo de corajosos desbravadores encontra um bosque igualzinho à qualquer bosque aqui do planeta terra e sua primeira visão perturbadora em Lorigon é ver dois cavalos fazendo sexo (em cenas de stock footage, outra referência explícita à “La Bête”), visão essa que deixa as mulheres do grupo excitadas. Depois desta cena gratuita de sexo animal, encontram uma casa de design alienígena onde seu moderno equipamento detecta Antalium. Em uma entrada triunfal ficam conhecendo Onaph, o anfitrião do planeta, que lhes conta a história de Lorigon e do super computador Zocor. No banquete que é servido de boas-vindas, todos comem, bebem e ficam tarados, vítimas de uma alucinação sexual coletiva, e a pegação entre a tripulação tem início. Onaph se revela um fauno bestial movido a sexo e torna os pesadelos de Sondra reais com cenas de sexo onde as penetrações explícitas foram enxertadas (casualmente todos os closes de penetrações nas vaginas foram feitos na mesma buceta, reconhecível pelo pentelhos pavorosos). Assim que todos conseguem sair da alucinação, escapam da casa e travam uma batalha com robôs lorigonianos, culminando numa cena de absoluta cara de pau onde sacam seus sabres de luz a la “Star Wars”. No meio desta batalha nossos heróis encontram tempo para destruir Zocor, o super computador que se alimenta de Antalium, e até o próprio planeta (a explosão mal feita do planeta fecha o filme com chave de ouro).

Os cenários e figurinos são pobres, mas de cores chamativas como todo bom filme barato que se preze deve ter. As armas são um achado com seus canos montados sobre lanternas, a cada tiro a ponta da arma se acende e os inimigos caem mortos. Os efeitos especiais parecem ter sido feitos para um filme dos anos 60 de tão precários. O roteiro escrito por Brescia, com uma ajudinha de Aldo Crudo, é uma grande bobagem com a missão de mostrar cenas de sexo que são bem filmadas (a versão que assisti tem 92 minutos e mais 3 minutos adicionais de cenas de sexo explícito que acabaram ficando de fora da versão final, mas cuidado, há versões deste filme rodando por aí com duração variando entre 73 e 86 minutos). O super computador é uma caixa gigante colorida com luzes vermelhas que piscam, nada melhor para um filme que não se leva a sério em nenhum momento, dá prá notar que os atores estão se divertindo. A trilha sonora do filme foi composta por Marcello Giombini (sob pseudônimo de Pluto Kennedy).

Alfonso Brescia (nascido em 1930 e falecido em 2001) é mais conhecido pelo pseudônimo de Al Bradley (ou Bradly Al) e se tornou famoso por seus filmes de sci-fi de baixo orçamento (na linha dos filmes de Antonio Margheriti como “Assignment: Outer Space/Destino: Espaço Sideral” (1960) ou “Il Pianeta Degli Uomini Spenti/Battle of the Worlds/O Planeta dos Desaparecidos” (1961), ambos lançados em DVD double feature pela London Films) que valem a pena serem conhecidos. Filmes como “Battaglie Negli Spazi Stellari” (1977), “Anno Zero – Guerra Nello Spazio” (1977), “La Guerra dei Robot” (1978) e “Sette Oumini D’Oro Nello Spazio” (1979) foram todos produzidos para lucrar em cima do sucesso de “Star Wars”, mas são muito mais divertidos, com aquele sabor especial que somente os filmes vagabundos tem. Exploitation man por natureza, começou dirigindo peplum movies. “La Rivolta dei Pretoriani” (1964) e “Il Magnifico Gladiatore” (1964) são sua visão do império romano que, nos anos 60, estavam na moda. Versátil como todos os diretores de exploitations, foi mudando de gênero conforme o gosto do consumidor mudava. Já em 1966 abandonou a produção de peplum para se dedicar ao western e realizou “La Ley del Colt”, na cola do sucesso dos filmes de Sergio Leone. Seu melhor filme no gênero western foi “Killer Calibro 32” (1967). Quando os filmes de faroeste começaram a dar sinais de cansaço, fez o drama “Nel Labirinto de Sesso” (1969) e o filme de guerra “Uccidete Rommel” (1969), para ver qual caminho seguir. Nenhum, nem outro! No início dos anos 70 era o horror que começava a chamar atenção do público, assim fez “Il Tuo Dolce Corpo da Uccidere” (1970), estrelado por Eduardo Fajardo (figurinha fácil dos spaghetti westerns) e “Ragazza Tutta Nuda Assassinata nel Parco” (1972). Depois de algumas comédias onde destaco “Superuomini, Superdonne e Superbotte” (1975), que zoava com o mundo dos super-heróis, e de seus filmes de sci-fi já citados, Brescia teve problemas com Joe D’Amato ao lançar “Ator 3: Iron Warrior” (1986) sem autorização de D’Amato, verdadeiro dono da série. No final dos anos 80 lançou uma imitação barata de “Rambo” chamada “Fuoco Incrociato/Cross Mission/Missão Mortífera” (1988) que tentava lucrar com o gênero ação. Brescia é um diretor pouco citado por trashmaníacos, mas merece destaque por sua carreira cheia de obras muito bagaceiras com alto grau de diversão.

No elenco de “La Bestia Nello Spazio” temos atores/atrizes que topavam tudo que é tipo de filme para pagar o aluguel. Sirpa Lane foi lançada no cinema por Roger Vadim com o filme “La Jeune Fille Assassinée” (1974), thriller erótico que destacou a beleza da jovem e fez com que Borowczyk a chamasse para viver Romilda de L’Esperance, sua personagem mais famosa no cinema, em “La Bête”. Em 1978 Joe D’Amato realizou “Papaya dei Caraibi/Papaya – Love Goddess of the Cannibals” e lhe deu o papel de Sara. Nos anos 80 trabalhou em mais dois filmes que merecem destaque, “Le Notti Segrete di Lucrezia Borgia” (1982) de Roberto Bianchi Montero e “Giochi Carnali” (1983), dirigido por Andrea Bianchi, mesmo diretor dos cults “Malabimba” (1979) e “Le Notti del Terrore/Burial Ground” (1981). Vassili Karis já havia trabalhado com Brescia em “Battaglie Negli Spazi Stellari” e “Anno Zero – Guerra Nello Spazio” antes deste “Bestia”. Outros filmes onde Karis dá as caras são “È Tornato Sabata… Hai Chiuso Un’Altra Volta/O Retorno de Sabata” (1971, disponível em DVD pela MGM Vídeo) de Gianfranco Parolini, um divertido western estrelado por Lee Van Cleef; “Casa Privata per le SS/SS Girls” (1977), asneira nazixploitation de Bruno Mattei; “Le Porno Killers” (1980), comédia de humor negro de Roberto Mauro e “Scalps” (1987) da dupla Claudio Fragasso e Bruno Mattei, um western gore chato, mas lindo. Outro ator de “Battaglie Negli Spazi Stellari” que aparece nesta produção é Lucio Rosato que, como todos os atores italianos em atividade nos anos 60, 70 e 80, teve a oportunidade de trabalhar em muitos filmes divertidos. Não deixe de ver Rosato em ação nos filmes “Gli Specialisti” (1969), western do mestre Sergio Corbucci; “Carcerato” (1981), um drama musical onde foi novamente dirigido por Brescia e “The Barbarian” (1987), um adorável lixo cinematográfico de Ruggero Deodato.

Atentem ainda para a presença da pornostar sueca Marina Hedman Bellis (também conhecida pelos nomes Marina Frajese, Marina Lotar ou Marina Lothar) no elenco. Marina era modelo quando Lucio Fulci lhe deu um pequeno papel (não creditado) na comédia “La Pretora” (1976), estrelado por Edwige Fenech. Logo em seguida apareceu já em sua primeira cena de sexo hardcore no cult movie “Emanuelle in America” (1977) do esperto Joe D’Amato, que com este filme chamou atenção por usar algumas cenas que seriam de torturas reais (mas que sob olhar atento percebemos que são trucagens). Ainda com D’Amato ela fez outros filmes, como a comédia “Il Ginecologo Della Mutua” (1977) e “Immagini di un Convento” (1979), nunsploitation com seqüências de sexo explícito. Depois de trabalhar com D’Amato foi descoberta pelos diretores italianos e trabalhou com vários caras bons. “Pasquale Festa Companile a contratou para “Gegè Bellavista” (1978) e “Come Perdere una Moglie e Trovare un’Amante” (1978); com Dino Risi fez o drama “Primo Amore” (1978); o atento Jesus Franco a chamou para um papel na comédia “Elles Font Tout” (1979), estrelado por sua musa Lina Romay, lógico; e Federico Fellini a chamou para sua obra-prima “La Città Delle Donne/Cidade das Mulheres” (1980), divertido clássico estrelado por Marcello Mastroianni e Anna Prucnal (que faz a personagem Anna Planeta no cult absoluto “Sweet Movie” (1974) de Dusan Makavejev). Fazer cinema na Europa dos anos 70/80 era algo realmente mágico. Depois deste começo de carreira promissor, Marina Hedman resolveu seguir o caminho dos filmes de horror e hardcore e fez o terror adulto “Orgasmo Esotico” (1982) de Mario Siciliano, “La Bimba di Satana/Satan’s Baby Doll” (1972) de Mario Bianchi, “La Bionda e La Bestia” (1985) de Arduino Sacco, “The Devil in Mr. Holmes” (1987) de Giorgio Grand, entre muitos outros pornôs europeus.

Dificilmente “La Bestia Nello Spazio” será lançado em DVD no Brasil, mas deixo aqui a dica para quem quiser conhecer essa pequena peça do selvagem cinema italiano que, quando faliu, deixou saudades. O estilo de filmar dos cineastas italianos sempre foi uma grande bagunça que no fim dava certo e rendia ótimos filmes.

por Petter Baiestorf.

“La Bestia Nello Spazio” copiando a arte de “Zardoz” descaradamente.