Arquivo para rock’n’roll

Dangerous Glitter

Posted in Livro, Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 26, 2014 by canibuk

“Dangerous Glitter – Como David Bowie, Lou Reed e Iggy Pop foram ao Inferno e Salvaram o Rock’n’Roll” (2009, 400 páginas, editora Veneta) de Dave Thompson.

Dangerous GlitterNovamente a editora Veneta surpreende com um lançamento imperdível aos amantes da boa música (e suas histórias inacreditavelmente hilárias). “Dangerous Glitter” conta a história de “quando Lou Reed e Iggy Pop se encontraram pela primeira vez com David Bowie no final de 1971, (quando) Bowie era apenas mais um músico inglês passando por New York, Lou ainda estava se recuperando do colapso do Velvet Underground e Iggy já estava classificado como um perdedor.”

BowieAos moldes do “Mate-me, Por Favor”, de Larry McNeil e Gilliam McCain, “Dangerous Glitter” destaca a importância do artista plástico Andy Warhol para a cena underground nova-iorquina (e mundial, já que todo mundo imita New York) e a influência de Nico sobre as personalidades dos três menininhos assustados (apesar do livro não ser sobre Nico fica bem claro o quanto ela foi importante para Bowie, Reed e Pop). No livro somos apresentados à três artistas tímidos que se tornaram (a base de muita grana investida em suas imagens) as lendas conhecidas de hoje, desmitificados pelo autor Dave Thompson (todo mito não passa de um humano normal cheio de medos e inseguranças). É um mergulho alucinante pelo mundo dos anos de 1960/1970 quando a cena musical mundial produzia obras ricas em criatividade e ousadia.

LouEntre inúmeras histórias saborosas ficamos sabendo como David Bowie gastou 400 mil dólares na sua primeira turnê americana (e arrecadou míseros 100 mil dólares), como Iggy Pop se tornou o enfurecido vocalista com toques de escatologia que impressionaram muitos moleques do mundo a fora (GG Allin estava entre eles, com certeza), como Lou Reed quase abandonou sua vida de rockstar após sair do Velvel Underground, como Nico afundou sua carreira nas drogas e Tony Defries, o advogado rockstar, se tornou uma espécie de Allen Klein do rock’n’roll e criou David Bowie como os fãs do camaleão o conhecem hoje.

IggyDave Thompson, o autor, já escreveu mais de 100 livros que, geralmente, lidam com música pop, rock’n’roll, cinema ou erotismo. Nasceu em Devon (Devonshire, Inglaterra) e iniciou sua carreira jornalística editando um fanzine sobre a cena punk londrina dos anos de 1970, o que lhe valeu convites para escrever em revistas como “Melody Maker”, “Rolling Stone”, Mojo, entre outras. Outros livros de Thompson sobre David Bowie incluem “Moonage Daydream” (1987) e “Hallo Spaceboy” (2006).

Fica a dica deste ótimo livro que a editora Veneta acabou de lançar. “Dangerous Glitter” custa R$ 79.90 e pode ser adquirido em lojas virtuais como Saraiva ou Livraria Cultural.

Petter Baiestorf.

Filmes com David Bowie (veja alguns trailers):

Filmes com Iggy Pop (veja alguns trailers):

Filmes com Lou Reed (veja alguns trailers):

Novos Velhos

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , , , , , , , on maio 13, 2012 by canibuk

Novos Velhos é uma banda catarinense de rock’n’roll que merece ser conhecida por seu talento instrumental e como letristas de qualidade. Os caras executam extremamente bem a proposta da banda que é dar continuidade ao rock nacional com letras que digam algo interessante (algo que se perdeu no Brasil depois dos anos 90).

A banda foi formada por Anderson Kreutz, Michel Petry e Diogo Graff em 2009 e, sempre independentes, foram fazendo shows por Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná até gravarem o CD “Velha Idéia Novos Tempos” que é uma delícia. Este CD foi lançado em 2011 e demorei um pouco para descobri-lo porque não sou um perseguidor de bandas novas (escuto muito grindcore dos anos 90 ou bandas desconhecidas dos ano 60/70/80), então acabo sempre levando um tempinho até conhecer novas bandas que estão surgindo.

O CD “Velha Idéia Novos Tempos” tem 10 sons onde destaco a maravilhosa “Mundo Quadrado”, que tem uma pegada anos 70 ótima e que me apaixonei por este som; “Que Seja Feita a Nossa História”, um desabafo da banda com um instrumental bem elaborado e “Vice-Versa”, um blues rock sobre “cabeludos maus” com letra hilária. Na faixa “Apenas um Vira Lata” rola uma participação de Paulão do Velhas Virgens, o que deixa o som parecendo uma música do Velhas Virgens. Aliás, a faixa “Briefs Blues” também tem uma influência bem forte de Velhas Virgens.

Para ouvir várias das canções deste CD e fazer contato com a banda (recomendo que o show deles seja levado prá capitais como Porto Alegre, Curitiba e São Paulo que é muito bom, vi eles tocando com Tor Tauil do Zumbis do Espaço e superou minhas expectativas, ao vivo os caras são melhores ainda), visite o My Space de Novos Velhos.

Dica de Petter Baiestorf.

Segue alguns vídeos dos Novos Velhos:

MUNDO QUADRADO

Acreditar que o mundo não é redondo

Olhar para as estrelas e ver um urso polar

Ter um milhão de sonhos, diferente dos normais

Contar as histórias, do que ficou para trás.

.

São coisas da vida

São coisas da vida

E você ainda duvida.

.

Dizem que a vida é curta

Mas eu acho que é só para or normais

Os escravos do tempo

Que trabalham e só pensam

No dia do aposento.

.

São coisas da vida

São coisas da vida

E você ainda duvida.

.

Trabalhar é necessário eu sei

Trabalhar é necessário e é vital

Mas é preciso lembrar , que daqui nada levará

Só seus ossos vão ficar.

.

São coisas da vida

São coisas da vida

E você ainda duvida.

.

Quanto tempo vai durar essa loucura?

Qual a distância entre o céu e o inferno?

Quanto tempo ainda temos?

Por quanto tempo que você estará por perto.

.

São coisas da vida

São coisas da vida

É isso que eu queria te falar…

por Anderson Kreutz.

Flageladör & Thrashera

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , on abril 3, 2012 by canibuk

Calma amigos, não é o nome de uma dupla sertaneja de metal não! Trata-se do split CD “Guerreiros do Álcool” que será lançado pela Cianeto Discos (Cauterized Prod.) com músicas das bandas Flageladör e Thrashera.

Flageladör é uma banda de speed thrash metal de Niterói/RJ que surgiu em 2000 e já lançou um punhado de trabalhos como as demos “Forjado em Aço e Fogo” (2001) e “Vingança” (2003) e os full-length “A Noite do Ceifador” (2006) e “Obcecado por Sangue” (2009). Thrashera existe a menos tempo e é carioca, seu som é um mix entre thrash e rock’n’roll, naquela velha e boa linha da década de 1980. No dia 10 de abril a banda Thrashera estará completando 666 dias de formação e vai liberar via my space uma música deste split para audição.

Maiores informações:
http://www.cianetodiscos.com/

para encomendar o split escreva para:

cauterizedprod@gmail.com

Tyto Livi: Memórias de um Certo Louco

Posted in Música with tags , , , , , , , on novembro 20, 2011 by canibuk

Em 1977 Tyto Livi (Ortenilo Azolini) lançou o primeiro disco independente do rock catarinense (e provavelmente um dos primeiros do Brasil). Tyto Livi nasceu em Vargeão/SC, mas logo adotou a cidade de Chapecó/SC (cidade que hoje abriga a banda Repolho que, na minha opinião, dá seqüência ao estilo de Tyto, que aliás, pesquisando agora encontrei uma boa matéria escrita pelo Demetrio Panarotto, da banda Repolho, onde tiro as dúvidas sobre influência ou não), seu compacto “Memórias de um Certo Louco” (infelizmente seu único lançamento) foi gravado em São José, grande Florianópolis, e lançado de forma independente. Conta a lenda que Tyto Livi vendia de porta em porta o disco numa tentativa de juntar dinheiro para concluir o curso universitário de direito (para nosso azar ele abandonou a música e se tornou um advogado).

As 4 músicas do compacto “Memórias de um Certo Louco” estão disponíveis na net para ouvir ou até fazer download, já que conseguir cópia do original em vynil é tarefa quase impossível. O instrumental das músicas é morno (como a maioria dos sons dos anos 70), mas as letras de Tyto são ótimas, com um fino humor sarcástico, inclusive a de “Memórias de um Certo Louco” que é pré-Falcão, como atesta os seguintes versos:

“Por ser acéfalo

Tornei-me ectiófago

Sou genicófago

É o que me dizem.”

Tyto Livi nos dias de hoje.

E na minha preferida do disco, “O Mundo não Perdoa” (que tem que estar na trilha sonora da versão longa-metragem do meu filme “Ninguém Deve Morrer”), onde a letra diz:

“Ando perdido na escuridão

Eu já perdoei o mundo

Mas o mundo não dá perdão!”

“O Mundo não Perdoa” é uma balada triste e alegre ao mesmo tempo, impossível ouvi-la sem um grande sorriso nos lábios!

Em 2007 (ou 2008) conheci uma sobrinha de Tyto Livi que trabalhava ao lado da loja Cérebro (do lendário Gurcius Gewdner), mas por ainda não ter ouvido os sons do Tyto Livi, acabei perdendo a chance de tentar marcar uma entrevista com ele. Odeio quando dou essas bobeadas! Mas fica aqui a dica para conhecer esse belíssimo compacto do rock nacional que, mesmo que você não curtir os sons, é importante por ter sido um dos primeiros lançamentos independentes.

Screamin’Jay Hawkins

Posted in Música with tags , , , , , , , , , , , on novembro 12, 2011 by canibuk

Jalacy Hawkins nasceu dia 18 de julho de 1929 em Cleveland, Ohio, USA, mais conhecido por ter se tornado Screamin’Jay Hawkins, o primeiro shock rocker performático da história da música. Com o sonho de se tornar cantor de ópera, Hawkins estudou piano clássico desde criança, tendo servido o exército americano como entertainer na Segunda Guerra Mundial, onde foi até feito prisioneiro pelos inimigos (ele contava uma história onde dizia que para fugir do cativeiro, explodiu a cabeça do comandate inimigo com uma granada de mão), Hawkins também era um ótimo lutador, tendo sido campeão no Alaska em 1949.

Como seu sonho de virar cantor de ópera não se realizava, Hawkins tocou em várias bandas até virar cantor solo e gravar sua canção de maior sucesso, “I Put a Spell on You” (1956), numa incrível sessão que mudou sua carreira para sempre: com a banda inteira bêbaça durante as gravações da música, Hawkins gritou, grunhiu, berrou e vociferou barulhos em completa sintônia com o resto da banda, criando um clássico musical que ele teve que re-aprender a cantar depois ouvindo as gravações (nada mal para uma música que inicialmente seria uma refinada baladinha).

Foi após ter criado essa canção que o disc jockey Alan Freed ofereceu 300 dólares para Hawkins sair de um caixão no palco, coisa que Hawkins aceitou criando uma personagem que possuia elementos voodoos, como sua piteira-crânio e cobras de borracha, se tornando aos poucos em Screamin’Jay Hawkins. Com este visual, criou outras canções inusitadas, como “Orange Colored Sky”, “Feast of the Mau Mau” e a engraçada e irreverente “Constipation Blues” (que anos depois ele chegou a cantar sentado num vaso sanitário).

Após seu enorme sucesso inicial, Hawkins meio que caiu no esquecimento, fazendo mais sucesso na Europa do que em seu país natal. No cinema Screamin’Jay dá as caras num punhado de filmes, como “Americana Hot Wax” (1978) de Floyd Mutrux, “Mystery Train” (1989) de Jim Jarmusch, “A Rage in Harlem” (1991) de Bill Duke, no clássico “Perdita Durango” (1997) de Alex de la Iglesia, “Peut-Être” (1999) de Cédric Klapisch e no documentário “Screamin’Jay Hawkins: A Put a Spell on Me” (2001) de Nicholas Triandafyllidis.

Em 12 de fevereiro de 2000 Hawkins faleceu após uma cirurgia para tratar um aneurisma, deixando (um número estimado) 55 filhos no momento de sua morte (número que se tornou “talvez 75 filhos”, após investigações).

Pesquise mais sobre este maravilhoso músico, ache seus discos e filmes e comprove o quanto ele foi um artista extremamente original e divertido.

Assista Screamin’Jay Hawkins aqui: