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O Shot-on-Video e o Cinema Independente Brasileiro

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Sempre existiu na história do cinema mundial a figura do cineasta miserável que dava um jeito de inventar seus recursos, independente da quantia de dinheiro disponível. A própria história da mais cara arte do planeta está cheia de exemplos. Ainda nos anos de 1920 pequenos produtores exploravam temas tabus para competir com o cinema feito pelos grandes estúdios. Nesta época era corriqueiro que milionários encomendassem pequenos filmes domésticos à cineastas despudorados que sabiam como ninguém a arte de filmar rápido/barato os assuntos mais polêmicos que não encontravam espaço nos cinemas normais. Na década de 1920 já existia cinema pornô, por exemplo. Un Chien Andalou (Um Cão Andaluz, 1929, Luis Buñuel), outro exemplo, só existe porque independentes o realizaram.

No pós-guerra, na década de 1950, houve uma explosão de produtores independentes, que encontraram uma forma de ganhar dinheiro com filmes de monstros e/ou alienígenas feitos sem grandes recursos e que encontravam público. Tanto público que os grandes estúdios se apropriaram do gênero e faturaram muito dinheiro. Considero-os a principal influência do cinema Shot On Video, o SOV, que surgiu no início dos anos de 1980, principalmente nos USA. E essa influência transou com as influências do cinema underground e deixou tudo mais divertido ainda, porque a grande sacada do SOV foi a de misturar todo tipo de influências e recriar tudo à sua maneira.

Talvez Ray Dennis Steckler seja um dos grandes precursores do cinema caseiro mundial, com filmes como Lemon Groove Kids Meet the Monsters (1965) e Rat Pfink A Boo Boo (1966) que, embora produzidos em 35 mm, tinham todos os elementos de fundo de quintal que os SOVs dos anos de 1980 popularizaram. Mesmo um cineasta autoral, e agora respeitado por sua obra, como John Waters, começou fazendo produções caseiras com ajuda de amigos e familiares, caso de Mondo Trasho (1969) ou Multiple Maniacs (1970), inspirados nos filmes caseiros que artistas como George Kuchar e Jack Smith vinham fazendo no underground americano.

Rat Pfink a Boo Boo

Com distribuidores como Harry H. Novak garantindo espaço para escoar a produção independente, o mercado viu uma verdadeira epidemia de produções baratas surgirem, onde muitas vezes o dinheiro gasto era somente na película virgem e revelação do filme. Doris Wishman, H.G. Lewis, Ted V. Mikels, Al Adamson, entre outros, são exemplos.

Com o declínio dos Drive-In Theaters e grindhouses na década de 1970, e o surgimento de formatos domésticos como Super-8, Beta Tapes, Laser Disc e, talvez, o mais importante deles, a Fita VHS – que permitia uma arte chamativa em suas enormes caixas protetoras – o cinema SOV da década de 1980 começava, timidamente, a perceber suas possibilidades concretas.

Shot-on-Video!!!

Não demorou muito para que a jovem geração, ociosa e bêbada, descobrisse que era possível realizar filmes com câmeras VHS. Inicialmente o formato não havia sido recebido com muito entusiasmo. Sua qualidade de som e imagem deixava muito a desejar e era, geralmente, usada para o registro de aniversários, casamentos, viagens e outras festividades familiares. Mas estes artistas amadores improvisados começaram a provar o valor do VHS, agora pessoas comuns estavam conseguindo produzir seus filmes com a paixão e devoção que somente os fãs possuem. Hollywood não realiza o filme dos seus sonhos? Não tem problema, faça-o você mesmo em VHS, com ajuda de seus amigos tão sem noção quanto você! Teus amigos não te ajudam? Possivelmente você está andando com as pessoas erradas!!!

Nos anos de 1980, nos USA, houve uma explosão de produções Shot on Video, mas um dos únicos destes filmes a conseguir lançamento em um Drive-In de Long Island, NY, foi o longa-metragem Boardinghouse (1983, John Wintergate), seguido de Sledgehammer (1983, David A. Prior) e Black Devil Doll from Hell (1984, Chester Novell Turner). Os três filmes eram produções bem limitadas, mas nada pior do que um freqüentador habitual de Drive-In já não tivesse visto antes, só que produzido em 35 mm.

Com as videolocadoras popularizadas nos anos de 1980, quando qualquer cidadezinha minúscula perdida no meio do nada era bem servida dos clássicos e vagabundagens do cinema, os produtores atentaram para o fato de que não era mais necessário um circuito exibidor formado de cinemas. O filme que provou ser possível chegar à um público gigante através das locadoras foi o SOV Blood Cult (1985, Christopher Lewis), que foi um estrondoso sucesso na locação de vídeo e abriu espaço para outras produções no estilo, como Blood Lake (1987, Tim Boggs) e Cannibal Campout (1988, Jon McBride e Tom Fisher). O sucesso de vendas e locações de Blood Cult se deve ao fato de que criaram uma distribuidora exclusivamente para oferecê-lo às locadoras, com material de divulgação e muita lábia – conseguiram vender como se fosse uma produção profissional. Só que o público não só assistiu, como gostou, se influenciou e também quis se divertir fazendo seus próprios filmes.

Em seguida, o agora clássico, Video Violence (1987, Gary Cohen) foi comprado pela distribuidora Camp Video. Com base em Los Angeles, a Camp Video fez uma ampla divulgação da produção de fundo de quintal – que permanece sendo o filme SOB da década de 1980 com maior venda – e conseguiu colocá-lo em locadoras dos USA inteiro. Video Violence chegou a ser indicado para o prêmio de melhor filme independente no American Film Institute daquele ano. Em tempo: Video Violence é um filme que reflete sobre o assunto “violência é boa, mas o sexo não é”, algo que constatei pessoalmente com 30 anos de produções independentes pela Canibal Filmes, onde nunca fui censurado pelas cenas de violência, mas sim, apenas e unicamente, por cenas de sexo.

A distribuidora Camp Video também foi a responsável por colocar o filme Cannibal Hookers (1987, Donald Farmer) no mapa. E seu faturamento com estes filmes foi o responsável direto pelo interesse da Troma Entertainment  por SOVs, que comprou o filme Redneck Zombies (1989, Pericles Lewnes) e constatou que era muito lucrativo lançar aqueles filminhos amadores, não abandonando-os nunca mais. Aliás, muita gente confunde os filmes distribuídos pela Troma com sua produção própria. Os filmes da Troma não são SOVs, mas inúmeros filmes distribuídos por eles são. Alguns exemplos: O inacreditavelmente ruim Space Zombie Bingo! (1993, George Ormrod); Bugged (1997, Ronald K. Armstrong); Decampitated (1998, Matt Cunningham); Parts of the Family (2003, Léon Paul de Bruyn); Pot Zombies (2005, Justin Powers); Crazy Animal (2007, John Birmingham) e Blood Oath (2007, David Buchert). Outra distribuidora que costuma lançar SOVs é a Severin Films. Fundada em 2006 por David Gregory, já disponibilizou em DVD ou Blu-Ray vagabundagens como Blackenstein (1973, William A. Levey), filmado em 35 mm, mas tão amador quanto qualquer SOV feito em VHS, e clássicos como a trinca Sledgehammer (1983), Things (1989, Andrew Jordan) e The Burning Moon (1992, Olaf Ittenbach).

Sim, as produções SOV são essencialmente de fundo de quintal, feitas por entusiastas se autointitulando cineastas, que conseguem meter seus amigos e familiares no sonho de fazer cinema. Geralmente são produções amadoras desleixadas, desfocadas, com efeitos especiais improvisados, atores canastrões, figurinos inexistentes e roteiros absurdos. Mas é essa combinação que faz com que os filmes funcionem e tenham legiões de fãs ao redor do mundo. Outra particularidade do cinema SOV: São produções locais que ultrapassam fronteiras, ou seja, um filme vagabundo produzido entre amigos num sítio em Palmitos, SC, Brasil, é perfeitamente capaz de dialogar com um entusiasta do SOV que morou a vida inteira num pequeno apartamento em Tokyo, por exemplo.

O blog Camera Viscera, na matéria “Video Violence – 13 Days of Shot on Video!”, faz outra importante observação à respeito dos SOVs: “Eles conseguiram congelar o tempo. O que quero dizer é que os sets que você vê nestes filmes não são cenários construídos, são videolocadoras e mercearias reais. As roupas que você vê não são fantasias, são roupas reais que os atores tinham em seus roupeiros. As ruas, os carros, os locais, são todos reais e intocados, e você consegue vê-los como estavam em seu estado natural em 1987. Essas jóias do “no-budget” dos anos de 1980 capturaram a essência do tempo e isso é um bem inestimável. Eles são como se suas famílias tivessem filmes caseiros dos anos 1980, exceto com mais assassinatos (ou menos, dependendo do tipo de família que você veio).”

Não existe uma produção SOV inaugural. A produção mundial é enorme. A produção em um país como a Nigéria, conhecida como Nollywood e que é considerada a terceira maior indústria cinematográfica em volume de produção – atrás apenas de Hollywood e Bollywood -, é formada quase que exclusivamente de produções SOVs. Então é praticamente impossível catalogar a totalidade dessa produção, ainda mais se levarmos em consideração que muitos títulos lançados nem saem do círculo de amizades dos produtores – países da Europa, Ásia e América Latina também tem uma produção enorme. Tentar catalogar apenas os SOVs produzidos no Japão já seria tarefa impossível, por exemplo.

Nos USA alguns diretores que se destacaram são Todd Sheets – com quem geralmente sou comparado nas reviews da imprensa especializada, e, acreditem, isso não é um elogio! -, Donald Farmer, Tim Ritter, Kevin J. Lindenmuth, Hugh Gallagher e J. R. Bookwalter. Este último, inclusive, teve seu filme em super-8 The Dead Next Door (1989) apadrinhado pelo trio de amigos Sam Raimi, Bruce Campbell e Scott Spiegel.

Na Europa alguns produtores de SOVs que tiveram destaque foram o francês Norbert Georges Mount, com Mad Mutilator (Ogrof, 1983), que tem Howard Vernon no elenco; Trepanator (1992) e o impagável Dinosaur from the Deep (1993), com Jean Rollin no elenco. E os alemães Olaf Ittenbach, que causou sensação com seu The Burning Moon (1992), mas nunca chegou a fazer sucesso como um Peter Jackson, por exemplo; Andreas Schnaas, responsável por uma série de filmes gore exagerados que são fantásticos e inventivos: Violent Shit (1989), Zombie’90: Extreme Pestilence (1991), Goblet of Gore (1996) e Anthropophagous 2000 (1999); e Andreas Bethmannn, criador de Der Todesengel (1998), Dämonenbrut (2000) e Rossa Venezia (2003), este com Jesus Franco e Lina Romay no elenco.

Uma das grandes armadilhas na produção SOV é que dificilmente os diretores/produtores conseguem romper as fronteiras do cinema independente, mas não é impossível. Evil Dead (1981), de Sam Raimi, era essencialmente uma produção SOV, mas foi realizada com tanta garra e empenho que conseguiu colocá-los na mira dos grandes estúdios. Peter Jackson quando realizou seu Bad Taste (1987) estava fazendo um autêntico SOV com amigos – embora filmado em película – e acabou que a produção lhe deu o suporte necessário para se destacar na comissão de cinema da Nova Zelândia e o resto é história. Santiago Segura, hoje um dos mais respeitados cineastas da Espanha por conta de sua série de sucesso Torrente, iniciou-se na produção com curtas feitos em vídeo. Relatos de la Medianoche (1989) e Evilio (1992) são feitos em vídeo. Perturbado (1993), curta bem acabado que realizou de maneira mais profissional, fez com que conseguisse o dinheiro para a produção do primeiro Torrente (1998), que na época de seu lançamento, na Espanha, bateu a bilheteria do Titanic (1997, James Cameron) naquele país.

Bruce Campbell & Sam Raimi em Evil Dead

Pessoas que participaram de produções cinematográficas que se tornaram filmes de culto conseguiram manter suas carreiras atrávez de produções SOV. Talvez o exemplo mais famoso seja o de John A. Russo, conhecido roteirista de The Night of the Living Dead (A Noite dos Mortos Vivos, 1968, George A. Romero), que foi diretor de produções em vídeo como Scream Queens Swimsuit Sensations (1992) ou Saloonatics (2002). Aliás, o clássico de George A. Romero legou ainda outro diretor de SOVs: Bill Hinzman (ator que interpretou o primeiro zumbi que aparece no clássico) que realizou The Majorettes (1987) e FleshEaters (1988), este último uma tranqueira imitação de The Night of the Living Dead, onde Bill repete seu papel de zumbi magrelo sedento por carne humana.

Não só isso. Antigos diretores de cinema dos anos de 1960/1970 só conseguiram manter/retormar suas carreiras após os anos 2000, quando ficaram possibilitados de voltar a produzir seus filmes em vídeo, muitos deles autênticos SOVs. Jesus Franco realizou um punhado de SOVs divertidíssimos, como Vampire Blues (1999), Snakewoman (2005) e o hilário Revenge of the Alligator Ladies (2013), finalizado por seu fiel assistente Antonio Mayans. H.G. Lewis voltou a filmar 30 anos depois de seu último filme de cinema, que havia sido The Gore Gore Girls (1972), com o quase amador Blood Feast 2: All U Can Eat (2002). Ted V. Mikels, diretor dos clássicos The Astro-Zombies (1968) e The Corpse Grinders (1971), passou por algo parecido. Impossibilitado de bancar seus filmes em película, produziu em vídeo mesmo, com ajuda de conhecidos e fãs, The Corpse Grinders 2 (2000) e Mark of the Astro-Zombies (2004), re-encontrando seu espaço na produção SOV do novo milênio, que está cada vez mais parindo filmes extremamente bem produzidos com quase nada de dinheiro.

O verdadeiro cinema independente é o SOV. Nos USA o orçamento médio de um filme chamado de independente é de 30 milhões de dólares, valor absurdamente grande quando comparado aos SOVs produzidos com uma média de 10 mil dólares.

No Brasil o orçamento médio de produções bancadas por editais é entre um e dois milhões de reais, enquanto muitos SOVs de longa-metragem foram feitos com orçamento médio de cinco mil reais, geralmente dinheiro bancado pelo bolso do próprio diretor/produtor. Sempre fiquei na dúvida se ficava orgulhoso ou ofendido, quando meus filmes de cinco mil reais eram comparados com produções de mais de 500 mil reais no orçamento. Acho bastante injusto uma produção minha ser colocada no mesmo patamar de cobranças que um filme de 500 mil reais, mas se fazem a comparação é porque meu filme está dizendo algo, não?

Equipe da Canibal Filmes filmando Criaturas Hediondas (1993)

Aqui ainda houve o agravante de que as produções SOVs surgiram exatamente junto com a moda Trash, que assolou a década de 1990. O SOV brasileiro ganhou força com a cara de pau de minha produtora, Canibal Filmes, que, por ser realizada com orçamentos tão irrisórios, também encaixavam na descrição do Trash. Aí a imprensa oficial, que geralmente é preguiçosa e não vai atrás de informações para apurar os fatos, tratou de difundir essa confusão e o SOV ficou desconhecido aqui, sendo tratado como filmes Trash. Quando estava acabando a moda Trash estes filmes passaram a ser objetos de estudo de um grupo de acadêmicos que passaram a chamá-los de Cinema de Bordas, e perdeu-se a oportunidade de categorizar o SOV Brasileiro na história do cinema amador mundial.

O Monstro Legume do Espaço, filme que produzi em 1995, foi o primeiro título SOV brasileiro a ter uma distribuição em nível nacional, provando que era possível fazer cinema amador e ter público com sua produção feita na vontade e amizade. E, após isso, o cinema Shot on Video nacional finalmente deslanchou.

Guia de SOVs Essenciais

SOVs Essenciais (para entender este peculiar estilo de se fazer cinema):

Elaborei uma lista de Shot on Videos bem básica, que servirá para introduzi-lo na arte do cinema amador (optei por destacar nessa lista básica a produção americana e brasileira). São filmes fáceis de achar na internet, então possíveis de serem assistidos.

Within the Wood (1978) de Sam Raimi. Curta SOV, produzido em super 8, que deu origem ao clássico Evil Dead (1981).

The Long Island Cannibal Massacre (1980) de Nathan Schiff. A história é uma bagunça, mas as cenas de mutilação com serras elétricas são lindas. Super 8.

Boardinghouse (1983) de John Wintergate. Pensão é reaberta após uma carnificina ter acontecido lá. Vídeo.

Sledgehammer (1983) de David A. Prior. Um jovem assassina sua mãe e amante com um martelo. Vários anos depois os assassinatos do martelo reiniciam na mesma área. David também foi diretor do terrível filme profissional amador The Lost Platoon (Pelotão Vampiro, 1990). Vídeo.

Black Devil Doll from Hell (1984) de Chester Novell Turner. Uma mulher compra uma boneca possuída e passa a ter inúmeros problemas hilários. Vídeo.

Blood Cult (1985) de Christopher Lewis. Universitárias são assassinadas e partes de seus corpos são usados em estranhos rituais. Vídeo.

The New York Centerfold Massacre (1985) de Louis Ferriol. Aspirantes à modelo são molestadas e assassinadas misteriosamente. Vídeo.

Black River Monster (1986) de John Duncan. Filme de monstro feito para a família, com um adorável Sasquatch (Pé Grande) feito de uma ridícula fantasia felpuda. Duncan dirigiu ainda o psicótico The Hackers (1988). Vídeo.

Dead Things (1986) de Todd Sheets. Caipiras matam quem se aventura pelo seu bosque. Vídeo.

Gore-Met, Zombie Chef from Hell (1986) de Don Swan. Dono de restaurante mata pessoas para servir aos clientes. Super 8.

Truth or Dare?: A Critical Madness (1986) de Tim Ritter. Após encontrar a esposa na cama com outro homem, o corno passa a matar pessoas participando de dementes jogos da “verdade ou desafio”. Vídeo.

Cannibal Hookers (1987) de Donald Farmer. Como parte de um trote de iniciação para uma irmandade, duas garotas precisam fingir serem prostitutas. Acabam se tornando zumbis que matam as pessoas da vizinhança. Vídeo.

Demon Queen (1987) de Donald Farmer. Uma vampira e suas agitadas tentativas de conseguir sangue. Vídeo.

Tales from the Quadead Zone (1987) de Chester Novell Turner. Fantasmas atormentam um casal. Vídeo.

Video Violence (1987) de Gary Cohen. Casal abre uma videolocadora e percebe que os clientes só levam filmes de horror extremamente violentos, então começam a produzir seus próprios snuff movies. Vídeo.

555 (1988) de Wally Koz. Adolescentes são mortos – das mais variadas e divertidas maneiras – por um psicopata de visual hippie. Foi produzido na época com a pretensão de ser um SOV melhor do que todos os outros que estavam sendo feitos. Vídeo.

Cannibal Campout (1988) de Jon McBride e Tom Fisher. Grupo de jovens em passeio pelo bosque se envolve com trio de psicopatas. Vídeo.

The Dead Next Door (A Morte, 1989) de J. R. Bookwalter. Uma equipe anti-zumbis é formada pelo governo. Bastante cenas gore e produção bem feita. Super 8.

Oversexed Rugsuckers from Mars (1989) de Michael Paul Girard. Aliens tarados estupram mulheres usando aspirador de pó. Muitas drogas e depravações nesta produção que está no limite entre um SOV e um filme profissional. 35mm.

Robot Ninja (1989) de J. R. Bookwalter. Desenhista de HQs se torna um super herói para combater uma gangue de estupradores. Vídeo.

Things (1989) de Andrew Jordan. Marido impotente deseja tanto o nascimento de um filho que precisa lidar com uma ninhada de criaturas que se materializam em sua casa. Vídeo.

Zombie Rampage (1989) de Todd Sheets. Um jovem que está indo encontrar seus amigos acaba cruzando com zumbis, serial killers e gangues homicidas neste clássico do SOV sangrento. Vídeo.

Fertilize the Blaspheming Bombshell! (1990) de Jeff Hathcock. Durante uma viagem, mulher é atormentada por adoradores do diabo. Vídeo.

Gorgasm (1990) de Hugh Gallagher. Garota mata os homens com quem transa. Hugh também foi editor da revista Draculina, dedicada ao cinema SOV americano. Vídeo.

Alien Beasts (1991) de Carl J. Sukenick. Alien caça humanos em assassinatos ultra gores feitos sem dinheiro, nem técnicas. É muito ruim, mas é impossível não vê-lo inteiro. Vídeo.

Nudist Colony of the Dead (1991) de Mark Pirro. Musical envolvendo zumbis numa colônia nudista. Super 8.

A Rede Maldita (1991) de Simião Martiniano. As peripécias de um grupo tentando enterrar uma pessoa. Vídeo.

Science Crazed (1991) de Ron Switzer. Cientista injeta droga experimental em uma mulher que morre ao dar a luz a um monstro já adulto. Vídeo.

O Vagabundo Faixa-Preta (1992) de Simião Martiniano. Kung Fu no sertão de Alagoas. Vídeo.

Criaturas Hediondas (1993) de Petter Baiestorf. Cientista marciano vem à Terra fazer os preparativos para a invasão re-animando alguns cadáveres terráqueos. Vídeo.

Goblin (1993) de Todd Sheets. As diabruras gores de um Goblin que chega até a perfurar os globos oculares das pobres vítimas. Vídeo.

Gorotica (1993) de Hugh Gallagher. Um ladrão morre após engolir uma jóia que havia roubado, então seu parceiro conhece uma necrófila. Vídeo.

Zombie Bloodbath (1993) de Todd Sheets. Um colapso numa usina nuclear transforma as pessoas em zumbis. Vídeo.

Acerto Final (1994) de Antonio Marcos Ferreira. Estrelado por Talício Sirino interpretando um herói em sua cruzada contra as drogas. Vídeo.

Gore Whore (1994) de Hugh Gallagher. Assistente de laboratório rouba uma fórmula que cai em mãos erradas. Vídeo.

Shatter Dead (1994) de Scooter McCrea. Drama muito bem encenado e filmado envolvendo uma mulher que quer chegar à casa de seu namorado num mundo pós-holocausto zumbi. Causou sensação quando foi lançado, mas a carreira de McCrea não decolou. Fez ainda Sixteen Tongues (1999) e foi ator em vários filmes de Kevin j. Lindenmuth. Vídeo.

Vampires and other Stereotypes (1994) de Kevin J. Lindenmuth. Dois “homens de preto” (que não estão usando preto) são encarregados de livrar o planeta dos seres sobrenaturais. Vídeo.

Addicted to Murder (1995) de Kevin J. Lindenmuth. Garoto que mantém amizade com uma vampira está disposto a alimentá-la. Vídeo.

Chuva de Lingüiça (1995) de Acir Kochmanski e Andoza Ferreira. Comédia rural ao estilo de Mazzaropi. Essa produção nacional é hilária e as piadas realmente funcionam. Um dos grandes clássicos do SOV brasileiro. Vídeo.

Creep (1995) de Tim Ritter. Psicopata escapa da prisão e vai pedir ajuda para sua irmã stripper. Vídeo.

Fronteiras sem Destino (1995) de Antonio Marcos Ferreira. Filme de ação eletrizante com Talício Sirino. Vídeo.

O Monstro Legume do Espaço (1995) de Petter Baiestorf. Alienígena constituído de tecido vegetal escapa de sua prisão e aniquila os humanos que cruzam seu caminho. Teve uma continuação em 2006, bastante inferior ao original. Vídeo.

Red Lips (1995) de Donal Farmer. Garota que doa sangue para conseguir dinheiro vira cobaia de um médico. Michelle Bauer e Ghetty Chasun estão no elenco. Vídeo.

Space Freaks from Planet Mutoid (1995) de Dionysius Zervos. Alienígenas convivem com terráqueos. Vídeo.

Blerghhh!!! (1996) de Petter Baiestorf. Grupo de terroristas não consegue se livrar de um zumbi. SOV com efeitos mecânicos e muito gore. Vídeo.

Feeders (1996) de Jon McBride, John Polonia e Mark Polonia. Aliens vem ao planeta Terra para um banquete de vísceras, atacando jovens do interior dos USA. Ótimos efeitos especiais, atores canastrões e aliens – feitos ao estilo de fantoches – que funcionam. Teve uma continuação em 1998. Vídeo.

Colony Mutation (1996) de Tom Berna. Casal vai para uma colônia de mutantes. Vídeo.

Eles Comem Sua Carne (They Eat Your Flesh, 1996) de Petter Baiestorf. Comunidade de canibais se alimenta de fiscais da prefeitura que teimam em ir cobrar o IPTU. Por anos foi o filme mais sangrento já produzido no Brasil. Vídeo.

The Bloody Ape (1997) de Keith J. Crocker. Baseado no conto “Assassinatos da Rua Morgue”, de Edgar Allan Poe. Super 8.

Fatman & Robada (1997) de Rogério Baldino. Pastiche sátira com Batman & Robin. No ano de seu lançamento foi o SOV brasileiro de melhor produção. Cult-movie. Vídeo.

The Necro Files (1997) de Matt Jaissle. Estuprador canibal volta do túmulo como um zumbi alucinado. Vídeo.

Shuín – O Grande Dragão Rosa (1997) de Cristiano Zambiasi. Gordinho lutador de kung fu entra num campeonato de artes marciais para descobrir quem está contrabandeando sorvete seco. Vídeo.

Gore Gore Gays (1998) de Petter Baiestorf. Casal de gays tenta deixar de ser gays e realiza brutais atos de violência e depravações sexuais. Vídeo.

Night of the Clown (1998) de Todd Jason Cook (sob pseudônimo de Vladimir Theobold). Milionário que quer vender sua empresa se torna alvo de um assassino. Vídeo.

Road SM (1998) de José Salles. Estranha relação sadomasoquista entre um grupo de pessoas. Vídeo.

They All Must Die! (1998) de Sean Weathers. Três bandidos torturam uma mulher. A capinha de seu lançamento vem com todos aqueles avisos do estilo “Proibido por 13 anos!”, “Cuidado!”, “Agora sem cortes!”, ou seja, pode assistir que é vagabundagem certa. Vídeo.

Dominium (1999) de Cleiner Micceno. Zumbis mongolóides atacam Sorocaba. Vídeo.

Zombio (1999) de Petter Baiestorf. Sacerdotiza Vudú reanima cadáveres. O primeiro filme de zumbis autenticamente nacional. Filmado em 1998, lançado em 1999. Vídeo.

Blood Red Planet (2000) de Jon McBride, Mark Polonia e John Polonia. Impagável sci-fi com maquetes muito bem elaboradas. A história é sobre um planetóide em direção ao planeta Terra. Vídeo.

Boni Coveiro: O Mensageiro das Trevas (2000) de Boni Coveiro. Ser satânico ataca escoteiros numa floresta. Vídeo.

Edmund Kemper – La Mort de Ma Vie (2001) de Laurent Tissier e Fred Quantin. O psicopata Kemper em sua jornada macabra. Petter Baiestorf faz participação especial em Edmund Kemper Part 4 – La Mort Vengeresse (2018, Laurent Tissier). Vídeo.

Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado (2001) de Felipe M. Guerra. Jovens que só estão a fim de festa se deparam com um atrapalhado psicopata. Vídeo.

Raiva (Rage-O-Rama, 2001) de Petter Baiestorf. Trio de ladrões rouba uma coleção das revistas Spektro e acaba numa vila de pessoas raivosas. Com cenas de carro explodindo. Vídeo.

Attack of the Cockface Killer (2002) de Jason Matherne. Serial killer com uma máscara de pinto mata de todas as maneiras possíveis as pessoas que encontra pelo caminho, incluindo com consolos improvisados de armas. Vídeo.

Rubão – O Canibal (2002) de Fernando Rick. As aventuras gore de uma família canibal. Vídeo.

Feto Morto (2003) de Fernando Rick. Por conta de uma relação incestuosa um rapaz tem um feto em sua cabeça. É o primeiro SOV nacional a ser lançado em DVD. Vídeo.

The Low Budget Time Machine (2003) de Kathe Duba-Barnett. Viajantes do tempo vão para o futuro e encontram mutantes. Vídeo.

Quadrantes (2004) de Cesar Souza. Um viajante dimensional experimenta os prazeres de vários quadrantes. Vídeo.

Eyes of the Chameleon (2005) de Ron Atkins. Serial killer ataca em Las Vegas. Vídeo.

The Stink of Flesh (2005) de Scott Phillips. Zumbis fedorentos tentando comer algumas pessoas. Boa produção. Vídeo.

Canibais & Solidão (2006) de Felipe M. Guerra. Jovens tentando perder a virgindade se metem em confusões envolvendo canibalismo. Ou não. A modelo Edna Costa está no elenco. Vídeo.

O Homem sem Lei (2006) de Seu Manoelzinho. Western capixaba remake da produção homônima de 2003. Vídeo.

Minha Esposa é um Zumbi (2006) de Joel Caetano. Ótima comédia sobre um funcionário dos laboratórios Z que transforma sua esposa em zumbi. Vídeo.

Sandman (2006) de A. Normale Jef. Uma aventura com o Mal. Vídeo.

Telecinesia (2006) de Danilo Morales. Garota que tem poder mental ajuda a policia na investigação de um desaparecimento. Vídeo.

Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!! (2007) de Petter Baiestorf. Ricaços se aproveitam de suas posições de poder para comprar pessoas e barbarizar em orgias sexuais. Ljana Carrion no elenco. Vídeo.

Mamilos em Chamas (2007) de Gurcius Gewdner. Uma história de amor encenada com fantoches feitas de coelhos mortos. Vídeo.

Rambú III – O Rapto do Jaraqui Dourado (2007) de Manoel Freitas, Júnior Castro e Adilamar Halley. Aldenir Coti, o Rambo brasileiro, é a estrela nessa produção de ação ambientada na Amazônia. Vídeo.

Satan’s Cannibal Holocaust (2007) de Jim Wayer. Jovem jornalista se envolve num culto canibal para satã. Vídeo.

Mangue Negro (2008) de Rodrigo Aragão. Zumbis atacam no mangue. Produção que se encontra no tênue limite entre SOV e filme profissional, tendo representado um ganho em qualidade ao cinema independente brasileiro. Os filmes seguintes de Aragão não são SOVs. Vídeo.

Synchronicity (2008) de Brian Hirschbine. Homem acorda coberto de sangue e não se lembra do que fez. Vídeo.

Vadias do Sexo Sangrento (2008) de Petter Baiestorf. Casal de lésbicas cruza os domínios de Esquisito, um psicopata que foi estuprado por 48 Padres quando criança. Ljana Carrion e Lane ABC no elenco. Vídeo.

Black Ice (2009) de Brian Hirschbine. Um conto de fantasia, sexo e assassinatos. Vídeo.

No Rastro da Gangue (2009) de José Sawlo. Mestre do Kung Fu baiano luta contra um bando de traficantes. Pancadarias ao estilo Jackie Chan. Vídeo.

Atomic Brain Invasion (2010) de Richard Griffin. Estranhas criaturas alienígenas atacam pequena cidadezinha do interior americano. Um exemplo perfeito de como os SOVs de hoje evoluíram e estão com uma qualidade fantástica. Griffin está construindo uma carreira de respeito, com ótimos filmes. Também é dele Splatter Disco (2007). Vídeo.

Birdemic: Shock and Terror (2010) de James Nguyen. Pássaros se rebelam contra a humanidade. A produção virou cult por ser tão ruim. Vídeo.

El Monstro del Mar! (2010) de Stuart Simpson. Três assassinas enfrentam um monstro marinho. Outro exemplo de SOV muito bem produzido. Vídeo.

Nasty Nancy (2010) de Sandi Mance. Numa escola onde os professores resolvem tudo com sexo, uma estudiosa aluna se vinga, violentamente, de uma nota baixa. Produção fantástica. Recomendo! Vídeo.

O Tormento de Mathias (2011) de Sandro Debiazzi. As confusões num hospício muito louco. Joel Caetano e Felipe M. Guerra estão no elenco. Vídeo.

Confinópolis (2012) de Raphael Araújo. Sci-fi com ótimo aproveitamento de cenários. Um ditador oprime o povo. Vídeo.

Rat Scratch Fever (2012) de Jeff Leroy. Ratos gigantes do espaço atacam Los Angeles. Com efeitos especiais fuleiros é diversão garantida. Vídeo.

Breeding Farm (2013) de Cody Knotts. Após uma noitada de festa quatro amigos acordam presos num porão, onde estranho homem tem uma fazenda humana. Vídeo.

Hi-8 (Horror Independent 8) (2013) de Ron Bonk, Donald Farmer, Marcus Koch, Tony Masiello, Tim Ritter, Chris Seaver, Todd Sheets e Brad Sykes. Longa em episódios que reúne alguns dos nomes de maior destaque na história das produções americanas de Shot on Video.

Sinister Visions (2013) de Henric Brandt, Doug Gehl, Andreas Rylander e Kim Sonderholm. Longa em episódios com trabalhos dos USA, Inglaterra, Suécia e Dinamarca. Vídeo.

Gore Short Films Anthology Part 2 (2015) de Jeff Grienier, Rob Ceus, Sam Bickle, Jim Roberts, Colin Case, Alexander Sharglaznov, Fuchi Fuchsberger, Petter Baiestorf e Esa Jussila. Coletânea de curtas com representantes do SOV mundial atual organizada por Yan Kaos para lançamento em DVD no Canadá. São curtas do Canadá, Bélgica, USA, Russia, Alemanha, Brasil e Finlândia. 2000 Anos Para Isso? (1996) é o curta representante do Brasil.

Zombio 2: Chimarrão Zombies (2013) de Petter Baiestorf. Em um holocausto zumbi os humanos são o maior problema de todos. Miyuki Tachibana e Raíssa Vitral no elenco. Vídeo.

13 Histórias Estranhas (2015) de Fernando Mantelli, Ricardo Ghiorzi, Claudia Borba, Petter Baiestorf, Marcio Toson, Cesar Souza, Taísa Ennes Marques, Rafael Duarte, Gustavo Fogaça, Renato Souza, Léo Dias, Paulo Biscaia Filho, Felipe M. Guerra, Filipe Ferreira e Cristian Verardi. Longa em episódios que reúne alguns dos principais nomes do SOV brasileiro. Vídeo.

Pazúcus – A Ilha do Desarrego (2017) de Gurcius Gewdner. Casal de lunáticos enfrenta a mãe natureza com seus cocôs mafiosos. Vídeo.

Termitator (2017) de Roxane De Koninck, Camille Monette e Keenan Poloncsak. Um mutante extermina jovens que vão passar alguns dias em cabana na floresta. Vídeo.

Astaroth (2017) de Larissa Anzoategui. A demônia Astaroth se envolve com tatuadores e rockistas para cooptar almas humanas. Vídeo.

O Mito do Silva (2018) de Fabiano Soares. Ótima produção política lançada às vésperas da eleição presidencial de 2018. Aqui Soares alerta para o crescimento do fascismo no Brasil. Vídeo.

Contos da Morte 2 (2018) de Vinicius Santos, Ana Rosenrot, Cíntia Dutra, Danilo Morales, Diego Camelo, Janderson Rodrigues, Larissa Anzoategui e Lula Magalhães. Antologia com vários episódios de horror, reunindo alguns dos principais diretores do novo SOV brasileiro. Vídeo.

Escrito por Petter Baiestorf.

2592 Posters de Horror & Sci-Fi para Download

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Alguns meses atrás o poster da primeira sessão de cinema da história foi leiloado em Londres por 40 mil libras (mais ou menos 200 mil reais). Este primeiro poster (reprodução abaixo) foi desenhado por Henri Brispot para uma exibição especial dos primeiros curtas dos irmãos Lumière, em dezembro de 1895.

Originalmente criados para uso exclusivo dos cinemas, não demorou muito para que os posters logo virassem item de colecionadores, principalmente artes criadas para filmes exploitations, sempre com cartazes muito mais criativos do que os próprios filmes, e, também, as artes produzidas para a divulgação de produções de horror e ficção científica. Inclusive, o preço record já pago por um único cartaz pertence à sci-fi Metropolis (1926), de Fritz Lang, negociado por 690 mil dólares.

Inicialmente os posters eram feitos no tamanho dos cartazes usados para a divulgação dos shows de Vaudeville. Quem definiu o tamanho padrão foi Thomas Edison, com as medidas de 27″x41″, em folha única fixada nas fachadas e paredes dos cinemas.

Para comemorar os posters de cinema, upei um arquivo com 2.592 cartazes de cinema nos gêneros horror e Sci-Fi, a maioria com artes belíssimas e dignas de serem festejadas como pequenas obras-primas da criatividade humana.

Para fazer o download, clique em BAIXAR POSTERS.

Abaixo alguns posters que integram o arquivo disponibilizado para download:

 

 

Arrepios Sangrentos do Cinema (1960-1980)

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 8, 2018 by canibuk

O cinema sempre foi terreno fértil para a exploração do corpo. Se nas décadas de 1950 e 1960 o cinema era mais sugestivo do que apelativo (mas com a sci-fi e seus monstros e aliens deformados já apontando os rumos que a nova audiência exigia), foi na ressaca da contracultura, nos anos de 1970, que o cinema foi tratando de ficar mais explícito e cínico, culminando numa explosão de corpos monstruosos/pegajosos nas telas do cinema da década de 1980, onde a crítica social-niilista-pessimista da década anterior cedeu lugar à auto paródia do terrir.

Podemos afirmar que a auto paródia que o cinema dos anos de 1980 viveu, principalmente o americano, tem suas raízes nos filmes da dupla H. G. Lewis e David F. Friedman, principalmente na trinca de goremovies “Banquete de Sangue” (Blood Feast, 1963), “2000 Maníacos” (2000 Maniacs, 1964) e “Color Me Blood Red” (1965), que aproveitaram para extrapolar, para deleite do jovem público de drive-ins, o bom gosto estético, aproveitando até mesmo idéias de mortes exageradas dadas por seus filhos pré-adolescentes. O corpo humano deixava de ser um templo sagrado e, agora, estava disponível para todo o tipo de mutilações que os técnicos de efeitos especiais conseguissem elaborar. E mais, agora o tabu do canibalismo também caia por terra e o corpo humano servia de alimento às sádicas personagens.

No final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, a cinematografia gore ainda foi discreta, com obras como “First Man Into Space (1959), de Robert Day, sobre um astronauta que começa a derreter e que foi a inspiração para a produção do clássico “O Incrível Homem Que Derreteu” (The Incredible Melting Man, 1977, de William Sachs. “Inferno” (Jigoku, 1960), de Nobuo Kakagawa, tomou como inspiração o inferno concebido por Dante e ousou mostrar, em cores, os horrores explícitos de um purgatório onde os pecadores sofriam todo tipo de violência na carne. “Six She’s and A He” (1963), de Richard S. Flink, contava a história de um astronauta feito de prisioneiro por uma tribo de lindas mulheres que costumavam realizar incríveis banquetes com os membros decepados de seus algozes. “Six She’s and A He” é uma espécie de irmão bastardo dos filmes da dupla Lewis-Friedman, já que seu roteirista é o ator William Kerwin, que atuou em “Blood Feast” e “2000 Maniacs” usando o pseudônimo de Thomas Wood. “Está Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1967), de José Mojica Marins, à exemplo de “Jigoku”, também mostrava em cores os horrores do inferno com muitos membros decepados, sofrimentos diversos e inventivos demônios feito com parte dos corpos de seus alunos de curso de cinema.

No ano seguinte o horror ficou ainda mais explícito com duas obras seminais: Mojica realizou um banquete canibal em seu longa de episódios “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968), no episódio “Ideologia”, e o Cult “A Noite dos Mortos-Vivos” (The Night of the Living Dead, 1968), de George A. Romero, que trazia o canibalismo explícito para as telas com a virulenta modernização dos zumbis, desta vez se deliciando com tripas e toda variedade de carne humana, de crua à carbonizada, dando apontamentos do caminho que o cinema de horror viria a tomar nos anos seguintes.

Jigoku (1960)

Charles Manson e a Família haviam acordado a América de seu “American Way of Life” e os horrores do Vietnã eram televisionados nos jornais do café da manhã, toda uma geração insatisfeita queria voz. Na década de 1970 o cinema de horror ficou mais insano, pessimista e violento para com as instituições oficiais. Jovens cineastas perceberam, ensinados por H.G. Lewis e George A. Romero, que o cinema independente era o caminho natural para adentrar no mundo das produções cinematográficas, e o melhor, o horror niilista tinha público fiel ávido por “quanto pior melhor”.

Tom Savini em Dawn of the Dead (1978)

Inspirados por Charles Manson e “A Noite dos Mortos-Vivos”, no Canadá, a dupla Bob Clark e Alan Ormsby profanaram os defuntos com seu clássico “Children Shouldn’t Play With Dead Things” (1972), podreira sobre um grupo de degenerados comandados por uma espécie de guru fake a la Manson que desenterram alguns corpos num cemitério isolado e realizam um verdadeiro show de barbaridades e imaturidade. Aliás, Ormsby deve ser atraído por personalidades problemáticas, já que na seqüencia realizou o clássico “Confissões de um Necrófilo” (Deranged, 1974), co-dirigido por Jeff Gillen, inspirado na figura do psicopata Ed Gein e que, na minha opinião, é a melhor abordagem cinematográfica já feita sobre Gein, que inspirou, entre outros, também os clássicos “Psicose” (Psycho, 1960), de Alfred Hitchcock, e “O Massacre da Serra-Elétrica” (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), a obra-prima de Tobe Hooper, realizado no mesmo ano de “Deranged” e que contava com efeitos do ex-fotografo de guerra Tom Savini, que se inspirava nos horrores reais que presenciou para criar as maquiagens mais podreiras possíveis. Os corpos dos mortos agora não eram mais sagrados, podiam alimentar psicopatas dementes ou, até, se tornarem grotescas obras de arte ou peça de happenings.

O público clamava por histórias mais adultas, além da violência explícita, o sexo também gerava curiosidade. Andy Warhol e Paul Morrissey foram para a Europa filmar, com ajuda do italiano Antonio Margherity, “Carne para Frankenstein” (Flesh for Frankenstein, 1974), uma releitura sexual-splatter de Frankenstein de Mary Shelley, com litros de sangue, referências à necrofília e abordagem erótica da história do cientista que brincava de Deus, dando especial atenção ao detalhes sórdidos e eróticos. No Canadá David Cronenberg previa as epidemias de doenças sexualmente transmissíveis ao realizar “Calafrios” (Shivers, 1975), com roteiro sério que discutia o sexo, sem deixar de incluir taras, fetiches e doenças como a pedofília em roteiro genial (o final do filme continua poderoso).

De volta à América, o cineasta underground Joel M. Reed lançou em 1976 o perturbador e doentio “Bloodsucking Freaks” (The Incredible Torture Show), com a personagem de Sardu, ajudado por um anão tarado, que raptava jovens mulheres que se tornavam deliciosas iguarias para seus banquetes explícitos onde até mesmo sanduíches de pênis era devorados. Ainda em 1976, os exageros do cinema gore se encontraram com a falta de limites do mundo da pornografia e o jovem Michael Hugo cometeu o, ainda hoje, obscuro “Hardgore”, uma carnificina envolvendo sexo explícito com todo o tipo de perversões na história de uma inocente mocinha internada numa instituição mental. “Hardgore” parecia preparar terreno para “Cannibal Holocaust” (1980), do italiano Ruggero Deodato, produção que extrapolou qualquer limite do bom gosto ao assassinar, em frente às câmeras, todo tipo de animais, incluindo a famosa cena da tartaruga, filmada com verdadeiros requintes de crueldade.

Mas um pequeno curta independente, filmado em super 8 por um grupo de amigos, anunciava que o cinema de horror voltaria a ficar mais artístico (sem assassinatos reais ou pornografia): “Within the Woods” (1978), de Sam Raimi, produzido com os amigos Robert Tapert e Bruce Campbell, era um ensaio para a produção do Cult “A Morte do Demônio” (Evil Dead, 1981), que influenciaria meio mundo nos anos de 1980 e 1990 com sua ensandecida história envolvendo jovens possessados por demônios numa cabana isolada. O cinema de horror começava a sair dos cinemas pulgueiros para tomar de assalto toda uma nova geração que descobriria os filmes malditos com o videocassete.

De certo modo “Evil Dead” preparava o público para a exploração do corpo que o cinema da década de 1980 realizou. Nunca na história da indústria cinematográfica tivemos outra época tão rica na exploração de anomalias, doenças, mutações e toda uma rica gama de deformações genéticas. Era a época da disco, da cocaína acessível e barata, do “viva rápido, morra jovem”, então… Pro inferno com a seriedade, o negócio agora era a auto paródia e o cinema de horror, principalmente o americano, soube não se levar em sério e por toda a década de 1980 cineastas como Lloyd Kaufman, Stuart Gordon, Dan O’Bannon, Fred Deker, Roger Corman, Fred Olen Ray, Jim Wynorski, entre outros, conseguiram passar através de seus filmes o clima de curtição que os anos de 1980 possuíam.

por Petter Baiestorf

Veja os trailers aqui:

Outros Posters:

The Incredible Melting Man

Primeiros Trabalhos

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A internet me permitiu ter uma experiência única: consegui encontrar inúmeros trabalhos iniciantes de diretores que viraram grandes lendas do cinema mundial e realizei uma maratona com o intuito de estudar estes filmes. São filmes feitos quando eram crianças, ou filmes de faculdade, ou, em alguns casos, seus primeiros trabalhos profissionais (ou filmes nunca comentados nem por seus mais entusiasmados fãs, caso de alguns que selecionei aqui do David Cronenberg e o último filme de Russ Meyer, por exemplo). Não estou postando crítica sobre estes trabalhos, são apenas observações que quero compartilhar com os leitores do blog (e já pedir desculpas por ter abandonado o blog por tanto tempo, mas realmente não estou encontrando tempo livre para me dedicar do jeito que deve ser). Também posto aqui alguns links com os filmes para um conferida e ao final da lista, também, meu curta inicial, Detritos (realizei em vídeo em 1995).

00- Secret Weapons

Secret Weapons (1972/21’/Canada) de David Cronenberg. É um episódio da série de TV Programme X onde ficamos sabendo que em 1977 a América está vivendo uma Guerra Civil e um cientista cria uma droga que aumenta as habilidades de lutar dos soldados (e com isso a vontade de matar). Mas não espere cenas de luta, é um filme de bastidores da guerra, remetendo a resistência na Segunda Guerra Mundial (gangues de motociclistas são os rebeldes nessa guerra civil). Com uma linda abertura, este curta já dava apontamentos de que rumo a carreira de Cronenberg iria seguir. Os cenários são bem bacanas, remetendo à escombros, fábricas velhas com decorações feitas de fios elétricos e adereços indústrias. Recomendo.

 

1- Boy and Bicycle

Boy and Bicycle (1965/26’/Inglaterra) de Ridley Scott. Com: Tony Scott. Filme bem agradável. Todo feito com câmera na mão e usando os recursos disponíveis para não se gastar dinheiro (que possivelmente estava reservado pra rolos de filmes virgens, revelação e outros detalhes técnicos), assim a estrela do curta é Tony, irmão de Ridley Scott (e que depois se tornou cineasta de sucessos comerciais também), e os cenários são a cidade onde moram, seus prédios, suas praias, etc. É um filme pobre, mas visualmente bonito, já revelando um cineasta mais preocupado com o impacto das imagens do que com uma boa história.

2- Xenogenesis

Xenogenesis (1978/12’/USA) de James Cameron. Sci-fi de baixo orçamento já tentando ser uma produção grandiosa, com muitos efeitos, robôs gigantescos, máquinas (tem uma que remete as máquinas usadas no Aliens – O Resgate) e produção que não fica devendo em nada  para os filmes do Roger Corman da época. A história é bem simplória, até porque fiquei com a impressão de que era um curta só pra mostrar os efeitos especiais. Recomendo.

3- From the Drain

From the Drain (1967/13’/Canada) de David Cronenberg. Um Cronenberg embrionário, aparentemente feito sem dinheiro algum (é um dos curtas que ele realizou na faculdade). Bem amador, com atores bem limitados conversando dentro de uma banheira. É pra ser sério, mas fica parecendo uma sketch sem graça do Monty Python.

4- The Big Shave

The Big Shave (1967/5’/USA) de Martin Scorsese. Depois do filme de banheiro de Cronenberg, vamos para o filme de banheiro do Scorsese (até acho que dava pra lançar um DVD só com curtas filmado dentro de banheiros). Mas aqui a trilha sonora já dá o tom do humor ítalo americano, o que lhe confere um sabor de pastiche a la George Kuchar. Scorsese realizou um curta gore sobre o ato de se barbear. The Big Shave tem um senso de humor bizarro, culminando (literalmente) num banho de sangue. Recomendo.

5- The Heisters

The Heisters (1964/10’/USA) de Tobe Hooper. “Este cinema anuncia que a próxima atração é ridícula”, é assim que inicia este curtinha fantástico. Tobe Hooper sempre teve um senso de humor ótimo. Visualmente apurado, edição dinâmica e ritmo frenético, The Heisters é muito, mas muito idiota. 10 anos antes de filmar The Texas Chainsaw Massacre, seu grande clássico, Hooper já se revelava um cineasta com grande domínio narrativo. The Heisters é macabro, e para nossa sorte, adoravelmente idiota, uma espécie de cruza entre a Família Addams e os desenhos animados do Chuck Jones. Foi uma pena que Tobe Hooper não tenha feito mais comédias. O curta é editado, escrito, produzido e dirigido por Hooper. Recomendo.

6- Firelight

Firelight (1964/4’/USA) de Steven Spielberg. São os 03’:48” que “sobreviveram” deste curta juvenil de Spielberg que já trazia muitos efeitos especiais. Feito quando Spielberg tinha entre 15 e 16 anos, Firelight pode ser considerado o embrião de Contatos Imediatos do Terceiro Grau. É bem amador, feito em super 8 com ajuda dos amigos, mas vale pela curiosidade (e por já trazer todos os elementos que, depois, Spielberg amadureceu de modo espetacular).

7- Electronic Labyrinth thx 1138 4eb

Electronic Labyrinth THX 1138 4EB (1967/15’/USA) de George Lucas. Com este curta Lucas estava treinando para seu grande clássico (na minha opinião) THX 1138. No curta Lucas ainda não contava com um visual tão apurado quanto o longa teve, mas demonstrava ser um cineasta bastante maduro e com ambições. O curta todo é a perseguição ao cidadão 1138 (interpretado por Dan Natchsheim, também editor do curta). Recomendo.

8- The Sun Was Setting

The Sun Was Setting (1951/13’/USA) de Edward D. Wood Jr. Essa incursão de Wood ao fabuloso mundo dos curtas-metragens é um drama sério e com tudo bem correto, de interpretações a cenários (não amigos, aqui eles não balançam), por isso nunca foi celebrado pelos fãs de trasheiras. Aliás, este curta tem co-direção de um tal de Ben Brody, então sabe-se lá o quanto este cara não tenha interferido para que o curta ficasse correto e dentro dos padrões do cinema profissional da década de 1950.

9- Dorothy the Kansas City Pothead

Dorothy – The Kansas City Pothead (1968/1’/USA) de John Waters. São os 01’:15” que “sobreviveram” deste curta juvenil de Waters. Pat Moran (habitué nos filmes do Waters, é produtora dos filmes mais profissionais do Waters, como Hairspray, Cry-Baby e outros) faz o papel de Dorothy e George Figgs (figurante em vários filmes de Waters) faz o papel do Espantalho. É um curta bem amador (até para os moldes do John Waters) e não tem nenhuma bizarrice neste pouco mais de um minuto que restou do curta. Odeio quando um trabalho, por mais medíocre que seja, se perde.

10- Murder1

Murder! (1967/4’/USA) de Don Dohler. Não dá pra procurar por material inédito do cineasta número 1 de Baltimore e deixar de lado o cineasta número 2. Baltimore precisa ser estudada, deve ter algo na água de lá. Então já tratei de achar, também, curtas do Don Dohler que é um gênio das produções de sci-fi de baixo orçamento e neste curta (onde ele também dá as caras de ator) temos ele em grande forma. O roteiro é um primor do estilo EC Comics, Don coloca veneno no copo d’água de sua esposa Pam e quando vai tomar banho é assassinado a facadas por ela que, após a matança, bebe água envenenada. Dohler é ótimo! Recomendo.

11- Woton's Wake

Woton’s Wake (1962/27’/USA) de Brian de Palma. É uma produção crua e deficiente que acompanha um louco assassinando algumas pessoas. O curta tem um clima de farsa, ótimos momentos de humor nonsense típicos da década de 1960 e é o embrião do Fantasma do Paraíso que De Palma desenvolveu anos mais tarde (William Finley, que faz o Fantasma, é o Woton, personagem principal deste curta). Também tem um clima de cinema expressionista, o que não o impede de ter cenas de “torta na cara”, a exemplo do The Heisters do Hooper (na década de 1960 torta na cara ainda arrancava gargalhadas da audiência). E para finalizar, Woton’s Wake ainda tem uma deitação com O Sétimo Selo do Bergman e outra zoeira com o King Kong (os aviõezinhos de papel são muito retardados). É bem amador, mas cheio daquela energia maravilhosa que os jovens cineastas possuem.  Recomendo.

http://fr.fulltv.tv/woton-s-wake.html

12- The Girl Who Returned

The Girl Who Returned (1969/62’/USA) de Lloyd Kaufman. Um Kaufman com uma narração que lembra os filmes do John Waters, mas que no decorrer da projeção vai ficando estranho, até meio sério e artístico demais (levando-se em conta todas as grosserias que Lloyd fez depois). Gostei muito da maneira que Lloyd editou o som do filme, que lhe conferiu um tom de deboche. Não é trash, não é cinema de arte, não é experimental, Lloyd ainda não fazia idéia de que tipo de cineasta era, por isso The Girl Who Returned tem um pouquinho de cada um destes estilos, o que lhe confere um ar de peça única. O filme possuí ótimos momentos de monguices, mas aviso:  não é um filme para os fãs do Lloyd Kaufman da Troma, principalmente após Stuck on You! e The Toxic Avenger, onde ele descobriu a fórmula do sucesso. É ruim, mas é bom!

13- The Diane Linkletter Story

The Diane Linkletter Story (1969/10’/USA) de John Waters. Revisão. É um curta bem tosco e sem cuidados técnicos (como são todos os filmes da fase inicial de Waters – seu primeiro filme mais profissional foi o Desperate Living), mas extremamente divertido. Richard Kern copiou a idéia, anos depois, no seu curta You Killed me First (1985). Este curta do Waters também tenho em VHS, anos atrás saiu numa edição canadense, e a cópia VHS está melhor do que este arquivo que baixei agora. No elenco de The Diane Linkletter Story, além de Divine, está todo o resto da gang de delinqüentes do Waters, como David Lochary e Mary Vivian Pearce. Uma pena que este seja o único curta completo de Waters, os outros estão perdidos.Este curta foi realizado após o longa Mondo Trasho. Recomendo.

14- The Power

The Power (1968/7’/USA) de Don Dohler. Super 8. Dohler fez seu Scanners adolescente alguns anos do Cronenberg. Tá, tudo bem, não tem nada haver um com o outro. Aqui, após descobrir seus poderes mentais, um adolescente fica aprontando os diabos, até que materializa o próprio (a caracterização do diabo de Dohler é muito teatrinho escolar) e, como não consegue mais desfazer a confusão, danou-se.

Sponsor Card – Television Commercial (1953/4’/USA) de Edward D. Wood Jr. Ed Wood era pau pra toda obra. Aqui uma série de comerciais que realizou para o Sponsor Card. Um destes comerciais, “Magic Man”, é bem divertido, revelando os talentos de Wood para a comédia. Achei estes comerciais enquanto procurava pelo curta Boots (1953), um dos poucos de Wood que ainda não consegui ver. No início da carreira Ed Wood era bem eficiente, mas logo em seguida algo deu errado (ou, pra nossa sorte, “certo”) e todas suas produções passaram a ser muito vagabundas.

https://archive.org/details/edwoodtvads

16- Six Men Getting Sick

Six Men Getting Sick (1966/4’/Canada) de David Lynch. Revisão. É uma boa animação experimental de Lynch, com toques escatológicos. Prefiro a fase antiga de Lynch, quando ele era um cineasta mais estranho e interessante. Depois do O Homem Elefante perdi o interesse pela obra dele.

17- Amblin

Amblin (1968/25’/USA) de Steven Spielberg. Este curta é a primeira experiência profissional de Spielberg, já mais amadurecido, revelando uma narrativa cheia de elementos reutilizados depois em Encurralado. É legal ver um Spielberg com erro descarado de continuidade (num momento a mocinha está de chapéu, no take seguinte aparece sem chapéu, para logo em seguida estar novamente de chapéu), grandes diretores da indústria cinematográfica já foram humanos. Em sintonia com a década de 1960, a trilha sonora é uma delícia (não, não é do John Williams) e Spielberg até mostra os jovens protagonistas fumando maconha, nada mal pro cineasta família. Amblin tem uma história bem positiva, carregada de um senso de humor bem leve e simpático. É um romance bem bobinho e inocente que cativa, vale a pena conhecer.

18- Herakles

Herakles (1962/9’/Alemanha) de Werner Herzog. Neste curta temos o Herzog em estado bruto se exercitando num mundo em ruínas (que está se decompondo) enquanto homens cultuam seus físicos, suas aparências. Essas cenas de culto ao corpo são editadas alternadamente com cenas de acidentes reais e Herzog, que sempre teve a mão meio pesada, não tem o pudor de cortar a exposição das vítimas (até porque, creio, quisesse chocar ou chamar atenção da audiência para seu curta). É um curta bem interessante.

19- Antonijevo Razbijeno Ogledalo

Antonijevo Razbijeno Ogledalo (1957/11’/Iugoslávia) de Dusan Makavejev. 16mm, sem som. Ainda discreto na escatologia, Makavejev realizou um curta onde a realidade e fantasia se misturam, para contar a história do romance do maluco da cidade e uma manequim exposta numa vitrine. Não é maravilhoso, mas é o início da obra do cineasta que relegou ao mundo clássicos como Sweet Movie e o genial Montenegro.

20- Geometria

Geometria (1987/9’/México) de Guillermo Del Toro. Moleque que não quer reprovar em geometria invoca um demônio e faz dois pedidos: que seu pai volte dos mortos e para passar nas provas de geometria do colégio. Não é amador, mas também ainda não revela o amadurecimento que Del Toro esbanjava no Cronos, seu longa de estreia. Tem demônio, tem zumbi, tem humor cretino (o final do curta é muito bom, com o demônio dando uma importante lição de geometria no garoto), ou seja, vale uma conferida ainda hoje.

21- Attack of the Helping Hand

Attack of the Helping Hand! (1979/5’/USA) de Scott Spiegel. Com: Sam Raimi (no papel do leiteiro). Fotografia de Bruce Campbell e Sam Raimi. Uma “mão amiga” sorridente e feliz ataca uma mulher nesta produção em super 8 da turma do Raimi-Campbell. Imagino que foi deste curta que Raimi tirou toda a ideia para a mão decepada de Evil Dead 2, já está toda a situação presente (de maneira bem amadora) neste curta. Aliás, Raimi está muito bem na ponta como o leiteiro imbecil e tem uma morte dignamente canastrona.

22- Bedhead

Bedhead (1991/9’/México) de Robert Rodrigues. Estrelado pela família Rodrigues: Rebecca Rodrigues, David Rodrigues (também co-autor do roteiro), Mari Carmen Rodrigues e Elizabeth Rodrigues. A animação que dá origem aos créditos iniciais é ótima, revelando toda a energia que Rodrigues sempre demonstra ao realizar um filme. De ritmo frenético (várias ideias ele viria a reaproveitar logo em seguida no El Mariachi), este curta amador estrelado por crianças é um exercício de montagem e estilo.

23- Die Ungenierten Kommen

Die Ungenierten Kommen – What Happened to Magdalena June? (1983/13’/Alemanha) de Cristoph Schlingensief. É uma produção feita no tempo em que estava na faculdade, mas que já revela um Schlingensief tentando ser histérico, buscando um jeito de despejar inúmeras informações a cada frame projetado. Ainda não estava conseguindo aquele ritmo perfeito que conseguiu em filmes posteriores (como no clássico United Trash de 1995), mas o experimentador, o inventor, o abusado Schlingensief já está aqui sem medo de experimentar. É errando que se acerta. Em tempo: conta a história de uma garota que pode voar.

24- Ubiytsy

Ubiytsy (1956/21’/Russia) de Andrei Tarkovsky. The Killers é o primeiro filme de Tarkovsky, foi feito quando estava na faculdade e, por conta da faculdade não ter equipamento para todos os alunos, teve co-direção de Alexander Gordon e Marika Beiku. Recomendo que você pesquise aí a história do filme que é bacana. O que posso dizer? Tarkovsky já nasceu maduro e este seu primeiro trabalho já tem um domínio de linguagem que só evoluiu com o passar dos anos. Recomendo.

25- Love Letter to Edie

Love Letter to Edie (1975/4’/USA) de Robert Maier. Com: Edith Massey.  Edie é uma mulher adorável e este é um curta-documentário sobre ela. Aqui ela se apresenta como atriz dos filmes de John Waters, seguido de um número de dança numa casa noturna e, em cenas simuladas, sofre com o preconceito de peruas frescas. Edith Massey foi uma mulher extremamente interessante, além dos filmes de Waters, também foi vocalista da banda punk Edie and the Eggs. Só consegui, por enquanto, essa versão de 4 minutos (o curta tem uma duração maior). Recomendo.

26- Nicky's Film

Nicky’s Film (1971/6’/USA) de Abel Ferrara. Primeiro curta de Ferrara, bem amador, mas que serviu pra ele conseguir dirigir seu primeiro longa, o pornô 9 Lives of a Wet Pussy, do qual gosto bastante. Este arquivo que encontrei para assistir está sem o som, o que prejudica bastante o prazer de ver este filme.

27- Parada

Parada (1962/10’/Iugoslávia) de Dusan Makavejev. Neste curta Makavejev mostra os preparativos pro desfile de primeiro de maio. É quase um documentário daquele dia. Vi porque vejo tudo.

28- Crossroad Avenger

Crossroad Avenger: The Adventures of the Tucson Kid (1953/24’/USA) de Edward D. Wood Jr. Aqui as coisas começaram a dar errado para Ed Wood. Tucson Kid é um western que parece ter sido filmado numa região rural dos Estados Unidos dos anos de 1950. Esperem! Tucson Kid é realmente um western bagunçado filmado na década de 1950, onde nada parece funcionar direito. Exemplo: As construções nos cenários remetem diretamente há um tempo após o western americano ter acontecido. Obrigatório (mas não esperem tantas asneiras quanto no Plan 9, lógico).

https://archive.org/details/crossroadsavengeredwood

29- My Best Fried's Birthday

My Best Fried’s Birthday (1987/36’/USA) de Quentin Tarantino. Este trabalho inicial, amador, de Tarantino já traz seus diálogos metidos a “cool”, mas o bando de atores ruins destrói com todas as possibilidades de se funcionar (quem se sai melhor é o próprio Tarantino, que também está no elenco). A fotografia, a edição, locações, cenários e figurinos não funcionam, o próprio roteiro é bem ruinzinho. Não é uma produção inventiva, mas também não é de todo desprezível (ainda mais porque lá pela metade em diante tudo fica mais dinâmico e funciona bem melhor). Curioso.

30- rozbijemy zabawe

Rozbijemy Zabawe (1957/7’/Polônia) de Roman Polanski. Uma festa de arromba é invadida por penetras e tudo termina numa grande briga. Polanski já tinha um grande domínio técnico em seus curtas iniciais (pelo menos gostei de todos que já vi). Recomendo.

31- Spatiodynamisme

Spatiodynamisme (1958/6’/Itália) de Tinto Brass. Antes de se tornar uma lenda mundial do cinema erótico, Tinto Brass pertencia ao movimento contra cultural italiano. Spatiodynamisme pertence, ainda, a outra fase que Brass teve em sua carreira, é experimental radical, quase numa linha Stan Brakhage. Aqui ele experimenta com formas e espaços. Não rola explicar aqui, assista pra compreender. Recomendo.

32- Spectator

Spectator (1970/10’/Holanda) de Frans Zwartjes. Não conheço nada do cinema de Zwartjes e vou começar a colocar em dia essa deficiência. Este curta é uma experimentação sobre voyeurismo e o desejo carnal. Achei curioso.

33- The Lift

The Lift (1972/7’/USA) de Robert Zemeckis. É o primeiro curta de estudante de Zemeckis que sempre foi um diretor com grande apuro técnico. A história tem uma pegada de humor negro bem bacana. Simples e eficiente.

34- Story Time

Story Time (1968/8’/Inglaterra) de Terry Gilliam. As animações de Gilliam sempre são fantásticas e aqui ele conta a história de uma barata, ou seja, pode assistir que não tem erro. Mas claro que a história pode não ser essa. Ou não. E agora, para algo completamente diferente!

35- Thanatopsis

Thanatopsis (1962/5’/USA) de Ed Emshwiller. Ed é um experimentador em busca de novas sensações para o espectador. Gostei bastante de Thanatopsis. Assista porque não há o que descrever, tua sensação não será minha sensação.

36- O Colírio de Corman

O Colírio do Corman (2017/19’/Brasil) de Ivan Cardoso. Poesia concreta estrelada por Roger Corman, Glauber Rocha, José Mojica Marins, Hélio Oiticica e Ivan Cardoso numa animação feita com riscos de estiletes diretamente na película. Ivan Cardoso é genial e este projeto é fantástico. Não sei que duração este filme terá ao final, essa parte que vi é a inicial do filme que, também, não sei quando ficará pronto e, se, será lançado. Brasil é pequeno demais pra arte do Ivan Cardoso. Recomendo.

37- Torro Torro Torro

Torro, Torro, Torro! (1981/7’/USA) de Josh Becker e Scott Spiegel. É uma comédia bem inventiva com piadas inocentes, bem naquele clima positivo dos vídeos caseiro de Raimi-Spiegel, embora este não seja mais uma produção amadora. Com edição ágil, Torro conta a história de um cortador de grama que apronta as mais altas confusões numa vizinhança do barulho. Tem torta na cara, como não? A produção é de Bruce Campbell. E no elenco dá as caras Scott Spiegel, Bruce Campbell, Ted Raimi, Robert Tapert (produtor do Evil Dead), Josh Becker e Pam Becker. Recomendo.

38- Cigarettes and Coffee

Cigarettes and Coffee (1993/23’?USA) de Paul Thomas Anderson. Dramalhão indie típico da década de 1990, com a parte técnica bem feita, mas aquela chatice de bestas intermináveis. Bem chatinho.

39- Flying Padre

Flying Padre (1951/8’/USA) de Stanley Kubrick. Revisão. Ainda não perfeito, mas profissional, Kubrick fez este dinâmico pequeno documentário sobre as aventuras de um padre voador. Com a narração típica da época o filme acabou ganhando um tom de deboche (não sei se foi proposital, acredito que é coisa da minha cabeça pervertida).

40- Foutaises

Foutaises (1989/7’/França) de Jean Pierre Jeunet. Já com produção profissional, este Foutaises tem vários elementos que, depois, Jeunet reutilizou em longas como Delicatessen e Amélie Poulain. Este curta tem uma decupagem fantástica, texto ótimo e edição bem feita. E Dominique Pinon está no elenco. Recomendo.

41- Phantasus Muss Anders Werden

Phantasus Muss Anders Werden (1983/9’/Alemanha) de Christoph Schlingensief. Como o “alemão da ópera” era hiperativo, este é outro de seus filmes da época de estudante. Inclusive neste filme ele aparece gritando, vestido com uma ridícula camiseta amarela, com um buque de flores nas mãos. Não consegui entender muito bem porque o filme é falado em alemão e consegui legendas em inglês (ou espanhol) para ele. Schlingensief virou um cineasta genial na década de 1990.

42- Piesn Triumfujacej Milosci

Piesn Triumfujaces Milosci (1969/26’/Polônia) de Andrzej Zulawski. Assim como Tarkovsky, Zulawski é outro cineasta que parece já ter nascido pronto. Eu não gostei deste curta, uma produção para a TV infelizmente com linguagem clássica quadradinha (eu esperava algo mais viril e estranho e maluco). Mas assista porque quem curta o formato linear no cinema, e estiver acostumado com novelas, pode gostar.

43- The Sound of Bells

The Sound of Bells (1952/25’/USA) de Robert Altman. Um filme natalino do Altman ainda sem aquela pegada de humor ácido que deixa seus filmes únicos. Chatinho e longo demais.

44- Valley

Valley (1985/4’/Italia) de Michele Soavi. É um vídeo clip para a música de Bill Wyman presente na trilha sonora de Phenomena de Dario Argento. Soavi misturou imagens de Phenomena, e do making off de Phenomena, com imagens que gravou para o vídeo clip, conseguindo um ótimo resultado graças a edição espirituosa.

45- Within the Woods

Within the Wood (1978/31’/USA) de Sam Raimi. Com: Bruce Campbell e Ellen Sandweiss. Revisão. Este curta é genial (em minha opinião, inclusive, deveria estar sempre como material extra nos lançamentos do primeiro Evil Dead). Foi filmado em super 8 e este curta deu alguma visibilidade para a turma do Raimi-Campbell-Tapert junto à investidores e distribuidores de cinema. Evil Dead é o clássico que é por dois motivos, principalmente: 1) este Within the Woods funcionou como um laboratório para eles experimentarem o que funcionava ou não; 2) A edição (de Edna Ruth Paul), que em Evil Dead imprimiu um ritmo profissional que Within ainda não tinha. Mas Within the Woods está cheio de bons momentos, é um trabalho obrigatório para os fãs da série Evil Dead. Scott Spiegel também está no elenco. E na equipe-técnica Tom Sullivan faz os efeitos e o Ted Raimi também dá alguns pitacos. Recomendo.

46- Bife Titanik

Bife Titanik (1979/61’/Iugoslávia) de Emir Kusturica. Os primeiros filmes do Kusturica eram uns dramalhões com narrativa e situações bem normais. Sou mais da fase de realismo fantástico dele com obras primas como Underground. Achei ok este aqui, nada mais do que isso.

47- O Candinho

O Candinho (1976/33’/Brasil) de Ozualdo Candeias. O cinema nacional precisa urgente de um trabalho de restauração a partir dos negativos originais, e afirmo isso pensando em toda a produção nacional, não só meia dúzia de abençoados pelas panelinhas. Candeias é um dos meus cineastas preferidos aqui do Brasil, Zézero (1974) é genial (este Candinho me parece uma variação do Zézero), A Margem idem, meu Nome é Tonho também e assim por diante. Candeias é um cineasta único, então qualquer filme dele merece atenção (sem contar que ele não era um playboy se aventurando no cinema como 99% dos outros cineastas nacionais que são tudo classe média alta). Aqui um homem com problemas mentais vai do campo para a cidade grande em busca de um cabeludo barbudo. Quando acha o tal cabeludo barbudo, a decepção. Visceral como toda a obra de Candeias. Recomendo.

48- A Cidade de Salvador - Petróleo Jorrou na Bahia

A Cidade de Salvador (Petróleo Jorrou na Bahia) (1981/9’/Brasil) de Rogério Sganzerla. Curta institucional com uma narração pontuada de uma maneira que fica parecendo um discreto deboche. Ou não. Talvez só eu que quero acreditar que estes caras do cinema marginal eram fodões, quando na verdade só estavam atrás de dinheiro como todo mundo. É ruim, mas acaba sendo um curioso panorama cultural da Salvador da década de 1970.

49- Carta a uma Jovem Cineasta

Carta a uma Jovem Cineasta (2014/24’/Brasil) de Luiz Rosemberg Filho. Experimentação a La Rosemberg, ou você ama ou você odeia.

50- The Flicker

The Flicker (1966/28’/USA) de Tony Conrad. Revisão. Experimentalismo. Este trabalho alterna frames brancos e escuros criando um efeito estroboscópio. Veja no escuro que o efeito fica mais legal e quem sabe você consiga ter um ataque epilético, eu só acho agradável este efeito. Recomendo a experiência.

51- Hold me While i'm Naked

Hold me While i’m Naked (1966/14’/USA) de George Kuchar. Revisão.Talvez seja o grande clássico de George. Tenho adoração pelo clima de pastiche que este curta possui e recomendo porque vai lhe dar uma sensação reconfortante.

51- Geek Maggot Bingo

Geek Maggot Bingo (1983/73’/USA) de Nick Zedd. Com: Zacherle e Richard Hell. Revisão. Um dos poucos longas de Zedd, o principal nome do cinema transgressor nova iorquino da década de 1980. É uma desconstrução do gênero de horror. É cinema de invenção. É ruim, mas é bom.

53- The Cattle Mutilations

The Cattle Mutilations (1983/23’/USA) de George Kuchar. Neste The Cattle Mutilations George desconstrói a sci-fi em uma história vibrante de metalinguagem. Kuchar é genial.

54- The Italian Machine

The Italian Machine (1976/24’/Canada) de David Cronenberg. Episódio para a série de TV Teleplay onde Cronenberg explora a relação do homem com as máquinas automobilísticas, aqui na forma de uma moto italiana – por isso este título. Cronenberg voltou a este tema em Fast Company (1979) e depois, de forma mais radical, em Crash (1996).

55- John Carpenter super 8

John Carpenter Silent Comedy ( ? /2’/USA) de John Carpenter ? Aparentemente é pra ser um curta metragem de comédia (ou o que restou dele) feito por um John Carpenter adolescente – muito antes de Dark Star o Carpenter fez, pelo menos, 6 curtas amadores, estou atrás destes trabalhos. Alguém?

56- O Rei do Cagaço

O Rei do Cagaço (1977/10’/Brasil) de Edgar Navarro. Revisão. Navarro é o John Waters brasileiro. Seus filmes são cheios de uma energia punk autêntica, com senso de humor doentio e muita inteligência. Este é o famoso curta que tem um cu, em close, cagando. É um curta excremental. Neste filme Navarro ensina que, se você já se fodeu socialmente, pode cagar num jornal, embrulhar e atirar sua merda dentro dos carros dos riquinhos de sua cidade. Terrorismo urbano para mendigos. Assim deve ser o cinema: Criminoso.

57- Peepshow

Peepshow (1956/21’/Inglaterra) de Ken Russell. Este primeiro curta de Ken Russell é bem amador, mas inventivo e cheio de boas idéias, já com ritmo bem anárquico e barulhento (apesar de mudo). Não à toa, depois, fez tanto clássicos do cinema mundial: The Devils (1971), Mahler (1974), Tommy (1975), Lisztomania (1975), Altered States (1980), Gothic (1986), entre outros. O mais legal é perceber que o senso de humor de Russell já está presente, intacto.

58- The Resurrection of Broncho Billy

The Resurrection of Broncho Billy (1970/21’/USA) de James R. Rokos. John Carpenter é um dos roteiristas deste premiado curta metragem. O roteiro é uma grande homenagem ao gênero western, aqui visto com nostalgia por Rokos, ao contar a história de um jovem da década de 1960 fanático por histórias do velho oeste. É um filme triste, sobre estar deslocado no tempo (me sinto um pouco assim em relação à tecnologia, gostaria muito de estar vivendo numa época sem internet – apesar de que, olha a gostosa contradição, foi a internet quem me possibilitou essa incrível maratona deste final de semana). Além do roteiro, Carpenter também editou e compôs da trilha sonora. Nick Castle foi o diretor de fotografia. Recomendo.

59- Freiheit

Freiheit (1966/3’/USA) de George Lucas. Curta profissional sobre fronteiras. É um filme político com mensagem bem forte e direta. Sempre achei o George Lucas um artista mais interessante antes de fazer a interminável saga do Star Wars (gosto bem mais de THX 1138 e de American Graffiti do que todos os Star Wars juntos). A curiosidade maior fica por conta do futuro diretor Randal Kleiser no elenco (ele é a personagem principal), que vários anos depois seria o responsável por grandes sucessos de bilheteria, como Grease e A Lagoa Azul. Recomendo.

60- This is my Railroad

This is my Railroad (1946/17’/USA) de Gene K. Walker. É um filme institucional que quis ver porque é o primeiro trabalho de Russ Meyer como câmera no pós-guerra. E o trabalho de fotografia é primoroso, com enquadramentos típicos do genial Russ Meyer. O legal é que ele treinou sua técnica neste tipo de filme e quando começou a produzir seus próprios trabalhos estava maduro e sabendo o que fazer. Em tempo: não tem nudez.

61- Knights on Bikes

Knights on Bikes (1956/4’/Inglaterra) de Ken Russell. Um filme de época surreal com toques de humor nonsense. Tem bicicletas e cadeiras de rodas. Russell sempre acerta em cheio. Recomendo.

62- Superoutro

Superoutro (1989/45’/Brasil) de Edgar Navarro. Revisão. “Acorda humanidade!” que este filme é fantástico, arisco dizer que é um dos melhores já lançado no Brasil. Provocação com a sociedade, com a religião, com a polícia, com todo mundo. Cinema anarquista por excelência. A Bahia produz o melhor cinema brasileiro tem anos. Neste filme Navarro repete uma idéia do curta O Rei do Cagaço: Cague num jornal, embrulhe a merda e atire dentro do carro de um riquinho qualquer. Perto do final tem um discurso do “nosso herói” travestido de superman, que é interrompido por uma fanática religiosa com seu discurso absurdo sobre anjos, que é interrompido pelo discurso de um militante de esquerda, criando um momento hilário monty pythiano. “Abaixo a Gravidade!”. Recomendo.

63- Mario Banana

Mario Banana (1964/6’/USA) de Andy Warhol. Revisão. Mario come uma banana. Como provocar a sociedade com uma banana e um travesti.

64- Pandora Peaks

Pandora Peaks (2001/25’/USA) de Russ Meyer. Revisão. Em vídeo, aos moldes de seu clássico Mondo Topless, marca a despedida de Russ Meyer no cinema. Vale uma conferida pela edição. Russ Meyer é o caso do cineasta que não tem nenhum filme ruim em sua filmografia. Recomendo.

Detritos (1995/9’/Brasil) de Petter Baiestorf. Este foi o primeiro curta-metragem que realizei (os filmes anteriores à 1995 eram longas ou médias). Por muito tempo ele ficou perdido (o master foi destruído pelo tempo), até que neste ano (2017) achei uma cópia em VHS dele e Adriano de Freitas Trindade o digitalizou. Estou disponibilizando-o somente a título de curiosidade, foi uma experiência que realizei em 1995 com ajuda de Leomar Wazlawick, Marcos Braun, Claudio Baiestorf, E.B. Toniolli, Carli Bortolanza, Loures Jahnke, Onésia Liotto, Ivan Pohl e Susana Mânica.

Pesquisa, seleção e textos por Petter Baiestorf.

 

Miooooloosss!!!!

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“The Return of the Living Dead” (“A Volta dos Mortos Vivos”, 1985, 91 min.) de Dan O’Bannon. Com: Clu Gulager, James Karen, Don Calfa, Linnea Quigley e Jewel Shepard. Roteiro de Dan O’Bannon, com ajuda de Rudy Ricci e Russell Streiner, baseado em livro de John Russo. Efeitos e Maquiagens de Allan A. Apone e Tony Gardner.

Este talvez seja, ao lado do trio “Re-Animator” (1985, Stuart Gordon), “Evil Dead 2” (1987, Sam Raimi) e “Braindead/Fome Animal” (1993, Peter Jackson), o mais famoso splatstick do cinema mundial. Mas o que é um splatstick? Splatstick é uma palavra derivada de splatter (para sangue) e splastick (para comédia física), ou seja, splatstick é um filme gore com altas doses de comédia pastelão. Aqui no Brasil o principal representante dos splatstick talvez seja eu mesmo e minha Canibal Filmes, várias de minhas produções tentam combinar violência explícita com comédia sem noção, como “Eles Comem Sua Carne” (1996), “Blerghhh!!!” (1996) ou “Zombio” (1999). Outros representantes do sub-gênero no Brasil são os cineastas Fernando Rick, dos ótimos “Rubão – O Canibal” (2002) e “Feto Morto” (2003) e Felipe Guerra de filmes como “Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-Feira 13 do Verão Passado” (2001) e “Canibais e Solidão” (2008).

“The Return of the Living Dead” já nasceu clássico. A História começa com um punk conseguindo emprego num armazém de abastecimento de produtos médicos onde Frank (James Karen) tenta impressioná-lo mostrando cilindros que estão no porão do armazém e que conteriam os mortos-vivos que teriam dado origem ao filme “The Night of the Living Dead/A Noite dos Mortos Vivos” (1968) de George A. Romero. Claro que ao mexer no cilindro a dupla libera o gás e reanima um corpo morto (e borboletas empalhadas e um meio-cachorro também) que eles não conseguem matar nem com uma picaretada no cérebro. Burt (Clu Gulager) conhece Ernie (Don Calfa), o agente funerário que trabalha no cemitério ao lado, e resolvem picar o corpo do morto-vivo para queimá-lo no forno crematório e isso faz com que o gás, através da fumaça, se misture as nuvens de uma tempestade que cria uma chuva ácida que levanta todos os mortos do cemitério. Um grupo de punks se junta ao grupo do necrotério em sua luta contra os zumbis – mais espertos que os vivos – e está reunido os ingredientes para um splatstick genial.

Em “The Return of the Living Dead” tudo funciona maravilhosamente bem. Figurinos, cenários, maquiagens, trilha sonora, atores, piadas e a direção de O’Bannon concilia tudo de uma maneira a deixar o filme um perfeito passatempo para os jovens da minha idade (não faço idéia do que essa geração apática de agora pode achar deste filme, certamente dirão: “É podre!!!”, sem conseguir esboçar mais palavras sobre a produção). Aqui os zumbis são mais inteligentes do que os vivos, em uma cena um morto vivo pega o rádio da ambulância e chama mais médicos para o suprimento de cérebros continuar fresquinho! Os zumbis aqui também são mais ágeis do que os mortos vivos do Romero e quando a Trash (Linnea Quigley) é transformada em zumbi, para nosso deleite, a temos peladinha em busca de cérebros. Impensável para o puritano cinema de horror dos dias de hoje.

Inicialmente “The Return of the Living Dead” era para ter sido dirigido por Tobe Hooper (que acabou abandonando o projeto para se dedicar ao “Lifeforce/Força Sinistra”, também com roteiro de Dan O’Bannon). Sem diretor para seu filme o produtor Tom Fox ofereceu a função ao roteirista O’Bannon que aceitou com a condição de que poderia diferenciá-lo dos filmes de George A. Romero. Como a essa altura o autor original, John Russo, já havia caído fora do projeto, Dan adicionou humor e nudez, uma combinação que sempre deixa os filmes violentos melhores e finalizou seu filme em tempo de lançá-lo junto da produção “Day of the Dead/Dia dos Mortos” (1985) de George A. Romero. O splatstick alucinado de O’Bannon fez muito sucesso, deixando o sombrio filme de Romero sem público, que naquele período dos anos de 1980 estava mais interessado em produções carregadas de humor incorreto e nudez. O filme teve quatro seqüências desnecessárias até agora: “Return of the Living Dead 2” (1988) de Ken Wiederhorn; “Return of the Living Dead 3” (1993) de Brian Yuzna; “Return of the Living Dead: Necropolis” (2005) e “Return of the Living Dead: Rave to the Grave” (2005), estes dois últimos filmados simultaneamente por Ellory Elkayem. Como curiosidade: A personagem de James Karen era para ter se tornado um zumbi e se juntado a multidão de mortos-vivos, mas James não queria filmar na chuva fria e sugeriu que sua personagem se matasse antes da transformação ser concluída. Como O’Bannon adorou a sugestão a incluiu no roteiro e criou um dos mais belos momentos do filme, tudo embalado com a canção “Burn the Flames” de Roky Erickson.

Aliás, a trilha sonora de “The Return of the Living Dead” é um achado. Além da música de Roky Erickson, trazia ainda bandas maravilhosas como The Cramps, 45 Grave, TSOL, The Fleshtones, The Damned, Tall Boys, The Jet Black Berries e SSQ, numa mistura de punk rock com deathrocks que foram a cara dos anos de 1980. Assisti este filme em 1988 quando tinha 14 anos e foi delírio puro. Punkrock, gostosa pelada dançando sobre túmulos, zumbis podrões com senso de humor parecido com meu próprio senso de humor, sangue jorrando, corpos desmembrados, diálogos hilários e um final provocadoramente anárquico. Era puro rock’n’roll! A música original do filme foi composta por Matt Clifford que trabalhou mais em teatro do que cinema. Clifford também foi responsável pela música do curta “The Basket Case” (2007) de Owen O’Neill (não confundir com “Basket Case” de Frank Henenlotter).

John Russo, para quem não sabe, foi o roteirista de “The Night of the Living Dead” e viveu a sombra deste trabalho. Logo após o lançamento do grande clássico do cinema zumbi, em 1968, a dupla Romero-Russo se separou (Russo ainda produziu “There’s Always Vanilla”, 1971, de Romero) com Romero tendo os direitos de produzir as seqüências do filme original e Russo ficou detentor do título “Living Dead” (por isso os filmes de Romero nunca puderam usar “Living Dead” em seus títulos). Russo produziu filmes como “Night of the Living Dead” (1990) de Tom Savini e “Children of the Living Dead” (2001) de Tor Ramsey; escreveu coisas como “The Majorettes/Retratos da Morte” (1987) de S. William Hinzman (que em 1968 foi um zumbi no clássico “The Night of the Living Dead”, usando o nome de Bill Heinzman), “Voodoo Dawn” (1991) de Steven Fierberg, “Night of the Living Dead 3D” (2006) de Jeff Broadstreet e “Another Night of the Living Dead” (2011) de Alan Smithee (provavelmente o nome Alan Smithee está sendo usado aqui para evitar brigas com Romero) e dirigiu tranqueiras como a comédia “The Booby Hatch” (1976) com co-direção de Rudy Ricci, “Midnight” (1982), “Heartstopper” (1991), “Santa Claws” (1996) e agora cuida da pré-produção de “Escape of the Living Dead”, ainda sem previsão de lançamento. John Russo é um picareta do cinema americano e parece possuir um senso de humor bem peculiar já que está sempre se auto-parodiando com seus intermináveis filmes de “living deads”.

Dan O’Bannon se revelou uma escolha perfeita para a direção de “The Return of the Living Dead”. Nascido em 1946 O’Bannon estreou no cinema ao lado de John Carpenter no divertido trash-movie “Dark Star”. Roteirista de sci-fi e horror, O’Bannon escreveu grandes filmes como “Alien” (1979) de Ridley Scott; “Dead and Buried” (1981) de Gary Sherman; alguns segmentos de “Heavy Metal” (1981) de Gerald Potterton; “Blue Thunder” (1983) de John Badham; “Invaders From Mars/Invasores de Marte” (1986) de Tobe Hopper; “Total Recall/O Vingador do Futuro” (1990) de Paul Verhoeven; “Screamers” (1995) de Christian Duguay; “Bleeders” (1997) de Peter Svatek; além dos já citados “The Return of the Living Dead” e “Lifeforce”, ambos de 1985. Também dirigiu “The Resurrected” (1992), baseado em H.P. Lovecraft, uma produção repleta de problemas oriundos de seu baixo orçamento. Dan O’Bannon morreu em 2009 deixando milhares de fãs de sci-fi/horror sem suas ótimas histórias que sempre tentavam fugir do lugar comum do gênero.

“The Return of the Living Dead” lançou a carreira do técnico em animatrônicos Tony Gardner, que foi o responsável pela criação do “meio-zumbi” que explica aos heróis do filme porque os mortos precisam comer cérebros. Depois trabalhou em filmes como “The Blob/A Bolha Assassina” (1988) de Chuck Russell; “Nightbreed” (1990) de Clive Barker; “Darkman” (1990) de Sam Raimi; “Blood Salvage/Mad Jake” (1990) de Tucker Johnston; “Army of Darkness/Uma Noite Alucinante 3” (1992) de Sam Raimi; “Freaked/Freaklândia” (1993) de Tom Stern e Alex Winter e “A Dirty Shame/Clube dos Pervertidos” (2004) de John Waters. O filme também trazia as maquiagens gore de Allan A. Apone que estreou trabalhando no falso documentário “Faces of Death/As Faces da Morte” (1978) de John Alan Schwartz. Depois trabalhou em divertidas produções como “Evilspeak/O Mensageiro de Satanás” (1981) de Eric Weston; “Galaxy of Terror” (1981) de Bruce D. Clark; “Parasite” (1982) de Charles Band, que trazia uma jovem Demi Moore no elenco; “Hospital Massacre” (1982) de Boaz Davidson; “Friday the 13th part 3/Sexta-Feira 13 – Parte 3” (1982) de Steve Miner; “Wacko” (1982) de Greydon Clark; “Return to Horror High/De Volta à Escola de Horrores” (1987) de Bill Froehlich. Na década de 1990 começou a trabalhar em grandes produções de Hollywood, geralmente super-produções sem nenhum atrativo para trashmaníacos.

Os atores escolhidos para viver as tresloucadas personagens de “The Returno f the Living Dead” estão perfeitos. Vale a pena destacar a participação dos veteranos Clu Gulager, Don Calfa e James Karen. Clu Gulager (1928) trabalhou na TV e cinema americano. Com sangue Cherokee correndo em suas veias, Clu serviu na marinha americana e logo após a Segunda Guerra Mundial estreou na série “The United States Steel Hour”. Ainda trabalhando na TV, foi em 1962 personagem no episódio “Final Vow”, com direção de Norman Lloyd, na série “The Alfred Hitchcock Hour”. Estreou no cinema pelas mãos do genial Don Siegel em “The Killers/Os Assassinos” (1964), onde contracenou com Lee Marvin, John Cassavetes e o futuro presidente Ronald Reagan. Outros filmes em que Clu Gulager trabalhou são “The Last Picture Show/A Última Sessão de Cinema” (1971) de Peter Bogdanovich; “McQ” (1974) de John Sturges; “A Force of One/Força Destruidora” (1979) de Paul Aaron, estrelado por Chuck Norris e “A Nightmare on Elm Street 2: Freddy’s Revenge/A Hora do Pesadelo 2” (1985) de Jack Sholder. Em 2012 pode ser visto no filme “Piranha 3DD/Piranha 2”, com direção de seu filho John Gulager. Don Calfa (1939) nasceu em New York e seu papel mais conhecido é o do agente funerário em “The Return of the Living Dead”. Calfa se especializou em comédias e deu as caras em vários filmes divertidos como “Shanks” (1974) do lendário Willian Castle; “New York, New York” (1977) de Martin Scorsese; “10/Mulher Nota 10” (1979) de Blake Edwards; “1941” (1979) de Steven Spielberg; “Treasure of the Moon Goddess/O Tesouro da Deusa Lua” (1987) de José Luis García Agraz, estrelado por Linnea Quigley; “Weekend at Bernie’s/Um Morto Muito Louco” (1989) de Ted Kotcheff e “Necronomicon” (1993) de Christophe Gans, Shûsuke Kaneko e Brian Yuzna. James Karen (1923) começou trabalhando no teatro, depois passou a trabalhar em séries de TV. Em 1965 foi ator, ao lado do genial comediante Buster Keaton, no curta de 20 minutos “Film” de Alan Schneider. No mesmo ano estrelou o impagável “Frankenstein Meets the Spacemonster” de Robert Gaffney e tomou gosto por filmes vagabundos, alternando-os com participações em filmes importantes. Está no elenco de coisas como “Hercules in New York” (1969) de Arthur Allan Seidelman, estrelado por um jovem Arnold Schwarzenegger em seu filme de estréia; “All the President’s Men/Todos os homens do Presidente” (1976) de Alan J. Pakula; “Capricorn One” (1977) de Peter Hyams; “The China Syndrome” (1979) de James Bridges; “Poltergeist” (1982) e “Invaders From Mars” (1986), ambos de Tobe Hooper; “Return of the Living Dead 2” (1988), entre vários outros. E atente para as participações de Linnea Quigley no papel da punk pelada e Jewel Shepard, atriz que já trabalhou em filmes adultos como “Hollywood Hot Tubs/Banhos Ardentes (1984) de Chuck Vincent e “Christina y La Reconversión Sexual” (1984) de Francisco Lara Polop.

Nos USA foi lançado em 2007 uma edição de colecionador de “The Return of the Living Dead”, com muito material extra e entrevistas com o elenco. Aqui no Brasil foi lançado em VHS pela Globo Vídeo e acabou de sair em DVD, sem extras e com qualidade de imagem meia boca, pela distribuidora Flashstar. Realmente o mercado brasileiro não sabe como tratar um clássico do splatstick cinematográfico mundial.

por Petter Baiestorf.

Assista “The Return of the Living Dead” aqui: