Arquivo para sangueira

O Fantoche de Hollywood Manipula Suas Fantoches Gores

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 24, 2012 by canibuk

“Meet The Feebles” (1989, 94 min.) de Peter Jackson. Obra-Prima com fantoches.

Este clássico do mal gosto se aprofunda na vida artística ao contar a alucinada história de um grupo teatral que está ensaiando uma nova canção para tornar seu show um sucesso. Com várias sub-tramas entrelaçadas entre si, que exploram os tipos humanos (aqui representados por fantoches/marionetes de insetos e animais), o roteiro apresenta Robert, novato que tenta a sorte no show business e se apaixona por Lucile que vira atriz pornô, que cruza com o mundo de Heidi, a grande estrela do show que ama Bletch, que a traí com Samantha. Harry, outra estrela do show e pervertido sexual, está com uma terrível doença sexual transmissível e é perseguido por uma mosca jornalista que quer publicar a história num tablóide sensacionalista. Sid (um elefante) é acusado por Sandy (uma galinha) de ser o pai de seu filho (uma galinha com tromba), como ele se recusa a assumir a paternidade, Sandy ameaça processá-lo enquanto muita droga, sexo sadomasoquista e negócios ilícitos vão se sucedendo no maravilhoso mundo do teatro, até que uma inevitável explosão de violência e brutalidade sacode o mundo dos sonhos, com Heidi, após uma tentativa fracassada de suicídio, armada de uma metralhadora e muita raiva matando e ferindo todos os azarados que cruzarem seu caminho.

Após as filmagens (e relativo sucesso) de “Bad Taste” (1987), Peter Jackson  entrou em contato com a televisão japonesa com a idéia de um filme gore com fantoches viciados em drogas e sexo, mas aos poucos o projeto foi adquirindo vida própria e virando um longa. O engraçado é que Peter Jackson teve seu pedido de orçamento à Film Commission da Nova Zelândia recusado por Jim Booth que depois viria a se tornar seu produtor. Com um orçamento de 750 mil dólares a produção recebeu somente dois terços deste valor e a relação entre produção e financiadores azedou a ponto da Film Commision ser retirada dos créditos. Como previsto, o dinheiro acabou durante a produção de “Meet the Feebles” e várias cenas foram filmadas sem dinheiro, como o flashback paródia para “The Deer Hunter/O Franco-Atirador” (1978) de Michael Cimino. Sem dinheiro para balas de festin, todos os tiros da metralhadora foram feitos com balas reais. Repare nas cenas da platéia que assiste o show que é possível identificar um dos alienígenas de “Bad Taste”, dentro da fantasia está o diretor Peter Jackson.

“Meet the Feebles” é uma fábula adulta sobre a violência humana, sobre pequenas ações mesquinhas onde corações magoados são capazes das mais horríveis atrocidades num momento de fúria incontrolável. O show, que a primeira vista parece algo tão meigo quanto “The Muppet Show”, se torna um pesadelo sangrento com sonhos destruídos via balas de metralhadora (que precede em vários anos o massacre final de “Rambo 4”). Heidi é a Miss Piggy hardcore, Harry é o Pernalonga com problemas com sexo e drogas, a imprensa é uma mosca que se alimenta de merda e, assim por diante, Peter Jackson foi brincando com o imaginário do cinema infantil até destruí-lo por completo e anunciar ao público: “É isso meninos, a vida real é difícil e fará de tudo para te aniquilar!”.

Peter Jackson (1961) nasceu na Nova Zelândia e foi o responsável pelos filmes mais divertidos dos anos de 1980 até a primeira metade dos anos 90. Em 1987 lançou a comédia ultra-gore “Bad Taste”, um filme quase amador sobre alienígenas de uma rede de fast food intergaláctico que descobre uma nova iguaria: Carne humana! Com um orçamento minúsculo Jackson criou uma obra-prima do mau gosto filmada entre 1983 e 1987 e editada durante um mês na cozinha da casa de seus pais. Em seguida conseguiu fazer “Meet the Feebles” e seu grande clássico, “Braindead/Fome Animal” (1992), uma divertida comédia gore non stop que influenciou o cinema sangrento do mundo inteiro. “Braindead” contava a história de um mimado homem que vivia à sombra de sua superprotetora mãe em meio à um apocalipse zumbi (iniciado por sua própria mãe), que envolvia cortadores de grama, liquidificadores e padres que lutavam kung fu como armas contra os mortos-vivos mais cômicos de todos os tempos. Em 1994 vimos o começo do fim de Peter Jackson, “Heavenly Creatures/Almas Gêmeas” é um bom filme, mas Jackson se deixou seduzir pela indústria de Hollywood e seus filmes seguintes não lembram em nada a inventividade de suas três primeiras obras que traziam inteligência ao conservador gênero dos filmes de horror. Em tempo, Peter Jackson dirigiu e atuou no telefilme “Forgotten Silver” (1995), mockumentary de média-metragem onde ele “descobre” o pioneiro cineasta Colin McKenzie que teria inventado tudo que o cinema moderno utiliza, mesmo que muitas coisas por acidente ou involuntariamente. “Forgotten Silver”, talvez, seja o último sopro de humor e cara-de-pau de um genial cineasta diluído pela indústria cinematográfica. Peter Jackson morreu na metade dos anos de 1990.

“Meet the Feebles” nunca teve um lançamento digno no Brasil. Em 1995 consegui uma cópia do filme em VHS com amigos europeus e vi, maravilhado, sem legenda alguma. Eu já era um grande fã de Peter Jackson por causa de “Bad Taste” e “Braindead” e ter conseguido essa cópia de “Meet the Feebles” foi para confirmar o que já sabia, Jackson era um gênio do cinema gore feito com baixo orçamento. Em 2007 o cineasta underground Gurcius Gewdner lançou “Mamilos em Chamas”, claramente inspirado em “Meet the Feebles”, só que ainda mais bizarro e raivoso. Quem curte o trabalho de Jackson em Hollywood ainda terá vários filmes dele estreiando nestes pomposos cinemas de shopping, desisti de acompanhar a carreira dele após perceber que o cineasta gore que eu adorava morreu com “Braindead”.

por Petter Baiestorf.

Bicho Papão

Posted in Animações, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 3, 2012 by canibuk

“Bicho Papão” (2012, 5 min.) de Luciano Irrthum. Animação em stop motion.

O desenhista Luciano Irrthum parece estar se especializando em produções em stop motion, sua possibilidade real de trabalhar sozinho sem ter dores de cabeça com outras pessoas, como nos disse via e-mail: “Mexer com gente dá muita mão de obra. Falham nas filmagens, tem ressaca, não fazem algumas cenas, etc. Com bonecos eu acho melhor!”. Luciano Irrthum se tornou um dos mais cultuados desenhistas surgidos nos fanzines dos anos de 1990, lançou vários álbuns de quadrinhos geniais como a quadrinização do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe que saiu pela editora Peirópolis (não confundir com as duas outras versões quadrinizadas por ele nos anos 90 e editadas por mim em edições independentes que você pode conferir clicando em “O Corvo – Primeira versão” e “O Corvo – Segunda Versão“), começou a pintar quadros visualmente criativos/encantadores e, ainda, iniciou a produção de suas divertidas animações em stop motion como o hilário, e já clássico, “O Mingaú da Vovó“.

Paralelo aos seus trabalhos como desenhista (no momento Irrthum está ilustrando o livro “Baratão 66”, novo trabalho do ótimo escritor Bruno Azevedo, autor de “O Monstro Souza“), continua produzindo animações em stop motion, como seu novo curta “Bicho Papão” (não confundir com “Papão” de Edgar S. Franco) e finalmente finalizou um antigo projeto intitulado “Reciclados” (uma tentativa de filmar com pessoas reais), que estava parado a anos, e que você pode conferir agora no youtube:

Em “Bicho Papão” Luciano Irrthum brinca com os medos infantis ao nos contar a história que começa com um casal na sala de casa. O homem está pelado lendo jornal e sua esposa, também pelada, peida para chamar sua atenção. Quando ela ganha atenção dele, demonstra estar tarada, querendo sexo animalesco, e se agacha perto do pênis do marido para dar início a um delicioso boquete. Enquanto ela chupa o homem a flor, que fica num vaso em cima da mesa, dança feliz e excitada com a cena. Logo é a vez do homem se divertir chupando a mulher com sua língua procurando lubrificar o clitóris rosinha dela que se contorce de prazer inebriante. O ato sexual do casal tarado faz a casa tremer e, no quarto ao lado, o filho que dormia profundamente acorda apavorado com a porta de seu armário batendo fantasmagoricamente. O menino começa a gritar que há um monstro no armário e seu desespero broxante atrapalha a foda. Seu pai fica emputecido e vai até o quarto do moleque medroso para mostrar o que um monstro pode fazer e sua ação detona momentos hilariantes de extremo gore explícito e bestialismo sexual envolvendo sexo proibido como nunca antes mostrado em um curta brasileiro.

Com roteiro, fotografia, animação, bonecos, cenários, edição, sonorização e direção de Luciano Irrthum, ele prova de uma vez por todas que é possível fazer um excelente filme sozinho. “Bicho Papão” é um passo adiante nas experimentações de Irrthum com a técnica de stop motion e acredito que ele já está preparado para alçar vôos mais altos e complicados, talvez com um projeto de maior duração e roteiro mais complexo. Mas, por outro lado, dado a diversão de seu “Bicho Papão” que não tem receio de ser explícito, tanto no sexo quanto no gore, talvez Irrthum nem deva tentar vôos mais altos e sim continuar realizando bons curtinhas insanos e politicamente incorretos quanto este. Espero ver este fabuloso curta-metragem em inúmeros festivais de cinema brasileiro (cinema nacional é tão comportado que iniciativas insanas como essa de Irrthum são sempre bem-vindas).

por Petter Baiestorf.

Demência Zine

Posted in Fanzines with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 3, 2012 by canibuk

A resistência zineira brasileira continua editando alguns números imperdíveis, provando que mesmo numa época dominada por publicações virtuais ainda é possível editar fanzines de papel. Eduardo Vomitorium acabou de lançar o genial “Demência” número 5 com muito material sobre a cena gore grind nacional e toques sobre produções de filmes gore.

Neste número rola entrevistas com as bandas Obliteração e P.N.H. e uma entrevista comigo, conduzida pela dupla André Luiz (Lymphatic Phlegm) e o editor do “Demência”, onde falo sobre o mercado do cinema gore independente brasileiro. Também traz textos interessantes como “A Paternidade e o Underground”, que versa sobre os cabeções que abandonam as produções independentes só porque tiveram um “saquinho de merda ambulante” em suas vidas (isso, é um texto sobre ter filho e continuar produzindo); texto libertino com sexo explícito; outro sobre death metal e “Os Pilares da Desgraça”, sobre o Sore Throat. E muitas páginas divulgando outros fanzines, demo-tapes, e CDs de bandas nacionais e gringas. Muito barulho de qualidade para ser lido em 70 páginas de um trabalho irretocável que dá gosto ter em mãos.

As primeiras 50 cópias do “Demência” número 5 trazem de brinde a split-tape com Obliteração e P.N.H. e pode ser adquirido com o Eduardo Vomitorium via correio (A/C de Eduardo V. Júnior, Rua Fco. das Chagas Barreto 1054, Campo dos Velhos, Sobral/CE 62030-095).

dica do Baiestorf.

* Você que edita fanzines, lança demo-tapes e/ou produz filmes independentes (e qualquer outra manifestação artística mais obscura), mande pro Canibuk seu material e teremos maior prazer em ajudar na divulgação.

Trailer Oficial de Desalmados – O Vírus

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , on fevereiro 27, 2012 by canibuk

“Desalmados – O Vírus” (2012, trailer oficial) de Raphael Borghi. Com: Gus Stevaux, Fábio Menezes, Laerte Késsimos, Vinna Prist, Che Moais e Kapel Furman. Produção de André de Freitas “Rasta” e Armando Fonseca; Fotografia de Thiago Morais; Trilha Sonora de Bad Luck Gamblers; Edição de Armando Fonseca e Roteiro de André de Freitas, Diele Mendes e Raphael Borghi.

Horror Business e Arma Filmes apresentam o trailer oficial do filme “Desalmados – O Vírus”, que conta a história de cinco jovens paulistanos que precisam sobreviver a uma epidêmia de zumbis iniciada por um vírus criado pela indústria farmacêutica. Neste filme o maquiador e diretor Kapel Furman (de “Pólvora Negra”) é alçado a condição de ator e interpreta Isaac, ex-policial que surge para ajudar os jovens em fuga. O filme também conta com produção e edição do talentoso Armando Fonseca, diretor do curta “Velho Mundo” e editor do documentário “T.A.I.” de Juliana Gregoratto.

Segue o trailer de “Desalmados – O Vírus”:

Raphael Borghi dá ao Canibuk um importante depoimento de como foram as filmagens de “Desalmados – O Vírus” que será lançado ainda neste ano nos melhores festivais de cinema fantástico do Brasil:

“Começamos como um trabalho de faculdade, eu, André de Freitas “Rasta” e a Diele Mendes. Com o roteiro pronto e muitas coisas decididas, vimos viabilidade em fazer algo legal, que pudesse ser algo além de um trabalho de faculdade e acabar morrendo dentro de uma gaveta. Naqueles tempos eu estava engrenando com o trabalho de efeitos especiais, tinha um mínimo de conhecimento e estava maluco para testar.

Um ano depois de idealizado começamos a pré produção: locações, veículos. equipamentos, atores, autorizações da polícia – da CET – da prefeitura de Bragança, cronogrâma, alimentação, transporte, decupagem, reuniões, afinar o roteiro, figurantes, e um lugar para descansar a carcaça no final das diárias. Nessa época minha vida e de mais alguns foi voltada completamente para isso. Não comíamos, não dormíamos e não sorriamos. Mas conseguimos quase tudo que queríamos, dentro das limitações estabelecidas, tanto de experiência profissional quanto monetária. O lado bom, foi conseguir agregar tantos bons profissionais no elenco. Bons como atores e como pessoas. Que estavam dispostos a caminha conosco.

(2 dias antes de começar a rodar o Desalmados, eu e Thiago “Quadrado” estavamos frodando a última diária do filme Pólvora Negra do Kapel Furman).

Umas da coisas debatidas na época, era qual seria a câmera usada. Tínhamos a HVX200 que a faculdade disponibilizava, mas não podia viajar e ficar um longo período, tendo que devolver 24horas após a retirada. O que nos fodia! Ou poderíamos alugar alguma câmera, o que acabou sendo descartado após orçar algumas câmeras que queríamos como a EX3 ou até a própria HVX, o dinheiro estava curto e uma opção caiu do céu. Um amigo, Marcel Tosta, que é câmera, tinha uma HVX200 e estava em São Paulo a trabalho. Mostrei um pouco do projeto para ele, e logo estávamos filmando a primeira diária do filme, no final de 2009. Por desencontro de datas, e precisando ser tudo muito encima, tivemos que conversar com outro câmera, Thiago “Quadrado”, que assim como nós, estava começando na época, tinha comprado uma HVX, e estava disposto a encarar a maratona.

Foram longas, divertidas, e cansativas diárias.

Testamos boa parte do que queríamos no filme. Conseguimos autorização do Secretário de Transito e Segurança de Bragança Paulista, que colocaria a policia a par do que estaríamos fazendo no endereço que passamos. Não tivemos problemas na maioria das locações de Bragança, filmamos em uma igreja, no dia que teria reunião do grupo religioso dos freqüentadores. Até certo ponto achamos que poderia dar tudo errado: Um ônibus cheio de religiosos, idosos, crianças e adultos, chegava no set, enquanto tínhamos dois atores caracterizados como infectados, cheios de sangue, a faixada da igreja lavada de sangue, devido a cena anterior que havia uma ação que jorrava sangue, e um dos ass. de produção, Thales Greco, enterrado pela metade com suas tripas para fora para substituir o ator que faria o personagem morto. Mas para surpresa, ocorreu tudo bem, alguns entenderam o espirito da coisa e relevaram numa boa. A tática era sorrir e acenar sem culpa.

Na locação do desmanche, fizemos um sujeito atirando inúmeras vezes com um revólver e com uma doze, depois pulava encima de uma pick up e pegava a estrada. Repetimos algumas vezes os tiros em corpo nos zumbis, durante toda a tarde. Teria sido o ápice, se não fosse a intervenção da polícia que chegou, no final da tarde, pilhada em 5 barcas para acabar com a festa, não deixando que filmássemos o take 2 do último plano do dia. Algum sujeito que passou pela estrada, viu uma movimentação suspeita, ligou para a polícia e comunicou que viu um sujeito atirar em um homem com uma doze, e fugir em uma pick up. Na mesma hora a polícia estava lá. Nos avisaram que foi dado o alerta, porque é comum eles receberem chamadas para aquela região, pois é território do PCC, e coisas estranhas costumavam acontecer naquela área. (Só ficamos sabendo naquele momento). Resultado: ficamos até de noite nos explicando e apresentando documentos.

Mas tirando alguns imprevistos, tudo ocorreu bem.

Ao final do processo, conseguimos agregar mais um sujeito que foi decisivo para a realização do projeto. Armando Fonseca assumia a edição do filme. Ele já havia feito algumas diárias como produtor ao longo do filme, e é tão, ou mais aficionado que eu pelo gênero, por isso ele era o cara perfeito para o cargo! Ele decidiu encarar a maratona de edição das madrugadas intermináveis.  Fizemos o primeiro corte ao final das filmagens, já em 2010. Mas na época ficou difícil tocar um projeto que gostávamos, e trabalhar para ganhar algum dinheiro ao mesmo tempo. Por conta disso, e alguns outros fatores, o filme ficou mais ou menos uns 8 meses parado. Mas foi tempo o suficiente para amadurecermos profissionalmente, e voltar vendo o filme com outros olhos. Por volta de junho de 2011,voltamos a edita-lo, e limamos as sobras que antes achávamos legais, mas não acrescentavam para o desenrolar da trama, e tentamos deixar o corte o mais ágil possível.

Em paralelo, na mesma época, estava em estúdio com os Bad Luck Gamblers gravando a primeira faixa da trilha sonora do filme, no estúdio Hot Jail em São Bernardo do Campo. A trilha ainda esta sendo produzida.

Também no youtube, você pode ouvir a primeira faixa da trilha sonora do curta que é assinada pela banda de psychobilly Bad Luck Gamblers:

Velho Mundo

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , on outubro 28, 2011 by canibuk

“Velho Mundo” (2010, 13 min.) de Armando Fonseca. Com: Melissa Schleich, Pablo Sgarbi e Ana Maria Bucceroni.

Este curta começa na Espanha (velho mundo), onde uma gosma negra que sai do chão infecto do continente europeu (ao estilo “The Stuff/A Coisa” de Larry Cohen misturado com “The Blob/A Bolha” de Irvin S. Yeaworth Jr.) entra na mala de um brasileiro que está matando tempo prá pegar seu avião de volta ao Brasil (novo mundo). Ao chegar aqui, a gosma negra sai da mala e infecta o sistema de encanamentos de um prédio (as cenas da gosma negra infectando os encanamentos do prédio são muito bem realizadas, você pode conferir vídeo clicando aqui), centrando a trama no apartamento de um jovem casal (Melissa Schleich e Pablo Sgarbi). Após um pingo da gosma negra cair no olho do jovem que arrumava o chuveiro, ele fica infectado (as cenas envolvendo as lentes de contatos negras dão um ótimo clima ao filme), mas ainda mantendo um pouco de sua humanidade, o que faz com que sua esposa não desconfie de nada, até ela sofrer um acidente e ser levada ao pronto socorro. Num sinal de trânsito o jovem finalmente fica completamente sob controle da gosma negra e uma ótima/eletrizante perseguição envolvendo o carro tem ínicio, culminando com um atropelamento convincente. Mais não posso contar, mas posso garantir que isso é apenas o começo da diversão, estejam preparados para desmembramentos, canibalismo, cenas escatológicas envolvendo liquidificador e um fino senso de humor negro.

“Velho Mundo” é o segundo curta-metragem do diretor Armando Fonseca e o domínio da narrativa apresentado é o que mais chama atenção. Com poucos recursos mas muito planejamento (escola Roger Corman), ele construíu um filme tenso carregado de um humor negro, com ótimas sacadas técnicas. Os efeitos especiais estão ótimos (veja os testes de efeitos), a produção bem aproveitada e os atores são cativantes, tendo até rápidas cenas de nudez com a Melissa Schleich, requesito obrigatório em filmes de baixo orçamento. O que mais tem me deixado feliz com o cinema independente brasileiro é o surgimento de uma nova geração de cineastas que prima por um horror mais visceral e se importa com o aspecto técnico do filme, bem diferente da minha geração que queria a todo custo fazer um cinema gore extremo sem os técnicos e equipamentos necessários. Acho que os dois modelos são válidos, mas esse apuro visual tem deixado os novos filmes bem mais elaborados.

Contatos com o diretor Armando Fonseca pelo e-mail: armafilmes@gmail.com e compre o filme, se você tem cine-clube programe uma exibição de “Velho Mundo” (e de todos os outros filmes independentes que comentamos aqui no Canibuk), se você tem boteco, arme uma sessão com ingressos pagos (a serem repartidos entre os cineastas participantes) e convide vários curtas brasileiros para fazerem parte da noitada de sangue, tripas e tetas. Quando não há caminhos oficiais de distribuição o negócio é a união e um ajudar ao outro e, com isso, criar um mercado e um público aqui no Brasil para este estilo mais porrada de se fazer cinema.

Baiestorf: Filmes de Sangueira & Mulher Pelada

Posted in Nossa Arte, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , on fevereiro 10, 2011 by canibuk

“Baiestorf: Filmes de Sangueira & Mulher Pelada” (2004, 20 min.) de Cristian Caselli é um documentário de curta duração que fala sobre os filmes vagabundos que faço, desde 1992, com amigos no quintal do meu sítio. As filmagens deste documentário aconteceram durante a edição de 2004 da mostra Cine Esquema Novo que é realizado todos os anos em Porto Alegre e exibe o que de melhor é produzido no cinema experimental brasileiro (Junto da Mostra do Filme Livre, é uma das melhores mostras de cinema independente aqui do Brasil). Foi engraçado! Caselli ficou me pedindo, durante dias, prá dar entrevista prá ele mas eu tava desconfiado que aquele carioca debochado só queria me comer e fiquei fugindo dele, até uma noite que fomos encher a cara num boteco na frente do Hotel que estávamos hospedados e Caselli foi junto. Nesta noite meu pileque foi tão grande que errei o caminho pro hotel (que era só atravessar a rua) e Caselli me alertou disso, acabei dando entrevista prá ele no dia seguinte (aquelas poucas palavras que digo no quarto do hotel, no comecinho do documentário, tivemos que fazer a entrevista na noite seguinte quando eu não tava mais bêbado). Foi uma experiência diferente ser assunto num documentário. O documentário ganhou vários prêmios entre 2004 e 2006 (incluindo prêmio internacional em Portugal) e no Brasil foi lançado na forma de extra no DVD do longa-metragem “A Curtição do Avacalho” (2006, 73 min.) com direção minha.

eu, Caselli, Gurcius Gewdner e Christian Verardi durante o Cine Esquema Novo, 2004.

Abaixo os link para ver o documentário no youtube:

Em breve pretendo fazer postagem sobre os filmes do Cristian Caselli, este cara é um dos melhores cineastas da nova geração (e isso não é babação de ovo porque o cara fez documentário sobre mim).