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Snuff – Vítimas do Prazer

Posted in Cinema, Literatura with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on janeiro 26, 2017 by canibuk

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I – A Ideia

A linda moça banha-se alegremente no lago perdido na natureza, extasiando-se.

Do “triller” estacionado à beira da água, sai um rapaz, provavelmente seu companheiro de passeio, descascando uma laranja, aparentemente tranquilo.

A moça, da água, convida-o, brejeira, para partilhar. Ele solta a fruta, coloca a faca entre os dentes, como um Tarzan, e mergulha a seu encontro.

Felizes, riem.

Ele, com a faca.

Como numa brincadeira, a Lâmina da arma corta a alça do sutiã do biquini, fazendo saltar dois lindos e insinuantes seios.

Estranheza.

Uma transfiguração corre a expressão do moço. Tara?

A moça parece não entender. Procura fugir da água e do companheiro.

Perseguição.

Alcança.

Inicia-se uma tentativa de estupro.

A faca.

Ela grita para ser acudida. Não ouve eco.

Lábios e língua do rapaz correm desesperados pelos seios e corpo da moça, em resfôlegos.

A expressão dela diz que nunca antes tinha visto seu companheiro agir daquela forma. Desespero grande.

A expressão dele diz que não tem intenções de se acalmar. Os olhos fulminam, e a boca baba, excitada.

A faca.

As forças da menina querem ceder, mas não podem. Não podem… não podem… não podem…

Ele já a tem sob completo domínio.

A faca da laranja, ergue-se na mão do homem, e desce, implacável, ferindo um dos lindos e insinuantes seios da infeliz.

Um grito louco de dor, e a expressão de pavor.

As dores do ferimento são muitas. Insuportáveis.

Novo pedido de ajuda, agora só com os olhos. Forças faltam para a fala.

Novo golpe fez alongar a mancha de sangue que cobre o corpo feminino. Os olhos estalados,a  boca agora inerte, os últimos suspiros.

Doz rapaz. o estranho rir de quem está possuído.

Num estertor, a moça desfalece definitivamente.

Morre.

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Michael caminha vagarosamente e desliga o projetor de filmes em 16mm, depois de ver correr na tela a palavra “the end”.

No outro canto da sala, visivelmente deprimido com o que acaba de ver, Bob, em silêncio. Respira e força um sorriso.

“Incrível! Nunca vi tanto realismo! Confesso que a cena me tocou as estruturas! Acho que nunca vi uma morte tão bem feita, em cinema!”

Michael, voltando o filme para o carretel que projetara.

“Então, gostou…pois vamos repetir essa cena no nosso trabalho…”

“Vamos precisar escolher a dedo, uma atriz!”

“Engano seu, meu caro Bob… Qualquer garota pode interpretar tão bem quanto esta que vimos. Aliás, nem esta era atriz…”

“Não?… Então, como? !…”

“Simples, amigo: a cena foi real. Ela morreu mesmo!”

Bob engoliu em seco. Conhecia muito bem o colega e sabia quando ele brincava e quando falava sério. Dificilmente se enganava. Seus olhos arregalaram, temerosos.

“Quer dizer que isto que vimos aconteceu de verdade?”

“Lógico!”

“E que no filme que vamos fazer, haverá uma cena como esta?… ou seja… alguém vai morrer de verdade?”

“Muito feliz, a sua dedução!”

Bob saltou da cadeira, automaticamente. Chegou-se à Michael, não querendo acreditar no que ouvia.

“Você está louco rapaz?”

“São ordens de Mr. Lorne…”

De verdade, Bob sentia vontade de esganar o cinismo do amigo. Mas era sensato, e sabia que uma ordem de Mr. Lorne não era para ser discutida, e sim cumprida. Mas queria se convencer de que aquilo era uma das raras brincadeiras de Michael. Uma interpretação muito bem feita.

A possibilidade era remota, mas tentou uma investigação:

“Onde é que você arranjou esta droga?”

“Isso eu não sei. Mas, se quer algumas informações, aqui vão: a intenção dos produtores disso aí que você viu, era filmar um estupro real, pra valer. Para isso, como sempre contrataram uma equipe mínima, e o ator arrumou uma virgem, uma menina com pretensões de fazer carreira em cinema. A cena foi ensaiada de uma forma, mas o ator havia recebido instruções para, na hora “H”, assaltá-la sexualmente. Foi dado algo para estimulá-lo. Mas a moça, assustada com a fúria do ator, reagiu violentamente, como você mesmo viu!”

“Incrível…”

“Ele havia sido pago para violentá-la de qualquer maneira. Pretendiam registrar tudo…”

Bob estava perplexo. A seriedade com que Michael discorria, começava a querer convencê-lo.

“Aí, aconteceu o imprevisto: os técnicos, contagiados pelo clima, estavam mais alucinados que o próprio ator. Tanto assim, que não perceberam que a faca de efeito havia sido trocada por uma real. Você viu o resultado…”

“Que absurdo!” caiu no sofá como se tivesse um enorme peso no corpo. Michael, inalterado:

“Foi um acidente que deu certo!”

“Ma como deu certo?”

“Quando o filme veio parar em nossas mãos, lá em Nova Iorque, não sabíamos que era real. Tentamos colocar no mercado clandestino. O sucesso foi absoluto. Nunca se pagou tão alto por uma cópia.”

“Mais que os filmes pornográficos?”

“Os filmes pornográficos se tornaram brincadeirinha de criança perto deste. Chegamos a fazer projeções especiais, cobrando mil dólares por cabeça. Lotamos o cinema.”

Bob está cada vez mais confuso.

“Mas este filme foi um acidente. Não pode ser refeito!”

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A ideia de Bob era dissuadi-lo de tal ideia. Parecia que Michael estava hipnotizado pela possibilidade de repetir o sensacionalismo, deixando os próprios sentimentos de lado. Mas parecia cada vez mais distante pode convencê-lo do contrário.

“Mr. Lorne quer repetir o sucesso!”

Explodindo:

“Michael, isso é um crime!”

O sorriso cínico e inalterado do amigo aumentou a perplexidade de Bob.

“E a pornografia? Também não é um crime?”

Tentando contornar:

“É diferente, Michael. Os filmes pornográficos são feitos para casais entediados, ou pessoas solitárias. Gente que precisa de estímulo para o ato mais importante da vida. No fundo, sua função é até benéfica. Os médicos mesmos aconselham…”

“Isso é conversa fiada, Bob. Uma coisa não desculpa a outra.”

É, não havia mesmo jeito. Bob pensou um pouco, tentando desemaranhar a confusão que se instalara em sua cabeça. Meio minuto depois, tomou a decisão:

“Está certo. Mas eu não me meto neste negócio!”

Michael acabou de servir-se de um uísque no barzinho, e já voltou ao amigo. Mantendo o mesmo sangue frio. Antes do primeiro fole:

“Você já está metido em nossos negócios até o pescoço! Eu estou aqui para realizar um filme deste tipo, e é o que vou, ou melhor, vamos fazer!”

 

fim do primeiro capítulo de “Snuff – Vítimas do Prazer” de Claudio Cunha (editora MEK, editor Minami Keizi, 120 páginas, meados dos anos 80).

Veja o filme aqui:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Boca do Lixo Style: Download do Sexo Sangrento

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“Vadias do Sexo Sangrento” (2008, 30 min.) escrito, fotografado, produzido e dirigido por Petter Baiestorf. Maquiagens gore de Carli Bortolanza. Edição de Gurcius Gewdner. Com: Ljana Carrion, Lane ABC, Coffin Souza, PC, Jorge Timm e Petter Baiestorf.

lane-abc-chainsaw-em-vadias-do-sexo-sangrentoAo elaborar o “Arrombada – Vou Mijar na Porra do seu Túmulo!!!” (2007), já pensei numa espécie de trilogia da carne, que se seguiu com este “Vadias do Sexo Sangrento” (2008) e “O Doce Avanço da Faca” (2010). Todos com duração de média-metragens para, num futuro próximo, relançá-los como um longa em episódios intitulado “Gorechanchada – A Delícia Sangrenta dos Trópicos”. Inclusive neste ano de 2016 realizei uma exibição deste projeto “Gorechanchada” no Cinebancários de Porto Alegre com grande participação de público, como todos que ali estavam já conheciam os filmes rolou aquele climão de algazarra que tanto faz com que as sessões Canibal Filmes sejam a diversão que são.

ljana-carrion-coffin-souza-em-vadias-do-sexo-sangrento“Vadias” foi filmado no início do inverno de 2008 em 4 dias de filmagens e um orçamento de R$ 5.000,00. Reuni praticamente a mesma equipe de “Arrombada” (que já estava afinada) acrescida de Lane ABC e Jorge Timm (que não estava no elenco do filme anterior por estar em Tocantins). Com um roteiro melhor em mãos, cheio de metalinguagem (tentando avançar nas ideias que estava desenvolvendo na época em produções como “Palhaço Triste” (2005) e “A Curtição do Avacalho” de 2006) e pouca abertura para improvisações, fomos pro Rancho Baiestorf rodar um filme que deveria parecer improvisado do início ao fim (gosto da leveza que o clima de improvisação dá numa produção).

vadias-do-sexo-sangrentoNão lembro de nenhum contra tempo nas filmagens de “Vadias”. Foi um daqueles raros casos em que tudo deu certo e não tivemos problemas. Filmávamos apenas durante o dia (acho que apenas duas ou três seqüências que foram filmadas à noite) e ao anoitecer rolava um jantar regado à muita bebida, o que deixava a equipe e elenco bem descontraídos. O frio ainda não estava castigando, o que foi essencial para manter o bom humor do elenco que passava 90% do tempo pelado pelo set. Amo filmar com equipe reduzida, 12 pessoas no set (incluindo elenco) é o que considero o ideal, bem diferente de “Zombio 2” onde tivemos 72 pessoas trabalhando sem parar durante 23 dias.

ljana-baiestorf-e-coffin-em-vadias-do-sexo-sangrentoO lançamento do filme rolou num esquema muito parecido com o que já havíamos feito com o “Arrombada” e o relançamento de “Zombio” (1999). Desta vez resgatamos e re-editamos o policial gore “Blerghhh!!!” (1996) para relançar e completar o programa das exibições. Logo nos primeiros meses computamos 5 mil espectadores para o filme (em salas alternativas, cineclubes e mostras independentes) e as vendas do DVD duplo do filme foram de quase mil cópias. Possibilitou a produção de “Ninguém Deve Morrer” (2009) e a parte final da trilogia, “O Doce Avanço da Faca” (2010).

Todas as histórias de filmagens de “Vadias” irei contar no livro de bastidores que estou elaborando. Aguardem!!!

Para ler o roteiro de Vadias do Sexo Sangrento.

Para baixar VADIAS DO SEXO SANGRENTO.

Comprar DVD duplo de “Vadias do Sexo Sangrento” com extras e inúmeros curtas da Canibal Filmes de brinde, entre na loja MONDO CULT.

por Petter Baiestorf.

Fotos de bastidores de Vadias:

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Lane ABC e Ljana Carrion.

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Filmagens tão animadas que todos dançavam o tempo inteiro.

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Sangue cor de rosa.

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Bortolanza preparando o elenco.

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Ljana Carrion.

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Lane ABC, Ljana, Bortolanza e Jorge Timm.

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Lane, Ljana e Bortolanza.

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Jorge Timm.

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Lane e Ljana.

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Tapando as vergonhas.

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Souza e Ljana prontos para filmar.

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PC sendo preparado por Bortolanza para a massagem anal.

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PC tento prazeres incontroláveis com a massagem anal.

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Claudio Baiestorf cuidando das motosserras.

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Lane e Souza in Brazilian Chainsaw Massacre.

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Eu olhando pro pinto de Souza.

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Bortolanza, PC e Jorge Timm: Equipe dos sonhos delirantes.

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“Me dê uma expressão de horror!”

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Carli Bortolanza.

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Souza olhando pro pinto de PC.

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Elio Copini, Souza e Timm fiscalizando o orifício pomposo de PC.

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Jorge Timm pronto para receber Lane ABC em seu interior.

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Lane ABC autografando a barriga de Jorge Timm.

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Eu subindo numa árvore para tomadas aéreas.

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Eu tentando descobrir ângulos.

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Kiss me Quick!

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Kiss Me Quick! (1964, 66 min.) de Peter Perry Jr. Com: Max Gardens, Frank A. Coe, Jackie De Witt, Claudia Banks, Althea Currier e Pat Hall.

Kiss me Quick5.jpgEste nudie cutie clássico sintetiza tudo que o fã de filmes obscuros busca: é alucinado, é nonsense, é bobo e, por isso mesmo, é diversão despretensiosa o tempo todo (algo em voga naqueles anos de 1960 com lindezas do porte de “Nude on the Moon” (1961) de Doris Wishman ou “House on Bare Mountain” (1962) de Robert Lee Frost). Neste “Kiss Me Quick!” temos um tiquinho de história que é mero pretexto para que lindas garotas terráqueas fiquem peladas. Sterilox (Frank A. Coe) é o assexuado embaixador de um distante planeta que chega à Terra em busca de fêmeas para reprodução e cai nas mãos de um cientista louco (Max Gardens) que faz um tratamento no alienígena frígido com deliciosas robôs sexys que dançam sem parar ao redor do estranho visitante espacial acompanhadas do Drácula e do Monstro de Frankenstein (entre as garotas peladas está Althea Currier que trabalhou com Russ Meyer no Clássico “Lorna”, produção do mesmo ano).

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Harry H. Novak

A fama de “Kiss Me Quick!” veio da distribuição certeira que o lendário (recém entrando no mercado de distribuição) Harry H. Novak conseguiu para o filme nos drive-ins e pulgueiros exibidores (as grindhouses originais). Novak, que havia iniciado sua carreira trabalhando no escritório do estúdio da RKO e sabia da importância de um bom título chamativo para o sucesso de uma obra exploitation, pegou o “Dr. Breedlove or How I Learned to Stop Worrying and Love” (que tentava capitalizar no “Dr, Strangelove” (1963) de Stanley Kubrick) e mudou seu título para “Kiss Me Quick!” para aproveitar o sucesso do recém lançado “Kiss Me, Stupid/Beija-me, Idiota” (1964) de Billy Wilder e, assim, lotou as salas que exibiam a vagabundagem de Perry Jr. Novak, sempre com bons contatos no mundo do cinema, foi o responsável direto pelo sucesso no circuito exibidor americano de obras como “The Agony of Love” (1965) de William Rotsler, com Pat Barrington no elenco; “My Body Hungers” (1967) de Joe Sarno e “Fandango” (1969) de John Hayes. Também foi o produtor de inúmeros roughies que marcaram época, porém, antes de entrar de cabeça no sexploitation explorou outros temas. “Mondo Mod” (1967) de Peter Perry Jr., por exemplo, se tornou obra de culto por trazer os primeiros vislumbres do surf e subculturas bikers do kiss1sul da Califórnia. Outros sucessos produzidos por Novak foram “The Toy Box” (1971) de Ronald Víctor Garcia, sobre algumas pessoas participantes de uma festa bizarra; “The Pig Keeper’s Daughter” (1972) de Bethel Buckalew; “Please Don’t Eat My Mother!” (1973) de Carl Monson, sátira pornô tardia para o clássico “The Little Shop of Horrors/A Pequena Loja dos Horrores” (1960) de Roger Corman e “Wham! Bam! Thank You, Spaceman!” (1975) de William A. Levey, diversão sobre dois aliens que vem ao planeta Terra com a missão de engravidar o maior número possível de terráqueas. Novak, quando necessário, chegou a dirigir partes de suas produções. Quando “A Scream in the Streets” (1973) de Carl Monson empacou, ele mesmo dirigiu algumas cenas enquanto Dwayne Avery e Bethel Buckalew filmavam o resto. E na década de 1980, usando o pseudônimo de H. Hershey, dirigiu em parceria com Joe Sherman, kiss3dois pornôs: “Inspirations” (1983) e “Moments of Love” (1984), ambos estrelados pelo lendário Ron Jeremy. Para saber mais sobre este magnífico homem do cinema americano veja os documentários “Sultan of Sexploitation, King of camp” (1999), produção da distribuidora Blue Underground, e o obrigatório “Schlock! The Secret History of American Movies” (2001) de Ray Greene que, além de Novak, traz artistas como Vampira, Samuel Z. Arkoff, Dick Miller, Roger Corman, Forrest J. Ackerman, David F. Friedman, Doris Wishman, H. G. Lewis, Russ Meyer, Gene Corman, entre muitos outros, falando sobre a época de ouro do cinema americano.

Saiba mais sobre o exploitation americano assistindo o documentário abaixo:

 

kiss-me-quick4Como curiosidade “Kiss Me Quick!” traz Frank A. Coe atuando, que depois do filme se especializou em efeitos sonoros de produções classe Z (trabalhou com Ray Dennis Steckler em “Lemon Grove Kids Meets the Monsters” de 1965 e “Blood Shack”, de 1971) e pornôs (“SexWorld”, 1978, de Anthony Spinelli, teve o som feito por ele). E o diretor de fotografia László Kovács, que aprendeu tudo que sabia em produções vagabundas do porte de “Kiss Me Quick!”, passou para o primeiro time de Hollywood após trabalhar em “Easy Rider/Sem Destino” (1969) de Dennis Hopper e assinou a fotografia de filmes como “Ghost Busters/Os Caça-Fantasmas” (1984) de Ivan Reitman; “Free Willy 2” (1995) de Dwight H. Little e “Miss Congeniality/Miss Simpatia” (2000) de Donald Petrie, bomba estrelada pela sebosa Sandra Bullock. Kovács é mais um exemplo de que a criatividade e talento estão nas produções bagaceiras e os grandes estúdios estão apenas aguardando o momento certo para apagar a criatividade destes geniais técnicos. Azar de quem cai nas garras de Hollywood.

Por Petter Baiestorf.

Veja o trailer de Kiss me Quick! aqui:

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Pelados para Satanás

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on novembro 2, 2016 by canibuk

Nuda Per Satana (“Nude For Satan”, 1974, 82 min.) de Luigi Batzella (sob pseudônimo de Paolo Solvay). Com: Rita Calderoni, Stelio Candelli e James Harris.

nuda-per-satanaUm médico (Candelli) em viagem pelo campo encontra uma mulher (Rita Calderoni) inconsciente em seu carro acidentado e, em sua busca por ajuda, chegam até um castelo isolado onde um espelho lhes mostra o lado negro de suas almas numa eletrizante aventura macabra-sexual que pede que você, espectador, desligue a lógica e se divirta. “Nuda Per Satana” é uma produção de baixo orçamento que conseguiu criar uma atmosfera bem pesada para seu horror experimental, quase surreal, funcionar dentro de suas limitações. Os créditos iniciais sobre o capô de um fusca são ridículos, o acidente de carro, logo em seguida, é sem noção (ouve-se o barulho do carro batendo e um pneu rola pela estradinha de terra, depois o carro é revelado sem nada estragado, nem o pneu que rolou está faltando), mas a ambientação no castelo com sua narrativa cheia de inserções de sexo explícito, seus incontáveis zoons sem razão de existirem, câmera desfocada, cortes secos e ritmo de pesadelo satânico fazem do filme uma diversão de primeira grandeza (em vários momentos lembra as produções do espanhol Jesus Franco).

nude_for_satan_titlesLuigi Batzella, um cineasta italiano medíocre geralmente comparado ao americano Edward D. Wood Jr., nasceu em 1924 (e faleceu em 2008) e fez a maioria de seus filmes usando o pseudônimo de Paolo Solvay. Como todo bom cineasta classe Z produziu filmes nos mais variados gêneros na vã tentativa de capitalizar uns trocados com gêneros que estavam na moda. Estreou como diretor com o drama “Tre Franchi di Pietà” (1966) usando o pseudônimo de Paul Hamus e estrelado pelo ator Gino Turini (dos clássicos “L’Amante Del Vampiro/The Vampire and the Ballerina” (1960) de Renato Polselli e “Il Boia Scarlatto/Bloody Pit of Horror” (1965) de Massimo Pupillo). Começou os anos de 1970 tentando ganhar dinheiro com westerns e realizou “Anche Per Django le Carogne Hanno um Prezzo” (1971); “Quelle Sporche Anime Dannate” (1971) e “La Colt Era il Suo Dio/O Colt era o Seu Deus” (1972), os três estrelados por Jeff Cameron e que passaram desapercebidos da audiência dos bangüê bangüês. Com Rosalba Neri (a Lisa do Cult “The Castle of Fu Manchu” (1969) do gênio Jesus Franco) e Mark Damon (de inúmeros spaghetti westerns) realizou a comédia ligeira “Confessioni Segrete di um Convento di Clausura” (1972) e entrou de cabeça no horror com “Il Plenilunio Delle Vergini/O Castelo de Drácula” (1973), um lixo cinematográfico que fez com que Rosalba usasse o pseudônimo de Sara Bay. Depois de “Nude Per Satana” Batzella despirocou de vez e passou a fazer filmes ainda mais selvagens como “Kaput Lager – Gli Ultimi Gioni Delle SS/Achtung! The Desert Tigers” (1977), um delicioso nazixploitation onde o nazista chefe de um campo de concentração sente prazer chicoteando as prisioneiras e “La Bestia in Calore/SS Hell Camp” (1977), outro nazixploitation repleto de garotas nuas e atrocidades (tanto sexuais, quanto cinematográficas), produções essas onde assinou a direção com o pseudônimo de Ivan Kathansky. Com seu filme de ação “Strategia Per uma Missione di Morte” (1979), estrelado por Richard Harrison e Gordon Mitchell, a distribuidora francesa usou o pseudônimo de A. M. Frank nas cópias, mesmo pseudônimo usado nas cópias francesas de alguns filmes de Jesus Franco, a exemplo do maravilhoso “La Tumba de los Muertos Vivos/Oasis of the Zombies” (1982, lançado em DVD no Brasil pela distribuidora Vinny Filmes com o título de “Oásis dos Zumbis”), provando que quando você produz uma série de lixo cinematográficos é melhor plantar o caos e a confusão na mente do espectador para fazê-lo continuar a consumir suas obras. Seu último filme como diretor foi o inacreditavelmente hilário bruceploitation “Challenge of the Tiger” (1980) estrelado por Bruce Le (um clone do lendário Bruce Lee, nascido como Kin Lung Huang, responsável por pérolas do quilate de “Zui She Xiao Zi/Bruce Lee – King of Kung Fu” (1982), co-dirigido por Darve Lau, e “Bruce the Super Hero” (1984), que também trás Bolo Yeung no elenco) e que conta a história de dois agentes da CIA lutando contra um grupo neonazista. Nos USA a Mondo Macabro lançou “Challenge of the Tiger” num DVD Double Feature com “For Your Eight Only” (1981), clássico estrelado pelo anão Weng Weng e dirigido por Eddie Nicart. Melhor dupla de filmes num DVD, impossível.

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nuda-per-satana_export“Nuda Per Satana” é estrelado pela bela Rita Calderoni que se especializou em papéis em filmes de suspense e horror de produção duvidosa. Em 1969 esteve no elenco de “La Monaca di Monza/A Monja de Monza” de Eriprando Visconti. Depois de fazer pequenas participações em filmes de diretores conceituados como Ettore Scola, Rita trabalhou no horror “La Verità Secondo Satana” (1972) de Renato Polselli e tomou gosto pelo sangue de groselha. Ainda com Polselli fez o thriller “Delirio Caldo/Delirium” (1972) já em papel principal na trágica história de um médico que se torna o suspeito de uma série de assassinatos e o delirante clássico satânico “Riti, Magie Nere e Segrete Orge Nel Trecento…/The Reincarnation of Isabel” (1973) onde um grupo de vampiros busca o sangue de uma virgem para ressuscitar uma poderosa bruxa. Como europeu aceita de boa a participação de atores e atrizes em filmes adultos, depois de “Nuda Per Satana” Rita esteve no elenco do classudo “Anno Uno” (1974), drama sério e com boa produção sobre a reconstrução da Itália pós o regime fascista dirigido por Roberto Rossellini.

nude-for-satanJá Stelio Candelli, o canastrão herói mal dirigido de “Nuda Per Satana, é outra figura muito conhecida dos fãs de horror europeu. Em 1965 esteve no elenco do sci-fi gótico “Terrore Nello Spazio/O Planeta dos Vampiros” de Mario Bava, que também trazia em seu elenco a brasileira Norma Bengell. Em 1972 estrelou o suspense “La Morte Scende Leggera” do diretor Leopoldo Savona. Versátil como todo ator europeu, esteve no elenco de “From Hell to Victory” (1979), filme de guerra dirigido pelo especialista em filmes baratos Umberto Lenzi; “La Cage Aux Folles II/A Gaiola das Loucas 2” (1980), comédia homossexual de Édouard Molinaro que marcou época; e voltou ao gênero horror pelas mãos de Lamberto Bava em “Dèmoni/Demons – Filhos das Trevas” (1985).

Infelizmente “Nuda Per Satana” continua inédito em vídeo no Brasil (mas claro que ele é relativamente fácil de ser encontrado para download nestes tempos de mundo virtual).

escrito por Petter Baiestorf para o livro “Arrepios Divertidos”.

Assista “Nuda per Satana” aqui:

Blood Sabbath

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Blood Sabbath (1972, 86 min.) de Brianne Murphy. Com: Anthony Geary, Dyanne Thorne, Susan Damante, Sam Gilman, Steve Gravers, Kathy Hilton, Jane Tsentas e Uschi Digard.

Um veterano do Vietnã está viajando a pé pelos USA quando sofre um acidente e é encontrado por uma ninfa d’água por quem se apaixona. Alotta (Dyanne Throne), a rainha das bruxas e inimiga da ninfa d’água quer o jovem soldado para ela e, com seu clã de feiticeiras, seduz não só o soldado como, também, um padre e Lonzo, um andarilho da floresta que abrigou o soldado em sua casinha.

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Filmado em apenas 10 dias, “Blood Sabbath” é uma grande diversão que não se leva a sério em momento algum. O roteiro é todo furado, todas as atrizes ficam peladas o tempo todo, o trabalho de câmera é toscão e os diálogos nonsenses foram captados num sistema de som extremamente vagabundo, bem no clima das produções sem grana que produtores exploitations realizavam de qualquer jeito no início dos anos de 1970 para suprir a demanda por lixos cinematográficos em drive-ins e grindhouses.

blood_sabbath2“Blood Sabbath” foi dirigido pela atriz inglesa Brianne Murphy em clima de curtição (o filme parece uma grande brincadeira de amigos). Em 1960 Brianne atuou em “Teenage Zombies” de Jerry Warren e se apaixonou pela produção vagabunda americana (tendo se casado com o ator/produtor/diretor Ralph Brooke que concebeu asneiras como “Bloodlust!” de 1961). Ainda no início da década de 1960 se tornou diretora de fotografia e trabalhou em filmes de Hollywood como “Fatso” (1980) de Anne Bancroft e inúmeras séries de TV. Curiosidade: Brianne foi a primeira diretora de fotografia a trabalhar num grande estúdio de Hollywood (a função é dominada por homens).

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Ainda na equipe técnica de “Blood Sabbath” encontramos Lex Baxter assinando (como Bax) a trilha sonora do filme. Com mais de 100 trilhas nas costas, Baxter já havia trabalhado em filmes como as produções de baixo orçamento “The Bride and the Beast” (1958), de Adrian Weiss, e realizações da A.I.P., muitas dirigidas por Roger Corman, como “House of Usher/O Solar Maldito” (1960); “Tales of Terror/Muralhas do Pavor” (1962) e “The Raven/O Corvo” (1963).

blood-sabbath_frame2No elenco vemos Dyanne Thorne se divertindo horrores no papel da bruxa Alotta. Nascida em 1943 se tornou atriz e surpreendeu no softcore “Sin in the Suburbs” (1964) de Joe Sarno. Sempre adepta das produções de baixo orçamento esteve no pequeno clássico da ruindade “Wham! Bam! Thank You, Spaceman!” (1975), de William A. Levey, e entrou definitivamente para a história do cinema vagabundo ao encarnar a oficial nazista Ilsa em uma série de nazixploitations de Don Edmonds com “Ilsa: The She Wolf of the SS” (1975); “Ilsa, Harem Keeper of the Oil Sheiks” (1976) e “Ilsa the Tigress of Siberia” (1977), desta vez dirigida por Jean LaFleur (sem contar “Greta Haus Ohne Männer/Ilsa – The Wicked Warden” (1977), uma picaretagem do Jesus Franco). Sem nunca ter se livrado da personagem Ilsa, Dyanne Thorne apareceu em “House of Forbidden Secrets” (2013), produção do videomaker Todd Sheets, onde contracenou com Lloyd Kaufman da Troma. Entre as garotas peladas de “Blood Sabbath” encontramos ainda Jane Tsentas (atriz em mais de 40 sexploitations, incluindo deliciosas bobagens como “The Exotic Dreams of Casanova” (1971) de Dwayne Avery e “Terror at Orgy Castle” (1972) do especialista em satanismo retardado Zoltan G. Spencer), Kathy Hilton (atriz em mais de 60 produções, incluindo “Sex Ritual of the Cult” (1970) de Robert Caramico, um filme satânico tão imbecil quanto “Blood Sabbath”; “The Toy Box” (1971) de Ron Garcia e “Invasion of the Bee Girls/Invasão das Mulheres Abelhas” (1973) de Denis Sanders) e, segundo o site IMDB, Uschi Digard (atriz que dispensa apresentações aos fanáticos por filmes bagaceiros), que não consegui identificar na cópia ruim que tenho do inacreditável “Blood Sabbath”.

Por Petter Baiestorf para seu livro “Arrepios Divertidos”.

Assista “Blood Sabbath” aqui:

Chapado

Posted in Cinema, download, Manifesto Canibal, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 12, 2016 by canibuk

Chapado (1997, 30 min.) Escrito, Produzido, Estrelado e Dirigido por Petter Baiestorf, Coffin Souza e Marcos Braun. Também estrelando: Jorge Timm no papel de Tor Johnson.

Sinópse: Três michês resolvem se trancar dentro de um filme e ficam se utilizando de todo tipo de drogas em loop toda vez que algum cinéfilo voyeur insiste em ficar tentando entender suas desventuras com as drogas e cinema.

chapado20 anos atrás, em meados de 1996, Coffin Souza e Marcos Braun se reuniram comigo para elaborarmos um roteiro sem começo, meio e fim que simplesmente mostrasse um grupo de amigos se chapando sem qualquer tipo de moralismo ou explicações. Então, ao invés de escrevermos um roteiro, ficamos sentindo as drogas e o álcool durante um mês e registrando sem nos preocuparmos com a narrativa e com o público. A ideia era deixar correr e, depois, ver no que ia dar.

Por motivos mais do que óbvios, não lembro direito das filmagens. Sei que ficamos uns 6 meses nesta experiência lisérgica colhendo material para montar um filme e experimentando sentimentos diversos. Filmamos no Oeste de Santa Catarina, interiorzão do RS e acabamos realizando algumas cenas em Porto Alegre.

digitalizar0027Mas as filmagens tiveram vários momentos divertidos. Antes de começar a experiência fomos até numa festa tradicional da região Oeste e vimos uma iluminação dando sopa num stand de uma concessionária de carros e resolvemos roubar pela curtição de fazer algo errado. E lá fomos Braun e eu completamente grogues de uísque roubar  a luz, só que saímos correndo com ela sem perceber que ainda estava plugada numa tomada, fazendo o maior estardalhaço, com seguranças correndo atrás de nós e o Jorge Timm bêbado com o carro, onde iríamos entrar, em zigue e zague na nossa frente. Depois que iniciamos as filmagens, quase fui atropelado ao filmar sobre a ponte do Rio Uruguai, na divisa entre os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A cena em questão não estava sendo gravada ainda, mas depois simulamos novamente para ter o momento no filme (essa cena simulada está no filme). Neste mesmo dia também me pendurei numa escada enferrujada – e quase soltando – que havia no meio da ponte.

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Como queríamos uma cena de impacto no filme, resolvemos invadir um cemitério e cavar uma tumba por lá (vazia, lógico, não somos tão retardados assim). Só que chegando no cemitério avistamos uma cruz gigante e então acabamos realizando uma performance festiva nesta cruz gigante – cena que está no filme – que diz muito sobre o que achamos que qualquer tipo de religião faz com o povo. Assim que terminamos de filmar essa cena apareceu um cortejo fúnebre no cemitério, foi engraçado a gente saindo de fininho com pás, enxadões e o ator se vestindo. Talvez tenhamos traumatizado aquela família que só queria enterrar um ente querido. Em tempo: Os créditos de “Chapado” foram inseridos na metade do filme, então para ver essa cena da cruz é só continuar assistindo o filme pós os créditos finais.

“Chapado” nunca foi oficialmente exibido em lugar nenhum, sabemos que não é um filme para qualquer audiência. Mas foi feito e adquiriu vida própria, então volta e meia alguém que viu ele nos tempos do VHS (ele era comercializado numa fita junto do “Bondage 2 – Amarre-me, Gordo Escroto!!!“) me comenta que curte ficar sentindo o filme enquanto fuma um. Em DVD ele faz parte do DVD “Festival Psicotrônico Vol. 1”.

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Se você quiser conhecer o filme, pode baixar clicando no nome do filme: CHAPADO. Claro que é bem possível que você venha a odiar essa produção e achar que perdeu meia hora de sua vida (caso seja um destes fãs de cinemão de Hollywood). É só um filme pra ser sentido, como se fosse uma vídeo poesia das mais feias e cretinas – porque poetas, necessariamente, não tem a obrigação de serem bonzinhos e compreensivos.

Falta de lembranças de Petter Baiestorf.

Dei sequencia a essas experiências em 2005 com o filme “Palhaço Triste” que você pode assistir online:

Baixe a Praga Zumbi aqui e Boas Festas na Alegria Gorechanchadesca

Posted in Cinema, download, Manifesto Canibal, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 6, 2016 by canibuk

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Zombio (1999) é considerado o primeiro filme autenticamente brasileiro de zumbis*, então nada mais natural do que reunir a mesma equipe 14 anos depois, acrescida de novos talentos da gorechanchada celebrada pela Canibal Filmes,e realizar a continuação daquela modesta produção fundo de quintal.

Veja trailer de “Zombio” aqui:

Zombio 2: Chimarrão Zombies” surgiu quase que por acidente. Eu vinha de projetos frustrados nos últimos 2 anos (em 2011 abortei o projeto “Páscoa Sarnenta”, longa episódico, por falta de dinheiro – mas tudo foi registrado pelo cineasta Felipe M. Guerra e pode virar um documentário ainda –  e em 2012 foi extremamente caótico, quando tentei produzir dois médias – “Rabo por Rabo” e “Psicose Tropical” – que nem saíram do papel) e dois fatores me influenciaram a produzir “Zombio 2”:

1- O lançamento em DVD de “Zombio 1” nos USA (que depois foi suspenso porque a distribuidora fechou);

2- Em 2012 fui ator no longa-metragem “Mar Negro”, de Rodrigo Aragão, e numa pausa das filmagens falei zoando que ia voltar pra Santa Catarina e produzir um longa de zumbis pra lançar no mesmo final de semana de “Mar Negro”.

zombio-2_cartazSó que fiquei matutando a ideia na cabeça e percebi que havia a possibilidade de conseguir realizar “Zombio 2” a tempo de lançar junto com “Mar Negro” durante o FantasPoa de 2013, fazendo uma espécie de dobradinha “Tropical Zombies” made in Brazil pra gringo ver. Só com a ideia na cabeça falei com os Fantaspoas (Nicolas e JP) e eles guardaram uma data pro lançamento. Então fiz um poster bagaceiro pra registrar a ideia e Leyla Buk desenhou o Storyboard de uma cena que eu iria incluir no roteiro – ainda não escrito – e comecei a reunir investidores e a equipe-técnica para 2 blocos de filmagens (que juntos representaram 23 dias de trabalhos duros). É uma tensão muito grande você ter até data de lançamento de um filme já confirmada e ainda não ter roteiro, nem dinheiro, nem equipe, nem data para iniciar as filmagens, mas foi um exercício de produção interessante.

zombio-2-pEntre dezembro de 2012 e janeiro de 2013, escrevi o roteiro, consegui 9 produtoras para me apoiarem financeiramente e com equipamentos – El Reno Fitas, Camarão Filmes e Ideias Caóticas, SuiGeneris Filmes, Bulhorgia Produções, Shunna, Fábulas Negras Produções, Necrófilos Filmes, Zumbilly e Gosma – e levantei uns 40 mil reais. Em fevereiro já estávamos filmando nossos zumbis tropicais com todas as alegres cores da morte. Entre o primeiro e o segundo bloco achei que não seria possível conseguir finalizar o longa até a data do Fantaspoa (em maio de 2013), porque tivemos que marcar o segundo bloco de filmagens pra abril de 2013. Mas os FantasPoas pediram pra manter a data. Bem, voltamos pro set e terminamos as filmagens, imediatamente após o término voei pro Rio de Janeiro e fiquei trancado com Gurcius Gewdner durante 18 dias montando o filme (ele foi todo filmado com duas câmeras, quase 1 terra de material bruto) e, faltando 3 dias pro lançamento no FantasPoa 2013, conseguimos finalizar o primeiro corte do longa. Foi uma aventura muito divertida.

Veja o trailer de “Zombio 2” aqui:

E agora estou disponibilizando para download uma cópia de “Zombio 2: Chimarrão Zombies”, em baixa qualidade, para que você possa conhecer essa produção que nasceu quase por acaso. Se você quiser o filme em maior qualidade pode comprar pela loja MONDO CULT.

Para baixar o filme, clique no título: ZOMBIO 2: CHIMARRÃO ZOMBIES. E ajude a espalhar essa praga zumbi para todos os cantos do planeta Terra.

Por Petter Baiestorf.

*tem alguns outros filmes de zumbi filmados antes de Zombio (1999), mas são produções que não saíram de suas cidades. Eu mesmo, em 1993, havia lançado “Criaturas Hediondas” onde um zumbi marciano dá as caras. Em 1996 criei um zumbi sedento por drogas no “Blerghhh!!!” (cujo diário de filmagens você pode ler clicando aqui). Mas Zombio foi o primeiro com hordas de mortos-vivos podres comendo pessoas explícitamente, como num bom filme de Lucio Fulci.

Remake, Remix, Rip-Off: Cem Kaya fala sobre o Inspirador Cinema Popular Turco

Posted in Cinema, Entrevista with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 3, 2016 by canibuk

“Remake, Remix, Rip-Off: About Copy Culture & Turkish Pop Cinema” (2014, 96 min.), de Cem Kaya, ganha exibição neste dia 04 de outubro no Interzona Cineclube (Cine Odeon, Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro, no Rio de Janeiro), às 20:30 com ingresso online sendo vendido aqui no CCLSR.

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“Remake, Remix, Rip-Off” conta a história do Cinema Turco entre as décadas de 1960 e 1970, quando a  Turquia ostentava o título de um dos maiores polos produtores de cinema do mundo, apesar de sua indústria de cinema sofrer de um déficit criativo crônico: a falta de roteiristas. A fim de manter o fluxo de filmagens, produtores turcos copiavam roteiros e argumentos de produções internacionais. Assim, para qualquer título de sucesso, como Tarzan, Drácula ou Star Trek, passou a existir uma versão turca. Este documentário nos apresenta a época de ouro do cinema popular turco, quando os diretores deviam ser rápidos e os atores resistentes.

Aproveitando essa exibição no Rio de Janeiro entrei em contato com o diretor Cem Kaya e solicitei uma entrevista sobre seu documentário e a indústria cinematográfica turca e fui prontamente atendido. Cem Kaya é extremamente simpático e seu filme, “Remake, Remix, Rip-Off” um dos mais divertidos e inspiradores documentários que tive o prazer de assistir nos últimos tempos. O cinema Turco e o cinema brasileiro são irmãos bastardos e possuem muitas coisas em comuns, como Kaya atesta na entrevista.

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Cem Kaya

Baiestorf: Sou um grande fã do cinema realizado na Turquia entre os anos 60 e 80 e seu documentário expandiu ainda mais  meus horizontes de cinéfilo. Como surgiu a idéia de documentar este período do cinema de seu país?

Cem Kaya: Eu nasci na Alemanha, em uma comunidade de trabalhadores expatriados turcos na década de 70. Então, não assisti os Yesilçam movies nos cinemas da Turquia e sim em VHSs lançados na Alemanha. Por falta de conteúdo turco na TV alemã, o surgimento dos aparelhos de VHS abriu um imenso mercado para distribuidores de filmes turcos. Vídeo clubes surgiram em todos os lugares. Meu padrasto, que tinha uma mercearia, possuía num cantinho uma sessão de vídeos turcos. Então tive acesso imediato a estes filmes. Nestas lojas não havia somente filmes turcos, mas também muitas produções de Bollywood e Hong Kong dubladas em turco. Os filmes turcos eram de todos os tipos, de melodramas em preto e branco dos anos 60, passando por comédias sexuais dos anos 70, ultra brutais filmes de vingança tipo os dirigidos por Çetin Inanç nos anos 80, até filmes de arte de diretores como Yilmaz Güney. Anos mais tarde, na faculdade, escrevi minha tese de mestrado sobre remakes turcos e, a partir de minha pesquisa acadêmica, desenvolvi o roteiro de “Remake, Remix, Rip-Off”.

Baiestorf: Parece-me que há muitas produções deste período ainda esperando parar serem descobertas pelo resto do mundo.

 

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Kaya: O Turkploitation é conhecido por seus notórios remakes, ou reinterpretações como “3 Dev Adam”, “Star Wars Turco” ou o “Turkish Exorcist”. Mas há muito mais remakes ou re-imaginações turcas do que se pode imaginar, porque os roteiristas trabalhavam muito remodelando as histórias. As vezes, assistindo um filme, eu acho que sei para onde a história vai ir, mas, em certo ponto, há uma torção e, de repente, estou numa nova história. Além disso há alguns diretores, não tão cultuados quanto Çetin Inaç ou Yilmaz Atadeniz (que nós amamos), que devemos assistir duas vezes. Um deles é Yilmaz Duru que realmente tinha estilo próprio, outro é Cevat Okçugil (e seu irmão Nejat Okçugil) e meu diretor favorito no cinema turco, Aykut Düz. Por exemplo, há um filme de Aykut Düz chamado “Muhtesem Serseri” (“O Maladro Grandioso”) que nada mais é do que um remake de “3:10 to Yuma” (“Galante e Sanguinário”, 1957) misturado com “Midnight Run” (“Fuga À Meia-Noite”, 1988) que foi lançado no mesmo ano. Ele se desenvolve na Turquia contemporânea  e é engraçadíssimo porque a dupla de atores do filme ((Cüneyt Arkin e o próprio Aykut Düz) e comportam como Terence Hill e Bud Spencer. Os diálogos são hilários e as filmagens beiram o documentário, retratando fielmente os distritos de Luz Vermelha em Istanbul. Você não encontra este filme nas listas de remakes turcos.

 

Baiestorf: Foi fácil encontrar e convencer os velhos cineastas à darem depoimentos? Aqui no Brasil a velha geração de cineastas fica desconfiada quando novos cineastas tentam entrevista-los.

Kaya: A maioria dos cineastas foram bastante amigáveis e estavam prontos para contar suas histórias. O Yesilçam Cinema é considerado cinema industrial convencional sem valor artístico. Então, quando um cara vem da Alemanha e está seriamente interessado em registrar este cinema, mesmo os céticos ficam lisonjeados e aceitam dar entrevista. Fizemos uma centena de entrevistas, das quais cerca de cinquenta estão no filme. Talvez no Brasil também tenha que vir alguém de fora registrar o cinema popular brasileiro.

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Baiestorf: É possível você apresentar um pouco da indústria cinematográfica turca para os cinéfilos do Brasil.

Kaya: Mesmo com o atraso em vários aspectos culturais do Império Otomano, os equipamentos cinematográficos chegaram cedo ao país através de um empresário chamado Sigmund Weinberg  . Mas infelizmente o cinema não se desenvolveu completamente até a década de 1950. Escolas de cinema não existiram até meados de 1970, ironicamente, surgiram num momento em que o Yesilçam Cinema entrou em crise. Aprender a fazer cinema só era possível artesanalmente ou assistindo a produções estrangeiras que eram exibidas dubladas nos cinemas das grandes cidades. Na década de 30 existiu apenas um diretor, Muhsin Ertugrul, que teve alguma educação sobre cinema no exterior. Na década de 40 alguns novos cineastas surgiram, como Baha Gelenbevi e Faruk Kenç, mas estes tiveram que lidar com os efeitos econômicos da segunda guerra mundial que tiveram um grande impacto na Turquia. Existem três razões principais pelas quais uma indústria cinematográfica como a de Yeşilçam possa surgir do nada:

1- Em 1948 o imposto de entretenimento foi reduzido para os filmes turcos, mas não para os filmes estrangeiros. Então a produção de filmes tornou-se lucrativa;

2- O governo do Partido Democrático (eles não eram democráticos em tudo), na década de 1950, estimulou a economia e levou eletricidade para muitas regiões da Anatólia, onde, em seguida, vários cinemas surgiram;

3- Os importadores de cinema estrangeiro não tinham redes de distribuição na Anatólia.

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Essas circunstâncias criaram um mercado no interior da Anatólia. Assim, de repente, cineastas turcos tinham de produzir centenas de filmes para o público rural com fome de histórias nacionais. Para ser capaz de alimentar o mercado, o cinema de Yesilçam (que é o nome de uma rua em Istanbul onde as empresas tiveram seus escritórios, comparável a Boca do Lixo paulista) teve de produzir histórias rápidas e baratas, sob medida para o gosto de seu público rural. Devido a falta de pessoal competente, roteiristas muitas vezes adaptavam histórias que tinham visto em faroestes. Devido a falta de leis e acordos internacionais de direitos autorais, a indústria local estava “autorizada a emprestar” roteiros, trilhas sonoras e, muitas vezes, até mesmo trechos de filmes ocidentais de sucesso que foram, elegantemente, editados com o material filmado pelos cineastas. Quando, por exemplo, tinham de mostrar terremotos, perseguições de carros ou um combate espacial, filmes de sucesso forneciam o material de arquivo. Mas muitos cineastas turcos também fizeram filmes importantes, cineastas como Metin Erksan ou o curdo Yilmaz Güney, produziram filmes de ação baratos e melodramas de doenças terminais para as massas, mas também cinema sério sobre temas socialmente relevantes, a maioria dos quais hoje clássicos do cinema turco. O cinema de Yesilçam teve seu auge na década de 70 com suas comédias sexuais, muito semelhantes à pornochanchada realizada na Boca do Lixo paulista. Dois golpes militares (1971 e 1980), censura severa e, finalmente, com o advento da televisão no final dos anos 60, o cinema foi perdendo força. 1989/1990 são considerados os últimos anos do cinema de Yesilçam. Com o surgimento da TV a cabo uma nova forma de entretenimento apareceu: Os seriados de TV. Turquia, assim como o Brasil, é um dos maiores produtores de novela do mundo.

 

Baiestorf: Assistindo seu documentário temos uma ideia de como os cineastas sofriam com a censura. E nos dias de hoje? Como funciona a censura, há mais liberdade para se fazer filmes?

Kaya: Desde seu início o cinema turco sofreu com a censura. O conselho de censura que foi fundado nos anos 30 tinha de liberar os roteiros e depois conferir os filmes produzidos. Os membros do conselho eram representantes da polícia, militares, o ministério da educação e assim por diante. Assim, os cineastas precisavam pensar em roteiros que fossem aprovados pelo conselho, desnecessário dizer que eles não eram muito corajosos. Eles tinham que ter muito cuidado para não colocar assuntos sociais ou políticos em seus filmes. Nada contra o sistema político poderia aparecer, sob risco de serem considerados propaganda esquerdista e, portanto, proibidos. Muitos filmes estavam autorizados a serem exibidos apenas na Turquia porque o governo temia que eles poderiam denegrir a imagem do país no exterior. Muitos filmes só puderem ser exibidos após terem ganhado processos contra o conselho de censura na suprema corte. A censura hoje é muito pior do que nos tempos do cinema de Yesilçam. Estamos vivendo sob uma ditadura muçulmano radical com agenda neo liberal na Turquia. Todas as formas de cultura (cinema, imprensa, teatro, artes, literatura, até a vida social) estão sofrendo muito com a censura cada vez mais forte. Isso incluí o cinema, do financiamento até a distribuição. É muito triste.

Baiestorf: Você pode contar algo que não está no documentário? Talvez sobre o filme “Dünyayi Kurtaran Adam” (“Star Wars Turco”), que acredito que seja o filme de seu país mais conhecido aqui no Brasil.

tarzan-istanbuldaKaya: “Dünyayi Kurtaran Adam” foi filmado no rescaldo do golpe militar de 12 de Setembro de 1980, quando a Turquia ainda era governada sob lei marcial, assim como nos dias de hoje. Çetin Inanç e sua equipe, no entanto, estavam filmando em Cappadocia que tem uma geografia muito peculiar para se parecer com outro planeta. Nas cenas dentro das cavernas necessitava-se iluminação, mas eles não podia colocar lá a iluminação porque o gerador não funcionava devido a umidade. Então eles decidiram construir um sistema de espelhos que trazia a luz para dentro das cavernas. Você pode perceber, claramente, alguns pontos de luzes em algumas cenas. Çetin Inanç havia construído um cenário para as cenas de efeitos especiais no espaço, mas elas foram destruídas com um vendaval. Após a destruição de seu cenário que ele decidiu usar cenas de “Star Wars” em sua produção. O cérebro por trás das cenas de found footage era Kunt Tulgar, dono de um estúdio de dublagem e diretor de “Supermen Dönüyor” (“Superman Returns”, 1979). Seu pai, Sabahattin Tulgar, era importador de filmes estrangeiros e foi diretor de “Tarzan Intanbulda” (“Tarzan in Istanbul”, 1952). Em seu porão ele tinha os rolos de todos os filmes que importou, um grande tesouro na era não-digital. Desta forma, além de “Star Wars”, eles puderam pegar trechos de “Black Hole” da Disney, “The Magic Sword” (1962) de Bert I. Gordon, alguns italianos de sci-fi menos conhecidos e, até, filmagens da NASA que encontraram em documentários. As fantasias e monstros foram inspiradas pelo filme de Hong Kong “Inframan” (“Zhong Guo Chao Ren”, 1975) de Shan Hua. Conheci o designer do cartaz do filme em Istanbul que me contou que a promoção para o filme era maior do que o habitual. Havia dois cartazes diferentes, um em inglês, o que significa que desde o início eles já planejavam vender para o exterior e, outro, em turco. O filme também teve uma quantidade maior de lobby cards.

Baiestorf: Ao assistir “Remake, Remix, Rip-Off” me dei conta de que a indústria cinematográfica turca e a brasileira são muito parecidas. Como está a produção de filmes hoje? Você poderia indicar ao público brasileiro alguns divertidos filmes atuais?

Kaya: Hoje temos uma produção de filmes de arte, bem diferentes do cinema de Yesilçam. Estes diretores vem de uma tradição que negligencia o cinema de Yesilçam por suas próprias razões. Muitos dos cineastas de cinema de arte de hoje foram inspirados pelos pioneiros do cinema turco independente dos anos 80, como o já mencionado Yilmaz Güney e Ömer Kavur ou, cineastas dos anos 90 como Yesim Ustaoglu e Zeki Demirkubuz. Eles realizaram filmes com pouco dinheiro e equipe reduzida e, mesmo assim, tiveram reconhecimento internacional em festivais de todo o mundo. Os anos 90 foram uma época difícil para os cineastas curdos. Após a implantação da política Islã com o governo islâmico radical AKP no poder, fazer cinema independente está se tornando cada vez mais difícil. Além disso, o cinema comercial e a TV comercial estão florescendo. Diz-se que há mais câmeras Arri em Istanbul do que em toda a Europa. No cinema de gênero “Baskin” (2015), o filme de estreia de Can Evrenol, foi uma verdadeira surpresa. É um filme de horror que atraiu público no mundo todo. O próprio diretor é um fã dedicado do cinema fantástico turco. Outro filme bem divertido que gosto bastante é “Vavien” (2009) dos irmãos Taylan, sobre um cara que quer matar sua esposa com uma abordagem Coen Brothers para a história. Dos documentários turcos gosto de “Bakur” (2015), sobre combatentes do PKK curdo nas montanhas de Kandil ou “Iki Dil Bir Bavul” (2008), sobre um professor de escola primária turca que tenta ensinar a língua turca para crianças curdas, estão entre os dez melhores documentários turcos para se assistir. Outro filme importante é “Tepecik Hayal Okulu” (2015), documentário sobre o diretor Ahmet Uluçay, recentemente falecido, um cineasta único que tem minha simpatia por ser um visionário e possuir uma maneira única de narrar suas histórias. Seu filme de ficção “Karpuz Kabugundan Gemiler Yapmak” (“Boats of Watermelon Rinds”, 2004) é uma ode ao cinema DIY (do it yourself).

Baiestorf: Como está sendo a carreira comercial de seu documentário? Ele foi lançado em muitos países? Sei que foi sensação em várias mostras de cinema pelo mundo.

Kaya: “Remake, Remix, Rip-Off” foi exibido em cerca de cem festivais em todo o mundo, incluindo Locarno, Rotterdam e o Festival de Berlin. Também foi exibido em muitos festivais de cinema de gênero, como Fantastic Fest, Fantasia e Sitges.  No Brasil estávamos no Festival do Rio e outros dois que esqueci o nome (shame on me!). O lugar mais longe em que foi exibido foi no Hawaii e o mais perto (de onde vivo) Munique. Ele também tem uma versão mais curtas exibida na TV alemã ZDF, que também financiou uma grande parte do filme. No momento estamos trabalhando para o lançamento em DVD e, também, lançamentos nas plataformas de VOD.

Baiestorf: Assisti seu filme no festival A Vingança dos Filmes B, em Porto Alegre. Sessão lotada e o público rolando de rir. Foi uma ótima sessão, com o público muito feliz e inspirado ao final da sessão. Cem, obrigado pela entrevista e, mais importante, obrigado por ter feito este documentário tão divertido e informativo.

Kaya: Muito obrigado pra ter a chance falar sobre o meu filme.

Veja o trailer de “Remake, Remix, Rip-Off” aqui:

Quando: dia 04/10, as 20:30 no Odeon.

Interzona Cineclube e Cine Odeon – Centro Cultural Luiz Severiano Ribeiro apresentam a sessão de Remake Remix Rip-Off – O fantástico cinema popular turco!, o sensacional documentário dirigido por Cem Kaya sobre umas das filmografias mais divertidas e ensandecidas do planeta: o cinema popular turco!!

Cultuado por colecionadores e pesquisadores de filme B, é difícil pensar nos turcos sem lembrar em cinema de gênero, especialmente no gênero fantástico. Com poucos recursos, mas ricos em criatividade, nada era impossível para os realizadores destes filmes. Donos de um fazer cinema orquestrado por profissionais apaixonados, acostumaram a trabalhar rápido, com baixo orçamento, muito improviso e em escala industrial.

Nesse liquidificador cultural entrava de tudo: quadrinhos, westerns italianos, novelas pulp, naves espaciais, cientistas malucos, robôs, monstros, super heróis, vilões, vikings, fadas, cowboys, justiceiros, gangsters, dramalhão, muito nonsense e soluções inusitadas devido ao pouco tempo e dinheiro. O resultado desta mistura maluca é a mais pura diversão e inventividade.

A sessão contará com apresentação do pesquisador Fábio Vellozo e um debate após a sessão: “As delicias do maravilhoso cinema popular turco” contando com Fábio Vellozo, Christian Caselli e Gurcius Gewdner, 3 fanáticos pelo mundo maluco e divertido dos cineastas turcos.