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Breaking Point (1975, 95 min.) de Bo Arne Vibenius. Com: Andreas Bellis, Irena Billing, Jane McIntosch e Susanne Audrian.
Bob Bellings (Andreas Bellis) é um executivo que acha que toda interação que tem com as mulheres, mesmo que estranhas, possui conotação sexual. Assim o nada pacato cidadão esquizofrênico começa a fantasiar relações sexuais tornando o público seu cúmplice nas bestialidades que pratica e, sem saber distinguir fantasia da realidade, acaba estuprando e matando mulheres, desembocando numa fuga alucinada cheia de sexo explícito, violência e horror.
Assista o trailer:
Não tão pretensioso quanto em “Thriller – Em Grym Film/Thriller: They Call Her One Eye” (1973), seu filme anterior, Bo Arne Vibenius avançou um pouco nas suas teorias do que seria cinema comercial, desta vez com a pornografia integrada na história indo muito além das cenas de sexo explícito enxertadas (para as cenas de sexo explícito de “Thriller” ele contratou um casal que fazia apresentações de sexo explícito ao vivo em boates de terceira categoria da Suécia). Bo Arne Vibenius nasceu em 1943 na Suécia e iniciou carreira no cinema como assistente de direção de Ingmar Bergman em “Persona” (1966) e “Vargtimmen/A Hora do Lobo” (1968). Trabalhar como assistente do renomado diretor lhe permitiu tentar a produção/direção de seu próprio filme e assim o fez com “Hur Marie Träffade Fredrik” (1969), uma fantasia familiar que foi um tremendo fracasso de público. Decidido a fazer “o filme mais comercial de todos os tempos” para recuperar o dinheiro investido na produção anterior, Vibenius (usando o pseudônimo de Alex Fridolinski) concebeu o sádico “Thriller: They Call Her One Eye”, onde misturou extrema violência (boatos dizem que ele utilizou um cadáver real para filmar a cena onde arranca o olho) e sexo explícito. “Thriller” acabou virando um clássico do cinema selvagem e foi proibido até mesmo na Suécia, um dos países mais tolerantes do mundo. Logo em seguida, mostrando que aprendeu a lição em partes, Vibenius (desta vez utilizando o pseudônimo de Ron Silberman Jr.) aumentou as doses de sexo e diminuiu a violência neste “Breaking Point”, numa clara tentativa de lucrar no mercado pornográfico da Suécia e Dinamarca, países que haviam liberado a produção de cinema adulto tirando-o da clandestinidade. Mesmo não tendo mais produzido/dirigido filmes, Bo Arne Vibenius continuou trabalhando na indústria cinematográfica em produções dos mais variados estilos como nos dramas “Hempas Bar” (1977) de Lars G. Thelestam; “Tabu” (1977) de Vilgot Sjöman; “Ga Pa Vattnet Om Du Kan” (1979) de Stig Björkman e a comédia “Raskenstam” (1983) de Gunnar Hellström, onde voltou a ser assistente de direção.
Bo Arne Vibenius
Andreas Bellis
Andreas Bellis, que interpreta o atormentado psicopata de “Breaking Point”, não era ator (sua única experiência atuando havia sido no drama “Jag Heter Stelios”, 1972, de Johan Bergenstrahle), mas sim câmera tendo, inclusive, feito a direção de fotografia de “Thriller”, o tal “filme mais comercial do mundo” idealizado por Vibenius. Outros filmes onde trabalhou como câmera (ou diretor de fotografia) incluem o pornô “Porr I Skandalskolan/The Second Coming of Eva” (1974) de Mac Ahlberg; a comédia “O Gyrologos” (1980) de Panos Glykofrydis e os filmes de horror “Blind Date/Visão fatal” (1984); “The Wind/O Sopro do Diabo” (1986) e “In The Cold of the Night/No Frio da Noite” (1990), todos filmes dirigidos pelo gênio incompreendido Nico Mastorakis. Já as atrizes de “Breaking Point” não seguiram carreira no cinema, tendo todas suas estrelas apagadas no acender das luzes dos pulgueiros onde o filme foi exibido.
Como curiosidade: Ralph Lundsten, o compositor da trilha sonora de “Breaking Point” (e também de “Thriller”), foi diretor de vários curtas-metragens. Também compôs a trilha de filmes como “Som Hon Bäddar Far Han Ligga” (1970) de Gunnar Höglund e “Exponerad” (1971), drama erótico de Gustav Wiklund estrelado pela atriz Christina Lindberg.
O cinema exploitation sueco, infelizmente, continua inédito e pouco conhecido no Brasil.
por Petter Baiestorf para seu livro “Arrepios Divertidos”.
“Bicho Papão” (2012, 5 min.) de Luciano Irrthum. Animação em stop motion.
O desenhista Luciano Irrthum parece estar se especializando em produções em stop motion, sua possibilidade real de trabalhar sozinho sem ter dores de cabeça com outras pessoas, como nos disse via e-mail: “Mexer com gente dá muita mão de obra. Falham nas filmagens, tem ressaca, não fazem algumas cenas, etc. Com bonecos eu acho melhor!”. Luciano Irrthum se tornou um dos mais cultuados desenhistas surgidos nos fanzines dos anos de 1990, lançou vários álbuns de quadrinhos geniais como a quadrinização do poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe que saiu pela editora Peirópolis (não confundir com as duas outras versões quadrinizadas por ele nos anos 90 e editadas por mim em edições independentes que você pode conferir clicando em “O Corvo – Primeira versão” e “O Corvo – Segunda Versão“), começou a pintar quadros visualmente criativos/encantadores e, ainda, iniciou a produção de suas divertidas animações em stop motion como o hilário, e já clássico, “O Mingaú da Vovó“.
Paralelo aos seus trabalhos como desenhista (no momento Irrthum está ilustrando o livro “Baratão 66”, novo trabalho do ótimo escritor Bruno Azevedo, autor de “O Monstro Souza“), continua produzindo animações em stop motion, como seu novo curta “Bicho Papão” (não confundir com “Papão” de Edgar S. Franco) e finalmente finalizou um antigo projeto intitulado “Reciclados” (uma tentativa de filmar com pessoas reais), que estava parado a anos, e que você pode conferir agora no youtube:
Em “Bicho Papão” Luciano Irrthum brinca com os medos infantis ao nos contar a história que começa com um casal na sala de casa. O homem está pelado lendo jornal e sua esposa, também pelada, peida para chamar sua atenção. Quando ela ganha atenção dele, demonstra estar tarada, querendo sexo animalesco, e se agacha perto do pênis do marido para dar início a um delicioso boquete. Enquanto ela chupa o homem a flor, que fica num vaso em cima da mesa, dança feliz e excitada com a cena. Logo é a vez do homem se divertir chupando a mulher com sua língua procurando lubrificar o clitóris rosinha dela que se contorce de prazer inebriante. O ato sexual do casal tarado faz a casa tremer e, no quarto ao lado, o filho que dormia profundamente acorda apavorado com a porta de seu armário batendo fantasmagoricamente. O menino começa a gritar que há um monstro no armário e seu desespero broxante atrapalha a foda. Seu pai fica emputecido e vai até o quarto do moleque medroso para mostrar o que um monstro pode fazer e sua ação detona momentos hilariantes de extremo gore explícito e bestialismo sexual envolvendo sexo proibido como nunca antes mostrado em um curta brasileiro.
Com roteiro, fotografia, animação, bonecos, cenários, edição, sonorização e direção de Luciano Irrthum, ele prova de uma vez por todas que é possível fazer um excelente filme sozinho. “Bicho Papão” é um passo adiante nas experimentações de Irrthum com a técnica de stop motion e acredito que ele já está preparado para alçar vôos mais altos e complicados, talvez com um projeto de maior duração e roteiro mais complexo. Mas, por outro lado, dado a diversão de seu “Bicho Papão” que não tem receio de ser explícito, tanto no sexo quanto no gore, talvez Irrthum nem deva tentar vôos mais altos e sim continuar realizando bons curtinhas insanos e politicamente incorretos quanto este. Espero ver este fabuloso curta-metragem em inúmeros festivais de cinema brasileiro (cinema nacional é tão comportado que iniciativas insanas como essa de Irrthum são sempre bem-vindas).
A resistência zineira brasileira continua editando alguns números imperdíveis, provando que mesmo numa época dominada por publicações virtuais ainda é possível editar fanzines de papel. Eduardo Vomitorium acabou de lançar o genial “Demência” número 5 com muito material sobre a cena gore grind nacional e toques sobre produções de filmes gore.
Neste número rola entrevistas com as bandas Obliteração e P.N.H. e uma entrevista comigo, conduzida pela dupla André Luiz (Lymphatic Phlegm) e o editor do “Demência”, onde falo sobre o mercado do cinema gore independente brasileiro. Também traz textos interessantes como “A Paternidade e o Underground”, que versa sobre os cabeções que abandonam as produções independentes só porque tiveram um “saquinho de merda ambulante” em suas vidas (isso, é um texto sobre ter filho e continuar produzindo); texto libertino com sexo explícito; outro sobre death metal e “Os Pilares da Desgraça”, sobre o Sore Throat. E muitas páginas divulgando outros fanzines, demo-tapes, e CDs de bandas nacionais e gringas. Muito barulho de qualidade para ser lido em 70 páginas de um trabalho irretocável que dá gosto ter em mãos.
As primeiras 50 cópias do “Demência” número 5 trazem de brinde a split-tape com Obliteração e P.N.H. e pode ser adquirido com o Eduardo Vomitorium via correio (A/C de Eduardo V. Júnior, Rua Fco. das Chagas Barreto 1054, Campo dos Velhos, Sobral/CE 62030-095).
dica do Baiestorf.
* Você que edita fanzines, lança demo-tapes e/ou produz filmes independentes (e qualquer outra manifestação artística mais obscura), mande pro Canibuk seu material e teremos maior prazer em ajudar na divulgação.
“La Bestia Nello Spazio” (“The Beast in Space”, 1980, 92 min.) de Alfonso Brescia. Com: Sirpa Lane, Vassili Karis, Lucio Rosato, Maria D’Alessandro e Marina Lotar.
“La Bête” (1975), dirigido pelo mestre do erotismo Walerian Borowczyk, sobre um casamento arranjado entre duas famílias burguesas onde a noiva, para que possa receber a herança de seu falecido pai, precisa se casar com um homem deformado que cria cavalos, foi um marco do cinema erótico com suas ousadas cenas de sexo entre uma mulher (Sirpa Lane) e um monstro (a título de curiosidade: A seqüência do sonho onde o monstro estupra/é estuprado pela mulher foi filmado para ser um dos seis episódios do filme “Contes Immoraux/Contos Imorais” (1974), obra anterior de Borowczyk, mas na edição ele e outro episódio ficaram no chão da sala de montagem e o diretor resolveu usa-lo em seu grande clássico). “La Bête” e a tradição da bela sendo estuprada pela fera, que vem do inconsciente branco-cristão europeu antes mesmo da invenção do cinema, serviram de inspiração para a produção de “La Bestia Nello Spazio” de Alfonso Brescia (não confundir com a dupla de diretores Brescia do Brasil).
“La Bestia Nello Spazio” é uma mistura entre “Star Wars” (apesar que produções sci-fi européias sempre ficam mais prá “Barbarella” do que para “Star Wars”) e “La Bête” que conta a história de um grupo de soldados espaciais que recebem a missão de ir ao planeta Lorigon obter Antalium (o elemento chave para a construção da bomba de neutron). Assim que a equipe começa a missão, Sondra (Sirpa Lane, do elenco de “La Bête”) começa a ter sonhos envolvendo sexo violento. Logo chegam ao seu destino e pousam no planeta (o pouso da espaçonave lembra os filme de sci-fi de 30 anos antes, de tão tosco e mal executado). Para poupar dinheiro com cenários, logo o grupo de corajosos desbravadores encontra um bosque igualzinho à qualquer bosque aqui do planeta terra e sua primeira visão perturbadora em Lorigon é ver dois cavalos fazendo sexo (em cenas de stock footage, outra referência explícita à “La Bête”), visão essa que deixa as mulheres do grupo excitadas. Depois desta cena gratuita de sexo animal, encontram uma casa de design alienígena onde seu moderno equipamento detecta Antalium. Em uma entrada triunfal ficam conhecendo Onaph, o anfitrião do planeta, que lhes conta a história de Lorigon e do super computador Zocor. No banquete que é servido de boas-vindas, todos comem, bebem e ficam tarados, vítimas de uma alucinação sexual coletiva, e a pegação entre a tripulação tem início. Onaph se revela um fauno bestial movido a sexo e torna os pesadelos de Sondra reais com cenas de sexo onde as penetrações explícitas foram enxertadas (casualmente todos os closes de penetrações nas vaginas foram feitos na mesma buceta, reconhecível pelo pentelhos pavorosos). Assim que todos conseguem sair da alucinação, escapam da casa e travam uma batalha com robôs lorigonianos, culminando numa cena de absoluta cara de pau onde sacam seus sabres de luz a la “Star Wars”. No meio desta batalha nossos heróis encontram tempo para destruir Zocor, o super computador que se alimenta de Antalium, e até o próprio planeta (a explosão mal feita do planeta fecha o filme com chave de ouro).
Os cenários e figurinos são pobres, mas de cores chamativas como todo bom filme barato que se preze deve ter. As armas são um achado com seus canos montados sobre lanternas, a cada tiro a ponta da arma se acende e os inimigos caem mortos. Os efeitos especiais parecem ter sido feitos para um filme dos anos 60 de tão precários. O roteiro escrito por Brescia, com uma ajudinha de Aldo Crudo, é uma grande bobagem com a missão de mostrar cenas de sexo que são bem filmadas (a versão que assisti tem 92 minutos e mais 3 minutos adicionais de cenas de sexo explícito que acabaram ficando de fora da versão final, mas cuidado, há versões deste filme rodando por aí com duração variando entre 73 e 86 minutos). O super computador é uma caixa gigante colorida com luzes vermelhas que piscam, nada melhor para um filme que não se leva a sério em nenhum momento, dá prá notar que os atores estão se divertindo. A trilha sonora do filme foi composta por Marcello Giombini (sob pseudônimo de Pluto Kennedy).
Alfonso Brescia (nascido em 1930 e falecido em 2001) é mais conhecido pelo pseudônimo de Al Bradley (ou Bradly Al) e se tornou famoso por seus filmes de sci-fi de baixo orçamento (na linha dos filmes de Antonio Margheriti como “Assignment: Outer Space/Destino: Espaço Sideral” (1960) ou “Il Pianeta Degli Uomini Spenti/Battle of the Worlds/O Planeta dos Desaparecidos” (1961), ambos lançados em DVD double feature pela London Films) que valem a pena serem conhecidos. Filmes como “Battaglie Negli Spazi Stellari” (1977), “Anno Zero – Guerra Nello Spazio” (1977), “La Guerra dei Robot” (1978) e “Sette Oumini D’Oro Nello Spazio” (1979) foram todos produzidos para lucrar em cima do sucesso de “Star Wars”, mas são muito mais divertidos, com aquele sabor especial que somente os filmes vagabundos tem. Exploitation man por natureza, começou dirigindo peplum movies. “La Rivolta dei Pretoriani” (1964) e “Il Magnifico Gladiatore” (1964) são sua visão do império romano que, nos anos 60, estavam na moda. Versátil como todos os diretores de exploitations, foi mudando de gênero conforme o gosto do consumidor mudava. Já em 1966 abandonou a produção de peplum para se dedicar ao western e realizou “La Ley del Colt”, na cola do sucesso dos filmes de Sergio Leone. Seu melhor filme no gênero western foi “Killer Calibro 32” (1967). Quando os filmes de faroeste começaram a dar sinais de cansaço, fez o drama “Nel Labirinto de Sesso” (1969) e o filme de guerra “Uccidete Rommel” (1969), para ver qual caminho seguir. Nenhum, nem outro! No início dos anos 70 era o horror que começava a chamar atenção do público, assim fez “Il Tuo Dolce Corpo da Uccidere” (1970), estrelado por Eduardo Fajardo (figurinha fácil dos spaghetti westerns) e “Ragazza Tutta Nuda Assassinata nel Parco” (1972). Depois de algumas comédias onde destaco “Superuomini, Superdonne e Superbotte” (1975), que zoava com o mundo dos super-heróis, e de seus filmes de sci-fi já citados, Brescia teve problemas com Joe D’Amato ao lançar “Ator 3: Iron Warrior” (1986) sem autorização de D’Amato, verdadeiro dono da série. No final dos anos 80 lançou uma imitação barata de “Rambo” chamada “Fuoco Incrociato/Cross Mission/Missão Mortífera” (1988) que tentava lucrar com o gênero ação. Brescia é um diretor pouco citado por trashmaníacos, mas merece destaque por sua carreira cheia de obras muito bagaceiras com alto grau de diversão.
No elenco de “La Bestia Nello Spazio” temos atores/atrizes que topavam tudo que é tipo de filme para pagar o aluguel. Sirpa Lane foi lançada no cinema por Roger Vadim com o filme “La Jeune Fille Assassinée” (1974), thriller erótico que destacou a beleza da jovem e fez com que Borowczyk a chamasse para viver Romilda de L’Esperance, sua personagem mais famosa no cinema, em “La Bête”. Em 1978 Joe D’Amato realizou “Papaya dei Caraibi/Papaya – Love Goddess of the Cannibals” e lhe deu o papel de Sara. Nos anos 80 trabalhou em mais dois filmes que merecem destaque, “Le Notti Segrete di Lucrezia Borgia” (1982) de Roberto Bianchi Montero e “Giochi Carnali” (1983), dirigido por Andrea Bianchi, mesmo diretor dos cults “Malabimba” (1979) e “Le Notti del Terrore/Burial Ground” (1981). Vassili Karis já havia trabalhado com Brescia em “Battaglie Negli Spazi Stellari” e “Anno Zero – Guerra Nello Spazio” antes deste “Bestia”. Outros filmes onde Karis dá as caras são “È Tornato Sabata… Hai Chiuso Un’Altra Volta/O Retorno de Sabata” (1971, disponível em DVD pela MGM Vídeo) de Gianfranco Parolini, um divertido western estrelado por Lee Van Cleef; “Casa Privata per le SS/SS Girls” (1977), asneira nazixploitation de Bruno Mattei; “Le Porno Killers” (1980), comédia de humor negro de Roberto Mauro e “Scalps” (1987) da dupla Claudio Fragasso e Bruno Mattei, um western gore chato, mas lindo. Outro ator de “Battaglie Negli Spazi Stellari” que aparece nesta produção é Lucio Rosato que, como todos os atores italianos em atividade nos anos 60, 70 e 80, teve a oportunidade de trabalhar em muitos filmes divertidos. Não deixe de ver Rosato em ação nos filmes “Gli Specialisti” (1969), western do mestre Sergio Corbucci; “Carcerato” (1981), um drama musical onde foi novamente dirigido por Brescia e “The Barbarian” (1987), um adorável lixo cinematográfico de Ruggero Deodato.
Atentem ainda para a presença da pornostar sueca Marina Hedman Bellis (também conhecida pelos nomes Marina Frajese, Marina Lotar ou Marina Lothar) no elenco. Marina era modelo quando Lucio Fulci lhe deu um pequeno papel (não creditado) na comédia “La Pretora” (1976), estrelado por Edwige Fenech. Logo em seguida apareceu já em sua primeira cena de sexo hardcore no cult movie “Emanuelle in America” (1977) do esperto Joe D’Amato, que com este filme chamou atenção por usar algumas cenas que seriam de torturas reais (mas que sob olhar atento percebemos que são trucagens). Ainda com D’Amato ela fez outros filmes, como a comédia “Il Ginecologo Della Mutua” (1977) e “Immagini di un Convento” (1979), nunsploitation com seqüências de sexo explícito. Depois de trabalhar com D’Amato foi descoberta pelos diretores italianos e trabalhou com vários caras bons. “Pasquale Festa Companile a contratou para “Gegè Bellavista” (1978) e “Come Perdere una Moglie e Trovare un’Amante” (1978); com Dino Risi fez o drama “Primo Amore” (1978); o atento Jesus Franco a chamou para um papel na comédia “Elles Font Tout” (1979), estrelado por sua musa Lina Romay, lógico; e Federico Fellini a chamou para sua obra-prima “La Città Delle Donne/Cidade das Mulheres” (1980), divertido clássico estrelado por Marcello Mastroianni e Anna Prucnal (que faz a personagem Anna Planeta no cult absoluto “Sweet Movie” (1974) de Dusan Makavejev). Fazer cinema na Europa dos anos 70/80 era algo realmente mágico. Depois deste começo de carreira promissor, Marina Hedman resolveu seguir o caminho dos filmes de horror e hardcore e fez o terror adulto “Orgasmo Esotico” (1982) de Mario Siciliano, “La Bimba di Satana/Satan’s Baby Doll” (1972) de Mario Bianchi, “La Bionda e La Bestia” (1985) de Arduino Sacco, “The Devil in Mr. Holmes” (1987) de Giorgio Grand, entre muitos outros pornôs europeus.
Dificilmente “La Bestia Nello Spazio” será lançado em DVD no Brasil, mas deixo aqui a dica para quem quiser conhecer essa pequena peça do selvagem cinema italiano que, quando faliu, deixou saudades. O estilo de filmar dos cineastas italianos sempre foi uma grande bagunça que no fim dava certo e rendia ótimos filmes.
por Petter Baiestorf.
“La Bestia Nello Spazio” copiando a arte de “Zardoz” descaradamente.
Segue a terceira parte da HQ “Birthday Gift” do desenhista Erenisch. Clique nos nomes para ver as partes anteriores: “Birthday Gift 1“, “Birthday Gift 2“.