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Experimentação do Caos Cósmico (demo-tape para download)

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Não sou músico, o que não me impede de retirar alguns dos ruídos que dançam na minha cabeça para compartilhar com você. Não sou músico, o que não me impede de parir um terceiro disco inspirado no meu guru musical, Gurcius Gewdner, que afirma: “Não saber tocar nenhum instrumento não é desculpa para não fazer!”.

Essa experimentação do caos cósmico também bebe da liberdade com que Jesus Franco fazia músicas, com seu free jazz realmente livre. O minimalismo das melodias de John Carpenter também me incentivaram na busca dos ruídos cósmicos do theremin e da sujeira do sintetizador.

Gravei essa demo-tape sem pretensão nenhuma. São testes iniciais de uma mente barulhenta que está usando estes instrumentos a 24 horas e, naquela hiper-atividade dos sem-noção, quis registrar as primeiras sonoridades arrancadas  dos desarranjos hiper nucleares espaciais.

Ouça no escuro, usando fones de ouvido, no volume máximo.

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BAIESTORF – EXPERIMENTAÇÃO DO CAOS CÓSMICO (Demo-tape)

Músicas:

1- Experiência da Desconstrução Cósmica – Você assistiu o filme Dark Star? Lembra do surfista espacial que desliza rumo ao cosmos infinito sobre os escombros da espaçonave? Pois bem, este som fala de uma canção cósmica que este surfista estelar ouve no infinito, só que aqui a imaginei com as notas batidas de forma invertida no vácuo do espaço gelado.

2- Experiência Espacial Plano 2 – Tentei compartilhar a melodia que ouço quando cavalgo a baleia espacial, seguida de corais de golfinhos, nos mais tenros rincões interestelares do passado imemorial.

3- Experiência Carvão Termo-Nuclear – Ontem teve um momento em que parei dentro de um milésimo. Sentei no milésimo e quis ficar olhando as notas do silêncio barulhento. O treco é que o chão do milésimo ondula, hora pra dentro, hora pra fora. Este ondular é mais intenso pra fora, diminuindo ao re-entrar. Musiquei este milésimo aqui.

4- Experiência Espacial Plano 4 – Às vezes o espaço-tempo tem coordenadas tão relativas restritas que o fundo do espaço faz uma dobra que dá nas fossas abissais do oceano terrestre onde vivem as sereias. Nesta faixa fiz uma reflexão na linguagem delas, que é um dialeto do baleionês.

5- Experiência Caótica do Plasma EspectralO free jazz que o Jesus Franco compôs para o seu filme Vampyros Lesbos serviu de inspiração para a composição dessa canção. Digamos assim que é uma volta aos prazeres profanos terrestres. Existe duas falhas nessa canção que não são falhas.

Baiestorf Experimentação do Caos Cósmico

Novembro de 2018

57 minutos.

Capa: Tsuneo Sanda (1991).

Theremin e Sintetizador: Petter Baiestorf.

Todas as desconstruções decompostas por Petter Baiestorf.

 

Você também pode gostar dos discos abaixo (ou não):

U – “Involução no Terceiro Planeta”

Baiestorf – “Abdução”

Baiestorf – “Stupid Stupid”

Baiestorf – “Zero”

Baiestorf – “Criaturas da Lua”

O Primeiro Homem Incrivelmente Derretido pelo Espaço Sideral

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The First Man Into Space (“O Primeiro Homem no Espaço”, 1959, 77 min.) de Robert Day. Com: Marshall Thompson, Marla Landi e Bill Edwards.

first-man-into-spaceO arrogante astronauta Dan Prescott (Bill Edwards) é o primeiro homem a viajar para o espaço em uma série de voos experimentais. Já em seu primeiro voo desobedece a seu comandante – e irmão – Charles Prescott (Marshall Thompson) e cria uma tensão desnecessária na missão espacial. Alguns dias depois, já em novo voo, Dan novamente desobedece ao comando espacial e acaba exposto à raios cósmicos desconhecidos que o contaminam com uma estranha substância que faz com que sua carne fique meio derretida. Após conseguir pousar no planeta Terra Dan passa a perambular deformado por fazendas em busca de sangue fresco de animais, o precioso líquido vital é sua alimentação nesta nova forma monstruosa. Como sua sede por sangue só aumenta, acaba atraído a um banco de sangue humano onde, acidentalmente, mata uma enfermeira (e nós, público, temos um primeiro vislumbre da ótima make up criada para a criatura). first-man-into-space_frame1Paralelo aos ataques do astronauta derretido (com destaque a cena onde ele mata dois policiais em plena luz do dia e podemos ver seu corpo inteiro infectado numa visão que deve ter aterrorizado as audiências da época), seu irmão Charles conduz uma investigação para tentar localizá-lo para um possível tratamento. O final deste delicioso Cult é bem atípico para as produções da época, ao invés da carnificina desenfreada o astronauta infectado, consciente de sua condição, é guiado para uma câmera atmosférica onde tentarão reverter sua estranha maldição cósmica.

Veja o trailer de “First Man Into Space” aqui:

first-man-into-space_frame2Fruto típico da época em que foi concebido (o comandante da missão, por exemplo, mexe em todas as provas contaminadas sem o uso de luvas), “First Man Into Space” é uma boa produção de baixo orçamento que conta com alguns deslizes (como o foguete que caí no planeta Terra, mas que foi largado pela produção do filme entre meio a árvores e arbustos de uma maneira que parece que ali está a muitos anos) e muitos acertos, a começar pela ótima maquiagem do astronauta derretido criado pelo artista Michael Morris, que depois viria a trabalhar nos clássicos “Quatermass and the Pit/Sepultura Para a Eternidade” (1967) de Roy Ward Baker; “The Elephant Man/O Homem Elefante” (1980) de David Lynch e “Lifeforce/Força Sinistra” (1985) de Tobe Hooper, um de seus últimos trabalhos. Para dar vida a repugnante criatura de “First Man Into Space” Morris criou um traje de corpo inteiro, com pequenos orifícios para a visão, que só permitia filmar por curtos períodos de tempo já que era muito quente e tornava a respiração do ator Bill Edwards (sim, é ele dentro do traje) extremamente difícil.

first-man-into-space1Por pouco “First Man Into Space” não teria existido. Originalmente seu roteiro se chamava “Satellite of Blood” e tinha sido rejeitado pela produtora A.I.P. da dupla Samuel Z. Arkoff e James H. Nicholson. Após a recusa Alex Gordon (que trabalhava na A.I.P. produzindo os primeiros filmes de Roger Corman, como “Apache Woman” (1955), “Day The World Ended” (1955), “The Oklahoma Woman” (1956), entre outros, incluindo também muitos filmes com direção de Edward L. Cahn) enviou o roteiro para seu irmão Richard que, junto de Charles Vetter, havia fundado a Amalgamated Productions e, após re-escrito (bebendo da influência de “The Quatermass Xperiment” (1959), um grande sucesso da Hammer Film dirigido por Val Guest), a produção do filme decolou rumo ao sempre incerto mercado do cinema vagabundo. Como a Amalgamated Productions já havia chamado atenção com dois lucrativos filmes, “Fiend Without a Face” (1958), de Arthur Crabtree, e “The Haunted Strangler” (1958, também conhecido pelo título “Grip of the Strangler”) de Robert Day e estrelado por Boris Karloff, a dupla de produtores conseguiu para “First Man Into Space” um acordo de distribuição com a MGM, fato que garantiu um orçamento mais polpudo a produção (e a bilheteria do filme não fez feio, sendo um dos filmes mais lucrativos da produtora).

first-man-into-space_cardsRichard Gordon foi produtor de inúmeras produções de baixo orçamento, com destaque para filmes como “L’Ultima Preda Del Vampiro/The Playgirls and the Vampire” (1960) de Piero Regnoli; “Curse of the Voodoo” (1965) de Lindsay Shonteff; “The Projected Man” (1966) de Ian Curteis; o genial “Island of Terror” (1966), do sempre competente Terence Fisher; “Secrets of Sex” (1970) e “Horror Hospital” (1973), ambos com direção do rebelde Antony Balch (um homem que nunca andava de carro preferindo utilizar somente motocicletas e que, durante a produção deste último filme, foi convencido pelo produtores a circular apenas em limusines); The Cat and the Canary” (1978), do ótimo diretor pornô Radley Metzger se ariscando em outro gênero, e o Cult de sci-fi/horror “Inseminoid” (1981) de Norman J. Warren. Gordon fundou, na década de 1950, a Amalgamated Productions com Charles F. Vetter que, sob pseudônimo de Lance Z. Hargreavers, escreveu roteiros de filmes como “First Man Into Space”, “Devil Doll” (1964) de Lindsay Shonteff e “Battle Beneath the Earth” (1976) de Montgomery Tully. John Croydon, um produtor já veterano do cinema britânico (ele foi produtor associado no clássico “Dead of Night/Na Solidão da Noite”, de 1945, que trazia o brasileiro Alberto Cavalcanti entre os diretores), foi chamado para organizar o set do filme e trazer paz para o diretor Robert Day, um diretor eficiente, rápido e barato que já havia trabalhado com a produtora antes dirigindo o sucesso “The Haunted Strangler” e o interessantíssimo “Corridors of Blood” (1958), um bonito drama de horror sobre os primórdios da medicina moderna estrelado por Boris Karloff e Christopher Lee. Robert Day acabou migrando para a televisão onde dirigiu vários filmes com a personagem Tarzan e outras séries de TV.

first-man-into-space2“First Man Into Space tem trilha sonora assinada por Buxton Orr, o compositor habitual da Amalgamated. Orr foi o responsável pela trilha sonora de produções como “Doctor Blood’s Coffin/O Esquife do Morto-Vivo” (1961), com direção do então jovem Sidney J. Furie e roteiro de Nathan Juran, e “The Eyes of Annie Jones” (1964) de Reginald Le Borg (outro diretor especialista em produções vagabundas que anos antes realizou o clássico “The Black Sleep/A Torre dos Monstros” (1956) com Basil Rathbone, Lon Chaney Jr., John Carradine, Bela Lugosi e Tor Johnson no elenco). O ator Marshall Thompson, que interpreta o irmão do astronauta derretido, é um habitual contratado de produções capengas, ele está no elenco de maravilhas como “Cult of the Cobra/Maldição da Serpente” (1955) de Francis D. Lyon, “Fiend Without a Face” (1958) e “It! The Terror From Beyond Space” (1958) de Edward L. Cahn.

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Para muitos, e me incluo nestes muitos, “The Incredible Melting Man/O Incrível Homen Que Derreteu” é tido como uma refilmagem de “First Man Into Space”. Todos os elementos estão lá intactos: o astronauta contaminado por algo desconhecido no espaço que volta ao planeta Terra em uma busca desesperada por comida para aplacar sua dor e, diante da incompreensão humana para com acontecimentos fantásticos, é caçado sem dó nem piedade, sendo relegado à margem da sociedade que prefere ignorar o diferente que ameaça a normalidade do belo.

Assista o trailer de “The Incredible Melting Man” aqui:

“First Man Into Space” permanece inédito em nosso mercado de vídeo, na minha opinião seria um ótimo filme para estar incluído no box “Clássicos Sci-Fi Vol. 3” da distribuidora Versátil.

Por Petter Baiestorf para seu livro “Arrepios Divertidos”.

Assista “First Man Into Space” aqui: