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The Horror of Party Beach e os Monstros Marinhos Zumbis Dançantes

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 23, 2011 by canibuk

“The Horror of Party Beach” (1964, 78 min.) de Del Tenney. Com: John Scott, Alice Lyon, Allan Laurel e Eulabelle Moore. Também conhecido como “Invasion of the Zombies”.

Em 1954 foi lançado o clássico “Creature from the Black Lagoon” (“O Monstro da Lagoa Negra”, já lançado em DVD no Brasil pela Universal) de Jack Arnold e logo em seguida várias imitações surgiram, sempre produções de baixo orçamento e muito divertidas, como “The Monster of Piedras Blancas” (1959) de Irvin Berwick, “Creature from the Haunted Sea” (“Criaturas do Fundo do Mar”, 1961, já lançado em DVD no Brasil pela Flashstar) de Roger Corman e este pequeno filme do coração, “The Horror of Party Beach“, que vai um pouco além dos outros filmes de monstros marinhos ao misturar filmes de praia com horror e uma grande vontade de soar musical o tempo todo.

O começo de “The Horror of Party Beach” é eletrizante, com jovens indo a praia e uma garota fogosa provocando uma gang de motoqueiros (interpretada por motoqueiros verdadeiros do The Charter Oaks Motorcycle Club de Riverside, Connecticut). Próximo a praia um navio carregado de lixo tóxico joga vários barris no fundo do mar (que são filmados num aquário com a pior maquete do fundo do mar que já vi) e, claro, o lixo tóxico vaza e reanima vários esqueletos que estão no fundo do mar (a praia em questão deveria ser um cemitério clandestino da máfia para desova de cadáveres, só isso prá explicar os cadáveres ali) que se tornam uma espécie de monstro aquático que fica à espreita dos jovens que escutam e dançam surf music na praia. Não demora muito para, na praia, motoqueiros (que estão sempre com pesadas jaquetas de couro) e playboys sairem no braço por causa da fogosa garota do começo do filme, originando uma divertida luta. O primeiro ataque do monstro é contra a garota fogosa que vai nadar enquanto a banda da praia toca a canção “The Zombie Stomp”.

Depois deste início alucinante, “The Horror of Party Beach” muda de ritmo com a investigação do estranho assassinato que ocorreu na praia, durante o dia, na frente de todos (mas curiosamente sem testemunhas). A noite várias meninas se reúnem para uma festa do pijama numa casa isolada que, rapidamente, é cercada por inúmeros monstros marinhos com cheiro de peixe podre (cenas que lembram os zumbis do clássico “The Night of the Living Dead” de George A. Romero, só que filmadas antes) e num violentíssimo ataque os monstrengos matam todas as meninas (levando inclusive algumas com eles). Mesmo com a cidade em alerta por causa dos ataques, os jovens continuam organizando festinhas porque a diversão não pode parar. Em novo ataque um cientista consegue um pedaço do corpo putrefacto de um dos monstros e após examiná-lo chega a conclusão que os monstros são zumbis que necessitam de sangue humano para continuar zumbizando e acha que sódio pode acabar com esses monstros. Perto do final do filme, o dia vira noite (e vice-versa) de um take prá outro e inúmeros monstros marinhos zumbis se levantam numa espécie de luta contra a humanidade, sendo combatidos com bombas de sódio.

Ao contrário dos filmes de praia da A.I.P. (a maioria dirigidos por William Asher), “The Horror of Party Beach” foi filmado em preto e branco (provavelmente por causa de seu baixo orçamento), o que lhe conferiu um visual mais cru que os demais filmes da época. No seu lançamento Del Tenney recorreu à um gimmick que já havia sido utilizado por William Castle, onde mandou colocar anúncios em alguns jornais onde, no convite para as pessoas irem ver seu filme nos cinemas, afirmava: “Para sua proteção não vamos deixa-lo assistir à este chocante filme, a menos que você concorde em assinar um contrato que libera a responsabilidade deste cinema em caso de morte por medo!”. Assim como Ray Dennis Steckler havia feito alguns meses antes ao lançar seu “The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies”, os produtores de “The Horror of Party Beach” também o divulgaram como o primeiro musical de horror já lançado, mas o fato é que nenhum dos dois filmes chega a ser um filme verdadeiramente musical, ambos possuem ótimas trilhas sonoras, apenas isso!

Como curiosidade na produção do filme temos a participação do ator pornô Zebedy Colt (usando seu nome real: Edward Earl) que compôs três músicas da trilha sonora, “Joy Ride”, “The Zombie Stomp” e “You are not a Summer Love”, todas executadas pela banda The Del-Aires (que são a banda que aparece no filme). Zebedy Colt ficou famoso como ator pornô alguns anos depois, estrelou clássicos da pornográfia como “The Story of Joanna” (1975, para o qual também compôs a trilha sonora) de Gerard Damiano, “Sex Wish” (1976) de Victor Milt e “Barbara Broadcast” (1977) de Radley Metzger, além de dirigir outros como “The Farmer’s Daughter” (1973) e “The Devil Inside Her” (1977).

Del Tenney, o produtor e diretor de “The Horror of Party Beach”, realizou outros dois pequenos filmes de horror em 1964: “Zombies” (também conhecido pelo título “I Eat Your Skin”) e “The Curse of the Living Corpse”, que foram mal nas bilheterias. Voltou a dirigir um filme apenas em 2003, quando realizou “Descendant”. Em 2001 Tenney produziu um filme que foi lançado em DVD no Brasil e que fez relativo sucesso de locação nas vídeo-locadoras, “Do You Wanna Know a Secret?” (“Você quer Saber um Segredo?”) de Thomas Bradford.

Se você tem curtido os filmes que estou resenhando nesta semana de Natal, fica aqui a dica de outros títulos interessantes que merecem sua atenção: “House on Bare Mountain” (1962) de Lee Frost, “The Monster of Camp Sunshine or How i Learned to Stop Worrying and Love Nature” (1964) de Ferenc Leroget, “Kiss me Quick!” (1964) de Peter Perry Jr., “The Beast That Killed Woman” (1965) de Barry Mahon e “The Beach Girls and the Monster” (1965) de Jon Hall.

por Petter Baiestorf.

Rat Pfink A Boo Boo: Aventuras Hilárias de uma Dupla de Heróis Palermas

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 20, 2011 by canibuk

“Rat Pfink a Boo Boo” (1966, 67 minutos) de Ray Dennis Steckler. Com: Carolyn Brandt, Ron Haydock, Tito Moede e Bob Burns no papel de Kogar.

Grupo de vagabundos (George Caldwell, Mike Kannon e James Bowie) persegue mulheres para se divertir nos dias de tédio. Ao receberem a nova lista telefônica escolhem aleatoriamente sua nova vítima: Cee Bee Beaumont (Carolyn Brandt), namorada do lendário cantor Lonnie Lord (Ron Haydock) que é um zé-ruela que sempre carrega seu violão por onde vai. Depois de uma perseguição compridíssima, que não vai prá lugar nenhum mas foi filmado de uma maneira tão débil por Steckler que se torna interessante, Cee Bee começa a receber várias ligações obscenas dos vagabundos até que um dia fica tão nervosa que sai correndo de casa (!!??) e é raptada. Porque raios alguém que está seguro dentro de casa, cercado de amigos, sai correndo prá rua após um telefonema ameaçador só deve fazer sentido na cabeça de Ray Dennis Steckler. Assim Lonnie Lord, com ajuda do jardineiro de sua namorada (Tito Moede), larga o violão e se torna Rat Pfink (e o jardineiro se torna Boo Boo), super-heróis bagaceiros que vão defender as namoradas inocentes do mundo do crime e o american way of life. Com sua moto do medo os heróis vão atrás dos bandidos e, após a luta mais monga da história do cinema (um dos bandidos chega a ser algemado no corrimão de madeira podre de uma escada), salvam Cee Bee que, olha que coisa divertida, é raptada novamente pelo gorila Kogar (diz a lenda que interpretado por Bob Burns). No final tudo se resolve e nossos heróis participam de um desfile de 04 de julho e cantam e dançam alegres na praia. Genial!!!

Acreditem, este filme do lendário Ray Dennis Steckler é uma das tranqueiras amadoras mais divertidas que já assisti. “Rat Pfink A Boo Boo” era para ser, inicialmente, um drama inspirado numa série de telefonemas obscenos que a mulher de Ray, Carolyn Brandt (isso mesmo, a mocinha do filme), estava recebendo. O título iria ser “The Depraved”, mas como acho que Ray Dennis Steckler sempre teve noção das ruindades que fazia, durante a produção do filme ele introduziu a dupla de heróis palermas inspirados no hilário programa de TV “Batman” (com Adam West e Burt Ward, o único Batman decente já surgido, prá mim claro, que odeio super-heróis). Inclusive o título do filme é um erro: Era para se chamar “Rat Pfink And Boo Boo”, mas provavelmente na hora do artista criar o título cometeu o erro que tornou “and” em “a” e, como Ray Dennis não tinha 50 dólares para corrigir o erro, ficou assim mesmo. Segundo o diretor, o título foi escolhido depois que uma menina que aparece no filme ficava cantando “Rat Pfink a Boo Boo, Rat Pfink a Boo Boo” na cena pouco antes de Cee Bee ser raptada, mas prefiro a história do erro gráfico, é mais a cara do picareta Ray.

O diretor Ray Dennis Steckler (também conhecido pelos pseudônimos de Cash Flagg, Sven Christian, Sven Hellstrom, Harry Nixon, Michael J. Rogers, Michel J. Rogers, Wolfgang Schmidt, Cindy Lou Steckler e Cindy Lou Sutters) foi uma lenda da indústria do cinema de baixo orçamento americano. Em 1963 realizou seu primeiro filme independente, o cult-movie “The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies”, que foi filmado com 38 mil dólares e tem a curiosidade de trazer como operadores de câmera, ambos na época auxiliares do diretor de fotografia Joseph V. Mascelli, László Kovács (que poucos anos depois fez a fotográfia de “Easy Rider” e ganhou vários prêmios) e Vilmos Zsigmond (ganhador do oscar de fotográfia por “Close Encounters of the Third Kind” de Steven Spielberg). Após inúmeros filmes de baixo orçamento (todos divertidos e caras-de-pau) para exibição em Drive-Ins, Ray Dennis começou a fazer pornôs, como “Mad Love Life for a Hot Vampire” (1971), “Red Heat” (1974), “Fire Down Below” (1974), “Plato’s Retreat West” (1983), “Weekend Cowgirls” (1983), entre vários outros. Steckler também tinha o costume de comprar filmes abandonados de outros diretores e remontá-los adicionando seu material, fez isso com Fred Olen Ray – que havia filmado algumas cenas para impressionar investidores – num filme que se tornou “Devil Master” (1978).

Em “Rat Pfink A Boo Boo”, Ron Haydock (que era ator regular nos filmes de Ray Dennis Steckler e tinha uma banda chamada “Ron Haydock and the Boppers” onde muitas vezes foi comparado à Elvis Presley, sem a parte do sucesso junto) canta 4 canções: “I Stand Alone”, “You Is a Rat Pfink”, “Runnin’Wild” e “Go Go Party”, todas muito boas. Outro nome cult que aparece nos créditos de “Rat Pfink a Boo Boo” é o de Herb Robins como diretor de segunda unidade. Prá quem não sabe quem é Herb Robins basta dizer que ele é o diretor do clássico do mau gosto “The Worm Eaters” (1977) onde as pessoas se divertem saboreando deliciosos sanduiches, sorvetes e tortas de… Minhocas! (ele ainda dirigiu outro filme, “The Brainsucker”, em 1988). Herb era um ator habitual nas produções de Ray Dennis Steckler, interpretou nos filmes “The Thrill Killers” (1964), “Lemon Grove Kids Meets the Monsters” (1965, filme em episódios que Ray cometeu em parceria com Peter Balakoff e Ed McWatters), “Body Fever” (1969), “Shinthia: The Devil’s Doll” (1970) e “Summer of Fun” (1997). A carreira de ator de Herb Robins era esporádica, mas participou de inúmeros filmes clássicos, como: “Invasion of the Bee Girls” (1973) de Denis Sanders, “The Doll Squad” (1973) de Ted V. Mikels, “Thomasine and Bushrod” (1974) blaxploitation de Gordon Parks Jr., “Convoy” (1978) de Sam Peckimpah, “The Funhouse” (1981) de Tobe Hooper e “House Made of Dawn” (1987) de Richardson Morse. Nada mal para um comedor de minhocas.

O crítico de cinema Jerry Saravia, sem senso de humor nenhum como a maioria destes profissionais inúteis, disse sobre “Rat Pfink a Boo Boo”: “O filme é ruim e não tem nada para oferecer, parece ter sido feito por uma criança de 8 anos de idade em seu próprio quintal!”. Mas “Rat Pfink a Boo Boo” oferece 67 minutos de pura diversão escapista, é um filme para pessoas sonhadoras (como Ray Dennis Steckler o foi ao tentar sobreviver de fazer filmes nos U.S.A.) e não para críticos de cinema chatos e mal amados.

por Petter Baiestorf.

The Tornados – Robot

Posted in Música with tags , , on março 19, 2011 by canibuk

Algum tempinho atrás, no apartamento do grande Villaverde matando tempo prá pegar avião para o Espírito Santo, Villa me mostrou um vídeo-clip bagaceiro demais que adorei,a banda era “The Tornados” e a música clipada “Robot”, abaixo segue o vídeo-clip para todos conhecerem porque é uma jóia rara dentro do marasmo que a indústria do clip se tornou hoje em dia.

The Tornados foi uma banda instrumental britânica que geralmente servia de banda de apoio para as gravações realizadas pelo produtor Joe Meek. Ao lançar o single “Telstar”, chegaram ao topo das paradas musicais na Inglaterra e USA, para logo na seqüência (por problemas contratuais) serem restringidos à serem somente banda de apoio do cantor Billy Fury. The Tornados acabou em 1967 (excluo aqui o retorno deles em 1975 porque não durou nem um ano).

Clip Bônus (só para mostrar o ótimo senso de humor da banda):