Arquivo para trash movies

2592 Posters de Horror & Sci-Fi para Download

Posted in Arte e Cultura, Cinema, download, Ilustração, Posters with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on setembro 28, 2018 by canibuk

Alguns meses atrás o poster da primeira sessão de cinema da história foi leiloado em Londres por 40 mil libras (mais ou menos 200 mil reais). Este primeiro poster (reprodução abaixo) foi desenhado por Henri Brispot para uma exibição especial dos primeiros curtas dos irmãos Lumière, em dezembro de 1895.

Originalmente criados para uso exclusivo dos cinemas, não demorou muito para que os posters logo virassem item de colecionadores, principalmente artes criadas para filmes exploitations, sempre com cartazes muito mais criativos do que os próprios filmes, e, também, as artes produzidas para a divulgação de produções de horror e ficção científica. Inclusive, o preço record já pago por um único cartaz pertence à sci-fi Metropolis (1926), de Fritz Lang, negociado por 690 mil dólares.

Inicialmente os posters eram feitos no tamanho dos cartazes usados para a divulgação dos shows de Vaudeville. Quem definiu o tamanho padrão foi Thomas Edison, com as medidas de 27″x41″, em folha única fixada nas fachadas e paredes dos cinemas.

Para comemorar os posters de cinema, upei um arquivo com 2.592 cartazes de cinema nos gêneros horror e Sci-Fi, a maioria com artes belíssimas e dignas de serem festejadas como pequenas obras-primas da criatividade humana.

Para fazer o download, clique em BAIXAR POSTERS.

Abaixo alguns posters que integram o arquivo disponibilizado para download:

 

 

Predadoras

Posted in Cinema, download, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 15, 2016 by canibuk

Predadoras (2004, 22 min.) de Coffin Souza. Roteiro de DG e Coffin Souza. Elenco: DG e Everson Schütz. Produção do Núcleo de Vídeo Experimental de Palmitos. Inédito em DVD, mostras e festivais de cinema.

Sinópse: Um homem invade a casa de 4 mulheres misteriosas e vive uma noite de aventuras sexuais intermináveis.

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DG: Musa de Coffin Souza e co-autora de “Predadoras”.

Este curta elaborado por Coffin Souza e DG em 2004 não foi oficialmente lançado na época, fazia parte de um longa em episódios, “Contos da Cidade dos Canibais”, que nunca foi finalizado. Até onde lembro apenas o Ivan Pohl também havia produzido um episódio, “Mike Guilhotina”, que seria acrescentado ao longa (se não me falha a memória houve um terceiro episódio, “Banco Mundial”, parcialmente filmado mas que, devido as filmagens caóticas, não foi finalizado, creio que era dirigido pelo Everson Schütz). Devido a falta de créditos no curta de Coffin Souza/DG, não lembro mais os envolvidos na produção (Everson Schütz e DG estão no elenco), mas lembro de comer amendoim com Carli Bortolanza e Elio Copini. Eu não me envolvia muito na parte criativa destes curtas do Núcleo Associado de Vídeo Experimental de Palmitos, até onde lembro fiz os trabalhos de câmera neles. Eram festas… Ops!… filmagens bem divertidas!

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Souza dirigindo os efeitos de Carli Bortolanza.

Predadoras foi filmado em apenas um dia de inverno em 2004, sem orçamento nenhum, calcado nas ideias do “Manifesto Canibal” (para assistir o curta MANIFESTO CANIBAL clique no título), que infelizmente está com a tiragem do livro esgotada, aguardando uma segunda edição.

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Uma equipe com cara do alcoolismo da produção nacional.

Fui o responsável pela distribuição deste curta mas, na época, ainda estava fazendo os lançamentos em VHS e ninguém mais queria fita VHS, as poucas cópias que preparei encalharam e, então, comecei a lançar os filmes em DVD no ano seguinte (o filme de estreia no formato foi “A Curtição do Avacalho“). Por me concentrar nas produções novas fui deixando este curta de lado e nunca o lancei e, até onde lembro, nunca foi exibido em mostras de filmes undergrounds. Compre os filmes da Canibal Filmes na MONDO CULT.

lembranças de Baiestorf.

Para assistir PREDADORAS clique no título e baixe o filme.

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Elio Copini, Carli Bortolanza e um potinho de amendoins.

Assista aqui “Zombi X”, outra produção de Coffin Souza que fiz a distribuição:

Midnight Movie Massacre

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on junho 8, 2012 by canibuk

“Midnight Movie Massacre” (“Aconteceu à Meia-Noite”, 1988, 82 min.) de Mark Stock e Laurence Jacobs. Com: Robert Clarke, Ann Robinson, David Staffer e um bando de desconhecidos.

É noite de sábado numa pequena cidade americana dos anos 50 e todos vão para o cinema se divertir, paquerar e comer guloseimas. Neste cinema está sendo exibido a série “Space Patrol” que é produzida pela Republick (uma brincadeira com a Republic Pictures, inclusive com um urubu no lugar da águia original). Enquanto as pessoas se acomodam, na tela são exibidos trailers das próximas atrações: “Cat-Women of the Moon” (1953) de Arthur Hilton e “Devil Girl From Mars” (1954) de David McDonald (aqui rebatizado como “Sweater Girls From Mars” para uma piadinha com uma das personagens). Logo começa o filme dentro do filme com o tal “Space Patrol – Chapter 2 – Back From the Future”, onde um cientista inventa uma máquina do tempo e viaja ao passado para colocar seu plano maligno em prática. Assim um grupo de três cadetes precisam persegui-lo e deter seu plano viajando, também, para o passado. A máquina do tempo é uma espécie de disco-voador, operada por um cérebro, que viaja através do espaço sideral para voltar ao planeta Terra dos anos 50. Logo nossos heróis pousam numa pequena cidade e um casal de namorados e um voyeur (mais um menino de uma fazendo próxima) testemunham o pouso. Os viajantes do tempo roubam as roupas civis dos terraqüeos e logo vão para um cinema, onde está sendo exibido “Invaders From Mars” (1953) de William Cameron Menzies, pedir informações sobre Tonga, uma dançarina exótica, que seria a esposa do cientista louco. Neste meio tempo o menino que viu a máquina do tempo pousando, entra nela e conversa (como se fosse a coisa mais natural do universo) com o cérebro piloto que o manda com a missão de encontrar o comandante da missão e abortá-la. Traídos pela dançarina exótica todos os tripulantes da máquina do tempo são capturados pelo cientista louco que apresenta à todos a sua criação: Robôs ridículos operados por cérebros. O cientista ordena que seus engraçados robôs de latão matem o menino xereta (alguns dos ridículos robôs descobrindo e dançando ao som de rock’n’roll rendeu uma ótima cena) e no climax, onde o menino iria ser desmembrado por facões, o episódio chega ao fim e o narrador do seriado anuncia “Space Patrol – Chapter 3 – Up To Uranus” que será exibido na próxima semana. Será que o menino xereta escapará dos robôs ridículos?

Paralelo ao filme “Space Patrol” que é exibido pelo cinema, os espectadores aqui enfrentam um marciano violento que pousou atrás do cinema e quer comer o máximo de humanos possível. Quase ao mesmo tempo que pousou, o monstrengo do planeta vermelho já come um mendigo na rua, a vendedora de bilhetes e o gerente do cinema (que tem uma morte bem violenta e depois os restos de seu cadáver são molestados por uma criança de uns seis anos de idade que rouba seu olho e guarda-o em seu saco de bolinhas de gude e mergulha seu pirulito nas gosmas do monstro que ficaram ao redor do corpo desmembrado). Ao atacar a vendedora de doces do cinema finalmente podemos visualizar o ótimo design do alien, que é uma espécie de aranha espacial com tentáculos no lugar de braços, sua boca parece uma vagina dentadae seus olhos são também antenas. Em seguida o projecionista do filme é decepado e, quando o filme que estava sendo exibido termina, o monstro espacial ataca uma espectadora que ficou dormindo e que é salva por uma dona de casa de 135 quilos que come tudo que vê pela frente em uma referência explícita ao episódio 07 da primeira temporada do Monty Python e seu “Science Fiction Sketch”).

“Midnight Movie Massacre” (também conhecido como “Attack From Mars” ou “The Blob 2 – Le Retour du Monstre”, tentativa ridícula dos franceses de relaciona-lo ao “The Blob/A Bolha”) é um filme de baixo orçamento onde as coisas deram erradas. Originalmente Laurence Jacobs estava realizando o “Space Patrol”, mas ficou tão ruim que Mark Stock foi chamado ao projeto para transformar “Space Patrol” no filme exibido dentro de seu “Midnight Movie Massacre” e tentar fazer as coisas funcionarem. Já li muitas críticas negativas ao resultado final deste pequeno clássico da ruindade artística, mas gosto muito desta bela e sincera homenagem às sessões de cinema classe “Z” que rolavam pelo mundo inteiro antes de existir os cinemas de shopping que, na minha opinião, foram os responsáveis por destruir o cinema como eu curtia. Filmado em 1984, “Midnight Movie Massacre” só conseguiu distribuição em 1988.

Wade Williams, o produtor desta adorável tranqueira, é um milionário fanático por filmes de sci-fi que detém a maior biblioteca independente de filmes de ficção científica e distribuí seus títulos no mundo inteiro. Também, por anos, ajudava a manter revistas como “Starlog”, “Filmfax”, entre outras. Em 1964 dirigiu “Pussycat Pussycat”, um nudie movie relançado pela distribuidora Something Weird. Em 1969 escreveu, produziu e dirigiu “Terror From the Stars”, trasheira que o fez desistir de dirigir filmes (voltou a dirigir somente em 1992, quando comandou a produção de baixo orçamento “Detour”, uma homenagem ao cinema noir de hollywood dos anos 30/40). Em 1970 produziu o pseudo-documentário “The Helter Skelter Murders”, dirigido por Frank Howard, que explorava os assassinatos da Manson Family. Nos anos 80 foi o grande incentivador para que “Invaders From Mars” (1953) fosse refilmado com Tobe Hooper no comando da produção. Com roteiro de Dan O’Bannon, produção da Golan-Globus e efeitos das criaturas marcianas elaborados por Stan Winston, o remake foi extremamente mal nas bilheterias. Apaixonado por cinema fantástico, Wade Williams ainda deve aos fãs do gênero um filme bem produzido. “Midnight Movie Massacre” é divertido, mas temo que apenas trashmaníacos encontrem valor no filme.

Os diretores do filme, Laurence Jacobs e Mark Stock, pouco representam ao gênero. Jacobs ganha a vida como editor de TV (editava o “The Oprah Winfrey Show”, por exemplo), técnico de som (fez o som do clássico de horror “Tourist Trap” (1979) de David Schmoeller) e escritor. Antes de dirigir as cenas de “Space Patrol” que foram transformadas no filme assistido em “Midnight Movie Massacre”, ele havia dirigido apenas um curta-metragem chamado “Late Curtain” (1982), produção de 50 mil dólares filmada em preto e branco. Mark Stock nunca mais dirigiu filme nenhum após “Midnight Movie Massacre”. Em 1994 ele reapareceu criando o argumento do filme “Fleshstone/Instinto de Sedução” de Harry Hurwitz, thriller erótico na linha daquelas produções exibidas pelas TVs nas madrugadas. Nos anos 2000 retornou atuando em alguns filmes, como o drama familiar “Pure” (2004) de Dale Richard Howard e no curta-metragem “The Butler’s in Love” (2008), dirigido pelo ator David Arquette, onde faz o papel de um mágico.

Em “Space Patrol” temos a participação especial de dois atores cults, Robert Clarke e Ann Robinson. Clarke, nascido em 1920 e falecido em 2005, apareceu em muitos clássicos de sci-fi dos anos 50, delícias como “The Man From Planet X” (1951) de Edgar G. Ulmer, sobre um enigmático visitante espacial no planeta Terra; “Captive Women” (1952) de Stuart Gilmore, onde uma New York pós-apocalíptica é palco de batalhas de três tribos de mutantes; “The Astounding She-Monster” (1957) de Ronald V. Ashcroft, com uma bela e letal alien que caiu no planeta Terra; “The Incredible Petrified World” (1957) de Jerry Warren, sobre aventureiros descendo às profundezas do oceano e descobrindo redes de cavernas que levam à um novo mundo; “From the Earth to the Moon” (1958) de Byron Haskin, baseado em Jules Verne onde Clarke faz a narração e “The Hideous Sun Demon” (1959), dirigido pelo próprio ator em parceria com Tom Boutross, ficção sobre os efeitos trágicos da exposição à radiação. Clarke apareceu em inúmeras séries de TV como “The Lone Ranger”, “The Cisco Kid” e “Hawaii Five-O”. Trabalhou em outros filmes de Jerry Warren como “Terror of the Bloodhunters” (1962) e “Frankenstein Island” (1981). Em 2005, pouco antes de falecer, apareceu na comédia “The Naked Monster” de Wayne Berwick e Ted Newson, uma divertida homenagem aos filmes B, estrelado pela scream queen Brinke Stevens e com Ann Robinson reprisando seu papel de Sylvia Van Buren (aliás, o elenco de “The Naked Monster” é lindo, com figurinhas do cinema B como Forrest J. Ackerman, John Agar, Michelle Bauer, Bob Burns, Paul Marco, Linnea Quigley e muitos outros). Ann Robinson nasceu em 1935 e seu papel mais famoso é o de Sylvia Van Buren no clássico “The War of the Worlds” (1953) de Byron Haskin, onde pela primeira vez ela pode interpretar uma personagem principal. Trabalhou em várias séries de TV como “Rocky Jones, Space Ranger”, “Perry Mason” e “Peter Gunn”. Repetiu o papel de Sylvia Van Buren na fraca série de TV “War of the Worlds” nos anos 80 e em 2005 Steven Spielberg, ao refilmar “The War of the Worlds/Guerra dos Mundos”, lhe deu uma pequena participação especial como uma avó (mãe da personagem vivida por Tom Cruise).

“Midnight Movie Massacre” é um trash-movie esforçado que tenta divertir o espectador com suas piadas com o universo do cinema B. Aqui no Brasil foi lançado em VHS pela distribuidora FJ Lucas Vídeo com o título de “Aconteceu à Meia-Noite”. Outros 10 filmes que possuem o mesmo clima de diversão de “Midnight Movie Massacre” são: “Drive-In Massacre” (1977) de Stu Segall sobre assassinatos num drive-in; “Screamplay” (1985) de Rufus Butler Seder, sobre o louco mundo do cinema vagabundo estrelado por George Kuchar e distribuído pela Troma; “American Drive-In” (1985) de Krishna Shah, com jovens se divertindo com “Hard Rock Zombies” num drive-in; “Popcorn” (1991) de Mark Herrier, sobre uma marratona de filmes de horror num cinema fuleiro; “Matinee” (1993) de Joe Dante, inspirado em William Castle; “Ed Wood” (1994) de Tim Burton, cinebiografia sobre Edward D. Wood Jr. e sua gang de desajustados filmmakers; “Bikini Drive-In” (1995) de Fred Olen Ray, sobre um drive-in sendo re-inaugurado com as gostosas funcionárias vestindo bikinis, “Terror Firmer” (1999) de Lloyd Kaufman, delírio gore sobre o modo de vida Troma; “Cecil B. DeMented” (2000) de John Waters, sobre um grupo de cineastas transgressores realizando um filme e “Torremolinos 73/Da Cama para a Fama” (2003) de Pablo Berger, uma teoria de como seria um cineasta fã de Bergman filmando como Jesus Franco com uma super-8 e sua esposa pelada.

por Petter Baiestorf.

Assista “Midnight Movie Massacre” aqui:

The Beast with a Million Eyes

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , on janeiro 15, 2012 by canibuk

The Beast with a Million Eyes (“A Besta com Um Milhão de Olhos”, 78 min.) de David Kramarsky. Roteiro de Tom Filer. Efeitos Especiais de Paul Blaisdell. Com: Paul Birch, Lorna Thayer, Dona Cole, Richard Sargeant, Leonard Tarver e Bruce Whitmore na voz da Besta com um milhão de olhos.

Na introdução do filme a criatura alienígena anuncia (através da potente voz de Bruce Whitmore) que “Eu preciso da Terra. De milhões de anos-luz, eu me aproximo de seu planeta. Logo, minha espaçonave aterrisará na Terra. Eu preciso de seu mundo. Eu me alimento de medo, vivo do ódio humano. Eu, uma mente poderosa, sem carne e sangue, quero seu planeta. Primeiro, o impensável, os pássaros do ar, os animais da floresta, então o mais fraco dos homens estará sob meu controle. Eles serão meus ouvidos, meus olhos, até que seu mundo me pertença. E porque posso ver seus atos mais íntimos, vocês me conhecerão como A Besta com um milhão de olhos”. E logo uma família desestruturada emocionalmente, que vive numa fazenda isolada, está sendo atacada por cachorros, pássaros e vacas. Como é regra nos filmes vagabundos do período, logo o fazendeiro (Paul Birch) descobre que os animais estão sendo controlados por uma força alienígena e que quer se apoderar também de suas mentes e se unem (como uma típica família americana: pai, mãe, filha e namorada da filha) para com amor vencer o alien. O diálogo final do filme é uma pérola; após ver uma águia voando, o fanzendeiro quer matá-lo com seu rifle, ao que é impedido por sua mulher, que diz:

Carol Kelley (Lorna Thayer): “Eu me pergunto de onde teria vindo. E Allan, tem mais uma coisa. O que matou aquela criatura na nave?”

Allan Kelley (Paul Birch): “De onde aquela águia veio? Porque os homens tem alma?”

Carol Kelley: “Se eu pudesse responder isso, eu seria mais do que humano!”

Este filme de baixíssimo orçamento é um drama familiar misturado com sci-fi do período. “The Beast With a Million Eyes” é ruim, tão ruim que eu simplesmente não conseguia desligar a TV, sempre esperando o próximo diálogo ridículo, o próximo furo de roteiro, mais interpretações amadoras do elenco. É um filme na melhor tradição do clássico “Robot Monster” de Phil Tucker ou de filmes do Roger Corman (aliás, reza a lenda que este filme teria sido co-produzido por Roger Corman e Samuel Z. Arkoff e co-dirigido por Lou Place – apesar de no IMDB a co-direção estar creditada ao Roger Corman – mas como “The Beast with a Million Eyes” foi distribuido pela America Releasing Corporation, que depois virou a America International Pictures, acredito que a confusão com a autoria do filme pode ter começado aí).

David Kramarsky, o diretor, dirigiu apenas este “The Beast with a Million Eyes”, mas durante os anos de 1950 produziu outros 4 títulos (“The Oklahoma Woman” (1956) de Roger Corman; “Gunslinger” (1956) de Roger Corman, “Dino” (1957) de Thomas Carr, estrelado por Sal Mineo e “The Cry Baby Killer” (1958) de Jus Addiss, estrelado pelo então jovem Jack Nicholson). Depois destes filmes Kramarsky sumiu da indústria cinematográfica. O roteirista Tom Filer foi outro que percebeu que cinema não era seu forte, após essa maravilhosa tranqueira escreveu somente mais um filme, “The Space Children” (1958) de Jack Arnold e fez o papel de “Otis” no western clássico “Ride in the Whirlwind” (1965), dirigido por Monte Hellman e escrito e estrelado por Jack Nicholson. O responsável pela construção da criatura alienígena foi Paul Blaisdell em sua estréia na função, que aqui colocou uma meia na mão, jogou latéx em cima, moldou a cara do monstro alienígena e filmou. Blaisdell fez poucos trabalhos mas deixou sua marca no departamento dos efeitos especiais tendo trabalhado em filmes que se tornaram clássicos do gênero, como “Day the World Ended” (1955), “It Conquered the World” (1956) e “Not of This Earth” (1957), os três de Roger Corman; “Invasion of the Saucer Man” (1957) e “It! – The Terror from Beyond Space” (1958), ambos de Edward L. Cahn e “Teenagers from Space” (1959) de Tom Graeff. Nada como se envolver com os amigos certos.

Um fato curioso é que este “The Beast with a Million Eyes” poderia ter sido o “The Birds” (1963, de Alfred Hitchcock) dos anos 50, pois muitas das situações vistas filmadas sem talento algum nesta produção, se repetiram depois (extremamente bem executadas) comandadas pelo mestre Hitchcock. Kramarsky não é Hitchcock!!! Outra curiosidade é que este clássico vagabundo foi homenageado pelo pessoal do “Futurama” em 2008, que realizou o divertido longa “Futurama: The Beast with a Billion Backs”, já lançado em DVD aqui no Brasil com o lindo nome de “A Besta de um Bilhão de Traseiros”.

por Petter Baiestorf.

O filme pode ser visto via youtube:

La Mujer Murcielago e a Criatura Anfíbia Humana

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 28, 2011 by canibuk

“La Mujer Murcielago” (1968, 80 min.) de René Cardona. Com: Maura Monti, Roberto Cañedo, Héctor Godoy e Jorge Mondragón.

Cinco atletas aparecem misteriosamente assassinados e um agente especial é chamado para resolver o caso, antes mesmo dele fazer qualquer coisa, já avisa: “A única pessoa que pode resolver isso é a Mujer Murcielago!”. E logo a Mujer Murcielago em pessoa chega em Acapulco para ajudar o agente a resolver o mistério. Seu uniforme é um achado, usa um diminuto bikini com capa, luvas e máscara de morcego (que lembra muito o visual da mulher-gato). Logo ficamos sabendo que o responsável pelas mortes é o Dr. Eric Williams, um cientista louco que tem até um assistente demente chamado… Igor!!! A dupla está matando os atletas para extrair a glândula pineal e assim criar a criatura anfíbia humana (essa dupla rende os momentos mais divertidos com seus exageros canastrões). Durante a investigação os agentes ficam encantados com a beleza da Mujer Murcielago e seus ousados (para a época) decotes. Logo, sem ajuda de ninguém, ela entra escondida no iate do Dr. Williams e fica sabendo dos planos dele. Seguindo a lógica do cinema mexicano a Mujer Murcielago escapa do iate e vai treinar luta livre ao invés de resolver o problema e assim passa a ser perseguida pelos capangas do Dr. (que passam a usar aquelas máscaras de ladrões de quadrinhos) que são incumbidos de descobrir a identidade dela para aí, somente então, matá-la (não seria mais fácil só matar ela?). Paralelo a essa confusão toda, Dr. Eric Williams e Igor conseguem criar a criatura anfíbia humana (um monstro aquático vermelho inspirado no Monstro da Lagoa Negra) que é controlado por um zumbido e enviado para capturar a Mujer Murcielago que serviria perfeitamente para ser a fêmea da criatura (diante do sucesso de sua criação, Dr. Williams começa a delirar sobre a criação de um exército destas criaturas para dominar todos os Oceanos e dominar o mundo, HAUAHAUAAHAU – risadas de dominar o mundo!). Com o primeiro ataque da criatura falhando, o Dr. manda um de seus assistentes colocar um transmissor na capa da Mujer Murcielago e a criatura anfíbia humana é enviada outra vez para raptá-la durante a noite, o que rende uma das mais legais lutas do filme, com a Mujer Murcielago derrotando a criatura vestindo uma camisola transparente curtinha, ficando com um visual extremamente sexy. Com mais essa falhada magistral da criatura (que aparentemente não serve prá nada), Dr. Eric Williams muda de estratégia e resolve raptar o agente e o capitão da polícia para que a Mujer Murcielago venha ao sei iate resgatá-los (numa interessante inversão do clichê “mocinho salva mocinha”). No finalzinho do filme há uma piada com a coragem da Mujer Murcielago: depois de enfrentar cientistas loucos, capangas malvados, monstros vermelhos e resolver tudo no braço, ela fica histérica ao ver um rato na sua casa e salta nos braços do agente que salvou horas antes. Hilário!!!

Assim como num filme do lutador mascarado Santo, a Mujer Murcielago faz tudo usando máscara (apenas o agente sabe sua identidade). Essa sexy heroína ganhou vida sendo interpretada pela gostosa atriz Maura Monti, uma italiana que se mudou para a Venezuela aos 5 anos de idade e se tornou modelo. Das passarelas para o cinema foi rápido e estrelou vários filmes ótimos como “El Planeta de las Mujeres Invasoras” (1966) de Alfredo B. Crevenna, “La Muerte en Bikini” (1967) de Arturo Martínez, “Santo contra la Invasión de los Marcianos” (1967) também de Crevenna, “S.O.S. Conspiracion Bikini” (1967) de René Cardona Jr., “Muñecas Peligrosas” (1967) de Rafael Baledón, “Las Vampiras” (1969) de Federico Curiel e o clássico “The Incredible Invasion” (também conhecido como “Alien Terror” e que se chamou “Invasão Sinistra” aqui no Brasil, 1971) de José Luis González de León (com as cenas americanas dirigidas por Jack Hill e as mexicanas por Juan Ibáñez), filme vagabundérrimo que se destaca por ter Boris Karloff em fim de carreira no elenco. Nos anos da década de 1970 Maura Monti desiste do cinema (por causa das cenas de nudez) e passa a interpretar em produções da TV mexicana.

A espetacular trilha sonora de “La Mujer Murcielago” foi interpretada por Leo Acosta y su Conjunto de Jazz, o que deixou o filme com um ritmo alucinante. René Cardona, o diretor, é também ator no clássico “El Baron del Terror” (1962) de Chano Urueta, pai do diretor René Cardona Jr. e dirigiu 145 longa-metragens, se tornando uma referência do cinema popular mexicano. Já o produtor de “La Mujer Murcielago” é Guillermo Calderón que foi o responsável por inúmeros filmes de lutadores mascarados e outras temáticas exploitation/populares, como produções explorando rock’n’roll, westerns, filmes de horror, dramas adolescentes e romances bregas envolventes. Vários filmes de René Cardona, como “Santa Claus” (1959), “Las Luchadoras contra la Momia” (1964) e “La Horripilante Bestia Humana” (1969), foram produzidas por Calderón. E o roteirista Alfredo Salazar é irmão do ator, produtor e diretor Abel Salazar (“El Baron del Terror”), dirigiu 10 longas (entre eles “Bikinis y Rock” de 1972 e “Herencia Diabólica” de 1994) e roteirizou outros 63 filmes. O make-up do filme é de Margarita Ortega e o monstro (não dou certeza porque não consegui confirmar a informação) parece que foi elaborado por Alfonso Bárcenas.

“La Mujer Murcielago” é uma mistura de Santo e 007 com muita ação, cenários kitsch com cores berrantes (na melhor tradição festiva mexicana), história absurda cheia de furos que dão o charme classe Z necessário para tornar essa produção uma peça rara do incrivelmente colorido cinema psychotrônico made in México.

por Petter Baiestorf.

The Galaxy Invader: O Pior Diretor do Mundo em Ação

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 27, 2011 by canibuk

“The Galaxy Invader” (1985, 79 min.) de Don Dohler. Com: Richard Ruxton, Faye Tilles, George Stover, Greg Dohler, Kim Dohler, Anne Frith, Richard Dyszel e Glenn Barnes no papel do Invasor Cósmico.

Baltimore é conhecida dos cinéfilos por ser o lar (e cenário dos filmes) do genial John Waters, cineasta underground que realizou vários clássicos transgressores como “Pink Flamingos” (1972), “Female Trouble” (1974) e “Desperate Living” (1977). Mas de Baltimore também vem o desconhecido cineasta Don Dohler, que em 1985 dirigiu “The Galaxy Invader” (lançado direto em vídeo e já em domínio público).

A trama de “The Galaxy Invader” pode ser descrita em poucas linhas: um objeto voador cai numa floresta e um alienígena verde ferido começa a perambular pela região do acidente, até ser descoberto por um casal que fica aterrorizado com a criatura e, então, o invasor intergaláctico passa a ser perseguido por humanos sedentos por sangue e violência. Este filme é uma espécie de avô do meu longa-metragem “O Monstro Legume do Espaço” (1995), ambos foram feitos praticamente sem recurso algum, com ajuda dos amigos e técnicos improvisados. Quando escrevi, produzi e dirigi o Monstro Legume não tinha, ainda, tomado conhecimento desta pérola da vagabundagem (só o descobri em 2007), senão seria certeza que teria incluído alguma homenagem-referência ao filme de Don Dohler.

Donald Michael Dohler (1946-2006) nasceu e viveu em Baltimore (Maryland) e, com apenas 15 anos, começou a editar um fanzine chamado “Wild” (inspirado na revista “Mad”) e entre seus colaboradores estavam artistas como Jay Lynch, Art Spiegelman e Williamson Skip. Ainda nos anos da década de 1960, Dohler começou a editar a revista “Cinemagic” que trazia matérias para jovens cineastas que queriam aprender a fazer seus próprios filmes sozinhos e inspirou vários jovens à tentar a sorte fazendo filmes (em 1979 a “Starlog” comprou a revista). A primeira produção de Dohler foi “The Alien Factor” (1976), um filme de sci-fi de baixo orçamento sobre uns aliens-insetos pegando todo mundo. Don Dohler faleceu em 2006 deixando onze longas no currículo, incluíndo “Alien Rampage” (1999, uma continuação de “The Alien Factor”) e “Harvesters” (2001, um remake de seu próprio filme “Blood Massacre”, que havia sido lançado em 1988). O documentário “Blood, Boobs and Beast” (2007) de John Paul Kinhart conta a história deste diretor de ótimos filmes ruins.

As péssimas maquiagens vagabundas do filme são cortesia do make-up man improvisado John Cosentino (que trabalhava sempre nos filmes do amigo Dohler), que criou uma roupa de corpo inteiro para dar vida ao alien verde, só que essa roupa era toda dura e sem articulações, limitando as ações do ator Glenn Barnes na interpretação da criatura. Só prá dar uma idéia, no filme há uma cena onde o alien está deitado no chão e faz de conta que vai levantar, corta para o rosto sem expressão de uma atriz, e quando volta para o alien ele já está em pé, porque o simples ato de levantar era impossível com a roupa alienígena. Vale uma espiadinha!

Por Petter Baiestorf.

Invasion of the Star Creatures Vs. os Dois Patetas do Exército Americano

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 26, 2011 by canibuk

“Invasion of the Star Creatures” (1962, 70 min.) de Bruno VeSota. Roteiro de Jonathan Haze. Com: Robert Ball, Frankie Ray, Gloria Victor e Dolores Reed.

Se você acha que já viu o pior filme já feito é porque ainda não viu este “Invasion of the Star Creatures” que eleva a um novo patamar as ruindades cinematográficas. Aqui dois recrutas do exército americano são enviados numa unidade para missão de reconhecimento de uma caverna recém descoberta. Dentro da caverna os soldados são atacados por estranhas criaturas alienígenas (um dos piores design de monstro que já vi) e os dois recrutas patetas (que dormiam durante o ataque) são levados para uma espaçonave ocupada por uma raça de mulheres gostosas do espaço que estão no planeta Terra com o objetivo, lógico, de dominar o planeta. Acidentalmente os recrutas descobrem que beijos deixam as gostosas cósmicas impotentes e após uma sessão de beijos eles conseguem escapar da espaçonave para se encontrarem com uma hostil tribo de índios que ainda estão revoltados contra o general Custer (este encontro entre os recrutas e os índios tem piadas dignas de uma Zorra Total, juro!).

“Invasion of the Star Creatures” foi realizado por colaboradores habituais de Roger Corman. Foi escrito por Jonathan Haze (protagonista do clássico “The Little Shop of Horrors“, 1960, de Corman), dirigido pelo ator canastrão Bruno VeSota (que nesta época aparecia em tudo que é filme do Corman e, além deste filme, dirigiu mais 2 filmes: “Female Jungle” – 1955 – e “The Brain Eaters” – 1958) e produzido pela dupla Berj Hagopian (que, segundo o IMDB, só produziu ainda outro filme, “Code of Silence” (1960) de Mel Welles) e Samuel Z. Arkoff (da A.I.P. que não está creditado no filme mas foi um dos facilitadores da produção) e é estrelado pelo ator de último escalão Robert Ball (ator no péssimo “The Brain Eaters” (1958) e, à título de curiosidade, Ball também faz parte do elenco do clássico “Easy Rider” (“Sem Destino”, 1969) de Dennis Hopper e participou uma uma infinidade de episódios de séries da TV americana nos anos de 1960).

“Invasion of the Star Creatures” tem um roteiro muito ruim, as piadas não funcionam em momento algum e fica a eterna pergunta se não teria sido um filme melhor se a dupla de recrutas patetas tivesse sido interpretada pela dupla Jonathan Haze e Dick Miller (outro ator que aparecia em tudo que é filme do Roger Corman neste período e que na década de 1980 virou figurinha cult do cinema americano tendo aparecido em vários filmes bacanas como “Piranha” (1978) de Joe Dante, “Rock’n’Roll High School” (1979) de Allan Arkush e estrelado pela banda Ramones, “Gremlins” (1984) também de Joe Dante (aliás, Miller aparece em praticamente todos os filmes do Dante), “The Terminator” (“O Exterminador do Futuro”, 1984) de James Cameron, “Night of the Creeps” (“A Noite dos Arrepios”, 1986) de Fred Dekker, e muitas outras produções prá lá de divertidas da última década “cool” do cinema comercial mundial).

Quando “Invasion of the Star Creatures” estreiou nos cinemas a revista Box Office trazia a frase: “Que monte de bobagens, que desperdício de tempo e energia!!!”, se referindo a comédia de sci-fi de Bruno VeSota. Já o historiador Bill Warren chamou o filme de “surpreendentemente ruim… tão ruim que é quase impossível assistí-lo por inteiro!”. Mas o fato é que, mesmo com as piadas que não funcionam, mesmo com seus atores canastrões, sua falta de direção, seus cenários horríveis e figurinos piores ainda, “Invasion of the Star Creatures” merece uma conferida por ser uma tranqueira trash das mais autênticas e que é sincero em sua falta de talento que fazem dele um dos piores filmes já produzidos na história do cinema. Um grande clássico da ruindade que celebra de maneira grandiosa a falta de talento! No mundo atual, onde que aprendemos que temos que ser um “vencedor” (seja lá o que isso signifique), este filme ganha ares de obra revolucionária, uma bandeira dos “loosers” sem talentos que produzem mais do que os talentosos perfeccionistas reclamões intocáveis.

por Petter Baiestorf.

Santa Claus Conquers the Martians com seu Robô de Latão Envenenado

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 24, 2011 by canibuk

“Santa Claus Conquers the Martians” (1964, 80 min.) de Nicholas Webster. Com: Leila Martin, Charles Renn, Pia Zadora e John Call como o Papai Noel.

Crianças marcianas assistem à TV Terra (principalmente o Canal Kid) demais e, após uma entrevista que um repórter faz com Papai Noel em sua oficina de brinquedos, os pequenos marcianinhos começam a invejar o Natal. Após um ótimo corte de um marciano de brinquedo para um marciano verdadeiro (usando a mesma roupa, lógico!), os líderes de Marte resolvem consultar um conselheiro ancião sobre o terrível problema e decidem pegar uma espaçonave (com um visual de espaçonave elaborada sem dinheiro) e vão ao planeta Terra para pegar Papai Noel e leva-lo para Marte. Ao pousar na Terra, em uma absurda seqüência, os marcianos pedem informações à duas crianças e ficam sabendo que o verdadeiro Papai Noel mora no Poló Norte e é prá lá que nossos intrépidos viajantes cósmicos vão. Ao chegarem no Poló Norte (construído em estúdio, como tudo neste filme), enfrentam um Urso Polar (uma fantasia grotesca) e é introduzido na trama o genial robô marciano de design kitsch (porra, quero um robô assim prá mim). E assim os marcianos chegam na oficina de Papai Noel e o seqüestram para fazer o primeiro natal de Marte (e o seqüestro de Papai Noel é manchete de primeira capa em todos os jornais do mundo). Com Papai Noel em seu poder, os marcianos constroem uma oficina para ele criar inúmeros brinquedos para os marcianinhos invejosos, só que os planos do natal marciano podem não dar certo porque Voldar, o vilão marciano que não entra no espírito natalino (Yeaaaahhhhhhh Voldarrrrr!!!), faz altas trapalhadas para estragar a festa do consumismo mundial.

“Santa Claus Conquers the Martians” tem uma clara mensagem anti-comunistas. Os marcianos do planeta vermelho não estão autorizados a ter sua liberdade individual, o pensamento é controlado, não são consumistas nem cristãos, numa clara alusão à U.R.S.S. (hoje Rússia) dos anos de 1960. Este filme, ao seu modo, previu os comunistas consumistas da Rússia e China deste novo milênio onde todos precisam fazer parte do mercado mundial e a palavra de ordem parece ser: Consuma ou morra!!!

Os nomes das personagens principais marcianas são trocadilhos de completa breguice, os pais se chamam “Momar” (mom martian) e “Kimar” (king martian) e seus filhos “Girmar” (girl martian) e “Bomar” (boy martian). Aliás, a menina marciana, “Girmar”, é Pia Zadora (então com 8 anos de idade), atriz e cantora que chamou atenção quando estrelou o bombástico (de bomba mesmo) filme “Butterfly” (1982) de Matt Cimber, produzido pelo multi-milionário israelense (e marido dela) Meshulam Riklis e que trazia no elenco, também, Orson Welles. Por este filme Pia Zadora ganhou o “Golden Raspberry Awards” daquele ano de pior atriz. Seu melhor papel no cinema veio em 1988, quando interpretou uma beatnik no cult “Hairspray” do gênio John Waters.

Constantemente listado como um dos piores filmes já feitos (mas tem piores, como “The Creeping Terror” e “Rat Pfink a Boo Boo“), “Santa Claus Conquers the Martians” inspirou Tim Burton quando produziu a animação em stop motion “The Nightmare Before Christmas” (“O Estranho Mundo de Jack”, 1993, lançado em DVD no Brasil pela Touchstone Home Video) de Henry Selick, que possuí uma história bem parecida, trocando os marcianos por monstros do Halloween americano. No ano de 1991 o filme foi resgatado pelo programa de TV Mystery Science Theater 3000 (foi neste episódio que tomei conhecimento do “Santa Claus Conquers the Martians”, alguém gravou o filme quando exibido no programa e me fez uma cópia), sendo resgatado para uma nova geração de trashmaníacos. E Nicholas Webster (1912 – 2006), o diretor desta pequena pérola, trabalhou bastante nem TV, sendo mais lembrado por seu programa “The Violent World of Sam Huff” (1960), que foi o primeiro programa de TV à utilizar um microfone sem fio.

Uma curiosidade é que, ao final do filme, a música “Hooray for Santa Claus” fica tocando na íntegra com sua letra aparecendo escrita na tela com o espaço sideral pintado ao fundo. Como era lindo o mundo enquanto os humanos não tinham medo de parecer ridículos!

por Petter Baiestorf.

Veja o filme completo aqui:

Rat Pfink A Boo Boo: Aventuras Hilárias de uma Dupla de Heróis Palermas

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 20, 2011 by canibuk

“Rat Pfink a Boo Boo” (1966, 67 minutos) de Ray Dennis Steckler. Com: Carolyn Brandt, Ron Haydock, Tito Moede e Bob Burns no papel de Kogar.

Grupo de vagabundos (George Caldwell, Mike Kannon e James Bowie) persegue mulheres para se divertir nos dias de tédio. Ao receberem a nova lista telefônica escolhem aleatoriamente sua nova vítima: Cee Bee Beaumont (Carolyn Brandt), namorada do lendário cantor Lonnie Lord (Ron Haydock) que é um zé-ruela que sempre carrega seu violão por onde vai. Depois de uma perseguição compridíssima, que não vai prá lugar nenhum mas foi filmado de uma maneira tão débil por Steckler que se torna interessante, Cee Bee começa a receber várias ligações obscenas dos vagabundos até que um dia fica tão nervosa que sai correndo de casa (!!??) e é raptada. Porque raios alguém que está seguro dentro de casa, cercado de amigos, sai correndo prá rua após um telefonema ameaçador só deve fazer sentido na cabeça de Ray Dennis Steckler. Assim Lonnie Lord, com ajuda do jardineiro de sua namorada (Tito Moede), larga o violão e se torna Rat Pfink (e o jardineiro se torna Boo Boo), super-heróis bagaceiros que vão defender as namoradas inocentes do mundo do crime e o american way of life. Com sua moto do medo os heróis vão atrás dos bandidos e, após a luta mais monga da história do cinema (um dos bandidos chega a ser algemado no corrimão de madeira podre de uma escada), salvam Cee Bee que, olha que coisa divertida, é raptada novamente pelo gorila Kogar (diz a lenda que interpretado por Bob Burns). No final tudo se resolve e nossos heróis participam de um desfile de 04 de julho e cantam e dançam alegres na praia. Genial!!!

Acreditem, este filme do lendário Ray Dennis Steckler é uma das tranqueiras amadoras mais divertidas que já assisti. “Rat Pfink A Boo Boo” era para ser, inicialmente, um drama inspirado numa série de telefonemas obscenos que a mulher de Ray, Carolyn Brandt (isso mesmo, a mocinha do filme), estava recebendo. O título iria ser “The Depraved”, mas como acho que Ray Dennis Steckler sempre teve noção das ruindades que fazia, durante a produção do filme ele introduziu a dupla de heróis palermas inspirados no hilário programa de TV “Batman” (com Adam West e Burt Ward, o único Batman decente já surgido, prá mim claro, que odeio super-heróis). Inclusive o título do filme é um erro: Era para se chamar “Rat Pfink And Boo Boo”, mas provavelmente na hora do artista criar o título cometeu o erro que tornou “and” em “a” e, como Ray Dennis não tinha 50 dólares para corrigir o erro, ficou assim mesmo. Segundo o diretor, o título foi escolhido depois que uma menina que aparece no filme ficava cantando “Rat Pfink a Boo Boo, Rat Pfink a Boo Boo” na cena pouco antes de Cee Bee ser raptada, mas prefiro a história do erro gráfico, é mais a cara do picareta Ray.

O diretor Ray Dennis Steckler (também conhecido pelos pseudônimos de Cash Flagg, Sven Christian, Sven Hellstrom, Harry Nixon, Michael J. Rogers, Michel J. Rogers, Wolfgang Schmidt, Cindy Lou Steckler e Cindy Lou Sutters) foi uma lenda da indústria do cinema de baixo orçamento americano. Em 1963 realizou seu primeiro filme independente, o cult-movie “The Incredibly Strange Creatures Who Stopped Living and Became Mixed-Up Zombies”, que foi filmado com 38 mil dólares e tem a curiosidade de trazer como operadores de câmera, ambos na época auxiliares do diretor de fotografia Joseph V. Mascelli, László Kovács (que poucos anos depois fez a fotográfia de “Easy Rider” e ganhou vários prêmios) e Vilmos Zsigmond (ganhador do oscar de fotográfia por “Close Encounters of the Third Kind” de Steven Spielberg). Após inúmeros filmes de baixo orçamento (todos divertidos e caras-de-pau) para exibição em Drive-Ins, Ray Dennis começou a fazer pornôs, como “Mad Love Life for a Hot Vampire” (1971), “Red Heat” (1974), “Fire Down Below” (1974), “Plato’s Retreat West” (1983), “Weekend Cowgirls” (1983), entre vários outros. Steckler também tinha o costume de comprar filmes abandonados de outros diretores e remontá-los adicionando seu material, fez isso com Fred Olen Ray – que havia filmado algumas cenas para impressionar investidores – num filme que se tornou “Devil Master” (1978).

Em “Rat Pfink A Boo Boo”, Ron Haydock (que era ator regular nos filmes de Ray Dennis Steckler e tinha uma banda chamada “Ron Haydock and the Boppers” onde muitas vezes foi comparado à Elvis Presley, sem a parte do sucesso junto) canta 4 canções: “I Stand Alone”, “You Is a Rat Pfink”, “Runnin’Wild” e “Go Go Party”, todas muito boas. Outro nome cult que aparece nos créditos de “Rat Pfink a Boo Boo” é o de Herb Robins como diretor de segunda unidade. Prá quem não sabe quem é Herb Robins basta dizer que ele é o diretor do clássico do mau gosto “The Worm Eaters” (1977) onde as pessoas se divertem saboreando deliciosos sanduiches, sorvetes e tortas de… Minhocas! (ele ainda dirigiu outro filme, “The Brainsucker”, em 1988). Herb era um ator habitual nas produções de Ray Dennis Steckler, interpretou nos filmes “The Thrill Killers” (1964), “Lemon Grove Kids Meets the Monsters” (1965, filme em episódios que Ray cometeu em parceria com Peter Balakoff e Ed McWatters), “Body Fever” (1969), “Shinthia: The Devil’s Doll” (1970) e “Summer of Fun” (1997). A carreira de ator de Herb Robins era esporádica, mas participou de inúmeros filmes clássicos, como: “Invasion of the Bee Girls” (1973) de Denis Sanders, “The Doll Squad” (1973) de Ted V. Mikels, “Thomasine and Bushrod” (1974) blaxploitation de Gordon Parks Jr., “Convoy” (1978) de Sam Peckimpah, “The Funhouse” (1981) de Tobe Hooper e “House Made of Dawn” (1987) de Richardson Morse. Nada mal para um comedor de minhocas.

O crítico de cinema Jerry Saravia, sem senso de humor nenhum como a maioria destes profissionais inúteis, disse sobre “Rat Pfink a Boo Boo”: “O filme é ruim e não tem nada para oferecer, parece ter sido feito por uma criança de 8 anos de idade em seu próprio quintal!”. Mas “Rat Pfink a Boo Boo” oferece 67 minutos de pura diversão escapista, é um filme para pessoas sonhadoras (como Ray Dennis Steckler o foi ao tentar sobreviver de fazer filmes nos U.S.A.) e não para críticos de cinema chatos e mal amados.

por Petter Baiestorf.

O Incrível Homem que Derreteu

Posted in Cinema with tags , , , , , , , , , , , , , on outubro 22, 2011 by canibuk

“The Incredible Melting Man” (O Incrível Homem que Derreteu, 1977, 85 minutos) de William Sachs. Efeitos Especiais de Rick Baker. Com: Alex Rebar, Michael Alldredge e Burr DeBenning.

Um dos primeiros filmes que vi quando criança (tinha uns 8 anos de idade) e que ficou queimado na retina (junto de “O Último Cão de Guerra” de Tony Vieira, constatar isso explica muita coisa sobre minha paixão por cinema). “O Incrível Homem que Derreteu” conta a história do astronauta americano que foi exposto à radiação dos anéis de Saturno e que começou a derreter quando voltou ao Planeta Terra. Contaminado, o astronauta escapa do hospital (numa hilária cena envolvendo uma enfermeira gordinha) ao perceber que está derretendo e começa a cometer assassinatos para consumir carne humana (porque, como em todo bom filme vagabundo, a carne humana tem propriedades únicas que retardam o derretimento do astronauta).

Originalmente concebido como uma paródia aos filmes de horror, os produtores de “O Incrível Homem que Derreteu” pediram ao diretor William Sachs que deixasse o filme mais sério e violento (mais violento até pode ter ficado, mas prá nossa sorte, a parte de deixá-lo mais sério não funcionou). “O Incrível Homem que Derreteu” é uma espécie de remake gore do clássico “First Man Into Space” (1959, de Robert Day), com inspiração no também clássico “The Quatermass Xperiment” (1955, de Val Guest), sem se levar à sério em nenhum momento (perceba como os atores interpretam as personagens com um ar de incredulidade). Atente, também, às participações especiais de Jonathan Demme (no papel de uma vítima) e da atriz Rainbeaux Smith (especialista em aparecer em exploitation movies) no papel de uma modelo fotográfica atazanada por um fotografo tarado.

As maquiagens são de Rick Baker (antes de ganhar vários Oscars por suas maquiagens em super-produções de Hollywood), que criou quatro fases distintas no make-up do homem que derrete (que o ator Alex Rebar se recusava a colaborar nas sessões de maquiagens porque odiava ser maquiado), mas somente duas fases estão na edição final do filme. Uma cena onde as maquiagens de Baker se destacam até nos dias atuais, é quando uma cabeça decepada explode após cair numa cachoeira. Para conseguir o efeito desejado, Baker moldou uma cabeça falsa de cera e gelatina com sangue falso no interior. O resultado, filmado em câmera lenta, é lindo.

Na distribuição do filme a produtora/distribuidora American Internacional Pictures vendia o filme dizendo que os efeitos especiais eram do “mestre dos efeitos especiais do Exorcista” (que não foram feitos por Rick Baker, mas sim por Dick Smith), fato este que irritou tanto William Friedkin (diretor de “O Exorcista”) que ele vivia rasgando posters de divulgação do “O Incrível Homem que Derreteu”. Quando lançado nos cinemas o filme de William Sachs recebeu diversas críticas negativas, só encontrando seu público anos depois, quando o filme foi exibido na TV e distribuido em VHS.

Tenho adoração por este filme, tanto que em 2006 fiz um filme-homenagem à ele chamado “A Curtição do Avacalho” (73 minutos), onde desconstruí a idéia do filme original e coloquei um homem derretido lutando contra as dificuldades de se fazer cinema independente no Brasil.

capinha do VHS lançado no Brasil pela Globo Filmes.