O Hades malévolo
toma forma no interior de meu
ventre hermafrodita
corrompido
pelos malditos do século XIX.
A impureza das formas uterinas
se esconde sob carcaças mal cheirosas
de cidadãos comuns,
ratos covardes,
seres desprovidos de vida,
nascidos mortos.
Não reclamam nunca
porque
foram treinados para ficar de boca fechada,
como boas cadelinhas de madame.
No banco da praça,
repleto
de desgraçados vegetais ao seu redor,
um falso emissário dos céus
grita seus dogmas escritos na antigüidade.
Frutos abandonados
pelo vosso senhor
não podem se rebelar,
soariam ridículos,
neuróticos,
esquisitos
sem fé na salvação.
Então aplaudem o falso emissário
mesmo
sem nada entender.
Anjos demitidos por Deus
e seu sócio Diablo
fazem um coro baixinho
contra os dogmas.
Temos companheiros finalmente!
Vamos a luta!
A batalha será aquilo
que os críticos chamam
de “guerra madura”?
Sim!!!
Sim,
dedos nos olhos
e chutes no saco
não valem,
ok gringo?
Quem ganhar, ganhou!!!
O resto que aprenda como lutar
e mãos as obras.
Deus
e o Diablo
se escondem
no Planalto Central,
é só pegar um ônibus
e caça-los
como cães sarnentos.
Não merecem nosso perdão.
Aliás,
não somos cristãos
para estar perdoando
os filhos da puta
que nos sacaneiam.
Um tiro
na testa de Deus
e
uma peixeirada na garganta de Diablo
e as coisas
começarão
a entrar nos eixos…
E os anjos do congresso?
Gasolina sobre seus corpos
e teremos
a fogueira de São João
mais
bonita
da história de nosso
microcosmos maravilha!!!
escrito por Petter Baiestorf, 2001.