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Fascismo Verde Amarelo: O Mito do Silva

Posted in Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on outubro 26, 2018 by canibuk

Conheci o Fabiano Soares quando ministrei uma oficina de vídeo no Rio de Janeiro em 2012, parte da programação da Mostra do Filme Livre. Juntos bolamos o curta Perdigotos da Discórdia, que envolvia necrofilia e outras peripécias cremosas, como sexo pervertido com membros de plástico realistas que acabaram dando problemas com o Banco do Brasil, patrocinador da Mostra naquele ano. Tivemos que explicar um boquete que Gurcius fazia explicitamente no tal pinto de plástico que fazia as vezes do membro pulsante de Pablo Pablo. Logo em seguida ele dirigiu o ótimo curta O Terno do Zé, com integrantes da banda Gangrena Gasosa e o Carlo Mossy no elenco, e, também, foi diretor de segunda unidade do longa Desagradável, do diretor Fernando Rick. Depois dirigiu A Revolta do Boêmio, vídeo clip para a banda Uzômi, com Angelo Arede e Gurcius Gewdner nas personagens principais. Agora em 2018, ano literalmente tenebroso na vida política do Brasil, Fabiano retorna com O Mito do Silva, curta que sintetiza de maneira quase didática – e brutal – o que está rolando no país do Pau Brasil.

Segue uma entrevista com ele sobre O Mito do Silva e suas observações sobre este conturbado momento em que o povo brasileiro se entocou. E, também, link para assistir o primeiro corte de O Mito do Silva e sua filmografia completa:

Petter Baiestorf: O Mito do Silva é um retrato do Brasil atual, como foram as filmagens do curta, da concepção do roteiro até as filmagens? Alguma história curiosa das gravações?

Fabiano Soares: Eu tinha escrito em 2016 um texto sobre o assunto, o “Mito”, utilizando como base um político que tava se destacando pelas merdas que falava, mas que, naquele ano, parecia bastante exagerada a ideia de o cara se candidatar a presidente. Então, partindo desse prenúncio de distopia, eu convidei o cineasta Marcos Lamoreux, daqui do Rio, para me ajudar a transformar em roteiro, acrescentando ou retirando trechos que ele achasse necessários. O Marcos é um amigo, ativista, negro, artista em diversas áreas, e topou. Nessa transformação do texto em roteiro, além das transformações estruturais, recebi algumas aulas dele, desde pequenas mudanças lingüísticas para não ofender sem querer, a origens de palavras como “linchar”, que acabaram dando um conceito mais forte ao filme. Então um cara, o Marcelo Paes, que me deu aula, decidiu entrar como produtor cedendo a câmera e alguns acessórios, além de dar uma ajuda na parte de produção.

Nossa bandeira jamais será vermelha.

Como eu faço um cinema com amigos, alguns velhos amigos se juntaram em suas áreas, e foi assim que o Thor Weglinski veio ajudar na produção e na assistência de direção; o Caio Cesar Loures topou fazer o som direto; o Gabriel P. Almeida fez a arte; e o Ricardo Schmidt, a fotografia. Tudo gente que quem já viu algum filme meu, já conhece de créditos. Chamei a Fany Coelho, uma maquiadora de gore fodona daqui, que abraçou a ideia; e o Marcos Lamoreux foi essencial também para conseguir os figurantes. E teve o Juan, que deu uma ajuda no set quando pôde. Sem essa galera aí, eu estaria fodido, porque fiz mais um filme sem dinheiro, só convidando as pessoas e tentando mostrar o roteiro, pra ver se topavam; e porque a Luciana estava trabalhando na época, o Edgar com 5 meses quando eu comecei esse processo de roteirização, e achei que conseguiria facilmente cuidar dele, decupar o roteiro, ensaiar com atores, ter reuniões de equipe, e finalizar um livro que estou escrevendo, só porque eu estava de férias. Eu mal conseguia cagar sem ficar pensando nas minhas responsabilidades de pai, e tinha só a partir das dez da noite para resolver tudo em relação ao curta. A Luciana, a namorada com quem casei e tive um filho (porque acho brega escrever “esposa” ou “minha mulher”), aliás, não pôde participar tanto desse curta diretamente, mas o fez cuidando do Edgar quando chegava em casa, permitindo que me dedicasse ao curta nesses momentos, e fazendo a comida pra batalhão na diária que teria, segundo minhas contas, 40 pessoas. Ah, e sempre, mesmo torcendo o nariz para algumas ideias minhas, meus pais dão uma força: figuração, transporte, comida. Uma observação: sempre rola uma opção vegana de comida, geralmente uma caponata de berinjela feita pela minha mãe, já que tem uma galera vegana / vegetariana entre esse pessoal que topa participar dessas coisas que eu invento.

O Mito em sala de aula

Para escolher o ator, procurei um ator amador, amigo meu, o Moisés, cuja primeira pergunta que fiz foi: “O que você acha do “político X” (o Brandão do filme)?” Quando ele respondeu, dizendo que não estava entendendo morador de favela apoiando esse cara, decidi que seria ele. O Marcelo foi arrumar o cara pra fazer o político, e a primeira opção dele, um ator com visual meio milico, declinou por um motivo óbvio: ele era eleitor do cara. Segundo o Marcelo, foi a primeira vez que ele achava alguém do círculo de contatos dele demonstrando apoio ao cara, foi quando ele viu que aquela piada ruim poderia ser mais assustadora do que era. Estávamos em junho de 2018. E contei mais uma vez com a participação do ex-galã da Globo, agora doutor em filosofia e ator de produções menos ostentatórias, Marc Franken, um cara gente boníssima!

Cara, filme independente sempre tem perrengue, e esse não foi diferente. O drone, que tinha uma utilização estética para simular celular gravando de um prédio, zicou e ficamos sem. Os 30 figurantes que confirmaram para a cena de agressão ao Silva, só apareceram uns 10, 12; pessoal no Rio é daqueles “Vamos marcar, borá!”, e furam. Aí entraram meus pais, o namorado da Fany, quem estava de bobeira no set virou figurante. E muita gente parava para perguntar o que estava acontecendo, achando ser real o Moisés ensanguentado. Além dos contratempos de chuva, intervenção federal, que atrapalharam bastante o cronograma, teve também as desistências de equipe e figurantes no último segundo, que rolou bastante, mas nada que abalasse o andar da carruagem, só desesperava um pouquinho, até conseguir dar um jeito.

Figurantes

Ah, e de última hora, o Leo Miguel, que fez assistência de direção no dia mais complicado, a externa da agressão, ficou enrolado pra fazer a edição do filme, e aí outro Leo, o Miranda, que editou já muita coisa minha, assumiu o posto. E nisso, uma coincidência que achei doida demais: no primeiro corte, o Leo botou uma música clássica. Eu estava lendo O Selvagem da Ópera, do Rubem Fonseca, que fala sobre a vida do Carlos Gomes, e é uma base de roteiro para um filme sobre o maestro e compositor brasileiro, que enfrentou uns casos de racismo na Itália por ser negro e brasileiro. Quando ouvi a música – eu não conheço muito de música clássica, embora ouça muito no trabalho, não é algo que eu grave ou escute em casa –, perguntei “É Carlos Gomes?”, e o Leo me disse que não. Fiquei pensando “Que idiotice, só porque eu tô lendo um livro sobre o cara, tudo o que é música clássica vou achar que é ele…”; aí quando terminamos de ver o corte, a música, que ele tinha pego aleatoriamente no catálogo do Domínio Público, ele viu “Ah, é sim, Antônio Carlos Gomes!”. Achei bizarra a coincidência, e disse ao meu ceticismo: “É um sinal!” Melhor ouvir o universo e ficar com a trilha de Carlos Gomes! Lógico que o fato de não ter ninguém para compor uma trilha sonora em dois dias, de graça, ajuda bastante…

Baiestorf: Achei ele bem ilustrativo para aqueles que se negam em enxergar o que está acontecendo no país. Foi opcional essa narrativa tão didática? Porque?

Fabiano Soares: Pô, eu acho que eu faço sempre um cinema por diversão, é bem quadrado na estética, eu gasto minha piração com o texto. Eu não sou cineasta, né? Eu faço uns filmes, é diferente; é como se eu fosse um cara que faz paródias subversivas de uma novela mexicana, mas não falando de paixões desencontradas, mas de filhadaputice humana. Acho que meus filmes são tudo sobre o pior lado do ser humano, mostrar que deu tudo errado. Mas a didática não tem nada a ver com isso, é só de talvez eu ser um roteirista que quer ver aquela merda numa tela, e como ninguém em sã consciência vai querer fazer isso, acabo fazendo. Aí não tenho aquela intimidade com a linguagem cinematográfica a ponto de saber subverter e dar certo. Aí eu faço o meu feijãozinho com arroz, batata frita e bife, e taco um pouquinho de sangue pra dar um gosto. O foda é que eu gosto muito de uns filmes mais doidos, que brincam mais com a linguagem, mas não consigo fazer. Deve ser medo de entropia, do público comum não pescar sobre o que eu estou falando. Acho que me preocupo muito em explicar didaticamente pro público.  Vou tentar pensar mais nesse assunto.

Fabiano e Moisés em O Mito do Silva

Baiestorf: Alguma observação sobre os eleitores do “mito” Brandão? Sobre essa “cegueira” coletiva (ou mau caratismo mesmo)?

Fabiano Soares: Cara, andando na Uruguaiana, um mercado popular no centro do Rio, vi muito camelô vendendo camisas do cara que inspirou o personagem, vendido como o salvador da pátria, e só fiquei pensando: esse cara não entendeu que ele vai se foder com o discurso de ódio. Que ele é visto pela elite como um vagabundo, trambiqueiro, e no que puderem usar de força bruta contra eles, usarão. Será que vale esse lucro? É como se, na atual conjuntura, eu topasse fazer um vídeo para um político evangélico, que eu sei que vai foder com qualquer possibilidade de uso correto da máquina pública, que já é uma merda. Poderia ganhar um dinheiro, adiantar o meu lado, da maneira mais egoísta possível.

E cara, eu tô realmente ficando mal com esse assunto. Você precisa explicar o óbvio, e após toda uma didática infantil, bem explicadinha, na falta de argumentos, os cegos só mandam memes e “fora PT”. Mas eu nem tô falando do PT, ô caralha! E tem muita gente cega mesmo, que não foi criada para pensar, mas para reproduzir discursos, que acaba indo na onda. Mas óbvio que sempre existe aquele mau-caráter, que esperou na moita o momento em que poderia falar abertamente sobre seus preconceitos e incentivá-los, porque agora naturalizou-se isso, passou a ser apenas um ponto de vista, que deve ser respeitado. Porra, intolerância não é aceitável, e  não podemos ser tolerantes com intolerantes, sem medo de parecer incoerentes. Essa naturalização do machismo, da homofobia, do racismo, vindo de gente que deveria representar o povo, é assustadora. Fazendo uma analogia idiota, é como a música de um churrasco com gente dos mais diferentes gostos musicais: o cidadão pode chegar e colocar, sem medo ou vergonha, Maiara e Maraísa (e realmente pode, um espaço democrático em geral), outro coloca Molejo, outro entra no Melhor do Axé, e depois de você ouvir isso tudo, você decide colocar um som que você gosta, um Black Sabbath (para citar um exemplo até mainstream): será repreendido, porque naturalizou-se a ideia de que só pode tocar música “que todos vão gostar” – só esquecem que nem todos gostam das outras músicas. A mesma lógica vale para os assuntos cotidianos. A pessoa acha que pode puxar um papo com você falando sobre não gostar de “ver viado andando junto”, sem nem saber seu pensamento sobre isso, porque naturalizou-se o “ninguém gosta de homossexual, até tolera, mas não gosta”. Esquecem que os gays que gostam de andar juntos fazem parte da sociedade. E assim vão tentando excluir cada vez mais o que os incomoda, chamando de minorias, através da supressão da fala, impondo a opinião preconceituosa como se fosse o pensamento comum. E esse discurso vai sendo naturalizado pelo cidadão comum, que nem é mau-caráter, mas reproduz isso. É a favor de morte para bandido, mas esquece do filho que vende droga, do irmão que instala gato de luz, da vez em que subornou um guarda, etc.

Cidadão de Bens

Baiestorf: Você produziu o curta no RJ, que já é uma cidade que vive sob uma ditadura evangélica radical. Você pode falar sobre as transformações da vida cultural carioca nos últimos anos.

Fabiano Soares: Cara, a vida cultural sobrevive em pontos de resistência, centros culturais independentes de verbas do município. Aqui tem muita gente, muito grupo agitando suas correrias, então não tem do que reclamar. Mas do ponto de vista político… Bom, eu estou realmente preocupado com essas eleições presidenciais. Você vem lembrar do pastor que é prefeito do Rio. Bom, eu sou a favor de acabar com essa merda de misturar política e religião. Não dá certo. Você acredita em Deus, foda-se, vai pra porra da igreja e converse com seus amiguinhos, todo mundo com o mesmo amigo imaginário, e sejam felizes! Eu não me importo com a religião das pessoas, desde que não queiram fazer leis que têm como base crenças religiosas. Vou voltar a falar da merda da naturalização: pessoal acha normal falar “vai com Deus”, mas fica abismado se receber de volta um “Satã te ilumine”, “fica com Exu”. Então vai pra puta que o pariu com a sua crença se você não aceita a do outro. E essa contaminação evangélica que tem acontecido não só no Rio, como no Brasil, busca cada vez mais reger a vida de todos tomando como natural os ensinamentos cristãos, “porque a maioria pensa assim”. Eu já estou me preparando para comprar muita briga com professor acéfalo que for passar doutrina religiosa pro meu filho em escola. Uma coisa é ensino religioso, onde você vai falar da diversidade religiosa no mundo; outra é falar que uma religião é a certa, que deve-se seguir isso ou aquilo. E falei porra nenhuma da vida cultural no Rio. Cara, tem vida cultural, deve estar escoando muito dinheiro da prefeitura para igrejas, pecinha de igreja deve estar recebendo milhões, patrocinada pelo pastor do Rio, o prefeito da Universal, Crivella. Mantendo-se longe disso, tem uma galera boa movimentando arte de verdade. Tá, julgamento de valor meu, mas foda-se. Arte que questiona algo.

Fany maquiando em O Mito do Silva

Baiestorf: A personagem principal é um negro seduzido pelo discurso de “bandido bom é bandido morto”, quais suas observações sobre isso?

Fabiano Soares: Algumas pessoas não estão entendendo o que está acontecendo, esqueceram chacinas, apagaram da memória casos recentes de racismo. E é apenas para exemplificar: poderia ser misoginia, homofobia. Pessoas que são naturalmente privilegiadas apoiarem um cara como esse, eu não acho certo, mas é compreensível: não quer largar de ser mimado; o garotinho branco, rico, quer que continuem governando para ele, protegendo-o de qualquer risco que possa correr. Mas uma pessoa que encontra-se em um dos grupos atacados, concordar com ele, é masoquismo. Mas o ódio é apaixonante, né? Eu lembro que eu com 13, 14 anos, achava lindo tudo o que eu estava estudando e pregava violência: Hitler, Mussolini, Robespierre, Mao Tsé-Tung… Eu era um idiota e achava que ser revoltado era fazer apologia à violência, tinha que matar todo mundo. Felizmente me dei conta rápido que não era bem assim, mas possivelmente, em 99, 2000, eu seria um passador de vergonha na internet, compartilhando meme de “mimimi”, cheio das confusões identitárias de raça.

O Mito do Silva

Se você pega um lugar movimentado, pega dois atores, um loiro e um negro, e bota os dois para correr ao mesmo tempo, separados por alguns metros lateralmente, e um terceiro gritando “pega ladrão!”, eu não tenho dúvidas que a maior parte ia olhar e escolher o negro como o ladrão. E isso é uma construção social perversa, que fez, ao longo dos anos, vítimas da escravidão serem vistas como marginais da sociedade após libertadas. Construção social, mais uma vez, desculpa, sou chato mesmo, naturalizada. Então a pessoa vê um menino negro em um sinal (semáforo, farol, faroleiro, chame como quiser aquela merda de três luzes), e fecha a janela do carro, porque tem medo. Tem medo de um menino magro que tenta conseguir um trocado para comer, provavelmente. A mesma irracionalidade leva uma pessoa negra a concordar em dar mais poder à polícia militar, por exemplo, que no Rio de Janeiro metralhou com mais de cem tiros um carro com cinco meninos que tinham saído para dar uma volta. Meninos que não estavam armados, nem atropelaram alguém. Mas eram negros. O filho do Eike Batista atropelou e matou uma pessoa. A polícia não deu tiros no carro dele. Por que? Enfim, ter uma opinião isenta sobre racismo é estar do lado do opressor. O dia em que você perceber que você não é branco, ou que sua sobrinha, seu filho, ou quem quer que seja na sua família ou círculo de amizade, dançou exclusivamente por conta de um julgamento pela cor dele(a), acho que será tarde demais para entender.

Baiestorf: Acho a personagem do professor um tanto apática aos comentários de seus alunos em sala de aula, sem tomar uma posição mais firme, talvez um retrato fiel de como se comportaram os professores nos últimos anos. Como competir com as fakes news? Como os professores podem fazer a diferença numa época em que os alunos “fabricam” suas verdades?

Fabiano Soares: Eu sou um cara do “copo vazio”, sou derrotista mesmo. Desisto fácil, e não culpo a apatia de professores: como lutar quando o mundo está contra você? Como explicar o óbvio e não ficar puto quando for chamado de doutrinador? Se eu fosse professor já teria desistido. Mas façam o que eu digo, não façam o que eu faço. Professores fazem diferença ao sugerir leituras, ao mostrar ao aluno que as ideias dele podem e devem evoluir. Eu lembro de um professor de artes que eu tive, e em um passeio a um museu, tinha um quadro com dois homens se beijando, e ele foi falar do quadro, e eu falei Que viadagem! (nessa época aí, de 13 anos, eu quase um nazipardo desses… Por isso digo que adolescentes podem mudar muito, independente das merdas que falem. Mas burro velho eu não tenho paciência). Ele mandou na mesma hora “Viadagem por quê?”, e eu falei provavelmente um “Porque sim!”, esse argumento valiosíssimo nos dias de hoje. E ele mandou eu ver o quadro, meio que me desafiou, e eu me neguei, e ele falando pra eu olhar, e a turma vendo isso… Resolvi olhar. Era um quadro no qual o artista tinha duplicado a fotografia dele e simulava um beijo entre ele e ele mesmo. Aquilo me deu um baque, foi o primeiro, quando eu vi que eu era burro. E que eu não podia falar das coisas sem saber, sem ver do que eu tô falando. Esse professor nem sabe, mas ele provavelmente me ajudou a mudar o pensamento de certeza sobre tudo sem nem precisar ver o outro lado; e é nisso que os professores são essenciais, não em explicar a verdade absoluta, mas a ensinar os alunos a questionarem-se, a botar dúvidas no lugar de certezas. Isso muda vidas. É desanimador, por conta das fake news multiplicadas sem filtro, só com um botãozinho; mas é uma luta essencial pela humanidade. Que botem a pulga atrás da orelha sobre essas notícias de whatsapp nos alunos. Muitos poderão rir, mas vai ter um que vai duvidar de fake news, que vai duvidar de isenção jornalística nos grandes meios de comunicação. E só por esse, já vai ter valido a pena.

Reunião de equipe

Baiestorf: O papel da arte é ser resistência? O que tu acha dos artistas “isentões”, que não estão tomando posição neste momento tão crítico de nossa história?

Fabiano Soares: Porra, pergunta pra textão. Não, o papel da arte não é ser resistência. Mas o papel da arte que eu gosto, sim. Eu acho que a arte eleva seu potencial de ser relevante ao ser resistência, porque junta ao estético o conceito e a ideia de mudança social. Mas não sei se seria o papel da arte, se eu estaria usando muito o meu juízo de valores. No entanto, se não bota o dedo na ferida, se não cutuca, eu deixo para ser fruída por outros, tenho mais o que fazer. Artistas isentões não existem. Não se posiciona, está do lado do mais forte. Ouve falar que tem que bater em homossexual e não diz nada? Está apoiando. Tá vendo, se é artista, faz arte, mas se é isentão, provavelmente eu não me interesso pela arte que ele faz. Ou se me interesso, diminuo o apreço agora…

Baiestorf: Com o Supremo, com tudo?

Fabiano Soares: As pessoas estão cegas, surdas e loucas. Tá aí, né? Depois desse “acordão”, muito facilitado pelo posicionamento dos deputados e senadores, para passar o impeachment, fico realmente espantado com o número de deputados que o partideco do “Brandão” conseguiu eleger. Vários militares. O golpe virá, e o pior é que será pelas vias legais… Espero que seja apenas uma distopia, culpa do meu pessimismo constante. Assim como em 2016 o “Mito” era…

Fabiano Soares dirige O Mito do Silva

Baiestorf: Brasil, país de racistas enrustidos de antes a país de racistas assumidos (violentos) de agora? Para onde vamos?

Fabiano Soares: Ladeira abaixo. Todo o tipo de preconceito e discurso de ódio vindo à tona, e o pessoal achando que é zoação, é só mais um HUEHUEBR. Acho que tem uma galera descrente de eleição que tá votando pensando que é voto de protesto. Mas esse Macaco Tião é perigoso…

Baiestorf: O espaço é seu Fabiano.

Fabiano Soares: O espaço é nosso, e não deve ser cerceado. Independente de sofrer ou não racismo, homofobia, misoginia, tenhamos um pouco de empatia. Ninguém deve ter medo de andar nas ruas por achar que sua cor, seu credo, sua orientação sexual ou seu gênero o coloquem em um estado de risco. O mundo já está uma merda, o ser humano já é escroto por natureza, não precisa ser incitado a isso. Pensem, não tenham certezas, leiam, leiam, leiam. E ouçam. Não dá pra você viver tranqüilo em uma sociedade que elege religioso pra representar o povo. Principalmente esse câncer que é a bancada evangélica, um sintoma de uma sociedade doente que quer ser ovelha a todo momento. Por isso, defendo ser radical contra a mistura de política e religião (principalmente se for uma religião hegemônica, no nosso caso, cristã) assim como contra esse novo fascismo, que não por acaso vem ganhando forças sendo carregado em uma cama de “Deus acima de todos”. Eu tenho um filho para experimentar muita coisa na vida, e não pode ser calado por um governo que flerta abertamente com a ditadura, apoia torturador. Pensem nas crianças que vocês dizem gostar tanto. Tá ficando meio Zé do Caixão, né?

E se tudo der certo, “O Mito do Silva” será um episódio de um longa-metragem. Isso se eu não desanimar e desistir, porque vou te falar, tá foda… E sem isenção, dia 28 agora é 13 contra o fascismo! E ser humano deveria vir antes de ser anti-PT, portanto, não há desculpa.

Fany trabalhando

Filmografia Completa de Fabiano Soares:

2008 – O Dia do Folclore; 2009 – Acertos Errados; 2009 – Boneco de Pano; 2011 – SolidariedAIDS (co-direção); 2012 – O Terno do Zé; 2012 – Thrash Star; 2012 – Perdigotos da Discórdia (Co-direção); 2013 – Desagradável (diretor de 2ª Unidade); 2014 – Churrasco Misto (animação, co-direção); 2014 – Eu Aceito; 2015 – Primeiro Ato (co-direção); 2015 – Eleven Years (Videoclipe); 2015 – Olho Maldito (animação); 2015 – Par ou Ímpar (co-direção); 2015 – Vegetal (co-direção); 2016 – A Revolta do Boêmio (Videoclipe); 2016 – Paterno; 2016 – Sacrifício; 2018 – O Mito do Silva.

Assista aqui, também, estes outros trabalhos do diretor:

2009- Boneco de Pano

2012- Perdigotos da Discórdia

2012 – O Terno do Zé

2013 – Desagradável (diretor de segunda unidade)

2014- Eu Aceito

2015- Par ou Ímpar

https://vimeo.com/130901429

2016- A Revolta do Boêmio

2016- Paterno

 

A Independência de Contos da Morte 2

Posted in Cinema, Entrevista, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on agosto 16, 2018 by canibuk

Em 2016 Vinícius Santos organizou e lançou o longa-metragem episódico “Contos da Morte”, que reunia os diretores Ulisses da Motta, Thiago Moyses, Rodrigo Brandão, Kayo Zimmermam, Julio Wong, Jeziel Bueno, Ivo Costa, Helvecio Parente, Calebe Lopes, Bruno Benetti e Ana Rosenrot, e que já está disponível no youtube para ser visto grátis:

Agora, Vinícius reuniu novos diretores, Ana Rosenrot, Cíntia Dutra, Danilo Morales, Diego Camelo, Janderson Rodrigues, Larissa Anzoategui e Lula Magalhães, para a segunda parte de “Contos da Morte”. O lançamento deste SOV que já nasce obrigatório está programado para outubro deste ano e o trailer já está disponível:

Fiz uma entrevista com os diretores da continuação:

Petter Baiestorf: Conte um pouco da sua trajetória nas produções brasileiras:

Vinícius Santos: Minha história com o cinema independente começou por acaso, em 2008 fiz meu primeiro curta caseiro e trash, com toques de humor negro. Foi o “Cereal Killer”, que ganhou alguns prêmios na época aqui em Jacareí, depois peguei uma paixão pelo cinema, ainda mais eu que adoro filme trash, então não vi dificuldade alguma pra realizar meus filmes trash. Fiz vários curtas desde então, alguns longas como “Steve Cicco”, “Iandara”, “Exorcistas Carinhosos”. Realizei meu sonho de conhecer  José Mojica Marins, o eterno Zé do Caixão, até entregamos um prêmio a ele. Dirigi um documentário com Liz Marins e realizei um sonho  de dirigir um filme meu com a Monica Mattos, ex atriz pornô. Comecei a mandar e exibir meus filmes em alguns festivais nacionais e internacionais, conheci também cineastas que já admirava, como Petter Baiestorf e Rodrigo Aragão, fiz novas amizades e parcerias também, acabei sendo convidado para participar na produção de um longa-metragem co-produção Brasil e Londres em 2017, um filme indígena que mistura drama e fantasia chamado “Goitacá”, tive prazer de conhecer alguns atores como Luciano Szafir, Lady Francisco e Leandro Firmino (o Zé Pequeno de “Cidade de Deus”), isso tudo graças aos filmes trash que desenvolvo, então percebi que estou no caminho certo.

Ana Rosenrot: O cinema sempre fez parte da minha vida, sou cinéfila por natureza e minha curiosidade me levou a pesquisar o cinema como um todo, buscando entender a importância da sétima arte para a cultura mundial e sua influência sobre as pessoas. Mas percebi que eu precisava participar da criação cinematográfica e em 2011 passei a fazer pequenos curtas experimentais, tudo muito simples, com a cara e a coragem, assumidamente trash e não parei mais. O primeiro curta que enviei para um festival se chama “Mistérios Obscuros”, ele foi premiado com o Troféu Corvo de Gesso em 2013, selecionado na 15ª Mostra do Filme Livre em 2015 e escolhido para compor a vinheta de abertura da sessão “Trash ou Cinema de Gênero?” da mostra. Em 2013, fui convidada para escrever sobre cinema para uma publicação Suíça, a Revista Varal do Brasil e criei a Coluna CULTíssimo, especializada em cinema e universo Cult. Também em 2013 juntei forças com a Vproduções Cinematográficas e participei como diretora, produtora e atriz em curtas e longas. Destaque para o longa-metragem “Steve Cicco – Missão Popoviski”, o curta-metragem “Samantha” (que dirigi com o Vinícius e protagonizei), as duas edições da Mostra Monstro e o projeto “Contos da Morte”. Em paralelo, me dedico a criação e a divulgação literária e continuo com minhas produções pessoais, rodando os festivais com curtas experimentais e vídeo poemas voltados para o ativismo cultural e as causas femininas. Já ganhei sete prêmios, participei de muitos festivais e mostras e pretendo seguir acreditando no cinema nacional e feminino apesar de todos os obstáculos.

Cíntia Dutra: Certamente assim como todos os envolvidos no “Contos da Morte”, sempre fui apreciadora do cinema de horror, independente da nacionalidade. Na verdade, me considero muito mais fã e pesquisadora do gênero horror, que realizadora. Mas isso, juntamente com a minha formação (em Fotografia) trouxe a possibilidade de realizar alguns projetos. Onde em 2007 dirigi o curta “Obsessão”, posteriormente em 2008, “Extrato”, em 2015 o “Retratos” e agora o “Entre Nós” que fará parte do projeto.

Danilo Morales: Em 2012 meu primeiro filme em HD foi “Adega de Sangue”. Em 2015 veio o projeto “Trilogia do Terror” com os filmes media metragem “Telecinesia – Entre a Cruz e o Balaço” e “A Corrente de Menon”. A produção de curtas foi intensa. Uma media de três por ano. Em 2016 “Astarte- O Assassino do enforc a Gato” e “Até que a Morte nos Separe”. Em 2017 “Quiromania Ninfomaníaca” e “O Lago”. Em 2018 “Vilarejo Libertino”, “Casa de Xangô” – o filme longa metragem “Cemiterio das Moscas”, antologia de três diretores. E “Contos da Morte 2”. Antologia com vários diretores envolvidos. Os filmes estão correndo festivais nacionais e internacionais.

Larissa Anzoategui: Eu comecei a experimentar o audiovisual em, acho que, 2008, quando fiz um curta maluco chamado “Zumbis do Espaço de lá” para o meu TCC do curso de artes visuais. Depois de um tempo fui morar em São Paulo para estudar fotografia e lá entrei em contato com outras pessoas que tinham vontade de produzir e tinham grana zero como eu. Nos juntamos gravamos um curta, o “Limerence’, com roteiro de Paula Febbe, que só foi ficar pronto mesmo no final do ano passado, mas estava gravado esperando finalização desde 2012. Gravo sempre quase com a mesma equipe desde o “Limerence”: Pedro Rosa na direção de fotografia, Renato Ramos Batarce ajudando na produção e o meu marido, Ramiro Giroldo, que hoje escreve todos os roteiros da Astaroth Produções. Até agora temos lançados quatro curtas (“Red Hookers”, “Natal Vade Retro”, “Limerence” e “A Janela da Outra”) e um longa (“Astaroth”). Tem agora o “Fatal” também, que faz parte do “Contos da Morte 2”. Meus filmes são de terror, minhas inspirações são aquelas produções dos anos 80, principalmente as que eram feitas para o mercado de VHS. Busco um terror meio aventura, algo divertido. Monstros que não existem. Nas minhas produções a força e o foco estão sempre nas personagens femininas. Afinal de contas, elas sempre estiveram presentes nos filmes de terror, mas ao invés de ser apenas mais uma vitima, a mocinha bonita gritando, aqui elas levantam e enfrentam o monstro que as vezes é a monstra também.

Diego Camelo: Sou Estudante de Cinema do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza, meu primeiro curta metragem foi o “Tirarei as Medidas do seu Caixão” que é um filme-homenagem ao personagem mais icônico do Terror brasileiro, que é o Zé do Caixão. O filme foi muito bem recebido por onde passou, consegui inclusive espaço para exibição do curta no Canal Brasil no programa “Pausa para o Café” e é também dos filmes que realizei até aqui, o que mais circulou por festivais afora. Ainda dirigi e produzi os curtas metragem “A Incrível História do Gorila” e “O Vampiro”. Todos os curtas estão disponíveis na internet.

Lula Magalhães: Comecei em 2013 com o filme “Mandala Night Club”. De lá pra cá não parei mais, sempre venho mantendo uma média de uma a duas produções por ano. Sempre produzi na esfera do terror e sempre produções 100% independentes, ou seja, sem dinheiro público.

Janderson Rodrigues: Comecei trabalhando em produtoras independentes até abrira minha há quatro anos. E estou tentando sobreviver até então.

Dor (Lula Magalhães)

Baiestorf: Como surgiu o projeto de Contos da Morte 2?

Vinícius Santos: Eu já havia feito projetos em parceria com cineastas de outras localidades e regiões, inclusive fora do país, sempre tive vontade de fazer algo parecido com o ‘’ABC da Morte’’ e resolvi convidar alguns cineastas para uma antologia chamada ‘’Contos da Morte’’, lançado em 2016. A idéia para o “Contos da Morte 2” surgiu dentro do Festival Boca do Inferno no lançamento do primeiro filme, durante um bate-papo, após a exibição me perguntaram se haveria uma continuação, deixei a possibilidade em aberto, mas muita gente pediu essa continuação e então resolvi juntar uma galera, a idéia era não repetir os cineastas do primeiro, e, ao invés de 12, nesse segundo seria apenas 10. Mas no fim muita gente não deu conta e desistiu, eu acabei tendo que entrar nos momentos finais do projeto devido ao prazo de entrega, não teríamos mais tempo de convidar novos cineasta pra se juntar ao grupo. Então esse segundo “Contos da Morte” conta com sete histórias e oito cineastas do cinema independente.

Ana Rosenrot: O projeto surgiu no Festival Boca do Inferno, durante o lançamento da primeira edição, quando o criador do projeto “Contos da Morte”, Vinícius J. Santos, foi questionado sobre a possibilidade de uma continuação e após o festival ele entrou em contato com outros realizadores e decidiram fazer uma sequência. Primeiramente a ideia era não repetir nenhum dos diretores do primeiro filme, mas, devido a algumas desistências, o Vinícius decidiu participar com um segmento e me convidou para dividirmos a direção. São ao todo sete filmes e oito cineastas participantes.

Cíntia Dutra: Em 2016, ao enviar o curta “Retratos” para algumas mostras, o Vinicius Santos o viu e fez o convite para realizar um novo curta para integrar o projeto.

Danilo Morales: O Vinicius me fez o convite. Ele fez o “Contos da Morte 1” e queria fazer uma sequência com novos diretores.

Diego Camelo: Fui convidado pelo idealizador do projeto Vinícius Santos, eu não conhecia o projeto e não tinha visto o filme anterior, mas curti bastante a proposta e quando rolou o convite aceitei de pronto, gosto dessa iniciativa da Antologia, juntar diretores de locais diferentes, fazendo filmes completamente diferentes sobre o mesmo assunto.

Lula Magalhães: Conheci o Vinicius quando meu filme “Invasor” participou da Mostra Monstro em Jacareí, SP. Surgiu o convite de participar da segunda edição e eu adorei a ideia.

Janderson Rodrigues: Estava fazendo a fotografia do filme “Cinco Cálices” quando o Vinicius me chamou para participar do projeto. Já tinha visto o primeiro em festivais e fiquei super feliz de participar do 2. Ai meu editor, na época, me pediu para escrever o roteiro, então falei que eu queria uma história que se passa na favela.

Diagnose Danação (Diego Camelo).

Baiestorf: Como chama seu episódio e qual a história?

Vinícius Santos: O segmento eu dirigi, junto da diretora Ana Rosenrot, também aqui de Jacareí, se chama “A Marca do Diabo’’ e é sobre uma moça que adquire um quadro de uma criança chorando, e coisas bizarras começam a acontecer até que ela descobre que aquele quadro tem uma história maligna por trás envolvendo pacto demoníaco e sacrifícios. História inspirada na lenda urbana dos Quadros das Crianças Chorando, muito famosa no Brasil na década de 80.

Ana Rosenrot: O episódio que dirijo com o Vinícius J. Santos se chama “A Marca do Diabo”, e é inspirada na maior lenda urbana dos anos 80: “Os Crying Boys” (quadros das Crianças Chorando). Ele conta a história de uma garota que depois de sofrer um terrível acidente, está internada num hospital e ao ser interrogada por policiais alega ter sido marcada pelo diabo após comprar um quadro de uma criança chorando.

Cíntia Dutra: O episódio chama-se “Entre Nós”, e conta a história de um casal, com uma relação um pouquinho turbulenta, regada a sangue e insanidade.

Entre Nós (Cíntia Dutra).

Danilo Morales: “Heterocromia”. Simmel sofre preconceito por ter heterocromia. Seu alter ego maligno, representado pelo olho azul, é desperto quando o demitem do serviço. Filme experimental em primeira pessoa, de humor negro, uma crítica social da crise em nosso país.

Larissa Anzoategui: Meu episódio é o “Fatal”. Conta a história de um rapaz que lança cantadas online e acha que vai se dar bem, mas acaba se metendo em uma enrascada.

Diego Camelo: O nome é “Diagnose Danação” e é livremente inspirado no livro Frankenstein da Mary Shelley, pode até ser temerário dizer que é livremente inspirado, por que imagino que alguém possa tentar fazer comparações ao livro, eu tinha acabado de reler a história quando o Vinicius chegou com o convite, alguns elementos da história da Shelley estavam muito vivo na minha memória por isso tentei pegar o mote central da história e adaptar. Fui atrás do filme Frankenstein da Hammer Filmes, com o Peter Cushing, e fiz algumas modificações. A história é basicamente a relação de um médico e um paciente que não queria ser salvo, depois de vários anos sofrendo de uma doença autoimune, o paciente tenta tirar a própria vida, mas o médico o salva, o paciente acredita que estar vivo é uma espécie de punição e culpa o médico, passando então a persegui-lo.

Diagnose Danação (Diego Camelo).

Janderson Rodrigues: O filme se chama “Morro dos Mortos”. A historia de Bento que fica preso durante 10 anos e ao sair tenta uma vida nova, mas os fantasmas das pessoas que ele matou voltam para cobrar algo .

Lula Magalhães: Se chama “Dor”. O filme narra a trajetória de três psicopatas insanos que alimentam uma estranha criatura com carne humana.

Dor (Lula Magalhães).

Baiestorf: Como foram as filmagens dele?

Vinícius Santos: Tivemos seis meses de gravações, até que foi bem rápido, não tivemos tanta dificuldade por ter muitas cenas com poucos diálogos, algumas locações bacanas como um antiquário e um hospital, que nem imaginávamos se conseguiríamos ou não, mas no fim deu tudo certo com o apoio da Prefeitura Municipal de Jacareí. Até achávamos que teríamos dificuldade, pois filme de terror não é visto com bons olhos em Jacareí, mas arte é arte e conseguimos até fazer as cenas com um Diabo por lá.

Ana Rosenrot: Até que foram bem tranquilas; claro que tivemos algumas dificuldades, o que é muito comum quando falamos em cinema independente, pois, trabalhar com baixo ou nenhum orçamento, equipe pequena e locações sem controle externo, sempre acarreta alguns atrasos ou imprevistos (a greve dos caminhoneiros nos afetou um pouco). O importante é ser capaz de improvisar quando é necessário e poder contar com pessoas engajadas no projeto e nisso tivemos muita sorte, os atores e a equipe estavam maravilhosos.

Bastidores de uma das cenas do filme:

Cíntia Dutra: As filmagens aconteceram na metade do ano passado (2017), em um final de semana bem corrido, onde tudo teve que ser filmado por conta dos recursos disponíveis. A equipe formada por amigos da faculdade e parentes, que tenho que agradecer por ter trabalhado por três xis burguers, é a mesma equipe que trabalhou no curta anterior, “Retratos”, o que tornou o processo muito agradável.

Danilo Morales: Foi um desafio. Nunca tinha gravado nada em primeira pessoa. O episodio foi gravado em um dia e teve um verdadeiro banho de sangue. Um boneco foi confeccionado para ter a cabeça esmagada. Ficou fantástico a cena da cabeça partida. Infelizmente a câmera travou nesse momento. A solução foi refazer a cena de forma desfocada, pois o boneco já estava estourado. Mas foi bem divertido. O episódio não foi feito para ser levado a sério. Tem muito humor negro e critica social.

Larissa Anzoategui: Foi muito rápido, em um dia gravamos tudo. Mas foi rápido assim porque reaproveitei uma cena do “Astaroth” que não ficou no corte final. Mas mesmo assim, tem o começo que está no corte final do longa e está também lá no curta, bem plena e cara de pau. Para fechar uma história com este reaproveitamento, tiramos um dia do final de semana para gravar. Equipe bem reduzida, eu dirigi, filmei, montei a luz e o cenário, o Ramiro ajudou bastante, sendo o assistente em todas essas funções. A terceira pessoa da equipe era a maquiadora, Palmira Nogueira, que sempre trabalha com a gente. Para compensar o elenco era maior que a equipe: Sete atrizes e um ator.

Diego Camelo: Foi bem caótico (risos). Muito por que tivemos muitos atrasos em relação a locações, principalmente. Tivemos problemas pra conseguir a locação do hospital, por exemplo. Lembro que num dos dias de gravação Fortaleza passou por uma onda de ataques a ônibus e isso dificultou todo tipo de transporte na cidade, atrasando bastante o dia de filmagem. O importante pra que tudo desse certo foi ter uma equipe e elenco que mesmo nas dificuldades se dispôs a fazer as filmagens darem certo.

Lula Magalhães: Foi bem louco. Muito cansativo. Quatro dias de gravações intensos. Gravar de forma independente exige muito mais da equipe porque os recursos são mínimos. Mas tudo muito satisfatório no final.

Janderson Rodrigues: Vou deixar o trailer do filme.

Baiestorf: Algo curioso que rolou nas gravações que pode contar para nós?

Vinícius Santos: Tem um fato curioso que aconteceu durante a escolha das locações, em uma das cenas do filme foi filmada em um antiquário. Tínhamos um bem chique, estava tudo certo para filmar, toda equipe aguardando no local, mas por algum motivo o dono da loja não apareceu e tivemos que adiar. O jeito foi utilizar nosso plano B, outro antiquário, era mais simples, mas acabou que combinou muito mais, pois o filme era inspirado em uma lenda dos anos 70 e 80 e o antiquário tinha peças da época, no fim. Deu super certo essa mudança de planos.

Ana Rosenrot: Estávamos numa locação e o nosso ator estava maquiado e pronto para entrar em cena. Enquanto aguardava ele ficou ensaiando e se movendo pelo local. Foi quando percebemos que um senhor que passava na rua estava olhando pela vidraça, ele ficou parado, com os olhos arregalados, horrorizado. E ficou ali por um tempo, indeciso, depois baixou a cabeça e saiu. Ele percebeu que era somente uma pessoa maquiada, pensou que era algum tipo de pegadinha, ou acreditou que estava vendo uma entidade demoníaca? Nunca saberemos, mas o episódio rendeu boas risadas e mostrou que, pelo menos, a maquiagem estava assustadora.

Carolina Venturelli em A Marca do Diabo (Vinícius Santos e Ana Rosenrot).

Cíntia Dutra: Há uma cena no curta que foi filmada em um hospital real, e foi necessário realizá-la na correria, pois segundo o médico que cedeu o leito hospitalar, em final de semana com feriado o risco de precisarem do quarto as pressas era grande. Por sorte não fomos interrompidos. Pagamos 50 reais pelo aluguel de um vestido de brechó. Isso é todo o orçamento do filme!

Elenco de Entre Nós com a diretora Cíntia Dutra.

Danilo Morales: O mecanismo utilizado para esguichar sangue do pescoço da vitima foi feito de forma bem arcaica e barato. Uma mangueira de nível acoplada a uma bomba de encher bicicletas foi a responsável, para de forma mecânica, esguichar o sangue. A faca utilizada era retrátil.

Diego Camelo: Não sei se responde bem a pergunta, mas houve algo engraçado durante as filmagens, fomos gravar uma das cenas mais importantes pro filme e do lado da nossa locação tava rolando uma missa a céu aberto e isso atrapalhou bastante principalmente na questão do som, aí a nossa atriz Gabriela Willis, maquiada com sangue no rosto, foi lá pedir gentilmente pra que os fiéis baixassem o volume (risos).

Lula Magalhães: Sempre digo que fazer filme de terror é muito mais divertido do que fazer filmes de comédia. Foram vários momentos hilários durante as filmagens. Fica até difícil de falar de um específico.

Janderson Rodrigues: No primeiro dia de filmagem estava marcado para começar as 17:30 e terminar as 20:30 e o ator principal não apareceu e ninguém conseguiu falar com ele, então quando estava para cancelar, ele apareceu com o joelho todo inchado e mão enfaixada porque tinha sofrido um acidente de moto e estava no hospital.

Larissa Anzoategui: Olha, as meninas tiveram que passar o dia semi nuas e com maquiagem de efeito na cara. Aí virou uma grande piada tudo o que elas faziam, elas mesmas ficavam tirando sarro umas das outras. Em certo momento, num intervalo, uma das meninas estava agachada olhando o celular, passou a Simone Galassi, que é super piadista e soltou: “Olha! O demônio cagando!”. Só coisas assim mesmo, acho que foi engraçado para quem estava lá. Meio que piada interna. Não aconteceu nada de sobrenatural, nada de luzes caindo ou pessoas levitando (risos).

Diagnose Danação (Diego Camelo).

Baiestorf: Como estão os preparativos (e expectativas) para o lançamento em Outubro?

Vinícius Santos: Estamos já mandando pra festivais nacionais e internacionais, aproveitando que logo o Halloween está aí, e o que mais rola é festivais de horror. Mas a expectativa é grande pra fazer a primeira exibição pública, pra ter um feedback da galera.

Ana Rosenrot: Estamos nos concentrando na divulgação, que deve ser muito bem coordenada com todos os outros diretores e esperamos que o público goste de todos os segmentos, aprecie a diversidade de estilo dos diretores, se assuste e se divirta muito com nossos contos mortais.

Cíntia Dutra: A expectativa é grande, por fazer parte de um projeto tão bacana e com gente super qualificada (falo dos outros curtas – risos). E claro, sempre há a vontade de conferir pessoalmente a estréia, se a rotina e a distância permitirem.

Danilo Morales: A expectativa é alta. Sabemos que o cenário de guerrilha independente não é fácil. A solução é a união dos diretores. Não somos adversários, somos parceiros em prol do fortalecimento do cinema de gênero na região.

Diego Camelo: Estamos ansiosos pro lançamento do “Contos da Morte 2” e vamos fazer um novo corte com mais cenas pro curta, já que havia um tempo limite pra cada curta metragem, muito provavelmente vamos disponibilizar direto pra internet.

Larissa Anzoategui: Eu não vejo a hora de ver todas as histórias! No grupo do facebook a gente ficava trocando informações, postando fotos de bastidores, testes, trailers. Tô muito curiosa para assistir os outros curtas que estão no projeto.

Lula Magalhães: As melhores possíveis. Parte dos outros integrantes são meus amigos e estou muito feliz com a participação e trabalhos deles.

Janderson Rodrigues: Bom, os preparativos estão por conta do Vinicius, e a expectativa é grande porque as pessoas envolvidas são muito boas e também estou muito feliz porque o filme “Cemitério das Moscas” vai ser lançado esse mês e depois vem o lançamento dos “Contos da Morte”.

Dor (Lula Magalhães).

Baiestorf: O público terá o filme disponível para venda em mídia física (ou link online) quanto tempo após o lançamento?

Vinícius Santos: O filme será exibido apenas em festivais em um primeiro momento, após o prazo de um ano. A V Produções Cinematográficas está planejando um terceiro “Contos da Morte”, pra fechar a trilogia e quem sabe a gente possa lançar um box dos três em DVD.

Cíntia Dutra: Espero que haja mídia física sim, afinal é sempre bom ter mais um filme na prateleira.

Diego Camelo: Aí vai depender do tempo que o longa metragem “Contos da Morte 2” ficar em circulação e exibição por festivais e mostras, mas assim que passar essa fase com a Antologia, vamos lançar uma nova versão do curta na internet.

Janderson Rodrigues: O filme vai correr festivais e depois não sei se vai ser lançado em mídia, mas por mim eu lançamos em mídia física sim, ainda sou das antigas.

A Marca do Diabo (Vinícius Santos e Ana Rosenrot).

Baiestorf: No momento você está trabalhando em algum novo projeto? Pode falar sobre ele?

Vinícius Santos: Estou desenvolvendo mais dois novos longas, um é o ‘’Steve Cicco – A Última Porrada’’, um filme paródia de espionagem, a terceira parte de uma trilogia. E também estou finalizando o roteiro do ‘’Sexo, Pizzas e Filmes de Terror’’ que será uma antologia da V Produções com três histórias malucas ambientadas nos anos 80. É um filme que presta uma homenagem a filmes trash da época.

Ana Rosenrot: Atualmente estou me dedicando mais a literatura e ao ativismo cultural. Em 2017 criei a Revista LiteraLivre, uma publicação voltada para a divulgação de autores que escrevem em Língua Portuguesa, de todas as partes do mundo e a experiência tem sido incrível. Também estou planejando o lançamento de um e-book com as edições da Coluna CULTíssimo, no período de 2013 até 2016; continuo escrevendo novas edições da coluna, agora para a LiteraLivre e me dedicado ao meu gênero de escrita predileto: contos e poemas de terror, que pretendo divulgar um pouco mais. Claro que ainda tenho vários projetos cinematográficos, uns curtas inacabados que pretendo finalizar, convites pendentes, enfim, com certeza ainda vem muito mais por aí.

Cíntia Dutra: Projetos sempre existem, nem que seja no âmbito da imaginação. Mas estamos elaborando um novo roteiro, que ainda está em uma fase bem inicial.

Larissa Anzoategui: No final do ano passado e começo deste reuni uma galera aqui em casa para fazer uma maratona de gravações. Em duas semanas gravamos material para quatro curtas e um longa. Dessa produção tem um só pronto: “Janela da Outra”. Mas como eu e o Ramiro somos malucos, acabamos gravando outro longa agora no meio do ano. Era para ser só um curta e para ele pedimos para um artista, o Joni Lima, transformar nossa sala em uma cripta, usando papel e tinta mesmo. Quando ficou pronto ficamos tão empolgados, o Ramiro mais ainda porque estava numas piras com as obras de Byron, que resolvemos gravar mais uns curtas. E no final das contas virou um longa de antologia. Para amarrar todas as histórias gravamos uma quinta e dessa vez eu me meti a atuar também. Oremos! (risos). Este longa de antologia vai se chamar “Domina Nocturna”.

Domina Nocturna (Larissa Anzoategui).

Danilo Morales: Sim. Com previsão de lançamento para 2019. “Cemitério das Moscas II – Os 7 Pecados Capitais”. Sete diretores, cada um dirige o segmento de um pecado. (“Cemiterio das Moscas” está sendo lançado no dia 17 Agosto 2018). Filme longa metragem ainda tem meu filme “Poço Profano”, faz parte de uma dobradinha de diretores. Será gravado em preto e branco.

Diego Camelo: Estou me preparando pra rodar meu primeiro longa metragem, um documentário, mas não posso falar mais sobre por que ainda estamos na fase de pesquisa.

Lula Magalhães: No momento estou fazendo a pós-produção do filme que rodei no ano passado. Acabei de lançar um filme de bruxas chamado “O Pequeno Baú” que rolou no POE – Festival de Cinema Fantástico de São José dos Campos – SP e vai rolar no Cine Horror em Salvador – BA em outubro. Final do ano sai uma ficção científica com horror chamada “O Cavalo Marinho” e início de janeiro um filme que rodei em 2013, chamado “Incógnito”, também estará sendo lançado.

Janderson Rodrigues: No momento estou editando o curta “Povo das Sombras”, com a Lane ABC no papel mais normal dela; e fazendo a fotografia do curta “Não Vacile”, do diretor Ricardo Corsetie. Comecei a pré-produção do longa “Contos”, título provisório.

Baiestorf: Se quiser divulgar seu último filme já lançado, o espaço é seu:

Vinícius Santos: Meu último filme ‘’Steve Cicco: Missão Popoviski’’:

E esse ano ainda lançaremos ‘’Exorcistas Carinhosos’’, trailer já disponível:

Ana Rosenrot: Meus últimos filmes lançados foram “O Atalho”, que dirigi em 2017 (este filme recebeu o Troféu Corvo de Gesso e foi selecionado e exibido no 13º Cinefest Gato Preto); e também participei como produtora, diretora de arte e atriz no curta “Dia de Exorcismo” (2018), dirigido pelo Vinícius J. Santos. Deixo aqui os links do trailer do filme e também do meu site para quem quiser conhecer um pouco mais sobre o meu trabalho:

http://cultissimo.wixsite.com/anarosenrot

Larissa Anzoategui: “A Janela da Outra”. Quase um filme mudo, gravado em uma tarde, equipe muito pequena: Eu, Ramiro, Juciele Fonseca no som e a atriz, a maravilhosa Larissa Maxine. Sinopse: Quem está do outro lado da janela? O delírio, a paranoia e a fusão.

Cíntia Dutra: “Retratos” foi lançado em 2015 e felizmente foi exibido em algumas mostras.

Danilo Morales: Vou deixar o trailer do “Cemitérios das Moscas”.

Janderson Rodrigues: No momento não tenho eles disponíveis, entretanto, até o final do ano será lançado um DVD com os cinco filmes que dirigi.

Lula Magalhães: Acabo de lançar “O Pequeno Baú”, um filme de bruxas que narra uma versão da história de Lilith e de sua influência na vida de duas irmãs. O filme foi todo gravado dentro de uma garagem com fundos escuros, num esquema quase teatral.

Diego Camelo: Meu último filme foi “O Vampiro”, foi o filme que mais curti fazer e o que menos circulou, o filme já está a algum tempo disponível na internet, vejam por favor, foi feito com muito esmero. Segue o link:

Baiestorf: Obrigado pela entrevista e deixe aqui dicas para pessoal que esteja querendo fazer seu primeiro filme:

Ana Rosenrot: Eu é que agradeço pelo espaço e o apoio ao nosso trabalho e ao cinema independente. Sempre digo que o primeiro passo para fazer um filme é fazer um filme! Veja filmes (todo tipo de filmes, seja eclético), pesquise (temos muito material disponível na internet), estude (existem cursos ótimos, com bons preços e até gratuitos) e depois pegue sua câmera (de qualquer tipo) e filme o que der vontade, experimente, vá criando seus roteiros, chame os amigos, faça sozinho, mas faça, não fique a vida toda “pensando” em fazer. Não tenha medo de criar, seja paciente, não fique preso a falta de recursos, não se importe com o amadorismo, aprenda com seus erros, esteja preparado para suportar a crítica (que vai bater sem dó), insista até descobrir seu estilo, aceite que nunca agradará a todos e depois, é só deixar sua marca no mundo.

Vinícius Santos: A dica que dou pra quem está começando, ou pretende fazer seu primeiro filme, é pegar uma idéia, ou um roteiro, mesmo que simples e não pensar demais e nem inventar desculpas demais. É pegar e fazer. Não tem equipamento ou câmera? Faça com o seu celular, ou câmera emprestada, mas faça. Use o que tem na mão e sua criatividade, o importante é não desistir e fazer o que gosta!

Cíntia Dutra: Primeiramente eu que agradeço a oportunidade de divulgar o nosso trabalho, com certeza feito com muito carinho. E para o pessoal que deseja realizar seu filme, basicamente é: Vai e faz.

Janderson Rodrigues: Curtam a pagina no facebook Estrada Films. E para quem estiver fazendo seu primeiro filme, nunca desista, você só vai aprender na prática e sempre esteja preparado para escutar críticas positivas e negativas porque não existe filme ruim e sim gostos diferentes.

Diego Camelo: Eu que agradeço pelo espaço! As dicas que posso dar é estudar bastante, ver muito filme, juntar uma equipe que queira muito fazer os filmes e as suas ideias acontecerem e não desistir nunca! É isso, abraços!

Lula Magalhães: Paciência, organização, objetivismo, garra, criatividade, respeito pela equipe e um pouco de sorte são os ingredientes principais pra tocar uma produção de guerrilha.

Danilo Morales: Não desanimar. Não dar desculpas. Faça o filme com o que tiver em mãos. Um celular, uma câmera usada.  Instale um programa de edição e sempre vá se aprimorando, buscando evoluir.

Larissa Anzoategui: Não espere a equipe perfeita ou fazer tudo certinho. Acumule funções mesmo! Faça como der, mas faça da melhor forma. Procure pessoas que realmente vão se compromissar com a produção, principalmente com parcerias que ninguém vai ganhar nada de dinheiro. Pesquise e teste gambiarras para fazer uma iluminação massa!

Canal Vproduções no youtube:

https://www.youtube.com/user/EquipeVProd/featured

Site da Revista LiteraLivre:

http://cultissimo.wixsite.com/revistaliteralivre

Arrepios Sangrentos do Cinema (1960-1980)

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O cinema sempre foi terreno fértil para a exploração do corpo. Se nas décadas de 1950 e 1960 o cinema era mais sugestivo do que apelativo (mas com a sci-fi e seus monstros e aliens deformados já apontando os rumos que a nova audiência exigia), foi na ressaca da contracultura, nos anos de 1970, que o cinema foi tratando de ficar mais explícito e cínico, culminando numa explosão de corpos monstruosos/pegajosos nas telas do cinema da década de 1980, onde a crítica social-niilista-pessimista da década anterior cedeu lugar à auto paródia do terrir.

Podemos afirmar que a auto paródia que o cinema dos anos de 1980 viveu, principalmente o americano, tem suas raízes nos filmes da dupla H. G. Lewis e David F. Friedman, principalmente na trinca de goremovies “Banquete de Sangue” (Blood Feast, 1963), “2000 Maníacos” (2000 Maniacs, 1964) e “Color Me Blood Red” (1965), que aproveitaram para extrapolar, para deleite do jovem público de drive-ins, o bom gosto estético, aproveitando até mesmo idéias de mortes exageradas dadas por seus filhos pré-adolescentes. O corpo humano deixava de ser um templo sagrado e, agora, estava disponível para todo o tipo de mutilações que os técnicos de efeitos especiais conseguissem elaborar. E mais, agora o tabu do canibalismo também caia por terra e o corpo humano servia de alimento às sádicas personagens.

No final dos anos de 1950 e início dos anos de 1960, a cinematografia gore ainda foi discreta, com obras como “First Man Into Space (1959), de Robert Day, sobre um astronauta que começa a derreter e que foi a inspiração para a produção do clássico “O Incrível Homem Que Derreteu” (The Incredible Melting Man, 1977, de William Sachs. “Inferno” (Jigoku, 1960), de Nobuo Kakagawa, tomou como inspiração o inferno concebido por Dante e ousou mostrar, em cores, os horrores explícitos de um purgatório onde os pecadores sofriam todo tipo de violência na carne. “Six She’s and A He” (1963), de Richard S. Flink, contava a história de um astronauta feito de prisioneiro por uma tribo de lindas mulheres que costumavam realizar incríveis banquetes com os membros decepados de seus algozes. “Six She’s and A He” é uma espécie de irmão bastardo dos filmes da dupla Lewis-Friedman, já que seu roteirista é o ator William Kerwin, que atuou em “Blood Feast” e “2000 Maniacs” usando o pseudônimo de Thomas Wood. “Está Noite Encarnarei no teu Cadáver” (1967), de José Mojica Marins, à exemplo de “Jigoku”, também mostrava em cores os horrores do inferno com muitos membros decepados, sofrimentos diversos e inventivos demônios feito com parte dos corpos de seus alunos de curso de cinema.

No ano seguinte o horror ficou ainda mais explícito com duas obras seminais: Mojica realizou um banquete canibal em seu longa de episódios “O Estranho Mundo de Zé do Caixão” (1968), no episódio “Ideologia”, e o Cult “A Noite dos Mortos-Vivos” (The Night of the Living Dead, 1968), de George A. Romero, que trazia o canibalismo explícito para as telas com a virulenta modernização dos zumbis, desta vez se deliciando com tripas e toda variedade de carne humana, de crua à carbonizada, dando apontamentos do caminho que o cinema de horror viria a tomar nos anos seguintes.

Jigoku (1960)

Charles Manson e a Família haviam acordado a América de seu “American Way of Life” e os horrores do Vietnã eram televisionados nos jornais do café da manhã, toda uma geração insatisfeita queria voz. Na década de 1970 o cinema de horror ficou mais insano, pessimista e violento para com as instituições oficiais. Jovens cineastas perceberam, ensinados por H.G. Lewis e George A. Romero, que o cinema independente era o caminho natural para adentrar no mundo das produções cinematográficas, e o melhor, o horror niilista tinha público fiel ávido por “quanto pior melhor”.

Tom Savini em Dawn of the Dead (1978)

Inspirados por Charles Manson e “A Noite dos Mortos-Vivos”, no Canadá, a dupla Bob Clark e Alan Ormsby profanaram os defuntos com seu clássico “Children Shouldn’t Play With Dead Things” (1972), podreira sobre um grupo de degenerados comandados por uma espécie de guru fake a la Manson que desenterram alguns corpos num cemitério isolado e realizam um verdadeiro show de barbaridades e imaturidade. Aliás, Ormsby deve ser atraído por personalidades problemáticas, já que na seqüencia realizou o clássico “Confissões de um Necrófilo” (Deranged, 1974), co-dirigido por Jeff Gillen, inspirado na figura do psicopata Ed Gein e que, na minha opinião, é a melhor abordagem cinematográfica já feita sobre Gein, que inspirou, entre outros, também os clássicos “Psicose” (Psycho, 1960), de Alfred Hitchcock, e “O Massacre da Serra-Elétrica” (The Texas Chainsaw Massacre, 1974), a obra-prima de Tobe Hooper, realizado no mesmo ano de “Deranged” e que contava com efeitos do ex-fotografo de guerra Tom Savini, que se inspirava nos horrores reais que presenciou para criar as maquiagens mais podreiras possíveis. Os corpos dos mortos agora não eram mais sagrados, podiam alimentar psicopatas dementes ou, até, se tornarem grotescas obras de arte ou peça de happenings.

O público clamava por histórias mais adultas, além da violência explícita, o sexo também gerava curiosidade. Andy Warhol e Paul Morrissey foram para a Europa filmar, com ajuda do italiano Antonio Margherity, “Carne para Frankenstein” (Flesh for Frankenstein, 1974), uma releitura sexual-splatter de Frankenstein de Mary Shelley, com litros de sangue, referências à necrofília e abordagem erótica da história do cientista que brincava de Deus, dando especial atenção ao detalhes sórdidos e eróticos. No Canadá David Cronenberg previa as epidemias de doenças sexualmente transmissíveis ao realizar “Calafrios” (Shivers, 1975), com roteiro sério que discutia o sexo, sem deixar de incluir taras, fetiches e doenças como a pedofília em roteiro genial (o final do filme continua poderoso).

De volta à América, o cineasta underground Joel M. Reed lançou em 1976 o perturbador e doentio “Bloodsucking Freaks” (The Incredible Torture Show), com a personagem de Sardu, ajudado por um anão tarado, que raptava jovens mulheres que se tornavam deliciosas iguarias para seus banquetes explícitos onde até mesmo sanduíches de pênis era devorados. Ainda em 1976, os exageros do cinema gore se encontraram com a falta de limites do mundo da pornografia e o jovem Michael Hugo cometeu o, ainda hoje, obscuro “Hardgore”, uma carnificina envolvendo sexo explícito com todo o tipo de perversões na história de uma inocente mocinha internada numa instituição mental. “Hardgore” parecia preparar terreno para “Cannibal Holocaust” (1980), do italiano Ruggero Deodato, produção que extrapolou qualquer limite do bom gosto ao assassinar, em frente às câmeras, todo tipo de animais, incluindo a famosa cena da tartaruga, filmada com verdadeiros requintes de crueldade.

Mas um pequeno curta independente, filmado em super 8 por um grupo de amigos, anunciava que o cinema de horror voltaria a ficar mais artístico (sem assassinatos reais ou pornografia): “Within the Woods” (1978), de Sam Raimi, produzido com os amigos Robert Tapert e Bruce Campbell, era um ensaio para a produção do Cult “A Morte do Demônio” (Evil Dead, 1981), que influenciaria meio mundo nos anos de 1980 e 1990 com sua ensandecida história envolvendo jovens possessados por demônios numa cabana isolada. O cinema de horror começava a sair dos cinemas pulgueiros para tomar de assalto toda uma nova geração que descobriria os filmes malditos com o videocassete.

De certo modo “Evil Dead” preparava o público para a exploração do corpo que o cinema da década de 1980 realizou. Nunca na história da indústria cinematográfica tivemos outra época tão rica na exploração de anomalias, doenças, mutações e toda uma rica gama de deformações genéticas. Era a época da disco, da cocaína acessível e barata, do “viva rápido, morra jovem”, então… Pro inferno com a seriedade, o negócio agora era a auto paródia e o cinema de horror, principalmente o americano, soube não se levar em sério e por toda a década de 1980 cineastas como Lloyd Kaufman, Stuart Gordon, Dan O’Bannon, Fred Deker, Roger Corman, Fred Olen Ray, Jim Wynorski, entre outros, conseguiram passar através de seus filmes o clima de curtição que os anos de 1980 possuíam.

por Petter Baiestorf

Veja os trailers aqui:

Outros Posters:

The Incredible Melting Man

Canibuk Apresenta: A Arte de Daniela Távora

Posted in Arte e Cultura, Ilustração, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on março 1, 2018 by canibuk

Conheci a Daniela Távora por conta do Cine Bancários de Porto Alegre, onde ela é gerente e eu, geralmente, faço a primeira exibição de meus novos filmes. Pouco depois tomei contato com a arte de Daniela através de um fanzine sem título que ela lançou (aliás, sem nenhuma palavra escrita, somente imagens) e que passei a admirar os traços dela. Daniela é das minhas, nada contra a corrente e não tá interessada em entregar as coisas para o público de mão beijada.

Daniela é formada em Artes Visuais pela UFRGS e um tempo atrás começou a experimentar em todo o tipo de arte, inclusive vídeo e fotografia, como essa abaixo, de uma série ainda inédita feita em parceria com o Itapa Rodrigues.

Daniela Távora

Atualmente produz vídeos, fotografias, zines, histórias em quadrinhos, ilustrações e baralhos de tarô. Sua pesquisa artística se apropria da linguagem cinematográfica de horror, terror e suspense, norteadas por abordagens fantásticas e micro narrativas pessoais.

Fiz uma entrevista com Daniela para apresentá-la aos leitores do Canibuk. Se você gostou do trabalho dela, entre em contato e encomende alguma peça.

Petter Baiestorf: Gostaria que você contasse como começou seu interesse pela arte e, também, sobre seus primeiros trabalhos.

Daniela Távora: Meu interesse pela arte surgiu logo após os primeiros esculachos que a vida fez comigo. Revolta, frustração e sentimento de impotência, ainda na adolescência, me fizeram sacar que se eu xingasse todos os escrotos que haviam ao meu redor, em uma folha de papel, apesar de nada acontecer com os alvos da minha raiva, eu poderia ter alguns textos mais ou menos interessantes. Tentei o teatro, mas era muito tímida, não deu certo. Além da escrita, descobri no desenho uma maneira de expressar o que sentia. Sempre tive a mente muito poluída pelas porcarias que passavam na televisão, logo comecei a ver muitos filmes, o que aos poucos foi me despertando o interesse pelo vídeo e fotografia.

Baiestorf: Sua arte sofre influências de quais artistas e escolas estéticas. Fale o que te atraí neles, se quiser falar sobre os porquês seria muito interessante.

Daniela: Praticamente tudo na minha vida aconteceu por acidente inclusive a arte. Quando pequena por algum motivo, eu estava entediada e abri um livro, que era da minha mãe, da Gnosis (aquela seita esquisita), onde haviam várias ilustrações da divina comédia. Fiquei apaixonada e apavorada. Eu era tão preguiçosa que nem me prestei a ler o nome do cara que tinha feito os desenhos. Tarde demais, eu já tinha aquelas imagens tão profundamente impressas no meu cérebro que só conseguia desenhar coisas muito parecidas. Muito tempo depois que fui descobrir que eram do Gustave Doré. Mais tarde conheci Eddie Campbell, Hitoshi Iwaaki, Harry Clarke, Jake e Dinos Chapman e William Kentridge que me influenciaram muito. Meus filmes preferidos sempre foram os mais baratos, diferentes ou com roteiro doidão. O Bandido da Luz Vermelha e Abismo de Rogério Sganzerla, Os Idiotas de Lars Von Trier, Filme Demência de Carlos Reichenbach, A Noite dos Mortos-Vivos, de George Romero foram muito importantes para mim, praticamente uma escola. Vendo filmes de Zé do Caixão, da Boca do Lixo, pornochanchadas e Petter Baiestorf descobri que o que eu queria estava muito perto de mim, e que eu poderia fazer o vídeo que eu quisesse, onde eu bem entendesse, com a câmera de qualquer amigo e a participação de todos os malucos (que eu amo) que estão só esperando um convite para fazer cenas de terror, morte e nudez. O terror me interessou mais, pois temas como família, convivência em sociedade, egoísmo, solidão, desigualdade e amor são explorados a partir de rupturas sinistras com a realidade. Histórias do universo White Trash, a burrice e a tosquice das pessoas, dramas comuns a adultos frustrados, adolescentes feios e sem perspectiva de futuro e crianças largadas aos próprios cuidados, pertencentes a famílias dissolvidas pelo capitalismo é como se fossem histórias feitas em homenagem a mim, meus amigos de infância e meus irmãos.

Baiestorf: Com sua arte você está aberta a todo tipo de trabalho ou gostaria de se especializar somente em uma área? Porque?

Daniela: Prefiro estar aberta a todo o tipo de loucura. Por meu próprio interesse fiz desenho, fotografia e vídeo. Ok. Mas por força da vida e convite de amigos doidos já me envolvi com serigrafia, música, cinema, até cover da Gretchen já acabei fazendo. Ou seja, acho que aprendo (e me divirto) mais quando foco menos.

Baiestorf: Conte sobre suas exposições e como produtores poderiam levá-la para suas cidades/estados.

Daniela: Quando comecei a expor os trabalhos eram em desenhos/ilustrações e foto, e as galerias eram em Porto Alegre. Hoje eu produzo mais vídeos do que coisas físicas, o que facilita, pois é só mandar o link com os arquivos para qualquer lugar do Brasil onde for rolar a exibição. Isso acontece bastante com festivais de cinema, que abrem muito mais espaço para vídeo experimental do que galerias de arte, diga-se de passagem.

Baiestorf: Como é realizar trabalhos artísticos aqui no Brasil? Há reconhecimento? Oportunidades?

Daniela: Só vejo trabalho requentado em galerias de arte, pois é mais fácil de vender. E eu entendo. Tem que ser muito corajoso ou corajosa para montar uma galeria pensando em exibir arte autoral, sabendo que o público é saudosista e que só vai comprar coisas já legitimadas há no mínimo uns 30 anos, ou cópias atuais de obras que fizeram sucesso há 30 anos. Faço minhas coisas de teimosa mesmo e não estou nem aí. E tenho muito pouca inserção, pois ainda não se descobriu como vender vídeos em galerias de arte. Às vezes me inscrevo em editais de espaços públicos e festivais de cinema com programação para vídeo experimental, e acabo sendo selecionada em alguns, pois nesse tipo de local é mais comum existir interesse pelo trabalho artístico de pesquisa, não pelo que é mais comercializável. Reconhecimento e oportunidades: de amigos queridos que valem ouro, fazem as coisas em parceria, ajudam, divulgam e compram. Ano passado tive a alegria de ser convidada para participar de uma mostra por alguém que não era diretamente um amigo de bar, “Ao lado dela, do lado de lá”, que aconteceu no Instituto Goethe, em Porto Alegre. Fiquei muito feliz.

Baiestorf: Você está com trabalhos em finalização? Poderia falar sobre eles e como o público poderá acompanhá-los?

Daniela: Tenho um vídeo sendo construído em parceria com a Pomba Claudia e Itapa Rodrigues que se chama “O estranho caso do rato que se achava águia”. Também estou produzindo uma série fotográfica com muito sangue, nudez e simbologias que nem eu mesma entendo, que ainda não tem nome, talvez quando eu terminar tenha um nome. Mas por enquanto, tem este site aqui que está em construção https://danielatavorao.wixsite.com/arte onde se pode ver o que tenho pesquisado nos últimos anos.

Baiestorf: E seus projetos? É possível sabermos um pouquinho deles?

Daniela: Meus projetos tem a mania de aparecer na minha cabeça do nada, e eu vou fazendo e então vão ficando bem diferentes do que imaginei conforme o processo, que faz com que fiquem mais maravilhosos. Além do vídeo com a Pomba e Itapa que estou montando e das fotos, estou interessada por pesquisar as personagens de mulheres monstruosas do cinema japonês, e agregar este “conceito” às minhas personagens, em vários suportes, como vídeo, desenho e foto.

Baiestorf: Geralmente a arte no Brasil é produzida de forma independente e é difícil conseguir se manter. O que você gostaria de observar sobre isso.

Daniela: Eu tenho um emprego para poder manter minhas necessidades básicas. O dinheiro que me sobra eu torro com equipamentos, tintas, figurinos, maquiagens e cenários para minhas ideias de arte. Ainda não vejo uma forma de conseguir se manter com trabalhos artísticos no sistema atual. Por um lado é ruim, pois se faz arte quando se consegue (grana, espaço, tempo, energia mental…). Ao mesmo tempo me sinto livre para fazer coisas esquisitas sem me preocupar em “pentear” meu trabalho para que ele se torne mais comercializável. Quanto a tentar editais para projetos de arte, sinceramente, tenho preguiça. Independente é mais gostoso para mim.

Baiestorf: O espaço é seu para as considerações finais:

Daniela: Gosto do feio, do sujo e do mal acabado. Ponto. Para mim é um modo de romper e de me expressar além de cânones estéticos vigentes. Não me importa o que os outros estão fazendo, vou fazer o que eu quiser fazer, pois a vida já nos obriga a fazer coisas chatas e por obrigação demais. Para mim é libertador trabalhar com o que quero e não me dobrar para tendências artísticas contemporâneas. Só se vive uma vez, já diria a canção do escroto do Roberto Carlos. Eu quero é decolar toda a manhã (Arnaldo Baptista).

Siga Daniela Távora no youtube:

https://www.youtube.com/channel/UCCSykLJu4vHHhftw-c33wuA/featured

Contatos de Daniela:

E-mail: daniela.tavora.o@gmail.com

Fone: 51 996061060

https://danielatavorao.wixsite.com/arte

danielatavora.tumblr.com

Artes de Daniela Távora:

Dedo Semovente

Posters & Capas de VHS da Canibal Filmes

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Infelizmente estou sem tempo algum para atualizar o blog. Mas nessa última semana estava selecionando material que irá fazer parte do livro “Canibal Filmes – Os Bastidores da Gorechanchada” e encontrei um material referente aos nossos lançamentos em VHS (que já estão disponíveis em DVD e que você pode comprar aqui na MONDO CULT):

Posters

1995- O Monstro Legume do Espaço

1996- Blerghhh1

1996- Blerghhh2

1996- Caquinha Superstar a Go-Go1

1996- Caquinha Superstar a Go-Go2

1996- Eles Comem Sua Carne1

1996- Eles Comem Sua Carne2

1996- Eles Comem Sua Carne3

1996- Eles Comem Sua Carne4_Folder

1996- Eles Comem Sua Carne4_Folder2

1997- Bondage 2 Amarre-me Gordo Escroto

1997- Chapado

1998- Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos2

1998-Gore Gore Gays

Lombada das VHS

Lombada VHS- O Monstro Legume do Espaço (1995)

Lombada VHS- Eles Comem Sua Carne (1996)

Lombada VHS- Blerghhh (1996)

Lombada VHS- Bondage 2 Amarre-me Gordo Escroto (1997)

Lombada VHS- Raiva (2001)

Capas de VHS da Canibal Filmes:

VHS- Blerghhh (1996)

VHS- Chapado-Bondage 2 (1997)

VHS- Bondage 2 Capa 2 (1997)

VHS Bondage parte 1 - Capa 2 (1996)

VHS- Bondage parte 1 (1996)

VHS- Caquinha Superstar a Go-Go (1996)

VHS- Eles Comem Sua Carne (1996)

VHS- Festival Psicotrônico Vol 1 (1999)

VHS- Minimalismo Surreal Vol 1 (2002)

VHS- O Monstro Legume do Espaço (1995)

VHS- Raiva (2001)

VHS- Sacanagens Bestiais dos Arcanjos Fálicos

VHS- Zombio (1999)

Petter e poster GGG

Predadoras

Posted in Cinema, download, Vídeo Independente with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on dezembro 15, 2016 by canibuk

Predadoras (2004, 22 min.) de Coffin Souza. Roteiro de DG e Coffin Souza. Elenco: DG e Everson Schütz. Produção do Núcleo de Vídeo Experimental de Palmitos. Inédito em DVD, mostras e festivais de cinema.

Sinópse: Um homem invade a casa de 4 mulheres misteriosas e vive uma noite de aventuras sexuais intermináveis.

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DG: Musa de Coffin Souza e co-autora de “Predadoras”.

Este curta elaborado por Coffin Souza e DG em 2004 não foi oficialmente lançado na época, fazia parte de um longa em episódios, “Contos da Cidade dos Canibais”, que nunca foi finalizado. Até onde lembro apenas o Ivan Pohl também havia produzido um episódio, “Mike Guilhotina”, que seria acrescentado ao longa (se não me falha a memória houve um terceiro episódio, “Banco Mundial”, parcialmente filmado mas que, devido as filmagens caóticas, não foi finalizado, creio que era dirigido pelo Everson Schütz). Devido a falta de créditos no curta de Coffin Souza/DG, não lembro mais os envolvidos na produção (Everson Schütz e DG estão no elenco), mas lembro de comer amendoim com Carli Bortolanza e Elio Copini. Eu não me envolvia muito na parte criativa destes curtas do Núcleo Associado de Vídeo Experimental de Palmitos, até onde lembro fiz os trabalhos de câmera neles. Eram festas… Ops!… filmagens bem divertidas!

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Souza dirigindo os efeitos de Carli Bortolanza.

Predadoras foi filmado em apenas um dia de inverno em 2004, sem orçamento nenhum, calcado nas ideias do “Manifesto Canibal” (para assistir o curta MANIFESTO CANIBAL clique no título), que infelizmente está com a tiragem do livro esgotada, aguardando uma segunda edição.

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Uma equipe com cara do alcoolismo da produção nacional.

Fui o responsável pela distribuição deste curta mas, na época, ainda estava fazendo os lançamentos em VHS e ninguém mais queria fita VHS, as poucas cópias que preparei encalharam e, então, comecei a lançar os filmes em DVD no ano seguinte (o filme de estreia no formato foi “A Curtição do Avacalho“). Por me concentrar nas produções novas fui deixando este curta de lado e nunca o lancei e, até onde lembro, nunca foi exibido em mostras de filmes undergrounds. Compre os filmes da Canibal Filmes na MONDO CULT.

lembranças de Baiestorf.

Para assistir PREDADORAS clique no título e baixe o filme.

predadoras1

Elio Copini, Carli Bortolanza e um potinho de amendoins.

Assista aqui “Zombi X”, outra produção de Coffin Souza que fiz a distribuição: